terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O DECLÍNIO DA PRODUTIVIDADE NOS PAÍSES DA OCDE.

O declínio da produtividade na OCDE, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Publicado em janeiro 15, 2016 
“You can see the computer age everywhere except in the productivity statistics.”
(Robert Solow, 1987)

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[EcoDebate] A produtividade é um jargão econômico associado à eficiência e, em geral, o crescimento continuado da produtividade é o motor que leva a padrões de vida mais elevados. Rotineiramente, a produtividade está associada aos avanços tecnológicos (a máquina a vapor, a eletricidade, o telefone, a Internet), aos níveis de concorrência (empresas mais fortes deslocam rivais mais fracas) e aos trabalhadores mais educados (podendo lidar com tarefas mais complexas).
O relatório “The Future of Productivity” (2015) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que a produtividade diminuiu na maioria dos países da OCDE, mesmo antes da crise. A redução da acumulação de capital baseada no conhecimento e o declínio das empresas tipo start-ups contribuíram para a desaceleração estrutural no crescimento da produtividade.
O relatório faz um recorte a partir de três tipos de empresas: 1) as empresas globalmente mais produtivos, 2) as empresas mais avançadas a nível nacional e 3) as empresas retardatárias. O crescimento da produtividade das primeiras permaneceu relativamente robusto no século 21, apesar da desaceleração no crescimento médio da produtividade. Por exemplo, a produtividade do trabalho nas empresas globais aumentou a uma taxa média anual de 3,5% na indústria de transformação ao longo dos anos 2000, em comparação com um crescimento médio da produtividade do trabalho de apenas 0,5% para as empresas retardatárias, sendo que esta lacuna é ainda mais pronunciada no setor de serviços.
Porém, a desaceleração é geral e o fosso de produtividade entre os diferentes tipos de empresas pode prejudicar o desempenho econômico dos países da OCDE. O relatório indica uma série de políticas para sustentar o crescimento da produtividade, tais como a melhoria no financiamento público para a pesquisa básica, um ambiente de negócios competitivo e aberto, políticas de inovação tecnológica, etc.
No período 1950-1972 a produtividade do trabalho crescia a uma taxa anual de 7% no Japão, a 5,5% na Alemanha e 5% na França, caindo para menos de 1% nos três países entre 2004 e 2013. Na Itália a queda foi maior, passando de 5,5% para praticamente zero no mesmo período.
Nos Estados Unidos, a produtividade do trabalho caiu de 2,3% entre 1948-2007 para 0,7% depois de 2010. O menor crescimento da produtividade significa menor crescimento econômico, padrão de vida estagnado e déficits públicos diante do descompasso entre as despesas e as receitas públicas. Alguns economistas – como Robert Gordon, da Universidade Northwestern e Tyler Cowen da George Mason University – atribuem a queda de produtividade a um declínio na inovação tecnológica. os ganhos de produtividade da Internet não estão sendo suficientes para elevar a produtividade geral.
O estudo da OCDE considera que o processo de inovação continua forte em empresas avançadas, mas há um abrandamento do ritmo em que as inovações se espalham por toda a economia. A queda nas taxas de investimento é sem dúvida um dos motivos da menor produtividade. O perigo é o mundo todo entrar em um círculo vicioso, com a baixa produtividade reduzindo as taxas de investimento e inovação e os menores investimentos contribuindo para a estagnação da produtividade.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, 15/01/2016

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