quinta-feira, 31 de março de 2016

SÍRIA : SITUAÇÃO ATUAL

O colapso da Síria: pico do petróleo e pico demoeconômico, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Publicado em março 30, 2016 


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[EcoDebate] A Síria é um país em desintegração?
É o que parece. A guerra, a fome, o sofrimento incalculável do seu povo, a destruição quase completa da infraestrutura e uma grande degradação do meio ambiente são fatos que aparecem todos os dias nas manchetes dos jornais. Em cinco anos de guerra civil, cerca de 250 mil pessoas morreram e 11 milhões foram deslocadas de suas casas, sendo que quatro milhões fugiram da Síria para os países vizinhos e, em especial, a Europa, gerando a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.
A renda per capita (em ppp) da Síria estava em torno de US$ 6,4 mil em 2010 e o país vinha crescendo em termos econômicos e populacionais, a despeito do regime ditatorial. Contudo, a queda da produção de petróleo e a seca foram fatores detonadores do colapso atual. A arrecadação do governo caiu e puxou a economia para baixo. Ao mesmo tempo as condições climáticas reduziram a produção agrícola, inviabilizando a sobrevivência das populações rurais que tiveram que se mudar para as grandes cidades.
Mas a crise urbana conjugada com a crise rural demandou duras ações das políticas públicas. Todavia, a crise fiscal do Estado não permitiu o aumento do gasto público. Num pais muito pouco democrático e que é bastante dividido em termos religiosos, o resultado foi uma crise política, que logo se transformou em guerra civil. Assim, a crise do petróleo, a seca e a crise política se transformou em guerra aberta entre as forças do presidente Bashar al-Assad (sustentadas pelas minoria Alauita da população) e os demais grupos étnicos e religiosos. No processo de guerra, ganhou força o ISIS – Estado Islâmico – que controla partes do território da Síria e do Iraque e que é considerado o principal inimigo dos países ocidentais (promovendo, dentre outros, vários ataques terroristas na França, Estados Unidos, Indonésia e alguns países africanos). As divisões internas da Síria são reforçadas pela disputa internacional que coloca em lados opostos os Estados Unidos, a Rússia, o Irã, a Arábia Saudita, as potências europeias, etc.

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Como a Síria chegou a este ponto?
O problema começou com o pico do petróleo. A produção de petróleo atingiu o máximo no final da década de 1990 e começou a cair a partir de então. Ao mesmo tempo o consumo de petróleo continuou aumentando até cerca de 2010. Em 2011 o consumo foi maior do que a produção de petróleo. Como a Síria não tem outras fontes de exportação e o orçamento do governo depende da arrecadação petrolífera, a crise bateu em cheio, fato agravado pelo aumento dos gastos militares. O alto crescimento da população reforçou a situação de estresse. A população crescia enquanto havia prosperidade, passando de cerca de 3,4 milhões de habitantes em 1950 para cerca de 20 milhões em 2010. Mas a desigualdade agravou a situação de pobreza e o “choque marxista” (aumento da desigualdade social) foi seguido do “choque malthusiano” (aumento da mortalidade).
A Síria pode se transformar em um caso clássico de como o pico do petróleo leva ao pico demoeconômico. Outros países podem repetir este caso dramático, como o Iêmen e talvez até a Arábia Saudita no futuro.
Em 2012, escrevi um artigo falando de como o pico do petróleo tende a determinar o pico da população. Na ocasião eu disse: “as novas descobertas de petróleo estão diminuindo e o ritmo de produção está se aproximando do limite possível. O geólogo americano Marion King Hubbert desenvolveu, nos anos de 1950, um modelo matemático mostrando que a produção de óleo bruto tende a crescer de forma exponencial até atingiu um pico e depois iniciar uma queda também de forma exponencial. Ou seja, a produção de petróleo segue o padrão de uma distribuição normal (curva de Gauss ou curva em forma de sino). A questão em aberto não é saber se vai haver fim do crescimento da produção, mas quando será atingido o “Pico do Petróleo” ou “Pico de Hubbert”.
Alguns autores dizem que o começo do pico do petróleo chegou em 2008, quando o preço do petróleo se elevou e só não continuou aumentando por conta da menor demanda ocorrida em função da crise econômica internacional e dos elevados investimentos realizados. O aumento do preço do petróleo viabilizou a exploração de novas reservas (como em águas profundas) e o uso de novas tecnologias que não eram viáveis economicamente quando o preço era baixo. Portanto, o pico do petróleo pode até ser adiado, porém, a um custo crescente, pois as reservas mais lucrativas já foram exploradas. Um relatório de 150 páginas do Citigroup, divulgado em setembro de 2012, prevê que a Arábia Saudita deixará de ser exportadora de petróleo antes de 2030, devido à redução da produção e ao aumento da demanda interna, pois a população saudita passou de 3 milhões de habitantes em 1950, para 27 milhões em 2010 e deve chegar a 39 milhões de habitantes em 2030 (um aumento de 13 vezes em 80 anos). O pico da exportação saudita de petróleo aconteceu em 2011.

