POR QUE OS ADOLESCENTES ESTÃO BEBENDO TANTO ?

Por que os adolescentes estão bebendo tanto?


Por que os adolescentes estão bebendo tanto?

Um estudo realizado pela Pediatria do Hospital Universitário da USP apontou que 60% de adolescentes, na faixa dos 17 anos, já faz uso de bebidas alcoólicas. A pesquisa foi feita em 10 escolas de São Paulo. O consumo, segundo o estudo, começa por volta dos 10 anos e, em 20% dos casos, o uso ultrapassa uma dose diária. Já a OMS (Organização Mundial de Saúde), divulgou que mais de 320 mil pessoas entre 15 e 29 anos morrem ao redor do mundo, anualmente, de causas relacionadas ao consumo do álcool.
bebida
Foto: EBC
Por Flávia Vargas Ghiurghi
Em menores de 18, o uso intensivo e crônico de álcool pode ter um efeito ainda maior, levando à demência. E, em todas as idades, o consumo excessivo aumenta o risco de perda do volume cerebral, uma vez que afeta diversas áreas do cérebro, como córtex cerebral, sistema límbico, cerebelo, hipotálamo e glândula pituitária e medula.
Segundo o psiquiatra Mario Louzã, nos últimos anos, foi sendo construído um senso comum entre os jovens de que a bebida alcoólica é o ponto alto dos encontros e das festas. Isso se aplica a ambos os sexos, diferentemente de décadas atrás, quando os problemas com o álcool eram mais frequentes entre os meninos. “O fato é que o adolescente precisa se sentir acolhido pelo grupo e fazer parte dele. Para isso, segue as regras do jogo, que inclui beber. Em muitos casos, há competições de quem consegue beber mais ou brincadeiras que sempre envolvem o álcool”, afirma o psiquiatra.
Geralmente, este contexto está relacionado à insegurança típica da adolescência, período em que o jovem começa a se auto afirmar, a querer ganhar destaque e mostrar que pode tanto ou mais que seus colegas. De acordo com Mario Louzã, propagandas, séries e filmes também contribuem com o aumento do consumo da bebida, pois criam cenários que associam o álcool ao glamour, ao sucesso, à conquista e outras situações que estimulam ainda mais a enxergar que beber é legal.
O mais grave dessa história é que o alcoolismo começa justamente nessa fase. “Há uma predisposição na adolescência devida à defasagem entre o desenvolvimento de áreas do cérebro responsáveis pelo controle dos impulsos. Estas áreas se desenvolvem mais tardiamente, o que torna o adolescente mais vulnerável, por esta dificuldade de autocontrole”, explica Louzã.
O envolvimento dos pais é fundamental. A educação dos filhos deve começar logo na infância, com a imposição de limites e regras bem definidas. Isso auxilia na formação da personalidade. “A adolescência é, por si só, um período crítico, de rebeldia, de questionamentos, de descobertas e de hormônios a mil. Se desde cedo o indivíduo for educado com orientações, bons valores e noções de limite, certamente chegará à adolescência com mais capacidade para discernir suas condutas e lidar com seus impulsos”.
Vale lembrar que o abuso de álcool na adolescência deve ser levado a sério e tratado como doença. Há alguns tratamentos medicamentosos para tentar diminuir o consumo, além das abordagens psicoterápicas individuais. “Casos graves necessitam de internação, em geral, prolongada, para controlar os sintomas da abstinência e todo um processo de reorganização da vida do adolescente que, muitas vezes, gira em torno do álcool. Grupos de autoajuda, como AA (Alcoólicos Anônimos), também são importantes”, finaliza Mario Louzã.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 24/04/2019

O RECORDE DO DESEMPREGO E DA SUBUTILIZAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO NO BRASIL.

