sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

GEOLOGIA

GEOLOGIA

1) (UNICAMP-2009) Em 1883, a violenta erupção do vulcão indonésio de Krakatoa riscou do mapa a ilha que o abrigava e deixou em seu rastro 36 mil mortos e uma cratera aberta no fundo do mar. Os efeitos da explosão foram sentidos até na França; barômetros em Bogotá e Washington enlouqueceram; corpos foram dar na costa da África; o estouro foi ouvido na Austrália e na Índia (Simon Winchester. Krakatoa — o dia em que o mundo explodiu. São Paulo: Objetiva, contracapa, 2003).
a) Explique por que no sudeste da Ásia, onde se localiza a Indonésia, há ocorrência de vulcões, diferentemente do que ocorre no território brasileiro.
b) Alguns vulcões, como o Krakatoa, são extremamente explosivos, enquanto outros, como o Kilauea, no Havaí, não apresentam fortes explosões. Por que isso ocorre?

2) (UNICAMP-2006) “O Paquistão não tem condições de realizar os trabalhos de resgate e atendimento às vítimas do terremoto. A afirmação é do presidente do país, Pervez Musharraf. Dezenas de milhares de pessoas no norte do Paquistão e da Índia passaram a noite a céu aberto por causa da devastação causada pelo terremoto. A área mais afetada pelo terremoto fica no alto das montanhas, onde a temperatura cai bastante à noite.” 
(http://www.estadao.com.br/internacional/noticias/2005/out/10/4.htm) 
a) O terremoto a que se refere o texto alcançou, no Paquistão e na Índia, aproximadamente 7,5 graus na escala Richter. Como são ocasionados terremotos como este ocorrido na Ásia? 
b) Estabeleça a diferença entre escala Richter e a escala de Mercali utilizadas para medições de terremotos. 
c) Explique as diferenças entre bordas convergentes e bordas divergentes das placas tectônicas. 

3) (FATEC-2008) Leia as afirmações a seguir sobre as características das grandes estruturas geológicas da Terra. 
I. Os continentes são constituídos basicamente por escudos cristalinos, bacias sedimentares e dobramentos modernos. 
II. Os escudos cristalinos aparecem de forma residual nos continentes, pois são formações muito antigas e, por isso, muito desgastadas pela erosão. 
III. As bacias sedimentares foram formadas pela deposição contínua e posterior sedimentação de materiais erodidos de rochas dos escudos cristalinos. 
IV. Os dobramentos modernos constituem a maior porção dos continentes, aparecendo sob a forma de 
planaltos, planícies e cadeias de montanhas. 
Está correto o que se afirma em 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) II e III. 
d) II e IV. 
e) III e IV. 

4) (PUC-SP-2000) No século XX, muitas dúvidas sobre a estrutura de nosso planeta começaram a ser explicadas de forma convincente e sedutora. Uma das teorias mais importantes que vão nessa direção é a célebre teoria da deriva continental. Verificando que os contornos da América do Sul e da África correspondiam, Alfred Wegener, geofísico alemão, admitiu a hipótese de um continente único (Pangéia), no passado, que teria se dividido em duas partes, devido ao movimento de 
deslocamento das massas sólidas sobre massas líquidas. 
Essa hipótese abre caminho para a teoria das placas tectônicas. Assim, juntando-se a teoria da deriva 
continental à teoria das placas tectônicas, temos o apoio explicativo para um conjunto de fenômenos de nosso planeta. 
Assinale a alternativa incorreta. 
A) A teoria da deriva continental ajuda, em muitos casos, a explicar as semelhanças e as diferenças de espécies animais e vegetais distribuídos nos cinco continentes do planeta. 
B) A teoria das placas tectônicas explica a gênese dos dobramentos modernos (Andes, Montanhas Rochosas, Himalaia etc.), que teriam ocorrido a partir do choque dessas placas. 
C) Apoiado na teoria das placas tectônicas, o entendimento da dinâmica dos terremotos se torna mais 
claro, assim como a identificação das áreas mais afeitas a essas ocorrências. 
D) A divisão do continente único até a configuração atual modificou a distribuição das superfícies sólidas e líquidas do planeta, resultando em mudanças climáticas ao longo do tempo.
E) Os processos erosivos que esculpem os relevos, dando - lhes formas conhecidas no interior dos continentes, são explicados, fundamentalmente, com base na teoria das placas tectônicas.


5) (Vunesp-2005) O processo que gerou a atual configuração dos continentes na superfície do planeta Terra resultou da fragmentação e do afastamento das terras emersas que, no princípio, constituíam um único bloco chamado Pangéia. Duas teorias tentam explicar esse processo. São elas: 
A) a das placas tectônicas e a da descontinuidade de Mohorovicic. 
B) a da deriva continental e a da descontinuidade de Gutemberg. 
C) a das placas tangenciais e a das placas continentais. 
D) a das placas tectônicas e a da deriva continental. 
E) as das descontinuidades de Mohorovicic e de Gutemberg. 


 6) (Fuvest-2005)
www.youtube.com Adaptada por Geo-Conceição
   a) Identifique o relevo submarino, apontado pela letra A, na ilustração. 
   b) Explique sua formação, considerando a dinâmica da crosta terrestre. 

7- (Fuvest-1996) As massas continentais que conhecemos não são fixas, mas se separam, se chocam, abrem fendas a levantam montanhas. Com base na teoria da Deriva dos Continentes, aperfeiçoada pela teoria da Tectônia de Placas, é possível admitir que 
a) o material magmático que sobe para a crosta terrestre, sendo que o "Chifre da África" se separe do restante do continente africano. 
b) os continentes, massas flutuantes sobre um mar de magma, tendem a se agrupar em um único megabloco, denominado Pangéia. 
c) o "anel de fogo" do Pacífico sofrerá os efeitos do terremoto Big One, exceto a Califórnia situada na borda da placa Norte-Americana, onde a energia acumulada é menor. 
d) a África e a América do Sul estão se distanciando, com o alargamento do Oceano Atlântico a o deslocamento da placa Sul-Americana em direção à de Nazca. 
e) o surgimento dos Apalaches e das fossas do Pacífico resultou do choque entre as placas Americana e Asiática no período terciário da era atual. 

8- (Unirio-1999) Poucos anos após a cidade de Kobe ser praticamente destruída por um terremoto, o Japão foi novamente atingido por este fenômeno já tão familiar à sua população, cuja ocorrência está corretamente explicada numa das opções abaixo. Marque-a. 