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A despeito destes alertas, outros autores dizem que, mesmo com o aumento da demanda, ainda falta muito tempo para se chegar ao pico da exploração e que o esgotamento rentável das reservas ainda vai demorar um pouco mais. Por exemplo, a produção mundial de hidrocarbonetos pode aumentar com a utilização dos depósitos de “tar sands” (areias betuminosas) e o gás de xisto (shale). Desta forma, pode ser que o “Pico de Hubbert” seja atingido apenas em 2030 ou 2050. O fato é que em algum momento haverá um choque entre a oferta e a demanda de energia fóssil. Evidentemente, até se atingir o ponto crítico pode haver um grande crescimento das energias limpas (solar, eólica, etc.), mudando a matriz energética baseada nos combustíveis fósseis para a utilização da energia renovável e de baixo carbono. Mas para tanto é preciso grandes investimentos nas fontes de energia não fóssil desde já.
Todavia, quanto mais tempo durar a era do petróleo (com preços muito altos ou muito baixos) maior será o impacto negativo sobre o ambiente e maiores serão os efeitos do aquecimento global e das mudanças climáticas. Portanto, se o pico do petróleo e do carvão vier logo, provavelmente haverá o fim do crescimento econômico ou haverá algo parecido com o “estado estacionário”. Mas se a exploração de carvão, petróleo e gás continuar no longo prazo as ameaças virão pelo lado ambiental. Em ambos os cenários, no longo prazo, deve haver aumento do preço da energia e dos alimentos e uma tendência de aumento do desemprego, pressionando as novas gerações.
Nesta situação, uma continuidade do incremento demográfico pode gerar um desequilíbrio entre a oferta e demanda de trabalho e a oferta e a demanda de bens de subsistência, especialmente em um contexto de escassez de água limpa e potável. A dinâmica da produção de energia é diferente da dinâmica populacional, pois após o “Pico de Hubbert” a produção de petróleo deve cair rapidamente, mas a população deve continuar crescendo mesmo após as taxas de fecundidade atingirem o nível de reposição, devido à inércia demográfica. Ironicamente, a queda atual do preço do petróleo vai provocar uma redução da produção, especialmente nos campos menos rentáveis e de maior custo de exploração.

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Assim, se o pico populacional acontecer depois do pico do petróleo (como na Síria), pode haver sérios problemas sociais. Esta disjunção pode ser o maior desafio do século XXI. O desequilíbrio será tanto maior quanto mais cedo acontecer o pico do petróleo e quanto mais tarde acontecer o pico populacional. Todavia, o mundo pode se preparar para uma conjuntura menos traumática se promover a aceleração da transição demográfica (para baixos níveis de fecundidade) e da transição da matriz energética (para baixos níveis de carbono) evitando a repetição do colapso sírio.
Referência:
ALVES, JED. O pico do petróleo e o pico populacional, Ecodebate, RJ, 26/09/2012
Indexmundi (visitado 23/11/2015)