O recorde do desemprego e da subutilização da força de trabalho no Brasil, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


“Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições
justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego”
Artigo 23 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (10/12/1948)

taxa comporta de subutilização da força de trabalho
[EcoDebate] O Brasil coleciona notícias ruins na criação de oportunidades de emprego e na área do direito ao trabalho. A PNAD Contínua (PNADC) do IBGE mostra que o desemprego e a subutilização da força de trabalho no Brasil bateram recorde no trimestre que vai de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019. O Presidente da República, em vez de reconhecer o problema, preferiu criticar a metodologia utilizada pelo IBGE.
É claro que nenhum governo gosta de notícias ruins. Não é a primeira vez que os números do emprego e do desemprego são questionados para favorecer os governantes de plantão. O presidente Jair Bolsonaro poderia até dizer que herdou a crise do mercado de trabalho e que está tomando medidas para aumentar os índices de ocupação, mas preferiu revelar ignorância ao criticar uma metodologia que é antiga e reconhecida internacionalmente.
A verdade sobre o desemprego e o subemprego dói para os ocupantes do Palácio do Planalto, mas dói muito mais para quem não tem como ganhar a vida honestamente com o suor do próprio rosto.
Segundo a PNADC a taxa de desocupação (pessoas que não estavam trabalhando, mas estavam procurando emprego) foi de 12,4% no trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2019, subiu 0,9 ponto percentual em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2018 (11,6%). Esta subida ocorreu em função de fatores sazonais, pois no início de cada ano a ocupação é, geralmente, menor do que no final do ano. Em relação ao trimestre móvel de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018, quando a taxa foi estimada em 12,6%, o quadro foi de estabilidade. Mas é uma estabilidade perversa, pois significa 13 milhões de pessoas que desejam trabalhar, mas não conseguem vagas no mercado de trabalho.
Contudo, este quadro terrível de desemprego não retrata um problema mais grave do mercado de trabalho brasileiro. A PNADC mostra uma realidade mais tenebrosa, quando aplica a metodologia da taxa composta de subutilização da força de trabalho (que mede o percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial). Por este indicador o desemprego e o subemprego foi de 24,6% no trimestre compreendido entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019, com altas de 0,8% em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2018 (23,9%) e de 0,4% no confronto com o trimestre móvel de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018 (23,2%).
Isto significa que, no trimestre de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019, havia aproximadamente 27,9 milhões de pessoas subutilizadas no Brasil, o maior contingente da série histórica. Ou seja, depois de dois anos de grande recessão (2015 e 2016) e depois de dois anos de lenta recuperação (2017 e 2018) a subutilização da força de trabalho, ao invés de diminuir, alcançou o seu nível mais alto, mostrando que o Brasil está em uma rota insustentável e está desperdiçando os melhores momentos do bônus demográfico.
A PNADC detalhe este desperdício, mostrando que contingente de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas (6,7 milhões) teve redução de -4,8% em relação ao trimestre anterior (-341 mil pessoas) e subiu 7,9% (mais 491 mil pessoas) em relação ao trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018.
O contingente fora da força de trabalho (65,7 milhões) subiu em 595 mil pessoas (0,9%) comparado ao trimestre de setembro a novembro de 2018 e foi o maior da série histórica. Frente ao trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018, o indicador subiu 1,2% (mais 754 mil pessoas).
A população desalentada (4,9 milhões) ficou estável em relação ao trimestre setembro a novembro de 2018 e subiu 6,0% em relação ao trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018 (4,6 milhões). Esse contingente atingiu seu maior nível na série histórica.
O percentual de pessoas desalentadas em relação à população na força de trabalho ou desalentada(4,4%) se manteve no recorde da série histórica, ficando estável em relação ao trimestre anterior e subindo 0,2 ponto percentual contra trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018 (4,2%).
A força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas), foi de 105,2 milhões de pessoas e ficou estável em relação ao trimestre anterior. Frente ao trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018, houve alta de 1,0% (mais 1,0 milhão de pessoas).
O número de pessoas ocupadas (92,1 milhões) teve queda (-1,1%) em relação ao trimestre anterior (menos 1,062 milhão de pessoas). Em relação ao trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018, houve alta de 1,1% (mais 1,036 milhão de pessoas).
O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi de 53,9% no trimestre encerrado em fevereiro, com queda de -0,8 p.p frente ao trimestre anterior (54,7%). Em relação ao trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018, houve estabilidade.
Na série da PNADC que começou em 2012, o recorde de pessoas ocupadas foi de 92,9 milhões de pessoas no quarto trimestre de 2014. De lá para cá, este número caiu, chegou a 92,1 milhões no último 12/2018 a 02/2019. Esta queda no número da força de trabalho ocupada é ainda mais preocupante quando se considera que a população total do país passou de 199,2 milhões de habitantes em 2012 para 209,2 milhões em 2018. Assim, a taxa de ocupação que chegou ao pico de 57% em 2014 caiu para cerca de 54%.
Portanto, a taxa de ocupação diminuiu no país em um momento de estagnação da produtividade, queda da renda e aumento da pobreza. Sem trabalho, o Brasil não tem futuro. Nunca houve tantas pessoas em idade de trabalhar no país. Mas o desperdício representado pelo alto nível de desemprego, subemprego e baixa taxa de ocupação é o mesmo que jogar fora a janela de oportunidade que a mudança na estrutura etária gerou e que vai se fechar em pouco tempo. Não existe exemplos históricos de nações que enriqueceram depois de envelhecer. O Brasil está desprezando os melhores anos de uma relação intergeracional favorável à decolagem do desenvolvimento.
São 27,9 milhões de brasileiros e brasileiras sem o direito humano básico ao trabalho decente. A continuar desta forma, a economia brasileira vai ficar eternamente presa na armadilha da renda média e vai dar adeus ao sonho de ser uma nação desenvolvida, não só como os parceiros mais ricos da OCDE, mas mesmo em relação às nações que são “rabos de elefante”, como Portugal e Grécia. Deixaremos de ser país “em desenvolvimento” para assumir, talvez para o resto da vida, o carimbo de nação subdesenvolvida e submergente.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Referência:
IBGE. PNAD Contínua: taxa de desocupação é de 12,4% e taxa de subutilização é de 24,6% no trimestre encerrado em fevereiro de 2019, Agencia de Notícias, abril de 2019
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/24109-pnad-continua-taxa-de-desocupacao-e-de-12-4-e-taxa-de-subutilizacao-e-de-24-6-no-trimestre-encerrado-em-fevereiro-de-2019
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 24/04/2019

