segunda-feira, 12 de março de 2018

REDUÇÃO NA RENDA FAMILIAR AUMENTAM EVASÃO ESCOLAR NO BRASIL

Reduções na renda familiar aumentam evasão escolar no Brasil, aponta Banco Mundial


ONU
Banco Mundial indica que jovens de 15 a 25 anos vivendo em lares afetados por quedas nos rendimentos têm 2,3% mais chances de abandonar os estudos. Entre os que têm 18 anos, o índice sobe para 4,5%. O problema preocupa porque, em anos recentes, mais brasileiros viram sua renda encolher.
Segundo os números do organismo financeiro, de 2013 para 2014, o número de domicílios que enfrentaram cortes no orçamento familiar passou de pouco mais de 20% em 2013 para quase 30% em 2014.
Evasão escolar é problema agravado por queda no orçamento familiar. Foto: EBC
Evasão escolar é problema agravado por queda no orçamento familiar. Foto: EBC
Reduções da renda estão por trás de aumentos nas taxas de evasão escolar do Brasil. É o que revela um novo relatório do Banco Mundial, que indica que jovens de 15 a 25 anos vivendo em lares afetados por quedas nos rendimentos têm 2,3% mais chances de abandonar os estudos. Entre os que têm 18 anos, o índice sobe para 4,5%. O problema preocupa porque, em anos recentes, mais brasileiros viram sua renda encolher.
Segundo os números do organismo financeiro, de 2013 para 2014, o número de domicílios que enfrentaram cortes no orçamento familiar passou de pouco mais de 20% em 2013 para quase 30% em 2014.
É a partir dos 17 anos de idade que as consequências das quedas na renda são mais pronunciadas — na comparação com famílias que não têm reduções orçamentárias. Dois momentos de pico de evasão escolar foram identificados pelo Banco Mundial — na passagem para a maioridade e, mais tarde, aos 24 anos. As estimativas foram calculadas a partir de dados do período 2005-2015.
A taxa de abandono escolar ficou poucos pontos acima dos 30% entre os jovens de 18 anos que não sofreram cortes na renda. Entre os que experimentaram choques orçamentários, o índice chegou a quase 40%. Quando considerados os jovens de 24 anos sem queda no orçamento familiar, a proporção de evasão foi de 35%. Mas a taxa ultrapassa os 40% entre os estudantes de domicílios que tiveram a renda prejudicada.

Gargalo da maioridade

O Banco Mundial lembra que o Brasil avançou na educação ao longo das últimas décadas, alcançando uma taxa de matrícula no Ensino Médio de 63%. Em dez anos, aumentou 18% o índice de conclusão desse nível educacional entre jovens com 20 a 29 anos.
Os avanços, porém, coexistem com altas taxas de evasão escolar em determinados momentos da vida dos alunos. Em 2013, 81% dos adolescentes de 17 anos frequentavam um centro de ensino. No mesmo ano, entre os que tinham 18 anos, a proporção dos matriculados caía para 50,7%. Para os jovens de 19 anos, a taxa era de 37,3% e, para os de 20, 31,3% — quase um terço do número de meninos e meninas de 15 anos inscritos em alguma instituição de ensino.
Esses índices incluem as mais variadas situações financeiras — incluindo os jovens em situação de corte no orçamento familiar e os que não passam por esse problema. Quando avaliado o decênio 2005-2015, a taxa de evasão escolar geral sobe de 15% para 34%, dos 16 para os 17 anos de idade.
Como as taxas de abandono são mais altas entre os que têm quedas na renda, o Banco Mundial acredita que esse público tem chances inferiores de prosseguir com os estudos após o Ensino Médio.
Apesar da correlação negativa entre queda na renda e evasão escolar, o organismo financeiro não identificou oscilações significativas no índice de abandono dos estudos quando integrantes da família responsáveis pela renda eram demitidos.
De acordo com o Banco Mundial, isso se deve à alta taxa de participação dos trabalhadores brasileiros no setor formal da economia — o que lhes garante acesso a pensões e seguros-desemprego, evitando uma redução de 100% na renda familiar nos casos em que há somente um provedor de rendimentos. Dados de 2014 coletados pelo Banco Mundial indicam que a informalidade afetava 35% da mão de obra empregada no Brasil.
O relatório do Banco Mundial compara a realidade brasileira com os cenários no México e na Argentina. Acesse a publicação na íntegra clicando aqui.
Da ONU Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 08/03/2018

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