domingo, 30 de junho de 2013

RIO SÃO FRANCISCO

















O rio São Francisco, também é conhecido como Velho Chico, rio dos Currais, rio de Integração Nacional e ainda Nilo Brasileiro.
É um rio genuinamente brasileiro pois nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, atravessa o estado da Bahia, Pernambuco, separa os estados de Alagoas e Sergipe e deságua no oceano Atlântico. Por atravessar cinco estados é que recebeu o apelido de rio da Integração Nacional.
Sua nascente se encontra situada a uma altitude de aproximadamente 1. 200 metros. Sua foz é do tipo estuário.



Em seu percurso apresenta trechos navegáveis entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA). Nas regiões acidentadas apresenta cinco hidrelétricas como: de Xingó , de Paulo Afonso IV , de Itaparica, de Moxotó e Três Marias.
O rio São Francisco recebe água de 168 afluentes, os principais são os rios Paraobepa, das Velhas, Abaeté, Paracatu, Jequitaí, Verde Grande, Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande.
O rio São Francisco é um rio perene, pois mesmo na época de estiagem ele não seca, alguns de seus afluentes são temporários.
















sexta-feira, 28 de junho de 2013

CHARGES CONSTRUÍDAS POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO.


PACIFICAÇÃO DAS FAVELAS.
GUERRA FRIA- O MUNDO ESTÁ ENTRE ELES - FABIANA TAM E MARIA CLARA

























REVOLUÇÃO CHINESA - THAÍS E BEATRIZ


























PACTO DE VARSÓVIA E OTAN - GEORGINA E ALLYSON ARIANE





















































BENELUX E CECA - AMIRA ,FERNANDA E MIRELLE






































































































CLÁUDIO E LOHAN


























PARABÉNS AOS ALUNOS, PELA PESQUISA, ESTÉTICA, ENVOLVIMENTO, CRIATIVIDADE , PELA CONSTRUÇÃO DE TEXTOS E APRESENTAÇÕES.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Duas Verdades e Oito Mentiras, artigo de Geraldo M. Martins


Manifestação na Avenida Paulista dia 20 de junho de 2013. Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Manifestação na Avenida Paulista dia 20 de junho de 2013. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