PROJETO AQUAPOLO, PROJETO DE PRODUÇÃO DE ÁGUA DE REÚSO.

SP: Projeto Aquapolo, projeto de produção de água de reúso, transforma esgoto tratado em água industrial, por Paulo Afonso da Mata Machado


água
Foto: EBC
O Projeto Aquapolo é um marco na história do Saneamento brasileiro, onde a SABESP e a BRK Ambiental transformam o esgoto tratado em água industrial.
Esse projeto tem números impressionantes: a adutora que conduz o esgoto tratado ao Aquapolo tem 17 km de extensão; a área construída tem 15.000 metros quadrados; os dois tanques de armazenamento de água têm, em conjunto, capacidade para 70.000 litros; a rede de distribuição de água industrial tem 3,6 km e a capacidade de tratamento é de 1.000 litros por segundo. Tudo isso faz do Aquapolo o quinto maior empreendimento de produção de água industrial do planeta.
Ao entrar no Aquapolo, o esgoto tratado na ETE ABC passa por biodiscos, em que grande parte da matéria orgânica é oxidada a gás carbônico e água e a amônia é convertida a nitrato. Em seguida, o nitrato é removido no reator anóxico. Do reator anóxico, o líquido vai para o reator aeróbio, onde a maior parte da matéria orgânica remanescente é oxidada a gás carbônico e água. Após passar pelo reator aeróbio, o líquido é encaminhado ao biorreator de membranas (MBR), que reúne as funções de lodos ativados e de ultrafiltração. O efluente do biorreator recebe dióxido de cloro antes de ser armazenado no tanque 1.
O tanque 1 é dividido em dois módulos. O módulo 1 recebe o efluente do MBR e o distribui ao módulo 2, que abastece as indústrias do Polo Petroquímico do ABC e o tratamento por osmose reversa, destinado às empresas que necessitam de água desmineralizada.
É importante observar que um tratamento por osmose reversa faz com que apenas uma parcela do líquido que entra no tratamento – o permeado – possa ser aproveitado. No Projeto Aquapolo, no entanto, não há perda de água, pois a parcela rejeitada – o concentrado – é devolvida ao tanque 1, entrando diretamente no módulo 2, que abastece as empresas que não necessitam de água desmineralizada.
Para se ter ideia do tratamento realizado, aqui estão alguns números das análises físico-químicas da água contida no tanque 1 e a comparação com os limites respectivos estabelecidos pelo Anexo XX da Portaria de Consolidação 05/2017 do Ministério da Saúde (PRC 05), que trata dos requisitos indispensáveis para que a água possa ser considerada potável:
Parâmetro
Saída Aquapolo
Limites permitidos
Dispositivo PRC 05
Alumínio
0,2
0,2
Anexo 10
Cobre
0,1
2
Anexo 7
Ferro
0,3
0,3
Anexo 10
Manganês
0,2
0,1
Anexo 10
Amônia
1
1,5
Anexo 10
Surfactantes
1
0,5
Anexo 10
Dureza
100
500
Anexo 10
Sulfetos
0,1
0,1
Anexo 10
Turbidez
1
0,3
art. 31
pH
6,66
Entre 6,0 e 9,5
art. 39
Os responsáveis pelo Projeto Aquapolo não divulgam análises do líquido armazenado no tanque 2. Contudo, é de se esperar que atenda a todas as exigências da PRC 05, pois, na osmose reversa, as impurezas são retidas em poros diminutos para que a água se torne apta a ser usada em caldeiras, torres de resfriamento e onde mais for requerida água desmineralizada.
O grande gargalo do Projeto Aquapolo é sua capacidade ociosa. Atualmente, o Polo Petroquímico do ABC demanda apenas 650 L/s. Cerca de 350 L/s, que poderiam ser transformados em água potável, diminuindo o enorme déficit hídrico da região, não o são.
