segunda-feira, 26 de outubro de 2015

VEREDA

Vereda
Autor(es):  José Felipe Ribeiro ; Bruno Machado Teles Walte

VEGETAÇÃO SAVÂNICA
Vista geral do tipo de vegetação savênica Vereda .


Foto: José Felipe Ribeiro

Introdução

A Vereda é um tipo de vegetação com a palmeira arbórea Mauritia flexuosa (buriti) emergente, em meio a agrupamentos mais ou menos densos de espécies arbustivo-herbáceas. As Veredas são circundadas por campos típicos, geralmente úmidos, e os buritis não formam dossel (cobertura contínua formada pela copa das árvores) como ocorre no Buritizal. A literatura indica três zonas ligadas à topografia e à drenagem do solo: ‘borda’ (local de solo mais seco, em trecho campestre onde podem ocorrer arvoretas isoladas); ‘meio’ (solo medianamente úmido, tipicamente campestre); e ‘fundo’ (solo saturado com água, brejoso, onde ocorrem os buritis, muitos arbustos e arvoretas adensadas). Estas zonas têm flora diferenciada. As duas primeiras zonas correspondem à faixa tipicamente campestre e o ‘fundo’ corresponde ao bosque sempre-verde, caracterizado assim pela literatura. Em conjunto essas zonas definem uma savana.

Principais Características

Na Vereda os buritis adultos possuem altura média de 12 a 15 metros e a cobertura varia de 5% a 10%. Assim como no ‘Parque de Cerrado’, esta cobertura refere-se a um trecho com as três zonas da Vereda. Se consideradas somente a ‘borda’ e o ‘meio’, a cobertura arbórea pode ser próxima de 0%. Se considerado o ‘fundo’, a cobertura sobe para porcentagens acima de 50% em alguns trechos, com uma vegetação densa de arbustos e arvoretas, efetivamente impenetrável em muitos locais.

As Veredas ocorrem em solos argilosos e mal drenados, com alto índice de saturação durante a maior parte do ano. Geralmente ocupam os vales pouco íngremes ou áreas planas, acompanhando linhas de drenagem mal definidas, quase sempre sem murundus (microrrelevo, em forma de montículo, típico de algumas formações vegetais do Cerrado). Também são comuns numa posição intermediária do terreno, próximas às nascentes (olhos d’água), ou nas bordas das cabeceiras de Matas de Galeria.

A ocorrência da Vereda condiciona-se ao afloramento do reservatório subterrâneo de água (lençol freático), decorrente de camadas de permeabilidade diferentes em áreas de deposição de sedimentos do período Cretáceo (período geológico que se estendeu entre 141 milhões e 65 milhões de anos antes do período presente) e Triássico (período que está compreendido entre 251 milhões e 199 milhões e 600 mil anos atrás, aproximadamente). As veredas exercem papel fundamental na distribuição dos rios e seus afluentes, na manutenção da fauna do Cerrado, funcionando como local de pouso para a fauna de aves, atuando como refúgio, abrigo, fonte de alimento e local de reprodução para a fauna terrestre e aquática. Apesar desta importância, as Veredas têm sido progressivamente pressionadas em várias localidades do bioma Cerrado, devido às ações agrícolas e pastoris. Além disso, têm sido descaracterizadas pela construção de pequenas barragens e açudes, por estradas, pela agricultura, pela pecuária e até mesmo por queimadas excessivas. O simples pisoteio do gado pode causar processos erosivos e compactação do solo, que afetam a taxa de infiltração de água que vai alimentar os reservatórios subterrâneos.

Espécies mais freqüentes

Quanto a flora, as famílias encontradas com muita freqüência nas áreas campestres da Vereda são Poaceae (Gramineae), destacando-se os gêneros Andropogon, Axonopus, Aristida, Panicum, Paspalum, Schizachyrium e Trachypogon; Asteraceae (Baccharis, Eupatorium e Vernonia – sensu lato); Cyperaceae (Bulbostylis, Cyperus e Rhynchospora); Melastomataceae (Miconia, Microlicia e Tibouchina); Fabaceae (Desmodium e Stylosanthes); e Eriocaulaceae (Eriocaulon, Paepalanthus e Syngonanthus). Além desses táxons também são ricos os gêneros Chamaecrista, Echinodorus, Habenaria, Hyptis, Ludwigia, Lycopodiella, Mimosa, Polygala, Utricularia e Xyris.

O ambiente propício para o estabelecimento dos buritis é o fundo da Vereda. Nesta zona, são mais freqüentes as seguintes espécies: Calophyllum brasiliense (landim), Cecropia pachystachya (embaúba), Euplassa inaequalis (fruta-de-morcego), Guarea macrophylla (marinheiro), Hedyosmum brasiliense (chá-de-soldado), Ilex affinis (congonha), Leandra spp., Miconia theaezans (quaresma) e Myrsine spp. Em estádios mais avançados de formação de Mata, podem ser encontradas árvores como Richeria grandis (jaca-brava), Symplocos nitens (congonha), Talauma ovata (pinha-do-brejo), Unonopsis lindmanii (embira-preta) e Virola sebifera (virola), dentre outras espécies que caracterizam a Mata de Galeria Inundável.

Ilustração




Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de uma Vereda representando uma faixa de 40 m de comprimento por 10 m de largura.
Ilustração: Wellington Cavalcanti

Informações Complementares:

 Adicionar à Pasta Veredas do Triângulo Mineiro : solos, água e uso Sendo as veredas importantes reguladores do equilíbrio dos cursos d água da região dos cerrados, objetivou-se caracterizar e comparar solo, água e tipo de uso destes ambientes nas superfícies geomórficas Chapadas e Arenito Bauru. Foram coletadas amostras dos solos e da água, das veredas. O uso foi analisado por observações de campo e entrevistas com proprietários rurais. As veredas apre Mais Detalhes
Fonte : EMBRAPA.

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