[EcoDebate] Penso que a maioria dos brasileiros deve ter ficado decepcionada com pronunciamento da Presidente Dilma na noite dessa sexta feira, 21 de junho. Minha expectativa era de que nossa Chefa de Estado anunciaria algo mais contundente para responder aos anseios que o povo vem progressivamente manifestando nas ruas. Esperava por exemplo o anúncio de sua convincente decisão de que estaria enviando ao Congresso, com urgência urgentíssima, um projeto de emenda constitucional para convocação imediata de uma Assembleia Constituinte exclusiva para que possamos ter a esperada reforma política. Podia até ser uma medida heroica, pois todo mundo sabe da falência moral e representativa da maioria dos parlamentares. Mas, pelo menos estaria ficando ao lado do clamor popular. Por isso, foi um discurso longo e decepcionante que pode ser resumido em duas verdades e oito mentiras.
VERDADE 1 – VIOLÊNCIA – Ninguém discordará da convocação da Presidente: “Não podemos conviver com essa violência que envergonha o Brasil”. Foi também o apelo da Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros – CNBB. Apenas teria que ser complementada que essa vergonha não esta só nas depredações ocorridas nas manifestações. Haveria de ser incluída a violência gigantesca contra as populações indígenas, contra o meio ambiente, contra os direitos humanos e uma lista enorme de outras como a violência do trânsito, do tráfico, da carga tributária, da falta de atendimento médico que matam diariamente mais de mil pessoas.
VERDADE 2 – DEMOCRACIA – Ninguém poderá discordar também que a democracia precisa ser fortalecida defendida e aprimorada. Dilma se lembrou da sua geração afirmando que “O Brasil lutou muito para se tornar um país democrático”, mesmo tendo que pegar em armas, assaltar bancos e partir para a guerrilha. Sem dúvida, a democracia e seu corolário, a liberdade é o maior valor e a maior conquista da sociedade para a convivência cívica. Ruy Barbosa já sentenciava: A pior democracia é preferível à melhor das ditaduras. Mas também não podemos nos iludir com uma falsa democracia sequestrada e vilipendiada pelos donos do poder, pelos políticos e por todas as formas de corrupção. Indiscutivelmente, não temos uma democracia participativa.
ENGANAÇÃO 1 – REFORMA POLÍTICA – Reconhecendo que um dos principais focos dos protestos é a rejeição do sistema político vigente que está falido e extremamente corrompido, a Presidente prometeu que agora vai se esforçar para promover uma ampla reforma política. Mas o que fez o governo até agora? Esse é o mote de todas as campanhas eleitorais e nessa última foi veemente defendida pela candidata. Bom, agora até faz sentido, pois a campanha para 2014 já está nas ruas. Mas não deixa de ser uma tremenda enganação. Se a promessa fosse uma prioridade para valer, teria defendido e anunciado uma imediata convocação de uma ASSEMBLEIA CONSTITUINTE ESPECÍFICA para tratar dessa reforma. Uma representação política autêntica precisa ter legitimidade e não apenas o cumprimento das formalidades eleitorais.
ENGANAÇÃO 2 – GASTOS COM A COPA DO MUNDO – A Presidente minimizou os gastos afirmando que o dinheiro não saiu dos cofres públicos, mas das empresas e dos Estados. Ora o Tribunal de Contas da União, o Ministério Público e a imprensa já se fartaram de denunciar o superfaturamento, os custos elevados e os desvios de recursos públicos para obras dos estádios, aeroportos, etc.  O pior é que a maioria delas foram obras faraônicas e afrontosas diante de muitas carências da população principalmente nas áreas de saúde de saneamento.
ENGANAÇÃO 3 – MOBILIDADE URBANA – Dilma anunciou que convidará governadores e prefeitos para aperfeiçoar as instituições e anunciar novos planos de ação, como o Plano Nacional de Mobilidade Urbana. Ora, para a realização da Copa estão sendo gastos 12 bilhões de reais contemplando apenas os acessos viários de carros para estádios, hotéis e aeroportos. Nenhuma prioridade foi dada ao transporte coletivo para as massas de trabalhadores urbanos. As ruas estão congestionadas. Além do preço das passagens, há que se pagar um enorme desperdício de tempo. Quem estimulou o transporte individual isentando os carros do IPI?
ENGANAÇÃO 4 – AS LIBERDADES DEMOCRÁTICAS – O discurso defendeu os partidos e o sistema eleitoral sem os quais não poderia haver uma verdadeira democracia. Mas será que o voto é realmente livre? Não vivemos sob uma ditadura dos partidos que impigem aos eleitores seus candidatos? Por outro lado, é impossível ignorar o anacronismo e o abastardamento do regime presidencialista que depende de coalizões espúrias e barganhas interesseiras e nefastas, como é hoje chamado o peemedemismo e os partidos de mentirinha, segundo o Ministro Barbosa.
ENGANAÇÃO 5 – LIVRE ACESSO Á INFORMAÇÃO – Mais uma conversa para engamelar, pois a Lei de Acesso à Informação já existe há tempo para todos os poderes da República e governos estaduais e municipais. Porque estão o Planalto decreta sigilo sobre todas as informações de gastos das viagens presidenciais ao exterior? Porque o governo apoia a Já a PEC 37 já conhecida como PEC da impunidade, pois pretende tirar o poder de investigação do Ministério Público. Caso seja aprovada, ela inviabilizará algumas investigações como: desvio de verbas, crime organizado, abusos cometidos por agentes dos Estados e violações de direitos humanos. E depois, a presidente fala em tom solene que “a melhor forma de combater a corrupção é com transparência e rigor”.
ENGANAÇÃO 6 – ROYALTIES PARA A EDUCAÇÃO – Essa ladainha já rola desde o primeiro mandato de Lula. Quem vai acreditar que o Congresso Nacional irá destinar 100% dos royalties para a educação? Seria essa a fórmula salomônica de resolver a disputa entre os estados produtores e não produtores? Como explicar essa prioridade se o governo está financiando universidades na África?
ENGANAÇÃO 7 – MELHORIA DO SUS – A presidente prometeu “trazer de imediato milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde”. Só se forem médicos desempregados na Europa ou de países em crise econômica que estejam dispostos a aceitar a remuneração miserável que os médicos brasileiros recebem e por isso se veem forçados a abandonar o SUS para sobrevirem. E o que dizer do estado caótico dos hospitais com suas filas enormes de pacientes sem atendimento? Imaginem quantos hospitais não poderiam ter sido construídos e equipados com os gastos de apenas um dos estádios megalomaníacos?
ENGANAÇÃO 8 – COMBATE À CORRUPÇÃO – Bom, essa mentira não precisa de comentários. Basta ver as negociatas com congressistas e a leniência com as obras superfaturadas. Não seria enganação se a presidente anunciasse que iria reduzir pela metade os quarenta ministérios que expressam uma autêntica corrupção institucional.
Geraldo M. Martins é educador, sociólogo e administrador. Atualmente, coordenador da Pastoral da Ecologia da Diocese da Campanha. gemartins@uol.com.br
EcoDebate, 24/06/2013

sábado, 22 de junho de 2013

Mudança do clima oferece risco, mas também chance de inovação, diz ONU

Empresas devem aproveitar oportunidade de desenvolver 'economia verde'.
Dados são de relatório do Pnuma, agência ambiental das Nações Unidas.


planetasustentavel.abril.com.br -Adaptado por Geo-Conceição
Temperaturas elevadas, tempestades vinculadas às mudanças climáticas e uma competição crescente por água e terra indicam tempos difíceis para o futuro dos negócios, mas também uma oportunidade para uma inovação rentável, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta sexta-feira (21).
Mencionando a destruição provocada pelas inundações na Austrália em 2010-2011, que custaram à seguradora Munich Re o montante de US$ 350 milhões e ao grupo de mineração Rio Tinto outros US$ 245 milhões, o informe diz que companhias não tiveram oportunidade de se adaptar.
"De eventos climáticos extremos a pressões crescentes sobre recursos naturais finitos, as mudanças no meio ambiente global aumentarão cada vez mais o impacto sobre custos operacionais, mercados para produtos, disponibilidade de materiais naturais e a reputação de negócios, do financeiro ao turístico, do sanitário ao de transportes", diz o documento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o Pnuma.
"O futuro do setor privado dependerá cada vez mais da habilidade dos negócios em se adaptar ao meio ambiente em rápida transformação e para desenvolver bens e serviços capazes de reduzir os impactos das mudanças climáticas, da escassez hídrica, das emissões de produtos químicos nocivos e outras questões ambientais", acrescenta.