A) Há predominância de formações geológicas antigas, da Era Primária, que ainda sofrem os efeitos da tectônica de placas. 
B) O território japonês localiza-se numa das áreas de instabilidade geológica do planeta, representadas pelas faixas de contato entre as placas tectônicas. 
C) O arquipélago japonês está localizado no centro de uma das placas tectônicas que, com o peso do relevo de altitudes elevadas, sofre o efeito de abalos sísmicos constantes. 
D) O Japão, sendo um arquipélago geologicamente estável, sofre os efeitos da movimentação das placas tectônicas com o deslocamento das ilhas. 
E) Sendo um território montanhoso e de clima úmido, a intensa erosão contribui para uma grande concentração de sedimentos, cuja pressão resultante provoca abalos sísmicos constantes. 

9- (Unirio-1999) Quanto à estrutura geológica do Brasil, podemos afirmar que: 
I - as formações geológicas cristalinas, consolidadas ao longo do Pré-Cambriano, possuem importantes reservas de minerais metálicos; 
II - os derrames vulcânicos ocorridos na era mesozoica, no sul e sudeste do país, acabaram por originar solos de alta fertilidade conhecidos como terra roxa; 
III - as bacias sedimentares, formadas na era cenozoica, apresentam grandes reservas minerais de manganês e estanho. 

É(São) verdadeira(s) a(s) afirmativas(s): 
A) I apenas. 
B) I e II apenas. 
C) I e III apenas. 
D) II e III apenas. 
E) I, II e III


10- (Vunesp-2002) Estudos recentes revelam ocorrência de movimentos tectônicos na paisagem do sudeste brasileiro.Tais movimentos provocam ascensão e erosão em áreas de altitudes mais elevadas e afundamento em áreas mais planas, muitas vezes com assoreamento. Estas ocorrências estão vinculadas 
A) ao alargamento das fossas tectônicas marinhas. 
B) ao Círculo do Fogo e presença de grande número de vulcões. 
C) aos frequentes terremotos que ocorrem no Japão. 
D) à separação dos continentes devido ao movimento das placas tectônicas. 
E) à existência de cadeia montanhosa em águas profundas do Atlântico sul. 


11- (Fuvest-2000) O arquipélago de Fernando de Noronha, as ilhas de Trindade e Martin Vaz e os rochedos São Pedro e São Paulo são ilhas oceânicas brasileiras. Considerando que essas ilhas não guardam nenhuma relação com o relevo continental. 
 a) Explique a formação dessas ilhas :

12- (Geo-Conceição- 2014) 

a) Qual o nome do movimento das placas tectônicas apresentado na imagem ?

b) Explique seu funcionamento e consequências :

13-(Geo- Conceição 2014) 
geografalando.blogspot.com

 Alfred Wegener( 1880-1930) , meteorologista alemão, defende a noção de que os continentes ou terras emersas flutuam sobre o magma ou astenosfera, da mesma forma que a madeira ou o gelo flutuam na água. Em vista disso, os continentes se deslocam ou se movimentam, ou melhor, estão à deriva.
Quais foram os elementos comprovatórios  apontados por Wegener?

14-( Geo-Conceição 2014) Observe  a figura
www.midisegni.it 



a) na figura coloque o nome das  partes do vulcão.
b) coloque o nome dos materiais expelidos pelos vulcões e uma característica de cada material.













15- ( Geo-Conceição 2014)
fonte da imagem : (UTFPR)
Com o auxílio da imagem :
a) coloque o nome das camadas internas da Terra 
b) escreva as principais características das camadas
I-
II-
III-
IV-

GABARITO 

1) a) O sudeste da Ásia localiza-se na região de contato da Placa Indiana com a Placa do Pacífico. O atrito entre essas placas origina uma zona de alta instabilidade onde ocorrem numerosos e intensos terremotos, maremotos e erupções vulcânicas. O Brasil, ao contrário, localiza-se no 
meio da Placa Sul-americana, zona de relativa estabilidade. 
b) Os vulcões podem expelir magma bastante ácido, com elevada percentagem de sílica e com solidificação rápida (pouco fluida), o que leva à obstrução de suas chaminés e os torna explosivos, como o Krakatoa. Ao contrário, os vulcões como o Kilauea têm magma básico, com pouca sílica, o que permite que a lava escorra rapidamente e se espalhe, criando vulcões mais baixos e menos explosivos. 

2) a) Os terremotos são ocasionados pelo movimento das placas tectônicas, que geram atritos nas suas zonas de contato, promovendo o acúmulo lento de tensões, que são liberadas rapidamente em certos instantes. 
b) A escala Richter mede a magnitude do terremoto pela energia liberada. Já a escala de Mercali classifica a intensidade do tremor, conforme os efeitos por ele causados. 
c) As placas tectônicas têm bordas convergentes e divergentes. Nos limites convergentes, as placas colidem com a mais densa sofrendo subducção (afundamento) e a outra se sobrepondo. Já nos limites divergentes, as placas afastam-se, gerando aberturas que levam à formação de novas porções da crosta. 

3- B
4- E
5- D
6- a) A unidade do relevo marinho destacada é a cordilheira Meso-Oceânica ou Dorsal Atlântica. 
b) A origem dessa cordilheira está relacionada à dinâmica 
da tectônica de placas. O afastamento entre as placas Sul-Americana e Africana, em conseqüência das correntes de convecção do magma que determina a formação de um extenso dobramento moderno que se estende de norte a sul ao longo do Oceano Atlântico. 
7- D
8- B
9- B
10- D
11- C
12- a) O movimento é orogenético transformante
b) uma placa esbarra na outra ( atrito), liberando grande energia e formando falhas, como é o caso da falha de San Andreas.
13- a coincidência entre a linha de recorte do litoral oeste da África e a do litoral leste da América do Sul (Brasil), mostrando que esses recortes se encaixam como peças de um quebra-cabeça;
- a concordância entre estratos rochosos dos litorais da África e do Brasil.
- semelhança  de flora e fauna, fato que não poderia existir caso os continentes ou as terras emersas fossem separadas no passado geológico como são nos dias atuais. Wegener explicava a existência de fósseis tropicais na ilha ártica de Spitsbergen, admitindo que devia ter havido uma só massa continental e que ela se partiu por forças geológicas.
14- a) 
- edifício vulcânico ou cone, que é, como vimos, a montanha formada pelo acúmulo dos materiais magmáticos oriundos do interior da Terra;
- cratera, isto é, cavidade superior (boca) que se forma devido às explosões ocorridas na fase inicial da atividade vulcânica;
- chaminé ou conduto, abertura ou fenda através da qual os materiais magmáticos são expulsos do interior para a superfície;
- caldeira ou câmara magmática, bolsão ou cavidade profunda preenchida pelo magma.

b) - lavas, material magmático em estado de fusão derramado na superfície terrestre;
- material piroclástico, fragmentos de rochas lançados pela atividade vulcânica (blocos, bombas) ;
- gases e vapores, os mais comuns são os vapores de água ( 80 a 95% do total);
 - fumarolas, verdadeiras nuvens ardentes com temperaturas que podem alcançar até 800ºC.