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, 30/03/2016

SUBSIDÊNCIA E COLAPSO



fisica.ufpr.br

O processo de subsidência corresponde ao movimento, relativamente lento, de afundamento de terrenos, devido à deformação ou deslocamento de direção, essencialmente, vertical descendente. O colapso apresenta a mesma definição, porém apresenta-se como um movimento brusco do terreno (Infanti Jr & Fornasari Filho 1998).
Os colapsos de terrenos são considerados os principais causadores de acidentes sérios em regiões cársticas, ocasionando mortes até pelo desaparecimento súbito de pessoas tragadas pelo afundamento. Porém, a subsidência também causa prejuízos econômicos e mortes pelo desmoronamento total ou parcial de construções (Nakazawa, Prandini & Diniz, 1995).
Os processos de subsidência podem ser divididos em 2 tipos, considerando suas causas, que são (Infanti Jr & Fornasari Filho 1998):

PROCESSOS NATURAIS: são causados principalmente pela dissolução de rochas (carstificação) como calcários, dolomitos, gipsita e sal; pela acomodação de camadas no substrato, devido ao seu peso ou a deslocamentos segundo planos de falhas.

PROCESSOS ACELERADOS POR AÇÃO ANTRÓPICA: são ocasionados pelo bombeamento de águas subterrâneas, por recalques por acréscimo de peso devido a obras e estruturas e por galerias de mineração subterrâneas, principalmente em minas de carvão, como é o caso ocorrido em Criciúma (SC).
Um dos processos que mais ocasionam problemas de subsidência é denominado de carstificação, que é a dissolução de rochas por águas subterrâneas e superficiais, formando cavernas, dolinas, etc. A ação antrópica pode modificar esse processo de dissolução, através da alteração das propriedades físico-químicas das águas (acidificação) ou pela interferência na dinâmica das águas subterrâneas pelo bombeamento das mesmas (Infanti Jr & Fornasari Filho 1998).

Um famoso caso brasileiro relacionado a esse fenômeno, aconteceu na cidade de Cajamar (SP), em 1986, onde ocorreu o afundamento do solo formando cavidades de 32m de diâmetro e 13m de profundidade. Esses afundamentos foram inicialmente associados à processos de carstificação. Porém, estudos posteriores mostraram que os referidos processos foram intensificados pelo bombeamento de água subterrânea através de poços profundos de grande vazão, que provocaram a migração do solo para ocupar o espaço deixado pela retirada da água, ocasionando, por conseqüência, a subsidência do terreno. A figura a seguir esquematiza o modelo interpretativo dos fenômenos ocorridos em Cajamar (modificada de Infanti Jr & Fornasari Filho 1998; organizada por Fábio Reis).
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As fotos a seguir ilustram algumas consequências econômicas do caso de Cajamar, onde dezenas de casas foram destruídas ou condenadas (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999).
Cajamar, SP - 1986

Cajamar, SP - 1986
Cajamar, SP - 1986

Fonte : www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter12.html

quarta-feira, 30 de março de 2016

terça-feira, 29 de março de 2016

ONU DIVULGOU O RELATÓRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ( 2014 )

Brasil 'avança em desenvolvimento humano' ou cai em ranking do IDH? Como interpretar relatório da ONU