Perdas no turismo                                                   Fonte :  destinia.com 




No setor do turismo, por exemplo, uma elevação de 1,4 ºC a 2,2 ºC nas temperaturas médias do
inverno provavelmente representaria o fechamento de mais da metade dos resorts de esqui no nordeste dos Estados Unidos em 30 anos.
O relatório diz que as emissões de gases de efeito estufa, relacionados com o aquecimento global, devem dobrar nos próximos 50 anos, conduzindo a um aumento da temperatura média global de 3 ºC a 6 ºC até o final do século.
Risco de apagão
No que diz respeito à escassez hídrica, o documento destaca que as minas de platina no sistema do Rio Olifants, na África do Sul, terão aumentadas em dez vezes as cargas hídricas até 2020, ao competir com as comunidades locais pela commodity cada vez mais escassa.
A demanda global por eletricidade poderia ser até 70% maior em 2025 do que em 2009, continua o informe, indicado para ondas de calor mais frequentes associadas com a mudança climática afetando a confiabilidade da rede.
No ano passado, apagões no norte da Índia causadas por altas temperaturas e poucas chuvas deixaram milhões de pessoas sem energia por várias horas.
Oportunidade de crescimento econômico
Mas enquanto os riscos para os negócios são "significativos", eles também representam oportunidades únicas para empresas que aproveitarem a demanda crescente por tecnologia verde, investimentos e serviços, destacou o informe.
Mais de 80% do capital necessário para responder às mudanças climáticas devem vir do setor privado. "Isto pode resultar em oportunidades de investimentos significativos de 'economia verde' no setor financeiro para prédios verdes, tecnologia de eco-eficiência, transporte sustentável e outros produtos e infraestruturas de baixo carbono", destacou o Pnuma.
"Nas cidades, cerca de 60% da infraestrutura necessária para atender às necessidades da população urbana do mundo até 2050 ainda precisam ser construídas, apresentando oportunidades de negócios significativas para construções urbanas e reformas mais ecológicas", emendou.
Também haveria oportunidades no setor energético, com a expectativa de queda da proporção total do cavão na geração de energia de dois quintos para um terço até 2035, enquanto as renováveis subiriam de 20% para 31%, diz o informe. 'A descarbonização da eletricidade apresentará oportunidades para o setor para avançar nas tecnologias de energia renovável", aponta o relatório.
Fonte : G1

sexta-feira, 21 de junho de 2013

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O que acordou o gigante, por Ana Carolina Amaral

Não é por centavos. É por direitos
Imagem no Facebook Mães de Maio – https://www.facebook.com/maes.demaio

[EcoDebate] O país do futebol se demitiu. Bateu as portas e saiu gritando, entre outras coisas mais pesadas, que “o Neymar não vale mais que o professor”. A manifestação evoluiu tão rapidamente, do passe livre ao país livre, que pegou o mundo de surpresa e ainda será preciso “voltar a fita” muitas vezes para entender esse momento histórico. Mas já parece mais lógico do que ousado afirmar que não foram os 20 centavos que acordaram o país. O gigante acordou foi com sede.
Falaram muito mal dos brasileiros quando, no início de 2011, as mobilizações articuladas pelo Facebook derrubavam presidentes nos países árabes, a começar por Tunísia e Egito, na chamada Primavera Árabe. Não muito depois, o agravamento da crise econômica mundial alastrou o desemprego por toda a Europa. Surgiram os “Indignados”, surgiu o “Occupy Wall Street” e a indignação popular ocupou o mundo – ou quase. Do lado de cá, os brasileiros consumiam o que ofertavam pela frente, com toda a fome de quem conheceu a pobreza.
Juan Arías, correspondente do El País no Brasil, questionou a nossa apatia, no artigo “Por que o Brasil não tem indignados?” E a resposta é tão simples que já era um bordão em 1992, no contexto da disputa presidencial estadunidense: “é a economia, estúpido”.
Escalada da inflação
O brasileiro passou fome de consumo e nos últimos anos pôde experimentar um poder de compra praticamente anestesiante: entre 2004 e 2010, 32 milhões de pessoas ascenderam à categoria de classes médias e 19,3 milhões saíram da pobreza, segundo o governo federal. A nova classe média era o fenômeno da mídia e as notícias pareciam falar de extraterrestres: “nova classe média usa smartphone”, “nova classe C já faz compras pela internet”, “agora eles também apostam em intercâmbios – para Chile e Argentina”! Por trás do consumo faminto, no entanto, estava a inflação. Em escalada silenciosa.
Um sinal claro de descontrole dos preços veio à tona com a alta de 122% no valor do tomate no acumulado do ano. Aqui e ali, as prateleiras dos mercados ficavam menos acessíveis, até que bastaram mais 20 centavos na tarifa de ônibus em São Paulo para pingar a gota d’água. Uma causa imediata para o protesto. Pequena, porque é só a última gota. E não há dúvidas de que é legítima: mais do que a gota que provoca o transbordo, ela é da mesma natureza das gotas que a antecederam: politico-econômica. Traduzindo, aquela sensação de que estão mexendo com a sua vida e você não pode fazer nada.
Eu tenho a ver com isso
Depois de descobrir que nada valem as 1,6 milhão de assinaturas colhidas pela queda do senador Renan Calheiros e que Marcos Feliciano vai, sim, continuar na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados; foi a sede de participação que acordou o gigante.
Também não podemos esquecer de articulações perigosas no governo federal que contrariaram todas as manifestações da vontade pública: o novo Código Florestal, a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, o final trágico do julgamento do mensalão com a tentativa do Legislativo se sobrepor ao Sistema Tribunal Federal, a lei contra os novos partidos e, para acabar (por enquanto), a PEC 37, encurralando o Ministério Público. Como detectou a ex senadora Marina Silva, “por trás da tarifa, a revolta é por sermos apenas espectadores da política.”
O que é horizontal se espalha
Sob a bandeira “se a tarifa não baixar, a cidade vai parar”, o Movimento Passe Livre acabou lançando, em 7 de junho aqui em São Paulo, a convocação que faltava para o cidadão ocupar com os dois pés a cidade que, afinal de contas, já vive parada pelos carros. Essa semana começou com mais de 30 cidades brasileiras em protesto e outras oito cidades no exterior, pela Europa, Estados Unidos e ainda Sidney, na Austrália. Em Londres, havia mais de 7 mil pessoas em apoio ao movimento brasileiro. Mais de duzentas páginas no Facebook convocam os próximos atos.
Os brasileiros seguem o exemplo dos indignados e do #occupy: não tem carro de som, não tem liderança, não tem pauta para negociação. E isso é justamente o que mais preocupa o governo federal, segundo declaração do ministro da secretaria-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. O governo teme porque sabe que as revogações dos centavos nas tarifas não vão saciar o povo. E nem o povo sabe o que será suficiente para acalmá-lo novamente – tomara que não seja o tempo!
Por trás da tarifa, uma democracia com participação
A gota d’água da tarifa de ônibus serve como pauta simbólica. Por trás dela, dividem-se questões a serem investigadas seriamente. Para começar, o preço das passagens nos leva a perguntar para onde vai o dinheiro público. Ou seja, não levará muito tempo para o pleito da tarifa desembocar no maior pedido dos brasileiros: o combate à corrupção.
A queda no conforto e na agilidade das viagens também nos faz questionar sobre a nossa qualidade de vida – que vai muito além da renda, para os governos desavisados – e qual o modelo de mobilidade urbana que queremos.
É claro que tudo isso também se relaciona com a busca por um modelo de desenvolvimento mais sustentável, já que o consumo é o coração da mudança de paradigma e a mobilidade é o símbolo mais evidente da sustentabilidade nas cidades. Porém, uma condicionante essencial à sustentabilidade é a democracia, verdadeira e participativa, pois alicerça a maioria em torno do bem comum e daí tem meios para equilibrar o atual predomínio dos interesses econômicos sob os pilares social e ambiental. Só haverá sustentabilidade com democracia. E sim, a briga aqui ainda é por ela.
***
* Nota: trilha sonora. É de uma ironia bem vinda e vibrante que o jingle de um comercial de uma marca de carro, justamente!, tenha virado febre em uma manifestação pelo transporte público! Mas a música que recomendo para o momento foi lançada na decadência da Ditadura Militar de 1982. “É!”, de Gonzaguinha.
É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor…
A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade…
É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela…
É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação…
**Ana Carolina Amaral é jornalista formada pela Universidade Estadual Paulista. Colunista de sustentabilidade, foi repórter de TV e de portais online, cobriu conferências internacionais como a C-40 e a Rio+20 e fez assessoria política e de 3o Setor. Atua há 12 anos em movimentos socioambientais e é moderadora da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental.

