domingo, 24 de dezembro de 2017

IBGE: DISTRIBUIÇÃO DAS PESSOAS DE 14 A 29 ANOS QUE NÃO FREQUENTAM ESCOLA.

Das jovens fora da escola, em 2016, 26% alegam cuidar da casa, de crianças ou idosos

IBGE
Uma em cada quatro mulheres jovens de 14 a 29 que não estudavam, em 2016, alegaram como motivo a necessidade de realizar afazeres domésticos e cuidar de crianças ou idosos. O percentual de mulheres nessa faixa que mencionaram essa razão (26,1%) era 30 vezes superior ao dos homens (0,8%). Foi o que revelou o módulo de Educação da Pnad Contínua, divulgado ontem pelo IBGE, que traz um retrato atualizado do setor no país. Gráfico da distribuição percentual das pessoas de 14 a 29 anos que não frequentavam escola por motivo principal da não frequênciaSegundo a analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Marina Aguas, a Pnad Educação mostra que a necessidade de cuidar de afazeres domésticos ou de crianças – pessoas em geral – é muito mais comum para as mulheres do que para os homens. “É o segundo motivo declarado como principal entre as mulheres. Nas regiões Norte e Nordeste, ele supera o motivo de trabalho. Entre os homens, esse percentual é ínfimo, mostrando realmente que as mulheres ainda dedicam muito de seu tempo aos afazeres domésticos, que é aquele trabalho invisível, e que compete em grande parte a elas”.
A pesquisa mostrou que 24,8 milhões de adolescentes e jovens de 14 a 29 anos de idade, de ambos os sexos, não frequentavam escola, nem cursos de pré-vestibular, técnico de nível médio ou qualificação profissional. Nesse grupo, 41% das pessoas estavam fora da escola porque trabalhavam, estavam procurando trabalho ou conseguiram trabalho que iriam começar em breve. Outros 19,7% disseram que não tinham interesse em estudar e 12,8% tinham que cuidar de afazeres domésticos ou de criança, adolescente, idosos ou pessoa com necessidades especiais.
Além disso, 8,0% declararam já terem concluído o nível de estudo que desejavam e 7,8% disseram que faltava dinheiro para pagar as despesas. Em relação à dificuldade de acesso, 2,6% não frequentavam a escola porque não existia vaga ou escola na localidade ou próxima.
A pesquisadora alertou para as consequências da interrupção do estudo: “Tanto para a mulher quanto para o homem, deixar de estudar é reduzir o capital humano. A questão é que os homens deixam de estudar para se dedicar ao mercado de trabalho, que é uma fonte de renda para a família. Entre as mulheres, um maior número alega que precisa se dedicar às atividades de cuidados e afazeres domésticos, que é um trabalho não remunerado. Com isso, a remuneração delas tende a ser menor que a dos homens”, conclui a pesquisadora.
Texto: Adriana Saraiva
Arte: Adaptado de gráfico do informativo PNAD Contínua: Educação 2016, produzido pelo IBGE/CDDI/GEDI
Imagens: pxhere
Do IBGE, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/12/2017

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