Poluição do ar nas cidades aumenta 8% e mata 7 milhões de pessoas por ano, alertam agências da ONU
Publicado em junho 10, 2016
Aumento foi verificado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) entre 2008 e 2013, com apoio de dados da Organização Mundial da Saúde. Menos de 20% dos países avaliados pela agência da ONU regulam a queima a céu aberto de resíduos, que é uma das principais causas da poluição do ar. Brasil é citado por tentar promover eficiência energética e ampliar redes de transporte público.
Os níveis de poluição do ar nas zonas urbanas aumentaram em 8% de 2008 a 2013, advertiu o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em relatório publicado no final de maio (24). O organismo internacional destacou a importância do uso de mais energias renováveis e de fogões ecológicos — ações vitais para o combate da situação de emergência da saúde pública.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar mata 7 milhões de pessoas a cada ano, com mais de 80% dos indivíduos que vivem em áreas urbanas sendo expostas a níveis de qualidade do ar que excedem os limites de segurança da OMS.
“A atual resposta global à má qualidade do ar é inadequada”, disse o diretor-executivo do PNUMA, Achim Steiner.
“No entanto, apesar da falta de uma resposta global, numerosos países e regiões estão apresentando eficazes – e rentáveis – medidas destinadas a melhorar a qualidade do ar. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável proporcionam uma oportunidade para a implementação dessas melhorias a nível mundial e para um ar mais limpo, com benefícios sociais e econômicos em todo o mundo”, completou.
De acordo com o relatório, pelo menos 82 países dos 193 analisados têm incentivos que promovem o investimento na produção de energia renovável, em produção mais limpa, em eficiência energética e/ou equipamentos de controle de poluição.
No ano passado, pela primeira vez, as energias renováveis representaram a maioria da nova capacidade de geração de eletricidade adicionada em todo o mundo, com um investimento de 286 bilhões de dólares, de acordo com pesquisa realizada pelo PNUMA, pela Bloomberg e pela Escola de Frankfurt.
Porém, embora as políticas e normas sobre combustíveis limpos e veículos possam reduzir as emissões em 90%, apenas 29 % dos países do mundo adotaram padrões de emissões de veículos ‘Euro 4 ” ou acima. Enquanto isso, menos de 20 % dos países regulam a queima a céu aberto de resíduos, uma das principais causas da poluição do ar.
Apesar dos desafios, o levantamento destaca que 97 países aumentaram o percentual de domicílios que têm acesso a combustíveis de queima mais limpa para mais de 85% – um progresso fundamental para combater a poluição do ar que afeta ambientes fechados.
A sujeira presente no ar de espaços interiores é responsável por mais da metade das 7 milhões de mortes anuais associadas à poluição da atmosfera.
Brasil promove avanços
A rápida urbanização e industrialização brasileira têm tido impactos sobre a qualidade do ar nos grandes centros urbanos. No entanto, segundo o relatório do PNUMA, o Brasil tem implementado vários incentivos regulatórios, institucionais e econômicos que estimulam investimentos em energia renovável, especialmente eólica, solar e mini-hídrica.
O Programa de Eficiência Energética brasileiro, por exemplo, exige que produtores gastem, no mínimo, 5% em programas de eficiência energética.
Em relação ao transporte, mesmo ainda com grandes desafios, tais como o crescimento do número de veículos, frotas antigas, combustível sujo, pouca condução pública, o Brasil tem apresentado avanços.
A agência da ONU destaca que, como resultado dos protestos de junho de 2013, o governo federal aumentou os investimentos em transporte através do Pacto de Mobilidade — iniciativa que tem por objetivo oferecer maior qualidade ao transporte público e desafogar o trânsito nas cidades.
O levantamento do PNUMA ressalta também que, no Rio de Janeiro, uma série de ações estão sendo implementadas, incluindo um sistema rápido de ônibus, com novas linhas que estão sendo adicionadas para os Jogos Olímpicos de 2016, bem como a expansão do metrô.
Em Curitiba, corredores de trânsito de alta densidade foram integrados no plano da cidade para promover o desenvolvimento residencial e industrial em algumas áreas.
Como resultado dessa ação e de outras decisões de planejamento de trânsito inteligente, Curitiba usa cerca de 30% menos combustível per capita em comparação a outras oito cidades brasileiras de tamanho similar.
Cerca de 80% dos curitibanos vão ao trabalho utilizando o sistema de ônibus mais rápidos, contribuindo para uma redução de aproximadamente 27 milhões no número totais de viagens dos veículos por ano. O conjunto de pessoas que usam transporte público aumentou 50 vezes nos últimos 20 anos, na cidade.
Da ONU Brasil, in EcoDebate, 10/06/2016
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