  • 14 dezembro 2015
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Image copyrightTania Rego I Ag Brasil
Image captionRelatório deste ano traz informações sobre o Brasil que parecem, numa primeira leitura, contraditórias: o país melhorou sua nota no IDH em 2014, mas perdeu uma posição no ranking geral
A ONU divulgou globalmente nesta segunda-feira seu relatório de Desenvolvimento Humano. O documento é um calhamaço de 270 páginas de informação, mas “a grande estrela” da divulgação costuma ser o ranking dos países classificados a partir do seu Índice de Desenvolvimento Humano, o IDH, sigla que se tornou conhecida como um parâmetro de bem-estar da população.
O relatório deste ano traz informações sobre o Brasil que parecem, numa primeira leitura, contraditórias: o país melhorou sua nota no IDH em 2014, mas perdeu uma posição no ranking – da 74ª para a 75ª – ao ser ultrapassado pelo Sri Lanka, um país insular ao sul da Índia.
Afinal, qual dado é mais relevante? Nos dois aspectos - nota e ranking - as mudanças foram muito pequenas para tornar óbvia a resposta.
O IDH é medido a partir de quatro indicadores: esperança de vida ao nascer; expectativa de anos de estudo; média de anos de estudo (da população até o momento); e renda nacional bruta per capita (toda a renda do país dividida pelo número total da população).
Como os três primeiros indicadores continuaram melhorando, o IDH brasileiro passou de 0,752 em 2013 para 0,755 no ano passado. O avanço não foi maior por conta da queda na renda.
Vale destacar que quanto mais perto de 1, melhor. No topo do ranking de 188 países, está a Noruega (0,944), e na lanterna, o Níger (0,348).
Mas seria essa queda do Brasil no ranking algo relevante? Para a coordenadora do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) no Brasil, Andrea Bolzon, não. Segundo Bolzon, o mais importante é manter a tendência de avanço na nota.
“O ranking é uma corrida (em direção a maiores níveis de desenvolvimento). O fato de alguém te ultrapassar numa corrida não significa que você parou de andar ou andou para trás, significa que alguém passou mais rápido por você”, acrescenta.
Image copyrightThinkstock
Image captionNo topo do ranking de 188 países está a Noruega (0,944)
É interessante destacar que, embora a coordenadora da ONU tenha feito essas ressalvas, a instituição de certa forma estimula o destaque dado às variações no ranking pela imprensa porque entende que essa é uma forma de dar visibilidade ao assunto e engajar os países em políticas públicas que melhorem sua posição no relatório.
“É importante a gente falar 'subiu, desceu'. É parte da isca. É parte do que nos move a fazer o relatório e vir aqui conversar com vocês (jornalistas)”, disse Bolzon, na coletiva com a imprensa brasileira.
As pequenas diferenças de ranking e nota, no entanto, indicam um nível de desenvolvimento humano muito semelhante entre os países, segundo a coordenadora da ONU.
“Se vocês olharem o relatório, há um bloco de países que estão todos nessa zona do 0,75 – 0,751; 0,752; 0,753… Então, pode ser que uns passem os outros, que (num ano) o Brasil suba no ranking, (no outro) o Brasil desça no ranking, mas significado profundo não há. Na verdade, é um bloco de países, está todo mundo muito perto”, explica.
A título de comparação, o IDH de alguns países da América Latina e das nações do Bric são: México (0,756), Uruguai (0,793), Rússia (0,798) e China (0,727), Índia (0,609). O Sri Lanka, que ultrapassou o Brasil, passou de 0,752 para 0,757 em 2014.

Desigualdade é entrave

O Brasil está na categoria de “alto desenvolvimento humano” e tenta chegar à mais elevada no ranking, o grupo com “muito alto desenvolvimento humano”.
Isso não significa, claro, que toda a população brasileira viva com padrões de alto nível de desenvolvimento. A ONU ressalta que a desigualdade social ainda elevada implica que, na prática, os níveis de desenvolvimento variem muito dentro do país.
Bolzon destacou que, ao olharmos a tendência de longo prazo, o Brasil acumula um desempenho positivo. O país teve o maior crescimento de IDH da América do Sul entre 1990 e 2014. No período, a taxa média anual de expansão do índice brasileiro foi de 0,91%.
Em 2014, a queda na renda reduziu o ritmo de crescimento do IDH. Após anos consecutivos de alta, a renda média do brasileiro teve uma queda de 0,74% na comparação com 2013, passando de US$ 15.288 para US$ 15.175 (entenda ao final da matéria o cálculo que é feito pelo princípio de “paridade de poder de compra”).
Image copyrightAP
Image captionNa lanterna do ranking está o Níger (0,348), no oeste da África
Bolzon avalia que a crise ainda não teve impacto significativo no IDH do país, mas diz que é possível que isso aconteça caso a recessão econômica se agrave e perdure por mais anos.
Ela explica que o IDH é um índice estrutural, ou seja, capta mais mudanças de longo prazo. Isso ocorre principalmente por causa dos indicadores de expectativa de vida e educação. Já o indicador de renda é o que apresenta mais variação de um ano para outro, respondendo mais rápido a mudanças de curto prazo na economia.
“Quem sabe até onde vai essa crise? Ninguém sabe ainda. Pode afetar (o IDH), mas não se for uma crise de um ano ou dois (apenas). Nenhum país dorme numa posição e acorda na outra. É um processo mais lento”, explica Bolzon.
Bolzon explica como uma crise econômica mais prolongada pode reduzir o IDH: a média de anos de escolaridade pode cair, por exemplo, se mais jovens pararem de estudar cedo para começar a trabalhar e complementar a renda da família. Esse tipo de fenômeno pode acontecer caso a renda caia muito e os pais não consigam mais sustentar a família apenas com seus salários.