EcoDebate, 20/06/2013

Organização de protestos pode indicar novidade política no Brasil





As dimensões dos grandes protestos que vêm tomando diversas cidades brasileiras nos últimos dias pegaram de surpresa não apenas políticos e autoridades, mas também analistas, que ainda buscam entender o impacto e as consequências que as mobilizações podem ter na vida política e social do Brasil.

A reportagem é de Caio Quero e publicada pela BBC Brasil, 19-06-2013.

Mesmo assim, especialistas de áreas distintas ouvidos pela BBC Brasil concordam que o modo como as manifestações foram organizadas pode indicar uma nova forma de se fazer política no país. Os analistas, no entanto, discordam quanto às consequências e o futuro do movimento.

"Pesquisadores, jornalistas e políticos, todo mundo foi pego de surpresa. Ninguém esperava que (os protestos) assumissem as proporções que assumiram na segunda-feira", diz Francisco Carlos Teixeira da Silva, professor de História Moderna e Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Para Teixeira da Silva, o motivo para essa surpresa deve-se, em parte, ao fato de o Brasil não estar vivendo em condições econômicas e políticas parecidas com outros lugares onde emergiram grandes protestos recentemente, como os países atingidos pela crise na Europa ou pelos movimentos da Primavera Árabe.

"Não é nenhuma situação de depressão econômica, desemprego e cortes de benefícios sociais, nem é uma ditadura (como em alguns países árabes). A meu ver, (o movimento) não tem nada a ver com inflação, não tem nada a ver com PIB pequeno ou coisas desse tipo. É uma revolta política, claramente política", diz.

Na avaliação do historiador, os cartazes com dizeres contra os partidos políticos levados por manifestantes em diversas cidades do país evidenciam o que ele classifica como "uma rejeição à elite política e aos gestores públicos brasileiros", causada por fatores que vão desde as más condições do transporte público ao modo como grandes eventos estão sendo organizados no país, passando por escândalos políticos como o mensalão.

Novidade

Para Teixeira da Silva, algumas novidades apresentadas pelo movimento de protestos, como a espontaneidade, a ausência de lideranças claras e o fato de ele estar sendo organizado na forma de rede, torna difícil fazer avaliações sobre o impacto e o futuro das mobilizações.

"Como o movimento é muito espontâneo, deriva de redes, não tem lideranças específicas, nós não podemos fazer nesse momento nenhuma avaliação. Está tudo em movimento", diz o analista, para quem a reivindicação de diminuição de tarifas dos ônibus em diversas cidades, encabeçada pelo Movimento Passe Livre, foi apenas o estopim para as manifestações.

"O passe livre foi o estopim. A violência da polícia foi o elemento que criou as condições para a adesão de grande maioria de pessoas. (Mas) algumas coisas estão claras: se a polícia voltar às ruas com violência, a situação corre o risco de se tornar descontrolada".