GÊISERES- são fontes que expelem jatos de água quente, de forma contínua ou intermitente.Sua ocorrência está associada às áreas vulcânicas.
15-  I - Núcleo interno, II - Manto, III - Núcleo externo e IV - Crosta.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

AS 10 MELHORES UNIVERSIDADES DO BRASIL

Saber quais são e onde ficam as melhores faculdades ou universidades do Brasil pode ajudar você a decidir onde estudar. Separamos as 10 melhores universidades do Brasil segundo o QS World University Ranking, que publicou a lista das melhores universidades da América Latina (em junho de 2012).
O QS World University Ranking analisa critérios como a qualidade da produção científica, a empregabilidade dos formandos, a qualidade de ensino e a projeção internacional da instituição para montar a lista das melhores universidades.
Este ano, mais uma vez, a Universidade de São Paulo (USP) ficou em primeiro lugar entre as melhores da américa latina. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) ficou em terceiro no ranking.

Veja as Top 10 Universidades do Brasil que apareceram no ranking:

1. Universidade de São Paulo (USP)
Classificada pelo segundo ano consecutivo como a melhor universidade da América Latina, a USP tem mais de 90 mil alunos que frequentam seus campi nas cidades de: São Paulo, Bauru, Ribeirão Preto, São Carlos, Piracicaba, Pirassununga e Lorena.
A USP produz 22% dos artigos científicos do Brasil e tem 42 escolas/faculdades, 240 cursos de graduação e mais de 220 programas de pós-graduação. Por ano, a instituição forma 2.300 doutores.
2. Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Seus campi estão localizados em Campinas, Piracicaba, Limeira e Paulínia. A Unicamp oferece 66 cursos de graduação e 142 de pós-graduação (entre mestrados, doutorados e especializações), tem quase 18 mil alunos matriculados e cerca de 1.700 professores.  Está em terceiro lugar na lista geral das melhores da América Latina.
3. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
A UFRJ tem três campi na cidade do Rio de Janeiro e um campus no município de Macaé, a 185 km da capital. Criada em 1920, oferece 156 programas de graduação, 94 de mestrado e 75 de doutorado e tem mais de 5 mil alunos na modalidade a distância (EAD).
4. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Em Belo Horizonte a UFMG tem dois campi, Pampulha e Saúde. Em Montes Claros fica o campus dedicado às Ciências Agrárias. São mais de 40 mil alunos e 2.600 professores. A UFMG oferece 75 cursos de graduação, 58 cursos de doutorado e 68 de mestrado.
5. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
A UFRG tem mais de 35 mil alunos, distribuídos em 89 cursos de graduação presenciais e 8 a distância, 71 programas de doutorado e 68 de mestrado. A UFRGS possui quatro campi: do Centro, do Vale, Olímpico e da Saúde.
6. Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
A Unifesp tem 8 campi distribuídos em São Paulo, Baixada Santista, Guarulhos, Diadema, São José dos Campos e Osasco. Oferece 43 cursos de pós-graduação e 70 cursos de graduação.
7. Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"(Unesp)
A Unesp forma cerca de 5.600 alunos por ano e está presente em Araçatuba, Araraquara, Assis, Bauru, Botucatu, Dracena, Franca, Guaratinguetá, Ilha Solteira, Itapeva, Jaboticabal, Marília, Ourinhos, Presidente Prudente, Registro, Rio Claro, Rosana, São José do Rio Preto, São José dos Campos, São Paulo, São Vicente, Sorocaba e Tupã. São oferecidos 171 cursos de graduação e 118 programas de pós-graduação.
8. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
A PUC-Rio oferece 36 cursos de graduação e 26 programas de pós-graduação e pesquisa em  seu campus da Gávea na cidade do Rio de Janeiro.
9. Universidade de Brasília (UnB)
A UnB conta com 4 campi no Distrito Federal, 105 cursos de graduação, 147 cursos de pós-graduação stricto sensu e 22 cursos de especialização lato sensu.
10. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
A PUC-SP tem campi nos bairros de Perdizes, Consolação e Ipiranga, na cidade de São Paulo, e também os campi de Barueri e Santana. São 16 mil alunos de graduação, 28 programas de pós-graduação e 157 grupos de pesquisa.

OS VULCÕES ESTARIAM AUXILIANDO NA DIMINUIÇÃO DA TEMPERATURA ?

Partículas expelidas por vulcões teriam compensado parte da emissão de gases de efeito estufa. Para pesquisadores, humanos contaram com a “sorte”, já que erupções ajudaram a manter a Terra mais fria.

Dos 14 anos mais quentes já registrados, 13 foram neste século. Mas desde 1988, o ritmo do aumento da temperatura da Terra está mais devagar. As contas dos cientistas não fecham: a velocidade do aquecimento global está muito inferior ao nível de emissões de gases estufa. Essa fase de “silêncio” ficou conhecida como hiato.

Um estudo [Volcanic contribution to decadal changes in tropospheric temperature] publicado neste domingo (23/02) na Nature Geosciense ajuda a explicar o mistério. As erupções vulcânicas registradas desde 2000 compensariam a diferença entre o aquecimento global previsto e o observado para este século. As partículas despejadas na atmosfera pelos vulcões são capazes de refletir a luz solar e, assim, manteriam a Terra mais fria.

Simulações climáticas feitas com dados de satélites sugerem que as cerca de 20 erupções ocorridas nos últimos 13 anos foram responsáveis por até 15% da diferença entre o aquecimento previsto segundo o alto nível de emissões e o de fato registrado.