A título de comparação, a estação de reúso potável de Goreangab, na Namíbia, que transforma esgoto doméstico em água potável, foi inaugurada em 1968 e não tem, sequer, tratamento por osmose reversa. O efluente da estação, após clorado, é distribuído à população da capital e, até hoje, não se verificou qualquer tipo de doença vinculado à conversão do esgoto doméstico em água potável.
A conversão da capacidade ociosa do Projeto Aquapolo em água potável será muito mais fácil, devido ao tratamento por osmose reversa. A parcela do efluente tratado que não for destinada às empresas que requerem água desmineralizada deve ser encaminhada à ETA mais próxima, que tenha capacidade suficiente para receber essa vazão adicional.
A análise do efluente da osmose reversa é fundamental para se saber em que parte da ETA esse efluente será lançado. Caso atenda às exigências da PRC 05, poderá se unir à água tratada na ETA imediatamente a montante da cloração. A junção com a água tratada na ETA vai devolver ao efluente da osmose reversa os sais minerais indispensáveis à dieta humana. Ressalte-se que a PRC 05 não faz menção à existência de sais minerais na água de abastecimento público, que são indispensáveis ao consumo humano, daí a necessidade de se misturar a água que os contenha para que o efluente da osmose reversa seja remineralizado.
Efetuada a cloração e corrigido o pH da água, esta estará apta a ser fornecida como água potável. Contudo, se as análises da água do tanque 2 indicarem parâmetros da PRC 05 que não estejam sendo observados, o excedente do tratamento por osmose reversa deverá se juntar à água tratada na entrada da ETA. Dependendo do resultado das análises, pode ser indicado tratamento adicional antes de o líquido ser encaminhado à estação.
Efetuada a cloração, a vazão de água potável da ETA estará acrescida da atual capacidade ociosa do Aquapolo, ou seja, de cerca de 350 L/s ou 0,9 bilhões de litros por mês que, somados aos 1,7 bilhão de litros por mês que são economizados com a substituição de água potável por água de reúso, totalizarão uma economia de 2,6 bilhões de litros por mês de água oriunda de fontes que podem secar durante o período de estiagem.
Nos Estados Unidos, são várias as estações de reúso potável direto já existentes, como a Water Factory 21, que possui um local de degustação onde as pessoas podem beber água que foi esgoto, conforme o que se vê no vídeo:https://www.youtube.com/watch?v=CkTCXFC3s24.
Portanto, o Projeto Aquapolo, o maior projeto de produção de água de reúso da América Latina, poderá vir a ser, também, a primeira estação de reúso potável direto da América Latina, ombreando-nos não apenas com os Estados Unidos, mas com países da Europa, da Ásia, da Oceania e até da África.
Sugerimos que a SABESP e a BRK Ambiental não percam tempo, pois uma próxima estiagem já se anuncia na bacia do Cantareira, de onde é importada a água necessária a suprir o déficit hídrico da Região Metropolitana de São Paulo.
Paulo Afonso da Mata Machado é Engenheiro Civil e Sanitarista
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/04/2019

DIA NACIONAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À HIPERTENSÃO ARTERIAL.

Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial: doença atinge 25% da população brasileira, por Anna Carolina Rodrigues


saude
[EcoDebate] A hipertensão arterial, conhecida como pressão alta, é uma doença crônica em que a pressão sanguínea nas artérias se encontra constantemente elevada, obrigando o paciente a criar uma rotina de controle contínuo sobre esta condição. Para isso, a utilização correta dos medicamentos deve estar associada a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis.
Por ser silenciosa e relativamente comum, datas como o Dia Nacional de Prevenção e combate à Hipertensão Arterial, celebrado nesta sexta-feira (26), tornam-se importantes ferramentas para promover a conscientização sobre esta doença.
A Hipertensão é diagnosticada quando os valores da pressão arterial são iguais ou maiores de 140×90 mmhg (ou 14 por 9), medidas em pelo menos duas ocasiões diferentes.
Ainda que não existam sintomas aparentes, é importante aceitar o tratamento proposto e consultar regularmente o médico. Afinal, a doença pode ocasionar graves problemas de saúde, como infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC), doenças renais, e impotência sexual, entre outras.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no Brasil está aumentando, chegando a atingir cerca de 25% da população. Como agravante, este dado tende a aumentar com a idade, alcançando mais de 60% dos adultos com mais de 65 anos, com as mulheres respondendo por um número maior de diagnósticos.
Em 2017, as capitais brasileiras com maior percentual de hipertensos foram Rio de Janeiro (33,3%), Maceió (29,3%) e Aracaju (28,6%). Na outra ponta, com menor incidência, estão Palmas (18%), o Distrito Federal (21,2%) e Fortaleza (21,3%).
Para além dos comprimidos
A Hipertensão requer controle rigoroso de peso, alimentação saudável, prática de atividades físicas e redução ou corte do tabagismo e consumo de álcool, hábitos que dependem diretamente da dedicação dos pacientes para se obter bons resultados.
Se tratados adequadamente, seguindo as orientações dos profissionais de saúde, os pacientes levarão uma vida normal, podendo trabalhar, desfrutar de atividades de lazer e realizar atividades físicas regulares.
No caso do tratamento com remédios, o paciente deve ser orientado sobre aspectos como a necessidade do uso diário da medicação, a possibilidade de alterações nas doses e a associação com outros medicamentos, bem como o eventual aparecimento de efeitos colaterais. Ao final, é extremamente importante conversar com o médico antes de suspender qualquer remédio por conta própria.
Por Anna Carolina Rodrigues, cardiologista do Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), em Belém (PA), gerenciado Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/04/2019

ONDAS E VENTOS OCEÂNICOS ESTÃO CADA VEZ MAIS FORTE.

Ondas e ventos oceânicos estão cada vez mais fortes, por Ian Young e Agustinus Ribal

Ondas e ventos oceânicos estão cada vez mais fortes

Durante tempestades extremas, as ondas do oceano podem ter mais de 20 metros de altura, ou tão altas quanto um prédio de cinco andares.
Mais do que ser apenas um produto dos nossos sistemas climáticos, as ondas são críticas para o transporte marítimo, a estabilidade das praias, a inundação costeira ou inundações e a determinação do projeto de estruturas costeiras e marítimas.
Mas nossa nova pesquisa , publicada na revista Science , mostra que essas ondas e os ventos que as geram estão aumentando em magnitude e vêm crescendo nos últimos 30 anos.
Essas novas medições mostram que as condições globais de ondas estão aumentando, mas, mais importante, as condições extremas das ondas estão aumentando ainda mais rapidamente, com os maiores aumentos ocorrendo no Oceano Antártico.
Descobrimos que ventos extremos no Oceano Austral aumentaram em aproximadamente 1,5 metros por segundo ou 8% nos últimos 30 anos. Da mesma forma, ondas extremas nessa mesma região aumentaram em 30 centímetros ou 5%. Geralmente, os ventos estão aumentando a um ritmo mais rápido que as ondas.
Além dos aumentos no Oceano Austral, ventos extremos também aumentaram no Pacífico equatorial e Atlântico, e no Atlântico Norte em aproximadamente 0,6 metros por segundo durante o período de 30 anos.
Essas mudanças no vento oceânico e no clima de ondas foram determinadas pela criação e análise de um banco de dados de medições por satélite da velocidade do vento e da altura da onda.
Utilizamos dados de um total de 31 satélites que estavam em órbita entre 1985 e 2018. Por mais de trinta anos, esses satélites fizeram aproximadamente 4 bilhões de medições da velocidade do vento e da altura da onda.