“Se a crise se prolonga e se agudiza por mais tempo, como o que ocorreu nos anos 80, aí podemos ter uma modificação no IDH. Se um país tem dez anos de recessão econômica, por exemplo, é claro que vai afetar a expectativa de vida das pessoas, porque a pobreza vai provocar piores níveis de nutrição, pior (serviço de) atenção de saúde. Aí você vai ter aumento da mortalidade infantil e de toda as taxas de moralidade”.
Mas nada disso é imediato, nota Bolzon, ressaltando que não é prudente relacionar a atual crise política com variação do IDH em 2014.
“O que a gente fica preocupada é de as pessoas fazerem uma ligação muito direta com contexto de crise política, com as pedaladas fiscais, com esse tipo de coisa, que é muito conjuntural e muito pontual”.

Bolsa Família

A coordenadora da ONU destacou a importância dos programas de transferência de renda para proteger os mais pobres do impacto da crise. O Brasil é um dos países mais citados no relatório, tendo recebido dez referências, sendo três sobre o Bolsa Família, todas positivas.
O documento assinala que programas como o Bolsa Família oferecem renda para famílias pobres e permitem melhorar também as condições de saúde e educação desse grupo. Diz ainda que, embora houvesse a preocupação de que o programa poderia reduzir o número de pessoas dispostas a trabalhar, isso não aconteceu no Brasil. Segundo a ONU, o Bolsa Família pode ser replicado em outros países pobres.
O programa vem sendo preservado dos cortes de gastos, mas o relator do Orçamento de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), defende uma redução de R$ 10 bilhões na previsão de recursos para o próximo ano, sob a justificativa de que há fraudes no Bolsa Família e de que é preciso diminuir despesas para voltar a ter saldo positivo nas contas federais. Este ano será o segundo seguido de déficit, ou seja, em que o governo gasta mais do que arrecada e acaba se endividando mais.
Image copyrightTomaz Silvia I Ag Brasil
Image captionO avanço do IDH no Brasil não foi maior por conta da queda na renda
O corte proposto representa uma redução de 35% na previsão original do governo, diminuindo os recursos reservados para o Bolsa Família de R$ 28,2 para R$ 18,2 bilhões.
O ministério do Desenvolvimento Social diz que, caso esse corte se confirme, vai provocar a saída de 23 milhões de pessoas do programa, levando 8 milhões delas de volta à pobreza extrema.
“O relatório reconhece esses programas de proteção social, de transferência de renda como importantes para aumentar a resiliência das famílias (em momentos de crise)”, observou Bolzon.

Cálculo da renda

A ONU não divulgou suas estimativas para renda dos países em todos os anos desde o início do cálculo do IDH, por isso não é possível saber desde quando não havia uma queda como a registrada em 2014.
Em todo caso, é possível dizer que o resultado acumulado nas últimas décadas é de crescimento.
A renda que a ONU estima em “paridade de poder de compra” para o ano passado, de US$ 15.175, é 5% maior que a de 2010 (US$ 14.420), 36% superior que a de 2000 (US$ 11.161) e 45% acima do primeiro dado disponível, de 1980 (US$ 10.457).
Para comparar a renda média de todo os países, a ONU utiliza o dólar internacional em paridade de poder de compra. Esse dólar é estimado fazendo uma comparação entre preços de produtos e serviços em diferentes países e nos Estados Unidos. É uma outra moeda, diferente da cotação comercial do dólar.
“O objetivo é ter uma moeda que reflita melhor o bem-estar da sociedade, pois um dólar americano, em geral, compra mais coisas em países pobres do que nos países desenvolvidos, onde os serviços costumam ser mais caros”, explica o economista José Márcio Camargo, professor da PUC Rio.
Fonte : BBC Brasil

IDH DO BRASIL DE 2014.