Democracia

André Martins, professor do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFRJ, concorda que a mobilização pela diminuição nos preços das tarifas dos ônibus serviu como um estopim para que os manifestantes expressassem um descrédito mais amplo contra as instituições políticas.

Para ele, as manifestações, que encontram grande parte de seu poder de mobilização nas redes sociais, acabaram se consolidando como um movimento "antipartido político" o que pode indicar uma nova forma de se fazer política. "Eles estão fazendo política, estão fazendo uma política mais honrosa do que a dos partidos. É uma nova forma de fazer política nas ruas, da própria multidão", diz.

Martins avalia que, embora o grupo que está na rua não conte com as características de organização e mobilização vistas na maioria dos movimentos sociais e partidos, as manifestações não devem enfrentar dificuldade para mobilizar adeptos.

"As redes sociais já têm uma forma própria de mobilização que me parece que já está consolidada. É uma mobilização por causas, não por ideologias pré-definidas", diz o filósofo, para quem as redes sociais estão exercendo um papel ainda mais amplo. "As redes sociais estão fazendo o papel da verdadeira democracia, porque a verdadeira democracia é participativa e não representativa", diz.

Mobilização

Acompanhando pessoalmente as manifestações em São Paulo desde o início, o cientista político Pedro Fassoni Arruda, professor do Departamento de Política da PUC-SP, afirma que a "horizontalidade" da organização do Movimento Passe Livre representa uma novidade em grupos do tipo no Brasil, mas diz que a entrada de outros atores nas manifestações e a proliferação de reivindicações pode criar distensões e fragmentações.

"A cada protesto, uma quantidade maior de pessoas adere. Agora, existe sempre o risco de perder o foco da reivindicação. O Movimento Passe Livre tem como principal bandeira de luta a revogação do aumento das tarifas e também, no longo prazo, a tarifa zero. Mas a gente também vê outras pessoas pegando carona nos protestos", diz.

Arruda – que compara os atuais protestos aos que pediam o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, na década de 1990 – afirma ter visto manifestantes defendendo as mais diversas pautas durante a mobilização da última segunda-feira em São Paulo, incluindo a redução da maioridade penal, tese que costuma ser rejeitada por grupos de esquerda.

O cientista político avalia que há o risco de que tal proliferação de pautas possa acabar por comprometer o impacto político do movimento pelo passe livre. Para ele, o futuro do movimento de protesto vai depender de como ficará a correlação entre as diversas forças de reivindicação presentes nas próximas manifestações.

"(A pluralidade de pautas) pode ser um ponto fraco, justamente porque o movimento acaba perdendo a direção, o foco. Muitas pessoas que, por exemplo, participaram pela primeira vez do protesto sequer conhecem quais são as propostas do Movimento Passe Livre".

Arruda também avalia que as posições antipartidárias de algumas pessoas que participam de manifestações pode acabar por criar divisões e rivalidades dentro do movimento.

"O Movimento Passe Livre se reivindica um movimento apartidário, mas não antipartidário. Mesmo assim, havia muitas pessoas antipartidárias (nas manifestações). Por exemplo, foi noticiado que algumas pessoas tentaram arrancar à força bandeiras (de partidos). Isso acaba contribuindo para dividir, para fragmentar, para criar distensões e rivalidades entre esses movimentos", diz.
Fonte: Instituto Humanitas Unisinos
Foto:  paroutudo.com 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

ACAFE PROVA E GABARITO DE GEOGRAFIA 16/06/13

54) “A compreensão tradicional das relações entre a sociedade e a natureza desenvolvidas até o século XIX, vinculadas ao processo de produção capitalista, considerava o homem e a natureza como polos excludentes, tendo subjacente a concepção de uma natureza objeto, fonte ilimitada de recursos à disposição do homem.” Fonte: CUNHA, Sandra Baptista da; GUERRA, Antonio José Teixeira (org.). A questão ambiental: diferentes abordagens. 6ª Ed. RJ: Bertrand Brasil, 2010. Considerando o texto acima e as questões ambientais atuais é correto afirmar, exceto:
A ⇒ A questão ambiental emergiu na segunda metade do século XX como fruto da percepção
de que os recursos naturais são finitos e que seu uso incorreto pode representar problemas sérios à humanidade.
B ⇒ A concepção acima fez desenvolver práticas oriundas de um processo de industrialização em que a acumulação se realizava por meio da exploração intensa dos recursos naturais, com efeitos perversos para a natureza e a sociedade.
C ⇒ A salvação do planeta e dos homens está na simples condenação da ciência e da tecnologia atuais, no fortalecimento da dicotomia entre o homem e a natureza e no fato de desconsiderar as relações entre os homens.
D ⇒ Desde Estocolmo, embora importantes mecanismos de proteção ambiental tenham sido criados, como os da ECO 92, no Rio de Janeiro - a Agenda 21, a Convenção sobre a Alteração Climática e sobre a Biodiversidade -, falta envolvimento sério e decisivo de governos e empresas, bem como da sociedade em geral.

55) “O processo de conquista do território que hoje corresponde ao sul do Brasil foi profundamente marcado por um complexo de combinações em que as condições naturais desempenharam um papel fundamental”. Fonte: MAMIGONIAN, Armen (org). Santa Catarina: estudos de geografia econômica e social. Florianópolis: GCN/CFH/UFSC, 2011.
Sobre o estado catarinense é correto afirmar, exceto:
A ⇒ O traço fundamental da paisagem natural catarinense é dado pela configuração geral de seu relevo que apresenta duas grandes regiões, o litoral e o planalto, separados pelas serras do Mar e Geral.
B ⇒ Ao lado da configuração geral do relevo e da rede hidrográfica em duas vertentes, também a vegetação exerceu um papel relevante no avanço dos fluxos de povoamento do planalto.
C ⇒ A bacia hidrográfica do rio Itajaí-Açu, a maior de Santa Catarina, com suas nascentes na serra do Mar e sua localização nos domínios da mata de Araucária, sofre constantemente de enchentes que afetam sobremaneira a população dos municípios cortados por rios dessa bacia.
D ⇒ As peculiaridades naturais do espaço catarinense e o mosaico sociocultural representado pelos diferentes fluxos colonizadores dotaram Santa Catarina de uma grande diversidade de opções turísticas.

