Plástico, pra que te quero!? artigo de Rodrigo Silva
[EcoDebate] A Organização da Nações Unidas (ONU) estabeleceu o ano 2020 como o ANO DOS OCEANOS. Cobrindo cerca de 75% da superfície do planeta, eles são responsáveis por três serviços ecossistêmicos fundamentais à nossa sobrevivência: vasta biodiversidade, fornecimento de alimento e produção de oxigênio para o planeta (sim, os oceanos são o pulmão do planeta! Mas isso é assunto para outro momento).
Apesar dessa importância fundamental, as ações antrópicas têm degradado consideravelmente esses ecossistemas, os colocando sob uma ameaça sem precedentes na história.
Um estudo japonês publicado em 2018, mostrou fotografias de sacolas plásticas na Fossa das Marianas, considerado o lugar mais profundo do planeta, a mais de 10.000 metros de profundidade. Essa informação associada a outros estudos, implica dizer que a poluição plástica está em quase todos os ambientes terrestres do planeta e em todos os seus oceanos.
Anualmente, mais de dez milhões de toneladas de plástico entram nos ambientes marinhos e, devido as correntes marítimas, esses resíduos acabam se concentrando em locais específicos, os tornando verdadeiros lixões a céu aberto em pleno oceano.
Outra triste notícia é que os animais marinhos também sofrem as consequências de tudo isso.
Certamente, todos já vimos fotos de golfinhos, tartarugas, aves, peixes, entre outros animais, com algum pedaço de plástico em seu corpo. Entretanto, não só os grandes organismos são prejudicados por esses poluentes. Pesquisadores do Reino Unido, descobriram uma pequena espécie de microcrustáceo (chamada de Eurythenes plasticus – semelhante a um pequeno camarão) nas profundezas da Fossa das Marianas. Ao analisarem o animal, os cientistas descobriram em seus órgãos internos, partículas de PET (plástico utilizado na fabricação de garrafas, por exemplo).
A mudança de hábitos de consumo é a única solução para isso. Diminuir o uso de sacolas plásticas em mercados e canudos plásticos são apenas uma das possíveis soluções para esse problema. É somo eu sempre digo: “o problema não são os canudos, mas sim os nossos hábitos”.
Os especialistas dizem que, se feito de forma equitativa, homogênea e responsável, os recursos pesqueiros podem alimentar aproximadamente 10 bilhões de pessoas – valendo destacar que, atualmente, o planeta Terra possui cerca de 7,5 bilhões de habitantes. Ainda, é importante salientar que os oceanos são responsáveis por 5% do PIB global (cerca de 3 trilhões de dólares por ano) e que 3 bilhões de pessoas dependem direta ou indiretamente dos oceanos para sobreviver.
Assim, o cuidado com esses locais é primordial para que tenhamos uma sadia qualidade de vida além de preservar a biodiversidade local, garantindo alimento e oxigênio para as presentes e futuras gerações.
Fica a pergunta: há algum lugar nesse mundo que esteja protegido da poluição?
Rodrigo Silva é biólogo, doutor em Ciências e coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental do Centro Universitário Internacional Uninter.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 01/06/2020
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