Brasil melhora IDH em 2014, mas cai uma posição no ranking mundial

  • 14/12/2015 06h03
  • Brasília
Yara Aquino - Repórter da Agência Brasil
brasileiros já são mais de 202 milhões
Índice de Desenvolvimento Humano passou de 0,752 em 2013 para 0,755 em 2014  Marcelo Camargo/Agência Brasil
O Brasil registrou melhora no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em 2014. Os dados divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostram que o IDH passou de 0,752 em 2013 para 0,755 em 2014. Apesar do aumento, o Brasil caiu uma posição no ranking mundial de desenvolvimento humano e passa a ocupar o 75º lugar entre 188 países.
De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano 2015, lançado hoje (14), o país perdeu uma posição porque foi ultrapassado pelo Sri Lanka, que teve crescimento acelerado no último ano. O IDH mede o desenvolvimento humano por meio de três componentes: a expectativa de vida, educação e renda.
A coordenadora do Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional, Andréa Bolzon, explicou que a diferença no ritmo de crescimento dos países causou a queda do Brasil. “Apesar de o Brasil ter crescido no IDH, outro país cresceu em ritmo um pouco mais acelerado que o nosso. A isso se deve nossa queda”.
Com a 75° posição, o Brasil fica atrás de países latino-americanos como a Argentina (40°), o Chile (42°), Uruguai (52°), Cuba (67°) e a Venezuela (71°). O primeiro lugar no ranking mundial é da Noruega, seguido pela Austrália e a Suíça. Em último está o Niger.
O relatório mostra que, no Brasil, indicadores que representam melhorias sociais tiveram avanço, como a esperança de vida ao nascer, que aumentou de 74.2 em 2013 para 74.5 em 2014, e a média de anos de estudo que passou de 7,4 para 7,7 nesse período.
Houve queda na Renda Nacional Bruta (RNB) per capita de 2014 (15.175), quando comparada a 2013 (15.288). Desde 1990, a RNB do Brasil não havia sofrido retração. “O relatório mostrou que do ponto de vista da renda per capita, houve pequena retração e é claro que isso afeta também nosso índice de desenvolvimento humano. Agora, daqui para a frente, precisamos aguardar para ver como as coisas vão se refletir no relatório”, disse Andréa Bolzon. Questionada se a queda no Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil poderá ter impacto negativo no IDH, ela respondeu que existe essa possibilidade, já que um dos indicadores é a renda que está relacionada ao PIB.
O Brasil acumula trajetória constante de crescimento do IDH. De 1990 a 2014, o crescimento foi 24,2%, o maior no período entre os países da América do Sul. Em relação à posição no ranking mundial, de 2009 a 2014 o país avançou três posições.
As políticas públicas brasileiras têm responsabilidade direta sobre esses avanços, segundo a coordenadora do Pnud. “O relatório reconhece esses programas de proteção social e de transferência de renda como importantes para aumentar o desenvolvimento humano. O desenvolvimento dos países tem acidentes de percurso e, se você tem uma rede de proteção social forte, obviamente as coisas ficam mais seguras para todo mundo”, afirmou Andréa.
O relatório do Pnud, intitulado O Trabalho como Motor do Desenvolvimento Humano, traz também dados de 188 países e sugere estratégias para criar oportunidades e assegurar o bem-estar dos trabalhadores.
Fonte : EBC Agência Brasil.

CRIMEIA : DISPUTADA PELA UCRÂNIA E RÚSSIA.

