Entre os anos de 2000 e 2010, o números de imigrantes quase que dobrou.
Em 2000, eles eram 143,6 mil contra 268,4 mil uma década depois. A maioria deles chega para morar nos estados de São Paulo e Paraná. Minas Gerais ultrapassou o Rio e aparece em terceiro lugar como estado que mais atrai pessoas.olhonainformacao.com.br
Dos 174,5 mil brasileiros que em 2005 moravam no exterior, mas da metade, regressaram ao país. Ou seja, 65% dos imigrantes são, na verdade, brasileiros que retornaram ao país. São os chamados “imigrantes internacionais de retorno”. Em 2000, os brasileiros que voltavam para casa representavam 61% do total de imigrantes.
O maior número de brasileiros retorna principalmente dos Estados Unidos, Japão, Portugal, Espanha, Paraguai e Bolívia. Alguns dados sobre a imigração de retorno chamam atenção, como o fato de 84,2% dos imigrantes dos Estados Unidos serem de brasileiros voltando ao país. No caso do Japão, esse percentual chega a 89,1% e no de Portugal, a 77%.
A maior projeção do Brasil no exterior, aliada às crescentes restrições à entrada de imigrantes na Europa e nos Estados Unidos, está provocando uma diversificação no grupo de estrangeiros que têm optado por viver em terras brasileiras.
Além de atrair cada vez mais imigrantes de países vizinhos e executivos europeus e americanos que fogem da crise econômica, o Brasil tem assistido a um aumento expressivo na chegada de migrantes e refugiados de nacionalidades que tradicionalmente não migram ao país.
Refugiados denunciam maus tratos em fábrica da Sadia
Conselho de Imigração aprova restrição à entrada de haitianos
Brasil
No último dia 12, o governo agiu para controlar o maior desses novos fluxos, o de imigrantes do Haiti que têm entrado no Brasil pela Amazônia, ao estabelecer um limite de cem vistos de trabalho a haitianos por mês.
Dados do Ministério da Justiça também revelam aumento considerável, ainda que sobre uma base pequena, na chegada de imigrantes de países da Ásia Meridional e da África.
Em 2009, havia 2.172 indianos vivendo regularmente no Brasil. Em junho de 2011, o número saltou para 2.639. No mesmo período, a quantidade de paquistaneses no país passou de 134 a 216, e a de bengalis (oriundos de Bangladesh), de 64 a 109. O MJ também detectou aumento na chegada de africanos de várias nacionalidades.
Os números, porém, não revelam a quantidade exata de novas chegadas ao país, já que nem todos os imigrantes se regularizam. Além disso, boa parte dos estrangeiros provenientes de países em conflito (como paquistaneses, afegãos e somalis) obtêm status de refúgio no país e não entram na conta, uma vez que o Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) não divulga a quantidade de pedidos de refúgio atendidos por nacionalidade.
Tráfico humano
Segundo Paulo Sérgio de Almeida, presidente do Conselho Nacional de Imigração (Cnig), o aumento nas chegadas de migrantes ou refugiados africanos e da Ásia Meridional ao Brasil é recente e reflete a maior projeção do Brasil no exterior.
"Além da projeção pelo bom desempenho econômico num momento de crise mundial, o país conseguiu destaque por ter obtido o direito de sediar grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Isso faz com que o Brasil acabe entrando na rota mundial dos migrantes, pessoas que buscam um trabalho e viver melhor."
Para Almeida, o processo é natural. Ele diz que o Brasil já passou por vários ciclos de migração ao longo de sua história, tendo sempre conseguido absorver os estrangeiros.
"Entendemos que o país vem crescendo e gerando empregos, oportunidades. Estamos monitorando permanentemente a situação, mas por ora não há motivo para alarde."
A principal preocupação do governo, diz Almeida, é evitar que quadrilhas de tráfico humano atuem em território nacional. A ação desses grupos, que cobram para facilitar a travessia de imigrantes de um país ao outro, muitas vezes submetendo-os a riscos e práticas violentas, foi denunciada por vários haitianos que chegaram ao Brasil.
O Ministério da Justiça e a Polícia Federal estão investigando essas quadrilhas. A atuação delas, porém, não se restringe às fronteiras amazônicas, segundo relatos obtidos pela BBC Brasil.