“Esse ‘hiato’ no aquecimento desde 1988 tem uma série de causas diferentes. O resfriamento causado pelas erupções vulcânicas é apenas uma delas”, pontuou Ben Santer, do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, um dos co-autores do estudo.

Uma questão de sorte

Para os cientistas, os humanos contaram com a sorte na última década. O estudo não pode ser usado para apoiar a falta de iniciativa das nações para cortar as emissões de gases estufa. “Nós tivemos sorte por observar um resfriamento natural que, parcialmente, contrabalanceou o aquecimento provocado pelo homem”, comentou Santer.

“Não sabemos como a atividade vulcânica vai se desenvolver nas próximas décadas e, por isso, não sabemos quanto tempo essa sorte vai durar.” Segundo o estudo feito por pesquisadores dos Estados Unidos e Canadá, outros motivos para a desaceleração do aquecimento global podem ser uma maior absorção do calor pelos oceanos, ou um declínio da atividade solar.

Os autores ainda não têm uma dimensão da magnitude do efeito dos vulcões. Para reduzir essas incertezas, será necessário aprimorar os modelos de simulação climática e as observações sobre as propriedades específicas dos gases expelidos nas erupções vulcânicas.

“Os vulcões dão apenas um alívio temporário à pressão implacável do aumento contínuo de emissão de gases de efeito estufa”, analisa Piers Forster, da Universidade de Leeds.

Divergências

Céticos do aquecimento global apontam a desaceleração do aquecimento da Terra observado nos últimos anos como uma prova de falhas nos modelos usados ​​para prever o fenômeno global. Eles alegam que há um exagero quanto ao efeito da retenção do calor a partir da emissão dos gases estufa, mas os autores do estudo discordam.

Grande parte dos especialistas em mudanças climáticas concordam que o planeta está excedendo o limite de aquecimento de dois graus Celsius, estabelecido em negociações climáticas pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).

Em 2013, o nível de gás carbônico na atmosfera ultrapassou a marca de 400 partes por milhão (ppm), nível nunca experimentado por seres humanos. As concentrações de CO2 na atmosfera crescem de três a quatro partes por milhão a cada ano, especialmente por causa da queima de combustíveis fósseis.

KG/afp/rts

Matéria de Nádia Pontes, da Agência Deutsche Welle, DW, reproduzida pelo EcoDebate, 26/02/2014

Volcanic contribution to decadal changes in tropospheric temperature
Nature Geoscience (2014) doi:10.1038/ngeo2098
http://www.nature.com/ngeo/journal/vaop/ncurrent/full/ngeo2098.html


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

PLANO PESSOAL DE ESTUDO



 A criação de um cronograma de estudos torna-se fundamental. É exatamente isso que ensinaremos no texto de hoje.
O cronograma funcionará como um roteiro de estudo que deverá ser seguido fielmente. Ele determinará quais dias da semana você irá estudar, quantas horas por dia e quais/quantas disciplinas dentro de um mesmo dia.
Dessa forma, o primeiro passo é elaborar uma tabela (no computador, smartphone, caderno etc.) com os dias da semana e as horas que consegue dispor por dia. Depois disso, defina quantas horas irá, de ato, estudar por dia (recomendamos no mínimo duas horas por dia da semana mais algumas horas em um dos dias do final de semana). Pronto, o esqueleto da sua tabela já está pronto e você terá algo como a imagem abaixo.
O passo seguinte é definir quais disciplinas serão dedicadas em cada dia da semana. Uma boa dica é procurar não estudar mais que duas matérias diferentes por dia, e, de preferência, intercalar matérias de áreas diferentes no mesmo dia. Assim, você evita o cansaço e o estresse de se estudar Matemática e Física na mesma sessão de estudos, por exemplo.
Veja na imagem abaixo um exemplo de cronograma para quatro horas de estudo diárias.
Tenha em mente que a proposta deste artigo não é fornecer uma “receita” pronta de cronograma. Você pode (e deve) adequá-lo a sua realidade, possibilidades e tempo disponível para estudo. Portanto, os modelos das imagens consistem apenas em exemplos para lhe dar uma noção de como elaborar seu próprio cronograma, o que não significa que deva ficar exatamente igual a eles. Também é fundamental reservar no mínimo uma data no mês para realização de simulados e resolução de provas anteriores (clique aqui para obter as últimas 5 edições do Enem resolvidas).
Sugerimos ainda que leia este artigo para ver outras dicas para iniciar sua preparação para o maior exame do Brasil. Não se esqueça de que este é apenas o primeiro passo de uma longa caminhada para um ótimo resultado no Enem 2014. Você ainda terá que suar muito para chegar lá!

domingo, 23 de fevereiro de 2014

GÁS METANO, PODE ACELERAR O AQUECIMENTO GLOBAL

Superbolha pode acelerar o aquecimento global

Gelo da Sibéria derrete - e pode liberar uma gigantesca bolha de gás metano, que aceleraria em 35 anos as mudanças na Terra.

Sob o gelo da Sibéria, um dos lugares mais frios do mundo, existe uma enorme bolha de gás metano, com 50 bilhões de toneladas. O gás foi formado pela decomposição de material orgânico (restos de plantas e animais) e pela ação de bactérias. O problema é que, com o aquecimento global, o gelo da Sibéria está derretendo - e pode deixar o metano escapar para a atmosfera, onde ele provocaria um desastre ambiental. Essa é a conclusão de cientistas da Universidade do Alasca e da Universidade de Cambridge. Segundo eles, a superbolha poderá escapar entre 2015 e 2025, com consequências terríveis. Isso porque o metano retém muito calor: 23 vezes mais do que o CO2, atual vilão do aquecimento global. Se for liberado, o metano provocará uma aceleração dramática no aquecimento da Terra - que aumentará 2 graus celsius, nível considerado crítico, até 35 anos antes do previsto. Isso fará o nível do mar subir, inundando cidades e alterando várias regiões (a floresta amazônica, por exemplo, poderia se transformar numa savana). "O gelo marinho derrete tanto, e fica assim por tanto tempo a cada verão, que a plataforma siberiana fica descoberta por um tempo substancial", explica o climatologista Peter Wadhams. E aí o metano tem chance de escapar. O estudo tem sido contestado por outros especialistas. Eles dizem que o Ártico já sofreu um grande derretimento 125 mil anos atrás, mas não houve liberação de metano. "Espero que, em vez de descartar o risco, a resposta seja fazer pesquisas mais detalhadas", responde Wadhams.