56) Brasil: Divisão política
Fonte: MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2004, p.29 (adaptado).
Sedes dos jogos da Copa das Confederações:
A = Brasília; B = Belo Horizonte; C = Fortaleza;
D = Salvador; Rio de Janeiro e Recife.
Distâncias: 3,6 cm – Brasília até Recife e 2,0 cm – Brasília até Rio de Janeiro.
Integrantes da Copa das Confederações:
Brasil, Japão, México, Itália, Espanha, Uruguai, Taiti e Nigéria.
Considerando as informações do mapa e os conhecimentos dos conteúdos geográficos é
correto afirmar, exceto:
A ⇒ O Brasil, anfitrião da Copa das Confederações e da Copa do Mundo em 2014, encontra -se entre as cinco maiores economias do mundo, bem como apresenta uma infraestrutura portuária e um sistema ferro-rodoviário de destaque, que alavancam a sua economia.
B ⇒ Um torcedor espanhol escolheu a cidade de Brasília para a sua instalação. Viajou para Recife com o objetivo de assistir ao jogo Espanha e Uruguai, retornando para Brasília. Só saiu de Brasíliano dia 30/06 para assistir a final no Rio de Janeiro, saindo desta cidade diretamente para a Espanha. Nas viagens em território nacional, em linha reta, totalizou 4.094 km.
C ⇒ As regiões Norte e Sul não terão jogos na Copa das Confederações, sendo que o Nordeste
apresenta três sedes, o Sudeste duas e o CentroOeste uma.
D ⇒ A Espanha, participante da Copa das Confederações no Brasil, passa por uma crise econômica que exigiu medidas drásticas de austeridade, as quais se refletiram em um percentual significativo de jovens desempregados.

57) A atualidade vem sendo impactada diariamente por notícias que são repercutidas pelo mundo afora. Algumas influenciam o dia-a-dia das pessoas e outras vêm preocupando a todos.
Sobre a atualidade é correto afirmar, exceto:
A ⇒ No contexto das questões ambientais, a água caracteriza-se como um tema central e deve ser analisada no que se refere ao uso, à distribuição eà conservação, bem como é preciso aprofundar cada vez mais a discussão das águas transfronteiriças e sua gestão.
B ⇒ Margaret Thatcher, morta em abril de 2013, foi considerada a dama do neoliberalismo – doutrina política e econômica que se caracterizou pela defesa da propriedade privada ilimitada, pela liberdade irrestrita ao capital financeiro e pela competição econômica agressiva em um livre mercado capaz de regular a vida coletiva e mundial.
C ⇒ A morte de Hugo Chávez em março deste ano não alterou a política e a economia da Venezuela, que sempre se alinhou com as ideias neoliberais, também defendidas pelo governo de Cuba, o qual sempre fez parte do sistema interamericano da Organização dos Estados Americanos.
D ⇒ O diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, eleito em maio como o novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), enfrentará problemas na sua gestão como o protecionismo comercial que aumenta em época de crise, além da multiplicação dos acordos bilaterais em detrimento dos multilaterais.

58) “A atividade industrial é a base do desenvolvimento econômico mundial desde o século XVIII.
(...) Com o desenvolvimento da atividade industrial com base no sistema capitalista, surgiu a necessidade de se incrementar cada vez mais a produção.”
Fonte: KRAJEWSKI, Angela Corrêa; GUIMARÃES, Raul Borges; RIBEIRO, Wagner Costa. Geografia: pesquisa e ação. São Paulo: Moderna, 2005.
Sobre essa atividade econômica é correto afirmar exceto
A ⇒ O acirramento da concorrência, outro elemento da globalização, faz com que as transnacionais centralizem capital, o que acaba por gerar poder econômico em escala mundial.
B ⇒ As transnacionais – grandes empresas que controlam o mercado de consumo mundial e mantêm filiais em vários países – utilizam inovações tecnológicas para aumentar o volume de vendas e os lucros.
C ⇒ A empresa transnacional – principal agente do processo de globalização produtiva – é uma empresa de grande porte que possui enormes ativos específicos de sua propriedade como a tecnologia, o capital, a capacidade gerencial, organizacional e mercadológica.
D ⇒ A pequena produção mercantil estruturada desde a chegada dos europeus e a expansão do excedente gaúcho de descendência europeia foram responsáveis pelo processo de industrialização recente na região do Nordeste brasileiro, mais precisamente em seu litoral.