Refugiados oriundos da fronteira do Paquistão com o Afeganistão afirmaram à reportagem terem pago cerca de US$ 5 mil a uma quadrilha local com a promessa de serem enviados ao Brasil. Após o pagamento, dizem ter obtido vistos temporários de trabalho (que permitem permanência de 90 dias no país) e viajado de avião a Dubai, onde pegaram conexão para o aeroporto de Guarulhos (SP).
Mais do que a crescente projeção do Brasil no exterior, o principal fator a motivar a vinda deles foram os elevados preços cobrados pela quadrilha para levá-los aos seus destinos prioritários – a Europa e aos Estados Unidos.
Para obterem vistos e desembarcarem nesses locais, teriam de pagar cerca de US$ 30 mil. Segundo eles, a crise econômica e as preocupações com o terrorismo têm dificultado (e encarecido) a entrada de paquistaneses e afegãos na Europa e nos EUA nos últimos anos.
Segunda opção
Há um ano no Brasil, o paquistanês Haleem (nome fictício), de 40 anos, não recorreu às gangues de tráfico humano para chegar ao país, mas também não o tinha como destino prioritário.
"Acabei aqui por acaso", ele lembra.
Formado em matemática e em jornalismo, Haleem (nome fictício; ele prefere não se identificar) trabalhava com a exportação de frutas no Paquistão. Como os negócios não iam bem e julgou que enfrentaria muitas dificuldades para se instalar legalmente nos países em que gostaria de viver (Canadá ou Suíça), tentou a sorte na Venezuela, onde tinha alguns amigos.
No entanto, ele diz que a burocracia e a desorganização do país vizinho o fizeram arrumar as malas outra vez. Após uma longa viagem de ônibus, em que passou pela Colômbia e pelo Peru, finalmente chegou ao Brasil.
"De imediato, senti que estava num país bom, com pessoas boas. No Peru, tive que subornar policiais".
Haleem se instalou em Brasília, onde logo arranjou uma namorada brasileira, com quem se casaria alguns meses depois.
Hoje tem todos os documentos regularizados e planeja abrir uma importadora de tecidos e instrumentos cirúrgicos paquistaneses.
Atento às oportunidades de negócio que a Copa do Mundo de 2014 trará, também pretende comercializar uniformes esportivos e bonés.
"Estou muito feliz no Brasil. Estaria ainda mais se não fossem os altos impostos."
Dos 174,5 mil brasileiros que em 2005 moravam no exterior, mas da metade, regressaram ao país. Ou seja, 65% dos imigrantes são, na verdade, brasileiros que retornaram ao país. São os chamados “imigrantes internacionais de retorno”. Em 2000, os brasileiros que voltavam para casa representavam 61% do total de imigrantes.
O maior número de brasileiros retorna principalmente dos Estados Unidos, Japão, Portugal, Espanha, Paraguai e Bolívia. Alguns dados sobre a imigração de retorno chamam atenção, como o fato de 84,2% dos imigrantes dos Estados Unidos serem de brasileiros voltando ao país. No caso do Japão, esse percentual chega a 89,1% e no de Portugal, a 77%.
A maior projeção do Brasil no exterior, aliada às crescentes restrições à entrada de imigrantes na Europa e nos Estados Unidos, está provocando uma diversificação no grupo de estrangeiros que têm optado por viver em terras brasileiras.
Além de atrair cada vez mais imigrantes de países vizinhos e executivos europeus e americanos que fogem da crise econômica, o Brasil tem assistido a um aumento expressivo na chegada de migrantes e refugiados de nacionalidades que tradicionalmente não migram ao país.
Refugiados denunciam maus tratos em fábrica da Sadia
Conselho de Imigração aprova restrição à entrada de haitianos
Brasil
No último dia 12, o governo agiu para controlar o maior desses novos fluxos, o de imigrantes do Haiti que têm entrado no Brasil pela Amazônia, ao estabelecer um limite de cem vistos de trabalho a haitianos por mês.
Dados do Ministério da Justiça também revelam aumento considerável, ainda que sobre uma base pequena, na chegada de imigrantes de países da Ásia Meridional e da África.
Em 2009, havia 2.172 indianos vivendo regularmente no Brasil. Em junho de 2011, o número saltou para 2.639. No mesmo período, a quantidade de paquistaneses no país passou de 134 a 216, e a de bengalis (oriundos de Bangladesh), de 64 a 109. O MJ também detectou aumento na chegada de africanos de várias nacionalidades.