Foto:  Wikimedia Commons / Domínio público

sábado, 22 de fevereiro de 2014

MANIFESTAÇÕES : MOVIMENTOS POR UMA DEMOCRACIA REAL

A multidão contra o estado, mas também contra o vanguardismo
umsimplesprazer.blogspot.com 

"Ciente do poder transformador da multidão, da ameaça que ela significa; o estado capitalista trata de trabalhar para dissolvê-la, desarticulando os nós de organização, interditando os terrenos e suas novas coordenadas, onde agora o conflito social se torna mais visível, e onde as alternativas de democracia real começam a ser reconhecidas e ganharem adesão", escreve Bruno Cava.

Segundo ele, "é preciso cuidar em não transferir a luta do terreno da invenção democrática, para o terreno de um conflito contra o estado, que venha a ser realizado nos termos que o próprio estado determina. Termos aliás onde ele é mais forte, mais preparado para reagir e dissolver a multidão, e assim a força inovadora e que nutre de vitalidade o próprio movimento".

Bruno Cava é graduado em Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica e em Direito, possui mestrado em Direito na linha de pesquisa Teoria e Filosofia do Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e é editor do blog quadradodosloucos.com.br. É autor de A vida dos direitos: ensaio sobre violência e modernidade (Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2008) e publica contos, crônicas, resenhas e críticas em diversos sítios. Recentemente publicou o livro A multidão foi ao deserto. As manifestações no Brasil em 2013 (Jun/Out), pela Editora Anablume.

Eis o artigo.

O movimento de junho de 2013 abriu um terreno de contestação, formulação e produção de alternativas. A inclusão social e a conquista de direitos durante os governos Lula/Dilma não foram acompanhadas de uma abertura democrática dos modelos de gestão da cidade, do desenvolvimento e de inserção no trabalho. Em vez de renovar os mecanismos do sistema representativo brasileiro, aconteceu um fechamento progressivo, em nome de um sistema de alianças conservador e de grandes consórcios público-privados, com uma surdez crescente diante de movimentos sociais, das lutas contra o racismo, o preconceito e a desigualdade, bem como diante de formas de comunicação e organização de novo tipo. Esse fechamento está chegando ao impermeável completo, no momento da realização de megaeventos em regime de exceção econômica e policial, que não só têm sido geridos pela esquerda no poder, como comemorados ufanisticamente, reativando memórias amargas de um passado de chumbo, pelo visto, inconcluso.

Apesar dos altos e baixos, as manifestações proliferantes dos últimos nove meses conseguiram reunir um conjunto de insatisfações e indignações, assentadas numa sociedade em franca mutação, que deseja mais e melhor, e que deseja também participar diretamente, fazer a própria democracia, a democracia real. Nesse sentido, as manifestações exprimem uma resposta constituinte, num tempo de abrangentes e impermeáveis consensos construídos desde “cima”, segundo uma síntese escandalosa entre projetos de direita e gestores de esquerda.

Talvez não seja correto falar em “o movimento de junho de 2013″, pois se corre o risco de parecer um personagem unitário, com um rosto só, ao modo do formato tradicional de um movimento social. Porque são muitos movimentos, coletivos, agregados sociais e políticos, muitas franjas de transformação que ora se agrupam, segundo bases materiais de demandas (a mobilidade urbana, a moradia, a reforma das polícias, a defesa das minorias etc), ora se dispersam em redes preexistentes. Novos grupos surgem e se destacam, outros perdem fôlego, e se dissolvem. O processo é dinâmico e muito flexível, o que não significa desorganizado.

O conceito de multidão, como rede de singularidades que, na luta e pela luta, afirmam suas diferenças constitutivas em relação aos modelos majoritários e consensos homogeneizadores, parece ser uma boa aposta política. Não só para explicar o movimento, mas também para tomá-lo como hipótese de ação e reforçar o caráter democrático e constituinte. Na medida em que, enquanto multidão, as diferenças não são niveladas, reduzidas ao Uno, fazendo-se em vez disso que funcionem sem precisar de unificação numa liderança pessoal, bandeira ou ideologia. Ou seja, a verdadeira força do movimento (sua capacidade de renovação, autocrítica, decisão democrática) decorre acima de tudo de sua multiplicidade de táticas, pautas, composições sociais, formas de organização e comunicação — uma força na diferenciação, na capacidade de reunir pessoas e grupos muito diferentes. O que significa uma força qualitativa, capaz de realizar o conflito além do mero choque de energias, como um conflito criativo, de dribles, reaparições, espertezas.

Isto não significa, no entanto, defender alguma diversidade em si, algum “multiculturalismo de lutas”, uma vez que a base material do movimento continua sendo um dissenso qualificado em relação ao projeto do poder constituído para a cidade, o desenvolvimento e a manutenção de uma ordem racista, desigual e policialesca. As bases materiais é que sustentam o movimento mesmo sob o bombardeio político-midiático das forças da ordem, porque atravessam as pessoas como sua condição própria, além de qualquer necessidade de compromisso ideológico ou adesão organizacional. É compondo-se nesse processo de dissenso real que a multidão pode funcionar sem perder-se em si mesma — e é aí também que reside o seu caráter de classe, como luta contra um presente intolerável e institucionalizado.

Ciente do poder transformador da multidão, da ameaça que ela significa; o estado capitalista trata de trabalhar para dissolvê-la, desarticulando os nós de organização, interditando os terrenos e suas novas coordenadas, onde agora o conflito social se torna mais visível, e onde as alternativas de democracia real começam a ser reconhecidas e ganharem adesão; em suma, onde a emergência de uma subjetividade antagonista se torna sujeito político. Segundo a estratégia do estado, a decomposição do movimento passa a acontecer, nesse propósito de retomada do controle, mediante as tentativas de desafetar os corpos do gosto pela ação política (o programa de volta à “normalidade”), e de desligar os lugares de encontro e enredamento que permitem que a multidão funcione junta (o programa de criminalização). Isto sucede com vários tipos de ação, em distintas gradações: disseminando o medo, numa pedagogia ora condescendente (seriam ingênuos, alienados, aliciados), ora brutal (vândalos, terroristas). Às formas autônomas da multidão, exigem as formas tradicionais e pacificadas de dissenso: nos partidos, nas eleições, no sindicato, ou na disputa pela “opinião pública”, e sempre segundo as coordenadas pré-definidas e intocáveis dadas pela atual grande mídia corporativa, uma ditadura midiática que ela apresenta como “liberdade de imprensa” ou “liberdade de expressão”. Isto é, querem um falso dissenso, uma discordância de mentirinha que não mexe no pressuposto de funcionamento da própria linha que divide situação e oposição, concordância e discordância.