59) O conhecimento das condições físicas ou naturais de um lugar é importante, pois tais
condições possibilitam entender a forma como o espaço foi organizado pelo homem. O Brasil, pela sua localização e pela sua grande área, apresenta uma natureza muito diversa.
Sobre ela é correto afirmar, exceto:
A ⇒ Por ter seu território predominantemente localizado em zona intertropical do planeta, com grande extensão no sentido norte-sul, e por apresentar litoral com forte influência das massas de ar oceânicas, dominam, no Brasil, climas quentes e úmidos, ficando apenas uma pequena parte, ao sul do trópico de Capricórnio, em clima subtropical.
B ⇒ A estrutura geológica das terras emersas brasileiras é constituída predominantemente por
bacias sedimentares e, em menor extensão, por maciços ou escudos antigos. O Brasil não possui os dobramentos modernos.
C ⇒ O projeto da transposição do rio São Francisco do governo federal é alvo de muita polêmica tanto por tentar solucionar o problema da seca que há muito afeta as populações do semiárido brasileiro quanto por se tratar de um projeto delicado do ponto de vista ambiental.
D ⇒ A mata Atlântica – vasto conjunto do território brasileiro, localizado em baixas latitudes - é o maior complexo de florestas tropicais biodiversas do país, favorecido pelo abastecimento quase permanente de massa de ar úmido e pelas temperaturas altas com amplitude térmica anual abaixo de 3ºC

60) “Uma viagem de poucas horas de carro é suficiente para experimentar mudanças radicais no clima, na paisagem, nos sotaques e culturas”. Fonte: http://www.sc.gov.br/conteudo/santacatarina/geografia/paginas/Fonte: PELUSO JR, Victor Antônio. Aspectos geográficos de Santa Catarina. Florianópolis: FCC/EDUFSC, 1991. (adaptado)
Considerando o mapa de Santa Catarina acima e os conhecimentos geográficos a respeito do estado é correto afirmar, exceto:

A ⇒ O número 1 indica a região que congrega as cidades mais populosas do estado, com forte tradição germânica, italiana e açoriana, sobressaindo -se o Nordeste catarinense e o Vale do Itajaí, regiões de grande industrialização.
B ⇒ As atividades econômicas pastoril e ervateira são fundamentais para o surgimento e consolidação da estrutura minifundiária do planalto catarinense, a exemplo do que ocorreu nas demais áreas do Brasil.
C ⇒ O número 2 representa a região do planalto em que se destacam o eixo agroindustrial, no qual se processou um forte sistema de integração e aprisionamento dos colonos aos frigoríficos, e o florestal, ligado ao papel, papelão e móveis.
D ⇒ A linha que separa as regiões 1 e 2 corresponde a serra Geral e a serra do Mar, os grandes dispersores de águas das bacias hidrográficas do estado catarinense, responsáveis pelas duas
vertentes: do Atlântico e do Interior
Fonte: Sistema Acafe
GABARITO:
54- C
55- C
56- A
57- C
58- D
59- D
60- B

domingo, 16 de junho de 2013

PROTESTOS EM SÃO PAULO. O QUE ESTÁ ACONTECENDO???

A gota que faltava
Alexandre Versignassi

Para entender melhor o que está acontecendo na rua, imagine que você é o presidente de um um país fictício. Aí você acorda um dia e resolve construir um estádio. Uma “arena”.
O dinheiro que o seu país fictício tem na mão não dá conta da obra. Mas tudo bem. Você é o rei aqui. É só mandar imprimir uns 600 milhões de dinheiros que a arena sai.
Esses dinheiros vão para bancar os blocos de concreto e o salário dos pedreiros. Eles recebem o dinheiro novo e começam a construção. Mas também começam a gastar a grana que estão recebendo. E isso é bom: se os caras vão comprar vinho, a demanda pela bebida aumenta e os vinicultores do seu país ganham uma motivação para produzir mais bebida. Com eles plantando mais e fazendo mais vinho o PIB da sua nação fictícia cresce. Imprimir dinheiro para construir estádio às vezes pode ser uma boa mesmo.
Mas e se houver mais dinheiro no mercado do que a capacidade de os vinicultores produzirem mais vinho? Eles vão leiloar as garrafas. Não num leilão propriamente dito, mas aumentando o preço. O valor de uma garrafa de vinho não é o que ela custou para ser produzida, mas o máximo que as pessoas estão dispostas a pagar por ela. E se muita gente estiver com muito dinheiro na mão, essa disposição para gastar mais vai existir.
Agora que o preço do vinho aumentou e os vinicultores estão ganhando o dobro, o que acontece? Vamos dizer que um desses vinicultores resolve aproveitar o momento bom nos negócios e vai construir uma casa nova, lindona. E sai para comprar o material de construção.
Só tem uma coisa. Não foi só o vinicultor que ganhou mais dinheiro no seu país fictício. Foi todo mundo envolvido na construção do estádio e todo mundo que vendeu coisas para eles. Tem bastante gente na jogada com os bolsos mais cheios. E algumas dessas pessoas podem ter a idéia de ampliar as casas delas também. Natural.
Então as empresas de material de construção vão receber mais pedidos do que podem dar conta. Com vários clientes novos e sem ter como aumentar a produção do dia para a noite, o cara do material de construção vai fazer o que? Vai botar o preço lá em cima, porque não é besta.
Mas espera um pouco. Você não tinha mandado imprimir 600 milhões de dinheiros para fazer um estádio? Mas e agora, que ainda não fizeram nem metade das arquibancadas e o material de construção já ficou mais caro? Lembre-se que o concreto subiu justamente por causa do dinheiro novo que você mandou fazer.
Mas, caramba, você tem que terminar a arena. A Copa das Confederações Fictícias está logo ali… Então você dá a ordem: “Manda imprimir mais 1 bilhão e termina logo essa joça”. Nisso, os fabricantes de material e os funcionários deles saem para comprar vinho… E a remarcação de preços começa de novo. Para quem vende o material de construção, tudo continua basicamente na mesma. O vinho ficou mais caro, mas eles estão recebendo mais dinheiro direto da sua mão.
Mas para outros habitantes do seu país fictício a situação complicou. É o caso dos operários que estão levantado o estádio. O salário deles continua na mesma, mas agora eles têm de trabalhar mais horas para comprar a mesma quantidade de vinho.
O que você fez, na prática, foi roubar os peões. Ao imprimir mais moeda, você diminuiu o poder de compra dos caras. Inflação é um jeito de o governo bater as carteiras dos governados.
Foi mais ou menos o que aconteceu no mundo real. Primeiro, deixaram as impressoras de dinheiro ligadas no máximo. Só para dar uma ideia: em junho de 2010, havia R$ 124 bilhões em cédulas girando no país. Agora, são R$ 171 bilhões. Quase 40% a mais. Essa torrente de dinheiro teve vários destinatários. Um deles foram os deputados, que aumentaram o próprio salário de R$ 16.500 para de R$ 26.700 em 2010, criando um efeito cascata que estufou os contracheques de TODOS os políticos do país, já que o salário dos deputados federais baliza os dos estaduais e dos vereadores. Parece banal. E até é. Menos irrelevante, porém, foi outro recebedor dos reais novos que não paravam de sair das impressoras: o BNDES, que irrigou nossa economia com R$ 600 bilhões nos últimos 4 anos. Parte desse dinheiro se transformou em bônus de executivo. Os executivos saíram para comprar vinho… Inflação. Em palavras mais precisas, o poder de compra da maioria começou a diminuir. Foi como se algumas notas tivessem se desmaterializado das carteiras deles.
Algumas dessas carteiras, na verdade, sempre acabam mais ou menos protegidas. Quem pode mais tem mais acesso a aplicações que seguram melhor a bronca da inflação (fundos com taxas de administração baixas, CDBs que dão 100% do CDI…, depois falamos mais sobre isso). O ponto é que o pessoal dos andares de baixo é quem perde mais.
Isso deixa claro qual é o grande mal da inflação: ela aumenta a desigualdade. Não tem jeito. E esse tipo de cenário sempre foi o mais propício para revoltas. Revoltas que começam com aquela gota a mais que faz o barril transbordar. Os centavos a mais no ônibus foram essa gota.
Fonte: Revista Super Interessante