Os números, porém, não revelam a quantidade exata de novas chegadas ao país, já que nem todos os imigrantes se regularizam. Além disso, boa parte dos estrangeiros provenientes de países em conflito (como paquistaneses, afegãos e somalis) obtêm status de refúgio no país e não entram na conta, uma vez que o Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) não divulga a quantidade de pedidos de refúgio atendidos por nacionalidade.
Tráfico humano
Segundo Paulo Sérgio de Almeida, presidente do Conselho Nacional de Imigração (Cnig), o aumento nas chegadas de migrantes ou refugiados africanos e da Ásia Meridional ao Brasil é recente e reflete a maior projeção do Brasil no exterior.
"Além da projeção pelo bom desempenho econômico num momento de crise mundial, o país conseguiu destaque por ter obtido o direito de sediar grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Isso faz com que o Brasil acabe entrando na rota mundial dos migrantes, pessoas que buscam um trabalho e viver melhor."
Para Almeida, o processo é natural. Ele diz que o Brasil já passou por vários ciclos de migração ao longo de sua história, tendo sempre conseguido absorver os estrangeiros.
"Entendemos que o país vem crescendo e gerando empregos, oportunidades. Estamos monitorando permanentemente a situação, mas por ora não há motivo para alarde."
A principal preocupação do governo, diz Almeida, é evitar que quadrilhas de tráfico humano atuem em território nacional. A ação desses grupos, que cobram para facilitar a travessia de imigrantes de um país ao outro, muitas vezes submetendo-os a riscos e práticas violentas, foi denunciada por vários haitianos que chegaram ao Brasil.
O Ministério da Justiça e a Polícia Federal estão investigando essas quadrilhas. A atuação delas, porém, não se restringe às fronteiras amazônicas, segundo relatos obtidos pela BBC Brasil.
Refugiados oriundos da fronteira do Paquistão com o Afeganistão afirmaram à reportagem terem pago cerca de US$ 5 mil a uma quadrilha local com a promessa de serem enviados ao Brasil. Após o pagamento, dizem ter obtido vistos temporários de trabalho (que permitem permanência de 90 dias no país) e viajado de avião a Dubai, onde pegaram conexão para o aeroporto de Guarulhos (SP).
Mais do que a crescente projeção do Brasil no exterior, o principal fator a motivar a vinda deles foram os elevados preços cobrados pela quadrilha para levá-los aos seus destinos prioritários – a Europa e aos Estados Unidos.
Para obterem vistos e desembarcarem nesses locais, teriam de pagar cerca de US$ 30 mil. Segundo eles, a crise econômica e as preocupações com o terrorismo têm dificultado (e encarecido) a entrada de paquistaneses e afegãos na Europa e nos EUA nos últimos anos.
Segunda opção
Há um ano no Brasil, o paquistanês Haleem (nome fictício), de 40 anos, não recorreu às gangues de tráfico humano para chegar ao país, mas também não o tinha como destino prioritário.
"Acabei aqui por acaso", ele lembra.
Formado em matemática e em jornalismo, Haleem (nome fictício; ele prefere não se identificar) trabalhava com a exportação de frutas no Paquistão. Como os negócios não iam bem e julgou que enfrentaria muitas dificuldades para se instalar legalmente nos países em que gostaria de viver (Canadá ou Suíça), tentou a sorte na Venezuela, onde tinha alguns amigos.
No entanto, ele diz que a burocracia e a desorganização do país vizinho o fizeram arrumar as malas outra vez. Após uma longa viagem de ônibus, em que passou pela Colômbia e pelo Peru, finalmente chegou ao Brasil.
"De imediato, senti que estava num país bom, com pessoas boas. No Peru, tive que subornar policiais".
Haleem se instalou em Brasília, onde logo arranjou uma namorada brasileira, com quem se casaria alguns meses depois.
Hoje tem todos os documentos regularizados e planeja abrir uma importadora de tecidos e instrumentos cirúrgicos paquistaneses.
Atento às oportunidades de negócio que a Copa do Mundo de 2014 trará, também pretende comercializar uniformes esportivos e bonés.
"Estou muito feliz no Brasil. Estaria ainda mais se não fossem os altos impostos."
Fonte: Globo.com/ BBC/Geoconceição.
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