Mas não só. É preciso aprofundar a análise, além de qualquer dicotomia entre multidão e estado, como se fossem entes perfeitamente delineados. A dissolução da multidão também pode suceder quando o estado aproveita as contradições no interior do próprio movimento, entrando em relação com tendências internas, que possam conduzir à redução da multiplicidade, para romper a capacidade de renovação, recomposição e abertura para outros sujeitos sociais e políticos aderirem. Essa relação entre o estado e tendências que transitam pela multidão aparece inclusive em escala micro, em diálogos de linha de frente, em olhares e fetiches pelo poder transcendente, e num ódio cuja falsa radicalidade por vezes esconde certo estranho amor pelo próprio estado e seus agentes armados. Isto explica, talvez, uma grande armadilha que o movimento de junho no Brasil, expressão de lutas globais, tenha de contornar para seguir na sua trajetória democrática e constituinte.

É fato que uma tendência vanguardista tenha aflorado, quase no mesmo compasso em que as manifestações se tornaram objeto da brutalidade policial-midiática. Presente desde junho em maior ou menor grau, essa tendência aparentemente funciona em dialética com a ação do estado. Ela não só é consequência da ação do estado, como precisa dela, alimenta-se dela, e a usa para forjar consensos e dobrar resistências quanto à sua pertinência e validade. Quanto mais a brutalidade se abate sobre a multidão, mais o erro vanguardista reforça o discurso da reação segundo os mesmíssimos termos, enquanto violência no sentido contrário.

Neste ponto, como o debate está tão saturado, é preciso fazer vários considerandos. Obviamente, isto não significa aderir ao discurso de quem atribui a esses grupos (os “grupelhos raciais” ou “minorias vândalas”) a culpa pela violência nas manifestações. Só não veem os inúmeros exemplos da responsabilidade estatal aqueles que, por conveniência ou preguiça, se informam pelo noticiário. O noticiário da mesma grande mídia corporativa perante a qual as manifestações também exprimem dissenso e produzem alternativas de mídia.

A violência nunca foi simétrica, numa ordem estatal que traz no DNA a chacina cotidiana de pobres e negros, moradores em situação de rua ou com sofrimento mental, em números industriais, e quando, questionado por mobilizações populares, o poder constituído responde com tortura, prisão e lei antiterrorismo. De qualquer modo, pretendendo formar uma frente única para lutar contra a repressão de maneira direta, essa tendência vanguardista promove no interior do movimento táticas, formas de organização e comunicação que são incompatíveis com a multiplicidade.

Porque multiplicidade não é diversidade. A multiplicidade é um processo expansivo e diversificador. Uma vez que trabalham para dissolvê-la, para reduzi-la numa resposta que reproduz os velhos terrenos de disputa, essa tendência vanguardista trabalha também para reduzir o caráter de multiplicidade, interrompendo o movimento diversificador. O resultado disso só pode ser a interrupção dos fluxos, a demarcação de uma linha dentro/fora do movimento e, finalmente, a paralisia quantitativa e qualitativa. Essa será a hora perfeita para a repressão. Por isso, é preciso cuidar para que a autodefesa não ultrapassar os propósitos contingentes de defesa, que é legítima. É preciso cuidar em não transferir a luta do terreno da invenção democrática, para o terreno de um conflito contra o estado, que venha a ser realizado nos termos que o próprio estado determina. Termos aliás onde ele é mais forte, mais preparado para reagir e dissolver a multidão, e assim a força inovadora e que nutre de vitalidade o próprio movimento.

Nesse sentido, não é caso de levantar ainda outra posição intermédia a título de moderação, que oponha duas forças igualmente condenáveis, por ambas assumirem a violência como meio. Essa é uma posição idealista, quando não totalmente cínica. O “extremismo de centro” brasileiro sempre foi o esporte predileto dos conservadores e “progressistas” de sofá, onde a “radicalização” e o “radical” são figuras prontas para não se fazer nada de concreto e que tudo permaneça igual, cada um na sua zona de conforto (só que não). Desconfie sempre dos moderados, daqueles que proponham lucidez e maturidade “em tempos de radicalismo”. Eles não estão no meio dos lados.

O caso, aqui, bem diferente, é propor algumas hipóteses como apostas políticas:

1) A tendência vanguardista é apenas uma entre muitas de uma multiplicidade de movimentos que, desde junho, se converteu num movimento da multiplicidade: um movimento de autoprodução e autotransformação, de proliferação de diferenças, táticas e alternativas, com muitas tendências positivas, que não podem ser promovidas pela ordem vigente e, por isso mesmo, nunca aparecem no noticiário nem são elogiadas.

2) O problema da tendência vanguardista não é a radicalização, é justamente o fato de não ser radical o suficiente. A radicalidade do movimento desde junho consiste na sua grande abertura às diferenças, compondo-as num dissenso muito qualificado em relação aos projetos de cidade, desenvolvimento e representação (partidária, eleitoral, sindical, jornalística), isto é, seu caráter duplo de multiplicidade e luta antagonista: multidão.

3) O problema da tendência vanguardista não pode ser enfrentado eficazmente de fora do movimento, criticando-o como se fosse um comentador de futebol, sem entender as circunstâncias e o funcionamento complexo dos sistemas-redes e nós de comunicação que coexistem na multiplicidade, o que depende de co-pesquisa, instâncias coletivas de discussão e capacidade de autocrítica.

4) A melhor maneira de endereçar o problema da tendência vanguardista talvez seja tomá-lo como um problema de organização. Ou seja, aqueles grupos e pessoas afetados por essa tendência terminam por reproduzir métodos de fechamento, sensos de pertencimento e identidade, e círculos de segredo e acesso, que comprometem as leituras de conjuntura, a tomada de decisão e a relação com o movimento como um todo. O que hoje tem se refletido na ideia de uma frente unificada contra a repressão, numa leitura cada vez mais distante das bases materiais, e que pode terminar sucumbindo à dialética com o estado. O sujeito antagonista não se deve deixar capturar por essa dialética.