PLANO AGRÍCOLA E PECUÁRIO SAFRA 2013/2014

Com a pompa de sempre, o governo lançou o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) para a safra 2013/14, rito nesta época do ano a tempo de se preparar o plantio das culturas de verão, inverno e safrinha. O calendário agrícola está mais para maio a abril do ano seguinte do que para o convencionado pelo papa Gregório XIII, em 1582.
Desta vez, o PAP foi além do eterno mais do mesmo, pero no mucho.

O volume de recursos para investimento, custeio e comercialização, cresceu 18%, para R$ 136 bilhões. Uma magnanimidade bem dosada, pois as autoridades econômicas sabem que parte desses recursos não é utilizada, perdida que fica nas teias burocráticas das instituições financeiras ou no bloqueio de passados inadimplentes.

De qualquer jeito, houve tempos piores, quando a correção era pequena ou nem mesmo existia. O Fundo Monetário Internacional não deixava e o “virem-se” da Fazenda era seguido de irônica pergunta à fazenda: “Quem mandou você trocar o trator e a caminhonete, não sabia que o preço da soja ia cair”?

De pouco adiantava responder que não. Assim reza a cartilha ortodoxa.

As melhores novidades no PAP estão nos recursos destinados aos investimentos públicos e privados para aumento da capacidade de armazenagem de grãos, na ampliação dos mecanismos para o seguro rural e na continuidade da concessão de crédito e programas de apoio à agricultura familiar.

Fazer crescer a renda nesse segmento da população rural ajudou na mobilidade de classes que ocorreu nos últimos dez anos.

Entre o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e outros programas menores, coordenados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, é intenção disponibilizar 39 bilhões reais às atividades agropecuárias que, segundo o IBGE, incluem 84% das unidades produtoras e 74% de nossa mão de obra rural.

De quebra, daí vêm cerca de 70% da produção de alimentos destinados ao consumo interno.

Nada disso, porém, será motivo para que os atentos e céticos leitores de CartaCapital, tomados de espírito ufanista, saiam por aí, qual Galvões Buenos, bradando: esse é o Agronegócio Brasileiro que queríamos ver!

Pelo menos, ainda não.

Existe uma fatal equação, de difícil resolução, que vira e mexe frequenta folhas e telas cotidianas e faz arquearem as sobrancelhas de William e Patrícia: como fazer os preços dos alimentos contentarem tanto os que produzem como os que consomem.

Simplificando: produz-se muito e gera oferta excedente o agricultor venderá sua colheita a preços que os deixarão quebrado fazendo vibrarem os consumidores e os monetaristas; no ano ou safra seguinte, descapitalizado, o produtor plantará menos, usará pouca tecnologia, a produção não atenderá a demanda e os preços subirão, fazendo vibrarem as concessionárias de veículos.

É a velha lei da oferta e procura, acrescida de intermediários, que no sistema capitalista não pode ser revogada, mas sim atenuada, no que nossa política agrícola é tímida em fazer.

Faltam-nos ações que permitam gerar estoques reguladores, garantia de preços mínimos de comercialização condizentes com os custos reais dos fatores de produção e leilões frequentes de compra pelo governo.

Mais do que o crédito farto, que diante de quedas expressivas nos preços fatalmente acaba em inadimplência e renegociação de dívidas, seria indicado que parte importante desses recursos fosse destinada à solução dessa equação.

Ô cara, por acaso, você tá falando em subsídio? Estou. Que sejamos tão desavergonhados quanto os países desenvolvidos e o façamos sem escondê-los todos nas taxas de juros cobradas para a agricultura.
Fonte : Revista Carta Capital