Tendências globais em extrema velocidade do vento (topo) e altura da onda (inferior) durante o período 1985-2018
Tendências globais em extrema velocidade do vento (topo) e altura da onda (inferior) durante o período 1985-2018
Tendências globais em extrema velocidade do vento (topo) e altura da onda (inferior) durante o período 1985-2018. Áreas em vermelho indicam valores crescentes, enquanto azul indica diminuições. Imagem: Fornecida pelos autores
Embora o conjunto de dados seja enorme, para ser útil, todos os satélites precisavam ser calibrados com muita precisão. Isso foi feito comparando as medições dos satélites com mais de 80 bóias oceânicas implantadas em todo o mundo. Este é o maior e mais detalhado banco de dados do seu tipo já compilado.
É importante ressaltar que, dentro do banco de dados combinado, existem três formas diferentes de satélites – altímetros, radiômetros e medidores de dispersão . Eles usaram métodos diferentes para medir as ondas do oceano, então combiná-los fornece um conjunto de dados ainda mais robusto.
Os aumentos na altura extrema das ondas são menos uniformes que os ventos. Além dos aumentos no Oceano Antártico, as alturas das ondas extremas também estão aumentando no Atlântico Norte. A taxa de aumento na velocidade do vento e na altura da onda é mostrada nos gráficos acima.
Embora aumentos de 5% nas ondas e de 8% nos ventos possam não parecer muito, se forem mantidos no futuro, essas mudanças em nosso clima terão grandes ramificações. Os potenciais impactos do aumento do nível do mar induzido pelo clima são bem conhecidos. O que a maioria das pessoas não entende é que os eventos reais de inundação são causados por tempestades e ondas de quebra associadas a tempestades.
O aumento do nível do mar apenas torna esses eventos de vento e ondas mais sérios e mais frequentes. Aumentos na altura das ondas e outras propriedades, como a direção das ondas, aumentarão ainda mais a probabilidade de inundações costeiras. Mudanças como essas também causarão erosão costeira, colocando em risco assentamentos e infra-estrutura costeira.
Ainda não sabemos se os aumentos históricos serão sustentados no futuro. Um dos usos importantes do extenso banco de dados de satélites será calibrar e validar a próxima geração de modelos climáticos globais que agora incluem previsões de ondas do oceano. Os resultados iniciais de tais modelos produzem resultados semelhantes ao registro histórico e apontam particularmente para mudanças no Oceano Antártico.
As mudanças no Oceano Antártico são importantes, já que esta é a origem do swell que domina o clima de ondas do Pacífico Sul, Atlântico Sul e Índico, e determina a estabilidade das praias para grande parte do Hemisfério Sul.
Mudanças no Oceano Austral podem ter impactos que são sentidos em todo o mundo, com ondas de tempestades aumentando a erosão costeira, e colocando assentamentos costeiros e infra-estrutura em risco.
Equipes internacionais de pesquisa, incluindo a Universidade de Melbourne, estão trabalhando para desenvolver a próxima geração de modelos climáticos globais para projetar mudanças nos ventos e nas ondas nos próximos 100 anos.
Precisamos entender melhor o quanto dessa mudança se deve à mudança climática de longo prazo e quanto é devido às flutuações ou ciclos de várias décadas.
Professor Ian Young e Dr Agustinus Ribal, University Melbourne
Referência:
Multiplatform evaluation of global trends in wind speed and wave height
BY IAN R. YOUNG, AGUSTINUS RIBAL
PUBLISHED ONLINE25 APR 2019
DOI: 10.1126/science.aav9527

* Tradução de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/04/2019