5) Unificar o movimento como um enfrentamento antiestatal direto e aberto, geralmente enfrentando-se suas forças mais visíveis (não por acaso, mais violentas e armadas) é, novamente, uma radicalização falsa e insuficiente. Isto significa, na verdade, uma capitulação aos termos da luta dados pelo próprio estado. A luta precisa multiplicar coordenadas e não se deixar cercar. A alternativa a isso, portanto, consiste em apostar no fortalecimento das organizações abertas, diversificadas, e sobretudo apoiadas nas bases materiais dos protestos (o direito à cidade, alternativas de desenvolvimento, propostas de reforma/desconstituição das polícias).

6) Importante: nada do que aqui foi escrito deve levar ao nivelamento entre “tendência vanguardista” e táticas de autodefesa em geral. A defesa direta do movimento é sempre legítima enquanto uma das muitas táticas, formas de organização e ação direta, dentre a multiplicidade do movimento, em função de circunstâncias específicas. Essas táticas não podem ser condenadas em si mesmas, abstratamente, porque o plano abstrato é o plano onde o estado se auto-legítima. A legitimidade dessa defesa pode ser comprovada em qualquer manifestação que seja reprimida, e decorre da própria ilegitimidade de como o estado tem lidado com os protestos desde junho, sem falar em sua atuação normal nas favelas, bairros de periferia, contra sem teto, ou nas prisões. O direito de resistência à tirania é teorizado e reconhecido desde pelo menos o século XVIII. O que não significa, vale deixar bem claro, que o fato da legítima defesa, reconhecido até mesmo pelos liberais, possa ser usado como pretexto automático para a tendência vanguardista, que vai além para deliberar e premeditar a violência contra agentes do estado (quase nunca, com isso, atingindo o estado), em vez de apelar a ela como último recurso e a contragosto, em momentos críticos de brutalidade, e onde ela favoreça, por exemplo, a saída em segurança de manifestantes das nuvens de gás, bombas e projéteis.

Em conclusão, dentro da amálgama de sujeitos sociais e políticos, de grupos, assembleias, coletivos, mediativismos e redes, trata-se de fortalecer politicamente aqueles grumos de organização que permitam agregar conversas amplas, horizontais, compartilhamentos de experiências, sobretudo entre grupos heterogêneos, que adotem linguagens diferentes, e sem perder de vista as bases materiais e sociais dos protestos em que todos estão implicados. Um exemplo embrionário disso, no Rio de Janeiro, é a Assembleia do Largo. O caso é fortalecer a multidão neste vórtex de forças e tendências, fortalecê-la numa tendência afirmativa e democrática, uma tendência radicalmente democrática.
Fonte : Instituto Humanitas Unisinos

GOOGLE VAI MONITORAR O DESMATAMENTO

Google lança observatório mundial do desmatamento

A gigante da internet Google, organizações ambientalistas e vários governos apresentaram nesta quinta-feira uma sofisticada base de dados para fazer um acompanhamento do desmatamento no mundo, com a expectativa de intensificar a luta contra um dos principais motivos do aquecimento global. Matéria da AFP, no Yahoo Notícias.

O site www.globalforestwatch.org permitirá observar o desaparecimento de árvores em todo o planeta a partir de imagens em alta resolução com atualizações frequentes. As informações poderão ser consultadas de graça.

A Terra perdeu 2,2 milhões de quilômetros quadrados de florestas entre 2000 e 2012, segundo dados coletados pelo Google e a Universidade de Maryland.

“O problema para reunir os dados não foi a falta de vontade, nem a ausência de leis para regular o desmatamento. O problema é, entre outros, a falta de capacidade para saber realmente o que está acontecendo”, disse Andrew Steer, diretor-geral do World Resources Institute, líder na criação de base de dados.

“Quando o presidente da Indonésia aprovou boas leis para (proteger) as florestas, foi muito difícil para ele saber o que de fato estava acontecendo em tempo real”, declarou Steer a jornalistas.

A base permitirá a qualquer pessoa verificar, através da internet, as florestas protegidas e inclusive as empresas que compram óleo de palma proveniente de plantações ilegais, acrescentou.

O desmatamento desempenha um papel crucial nas mudanças climáticas e nas florestas, que ocupam um terço do planeta, funcionam como depósitos naturais de gases causadores de efeito estufa, que, de outra forma, se dispersariam na atmosfera.

Para montar a base de dados, o Google compilou milhões de imagens de satélite mantidas durante mais de 40 anos pelo Instituto Americano de Geologia.

Rebecca Moore, engenheira da empresa, explicou que a maior dificuldade do projeto foi “gerar esta massa de dados” com um nível de detalhes pertinente e útil.

Os governos da Noruega, da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos também participam da iniciativa.

EcoDebate, 21/02/2014

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

ENERGIA SOLAR

Esquenta a produção global de energia solar.


[EcoDebate] O mundo precisa mudar a matriz energética utilizando fontes renováveis e limpas. A possibilidade da produção de combustíveis fósseis atingir o pico da produção em um futuro não muito distantes faz crescer a busca por energias alternativas. A energia solar fotovoltaica (Photovoltaics – PV) é a forma de produção de eletricidade que mais cresce no mundo atualmente.
De 1995 a 2013 a capacidade global de produção de energia solar fotovoltaica aumentou mais de 200 vezes, passando de 0,6 gigawatts (GW) para mais de 120 GW. Foi um crescimento exponencial impressionante. Se a produção de energia fotovoltaica mantiver um ritmo de dobrar a capacidade instalada a cada 3 anos, a crise energética da humanidade poderia ser equacionada em até 30 anos.
Mas a maior parte dos governos do mundo – pressionados pelo lobby das empresas petrolíferas – preferem manter os investimentos e os subsídios aos combustíveis fósseis. Se houvesse um redirecionamento das prioridades as energias alternativas poderiam decolar com mais rapidez.
Os cenários até 2017 indicam uma continuidade do crescimento exponencial e variam segundo a perspectiva que segue o crescimento normal dos últimos anos ou a perspectiva com apoio das políticas públicas que pode acelerar o ritmo de crescimento da energia solar.
No cenário normal (Business-as-usual) a capacidade instalada chegaria a 284 GW em 2017 (isto seria o equivalente a 20 usinas de Itaipu). No cenário com apoio do poder público (Policy-driven) a capacidade instalada poderia chegar a 419 GW (equivalente a 30 usinas de Itaipu).
Segundo relatório da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) o preço de uma célula de energia fotovoltaica custava US$ 76,67 por watt em 1977 e caiu para US$ 0,74 por watt em 2013, devendo chegar a US$ 0,64 por watt em 2014. Com preço competitivo e abaixo do preço do carvão mineral, a perspectiva é que o crescimento exponencial da energia solar continue ou até se acelere. A BNEF estima que a capacidade instalada de energia fotovoltaica em 2013 foi de 36,7 GW (o maior crescimento anual de todos os tempos), acima dos 35,5 GW da energia eólica (que, por sua vez, teve o menor crescimento dos últimos 5 anos).