Entenda por que Ucrânia e Rússia brigam pelo controle da Crimeia

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O território da Crimeia está no centro da atual disputa entre a Ucrânia e a Rússia que ameaça a segurança mundial.
Entenda a crise:
OS PROTESTOS
Os problemas começaram em novembro, quando multidões começaram a ir às ruas da capital ucraniana, Kiev, para pressionar o então presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, a fechar um acordo comercial com a União Europeia em detrimento de um com a Rússia.
Yanukovich, que é de etnia russa e só aprendeu a falar ucraniano na vida adulta, porém, acabou dando as costas à UE e fechando com Moscou, que lhe prometeu um pacote de ajuda financeira incluindo um empréstimo bilionário e desconto no preço do gás natural.
O movimento se fortaleceu diante da derrota e ocupou a Prefeitura de Kiev e a Praça da Independência. O governo reagiu com violência e prisões arbitrárias, além de uma lei que proibia o uso de capacetes, a reunião de grupos de mais de cinco pessoas e a ocupação de prédios públicos.
Os manifestantes reagiram com força dobrada.
Vasily Fedosenko/Reuters
Manifestantes antigoverno incendeiam barricadas na Praça da Independência, em Kiev
Manifestantes antigoverno incendeiam barricadas na Praça da Independência, em Kiev
TROCA
No fim de fevereiro, governo e oposição assinaram um acordo de paz que, no entanto, não durou 24 horas. Yanukovich deixou o país, e um governo interino pró-UE assumiu o poder.
O Ocidente reconheceu a troca, mas o governo russo viu nela um golpe de Estado. Com base nisso, alegou que havia ameaça aos cidadãos de etnia russa que vivem na Crimeia e foi, aos poucos, tomando o controle da área.
Maxim Shemetov/Reuters
O presidente deposto da Ucrânia Viktor Yanukovich
O presidente deposto da Ucrânia Viktor Yanukovich
CRIMEIA
Das cerca de 2 milhões de pessoas que moram naquela península, mais da metade se considera de origem russa e, inclusive, fala russo no dia a dia.
Simferopol é a capital da Crimeia, onde fica o Parlamento, e Sebastopol é a sede da poderosa Frota do Mar Negro, que pertence à Rússia.
Isso não surpreende, já que a Crimeia foi transferida à Ucrânia pela União Soviética só em 1954, e a Ucrânia em si se tornou independente só em 1991.
Na verdade, a Crimeia resume uma divisão política e cultural que acontece em toda a Ucrânia. O leste do país tende a ser pró-Rússia e o oeste, pró-UE. Isso se reflete, por exemplo, nos resultados das eleições. A maioria dos votos de Yanukovich saiu do leste.
Editoria de Arte/Folhapress
Editoria de Arte/Folhapress
GÁS
Cerca de 80% das exportações russas de gás para a Europa passam pela Ucrânia, e a Europa importa da Rússia cerca de um terço do gás que consome
Os gasodutos mais importantes são aqueles que levam à Eslováquia e, depois, à Alemanha, à Áustria e à Itália, e existe a preocupação de que uma guerra atrapalhe o abastecimento.
Zurab Kurtsikidze/Efe
Soldados ucranianos observam navio de guerra russo em Sebastopol
Soldados ucranianos observam navio de guerra russo em Sebastopol
HISTÓRIA
No século 18, a Crimeia foi absorvida pelo império russo, e a base da Frota do Mar Negro foi fundada.
Entre 1853 e 1856, mais de 500 mil pessoas morreram na Guerra da Crimeia entre a Rússia e o Império Otomano, o último apoiado pelo Reino Unido e França. O conflito resultou em uma virada no quadro diplomático da Europa, e serviu como precursor da Primeira Guerra.
Em 1921, a península, então povoada principalmente por tártaros adeptos do islamismo, se tornou parte da União Soviética. Os tártaros foram deportados em massa pelo líder soviético Joseph Stálin, no final da Segunda Guerra, por supostamente colaborarem com os nazistas.
Em 1954, a Crimeia foi transferida à Ucrânia, outra república soviética, por decisão de Nikita Khrushchev, sucessor de Stálin e ucraniano. 
Fonte : G1