quinta-feira, 7 de março de 2013

CRESCIMENTO DOS PAÍSES EMERGENTES.

G7 versus E7: a vez dos países emergentes? artigo de José Eustáquio Diniz Alves


[EcoDebate] A empresa de consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) tem publicado regularmente um estudo com cenários sobre a situação da economia mundial em 2050 (World in 2050). Em geral, os cenários são muito otimistas e apontam para um elevado crescimento econômico na primeira metade do século XXI e para a redução das desigualdades econômicas entre os países, pois os maiores incrementos devem acontecer nos países subdesenvolvidos ou emergentes (Terceiro Mundo).

Durante a segunda metade do século XX os sete maiores países capitalistas (G7 = Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) dominavam o cenário econômico e político do mundo. Porém, tudo indica que a dinâmica econômica da primeira metade do século XXI será dominada pelos sete maiores países emergentes (E7 = China, Índia, Brasil, Rússia, Indonésia, México e Turquia). A ultrapassagem da emergência deve acontecer em 2017, quando os 7 países emergentes (E7) devem superar o tamanho da economia dos 7 maiores países desenvolvidos, o chamado G7.

No estudo anterior da PwC, de 2011, o Produto Interno Bruto (PIB ou GDP em inglês) dos 14 maiores países do mundo projetados (em poder de paridade de compra – ppp) para 2050 era de: China $ 59,5 trilhões; Índia $ 43,2 trilhões; EUA $ 37,9 trilhões; Brasil $ 9,8 trilhões; Japão $ 7,7 trilhões; Rússia $ 7,6 trilhões; México $ 6,7 trilhões; Indonésia $ 6,2 trilhões; Alemanha $ 5,7 trilhões; Reino Unido $ 5,6 trilhões; França $ 5,3 trilhões; Turquia $ 5,2 trilhões; Itália $ 3,8 trilhões; Canadá $ 3,3 trilhões.

Porém, este cenário super otimista já foi reduzido com as novas projeções de 2013, que, embora ainda muito otimista, são um pouco menos favoráveis do que há dois anos. As novas projeções para os 14 países em 2050 (em poder de paridade de compra – ppp) são: China $ 53,9 trilhões; EUA $ 37,9 trilhões; Índia $ 34,7 trilhões; Brasil $ 8,8 trilhões; Japão $ 8,1 trilhões; Rússia $ 8,0 trilhões; México $ 7,4 trilhões; Indonésia $ 6,3 trilhões; Alemanha $ 5,8 trilhões; França $ 5,7 trilhões; Reino Unido $ 5,6 trilhões; Turquia $ 5,0 trilhões; Itália $ 3,9 trilhões; Canadá $ 3,5 trilhões.

As projeções da PwC (2013) apontam para um PIB (em ppp), em 2050, de $ 124,1 trilhões para o E7 e de $ 70,5 trilhões para o G7. Ou seja, os países emergentes, do E7, teriam uma economia quase o dobro das atuais lideres das economias desenvolvidas, o G7. A diferença mais significativa entre as projeções de 2001 e 2013 da PwC foi a redução das taxas de crescimento da Índia que estava em segundo lugar no estudo anterior, mas ficou atrás dos Estados Unidos (EUA) na projeção mais recente. O Brasil também teve uma redução de cerca de 1 trilhão de dólares no PIB, entre uma projeção e outra, mas se manteria em quarto lugar do ranking, em 2050. Em ambas projeções, a China passa os EUA em 2017 e se torna a maior economia do mundo a partir desta data.

Para se ter ideia do que tudo isto representa em termos globais, o PIB mundial (em ppp) era de $ 42 trilhões de dólares no ano 2000. Isto significa que só o G7 teria, em 2050, um PIB quase o dobro do tamanho do PIB mundial na virada do milênio, enquanto os sete países do E7 teria um PIB quase 3 vezes maior do que aquele que o mundo tinha em 2000. As projeções da PwC indicam uma possibilidade potencial de crescimento do PIB, mas nada garante que vão ocorrer de fato. O mais provável é que, de tempos em tempos, se faça as correções no sentido de ajustar o PIB potencial ao PIB real.

As projeções da PwC trazem embutidas um crescimento do PIB mundial de quase 6 vezes na primeira metade do século XXI. Porém, no padrão atual, este fato significaria que a Pegada Ecológica iria superar a Biocapacidade da Terra em mais de 6 vezes, ou dito de outra forma, precisaríamos de 6 Planetas para dar conta deste PIB tão inchado em 2050.

O fato é que o rápido crescimento dos países emergentes (e mais populosos) poderia ser um fato positivo para os cenários de redução das desigualdades internacionais de renda e para a redução da pobreza. Todavia, resta saber se haverá bases materiais para uma expansão econômica tão rápida e, se neste período, o meio ambiente e a biodiversidade irão fornecer os recursos naturais necessários ou, numa hipótese não aventada pela PwC, irão entrar em colapso. Quem viver verá!

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

EcoDebate, 06/03/2013

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