Neste ritmo, o mundo teria muita energia limpa até 2040 e o clima se beneficiaria drasticamente pela redução dos gases de efeito estufa provocados pela queima de combustíveis fósseis. Países com Alemanha e China estão investindo pesadamente na pesquisa e na tecnologia de produção de energia solar. Estes países poderão ganhar duplamente, pois além se livrar de combustíveis poluidores, vão poder exportar conhecimento e equipamentos solares.
A poluição do ar, provocada pela queima de carvão e outros combustíveis fósseis, tem feito a China acelerar projetos como o da construção da maior usina solar do mundo, com capacidade instalada de dez mil megawatts, em Xinjiang. O projeto levará quatro anos para ser finalizado, mas os primeiros painéis começarão a operar neste ano. Se algo assim fosse feito na Amazônia, não seria necessário a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. A China instalou um recorde de 12 GW de energia solar em 2013 e pretende instalar 16 GW em 2014, segundo as últimas informações da BNEF.
Enquanto o mundo avança na produção de energias eólica e solar, o Brasil se atola na produção de petróleo do pré-sal, que além de ser um combustível do passado, contribui para o aquecimento global e a poluição da terra, da água e do ar. E para contrariar os críticos, o governo anuncia que fará as primeiras explorações do chamado gás de xisto com todas as suas consequências nefastas.
Artigo de Heitor Scalambrini Costa, no EcoDebate (21/01/2014), mostra que a energia solar fotovoltaica de uso residencial teria tudo para deslanchar no Brasil, após a edição da Resolução Normativa (RN) no 482/2011, da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). No entanto, os avanços têm sido pífios:
A contribuição da eletricidade solar na matriz elétrica é desprezível, pois a falta de interesse do governo federal dificulta uma maior disseminação dessa tecnologia – madura e promissora. Entendemos ser completamente sem cabimento a falta de apoio a eletricidade solar. E a justificativa de ela ser mais cara esbarra com a experiência mundial que mostra ser o apoio do Estado necessário para desenvolver o mercado.Energia solar e a falta de interesse do poder público
O Brasil, que pela área geografia e localização, é potencialmente favorável ao desenvolvimento de sistemas fotovoltaicos, convive com um atraso nesta área em relação a outras nações. Nosso país poderia ser a “Arábia Saudita” da energia renovável. Mas para tanto precisaria investir e planejar o aumento da capacidade instalada para aproveitar, gratuitamente, a enorme força dos ventos e o intenso calor do sol, dádivas que a natureza nos brindou.
Referências:
Associação Europeia de Indústria Fotovoltaica, EPIAhttp://www.epia.org/fileadmin/user_upload/Publications/GMO_2013_-_Final_PDF.pdf
Cleantechnica.
ThinkProgress. 13 Major Clean Energy Breakthroughs of 2013, December 18, 2013
COSTA H. Scalambrini. Energia solar e a falta de interesse do poder público, EcoDebate, RJ, 20/01/14 
http://www.ecodebate.com.br/2014/01/20/energia-solar-e-a-falta-de-interesse-do-poder-publico-artigo-de-heitor-scalambrini-costa/
ALVES, JED. Energia renovável: um salto na evolução? EcoDebate, RJ, 29/01/2010
http://www.ecodebate.com.br/2010/01/29/energia-renovavel-um-salto-na-evolucao-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. Energia verde para reduzir a pegada ecológica. EcoDebate, RJ, 04/02/2010
http://www.ecodebate.com.br/2010/02/04/energia-verde-para-reduzir-a-pegada-ecologica-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. Blowin’ In The Wind: Itaipus de cataventos. EcoDebate, RJ, 05/02/2010
http://www.ecodebate.com.br/2010/02/05/blowin-in-the-wind-itaipus-de-cataventos-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. A “corrida do ouro” da energia renovável. EcoDebate, RJ, 14/05/2010
http://www.ecodebate.com.br/2010/05/14/a-corrida-do-ouro-da-energia-renovavel-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. Power to the people: energia verde para a comunidade. EcoDebate, RJ, 21/07/2010
http://www.ecodebate.com.br/2010/07/21/power-to-the-people-energia-verde-para-a-comunidade-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. Vamos nos preparar para o fim do mundo (do petróleo). EcoDebate, RJ, 27/07/2010
http://www.ecodebate.com.br/2010/07/27/vamos-nos-preparar-para-o-fim-do-mundo-do-petroleo-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. O Brasil pode ser a “Arábia Saudita” da energia renovável. EcoDebate, RJ, 09/06/2011
http://www.ecodebate.com.br/2011/06/09/o-brasil-pode-ser-a-arabia-saudita-da-energia-renovavel-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. Turbina eólica vertical urbana. EcoDebate, Rio de Janeiro, 04/09/2013
http://www.ecodebate.com.br/2013/09/04/turbina-eolica-vertical-urbana-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. Combustíveis fósseis dominarão a matriz energética até 2040, EcoDebate, RJ, 12/12/2013
http://www.ecodebate.com.br/2013/12/12/combustiveis-fosseis-dominarao-a-matriz-energetica-ate-2040-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. Energia renovável: o otimismo exponencial de Ray Kurzweil. EcoDebate, RJ, 16/12/2013
http://www.ecodebate.com.br/2013/12/16/energia-renovavel-o-otimismo-exponencial-de-ray-kurzweil-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. A erosão da EROEI: Energia Retornada sobre Energia Investida. EcoDebate, RJ, 18/12/2013
http://www.ecodebate.com.br/2013/12/18/a-erosao-da-eroei-energia-retornada-sobre-energia-investida-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. O Pico do Petróleo e o aumento do Preço dos Alimentos. EcoDebate, RJ, 20/12/2013
http://www.ecodebate.com.br/2013/12/20/o-pico-do-petroleo-e-o-aumento-do-preco-dos-alimentos-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail:jed_alves@yahoo.com.br
EcoDebate, 21/02/2014