quarta-feira, 13 de maio de 2020

NO BRASIL, UM EM CADA TRÊS DOMICÍLIOS NÃO TINHA LIGAÇÃO COM REDE DE ESGOTO EM 2019.

No Brasil, um em cada três domicílios não tinha ligação com rede de esgoto em 2019


Por Caio Bellandi – Arte: Helga Szpiz
IBGE
A quantidade de domicílios ligados à rede geral de esgotamento sanitário ou com fossa ligada à rede cresceu em 2019 na comparação com o ano anterior, chegando a 49,1 milhões de domicílios (68,3%). Mesmo assim, quase um terço dos lares não tinha saneamento adequado. As regiões com menor índice do serviço tiveram crescimento maior e puxaram o resultado nacional. No Norte, a taxa aumentou 5,6 pontos percentuais, mesmo assim chegando a apenas 27,4%. Já no Centro-Oeste atingiu 60% (aumento de 4,4 p.p.). O Nordeste também apresentou crescimento, de 2,6 p.p., mas permanece com menos da metade da população com acesso à rede de esgoto: 47,2%.
Os números estão na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua: Características dos Domicílios e dos Moradores, divulgada hoje (06/05) pelo IBGE. “Há uma tendência lenta de crescimento desde 2016. Nota-se uma variação um pouco maior este ano, muito em função do crescimento nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste”, explica a pesquisadora do IBGE, Adriana Beringuy.
domicílios ligados à rede geral de esgotos %
Em relação aos domicílios com fossa séptica não ligada à rede geral, o número alcançava 19,1%, indicando que, aproximadamente, 9 milhões de domicílios no Brasil despejavam dejetos de maneira inadequada, como em fossa rudimentar, vala, rios, lagos e mar. Nas regiões Norte e Nordeste, o percentual foi ainda maior, de 42,9% e 30,7%, respectivamente. Já no Sudeste, essa modalidade era utilizada somente por 5,5% dos domicílios.
Distribuição de água permanece estável; coleta de lixo cresce
Dos 72,4 milhões de domicílios estimados pela pesquisa em 2019, 97,6% (70,7 milhões) possuíam água canalizada e 88,2% (63,8 milhões) tinham acesso à rede geral de abastecimento de água. Em 85,5% dos lares, a rede geral de distribuição de água era a principal fonte de abastecimento. No Norte, o índice cai consideravelmente, para 58,8%, enquanto 21,3% dos domicílios tinham abastecimento de água através de poço profundo ou artesiano e 13,4% recorriam ao poço raso, freático ou cacimba.
Em relação a 2018, Norte e Centro-Oeste apresentaram avanço na disponibilidade diária de água, principalmente esta última, onde a cobertura passou de 87,1% para 94,9% em 2019, recuperando o patamar de 2016, de 94,7% dos domicílios. “Com o racionamento de água em 2016, principalmente no Distrito Federal devido à estiagem, os números mostraram queda em 2017, e uma pequena recuperação em 2018. Só agora, em 2019, eles voltam ao patamar de antes da crise hídrica”, explica Adriana Beringuy.
Quanto à distribuição de água por período, 88,5% dos domicílios no Brasil recebiam água diariamente, índice que cai para 69% no Nordeste, onde a frequência é menor. Na região, há sistemas de abastecimento por cisternas, que se enchem em tempos de chuva para redistribuição em períodos de seca.
domicílios com saneamento básico %
Já no que diz respeito à coleta de lixo, o índice segue apresentando aumento desde 2016 e chegou ao seu maior valor em 2019: 84,4%. Na comparação por região, Norte e Nordeste ainda têm percentuais elevados de domicílios que queimam o lixo na própria propriedade 17,6% e 15,1%, respectivamente, um número que significa 3,8 milhões de domicílios nessa condição.

Do IBGE, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/05/2020

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