Brasil começa a vacinação num quadro de aumento da pandemia, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] Finalmente o Brasil saiu da lanterna do ranking global da vacinação e deu início à imunização em massa, no domingo, dia 17 de janeiro de 2021.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, por unanimidade, o uso emergencial das vacinas CoronaVac – desenvolvida no Brasil pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan e a vacina da Oxford/AstraZeneca desenvolvida no Brasil em parceria com a Fiocruz, mas que depende de insumos fabricados na Índia.
Imediatamente depois da decisão da Anvisa, o governo do Estado de São Paulo deu início à vacinação. A primeira pessoa imunizada foi a enfermeira Monica Calazans, de 54 anos, que trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. Ao mesmo tempo o ministro da saúde, general Pazuello, anunciou que a distribuição para as Unidades da Federação começará no dia 18/01 e, provavelmente, a vacinação nacional começará no dia D – 20 de janeiro – e na hora H – 10 horas da manhã.
No mundo já são mais de 55 países que iniciaram a vacinação e o número de vacinas aplicadas já chegou a 39,5 milhões doses. Os EUA e a China já aplicaram mais de 10 milhões de doses, Reino Unido mais de 4 milhões, Israel mais de 2 milhões e Emirados Árabes, Itália, Alemanha e Rússia já aplicaram mais de 1 milhão de doses. Percentualmente, Israel saiu na frente e já vacinou mais de 27% da sua população até o dia 17/01.
Evidentemente, todos os brasileiros têm motivos para comemorar o início da vacinação contra a covid-19. Mas a vacina não é bala de prata e não vai resolver a emergência sanitária de imediato. Por exemplo, o Brasil só tem garantido atualmente 6 milhões de doses, que poderão imunizar 3 milhões de pessoas. Não está claro quando o país terá doses suficientes para imunizar a maioria da população e qual a velocidade da cobertura.
Enquanto isto o drama da pandemia continua. O gráfico abaixo, do Ministério da Saúde, mostra que na 2ª semana epidemiológica (SE) de 2021 (09 a 16 de janeiro) o número de novos casos foi de 379 mil na semana, representando 54 mil casos diários, número muito maior do que o da 30ª SE (19-25/07/2020) que somou 319,6 mil casos.
O gráfico abaixo, também do Ministério da Saúde, mostra que na 2ª SE de 2021 o número de novas vidas perdidas foi de 6.665 mil na semana, representando 952 óbitos diários, número menor do que o pico da 1ª onda ocorrido na 30ª SE, mas valor próximo de 1 milhar de vítimas fatais em 24 horas.
No mundo, a situação não é menos crítica. O gráfico abaixo, da OMS, mostra que o número acumulado de casos se aproxima de 100 milhões de pessoas infectadas e somente na semana de 10 a 17 de janeiro houve 4,7 milhões de casos, representando cerca de 700 mil pessoas infectadas por dia. A primeira quinzena de janeiro bateu todos os recordes desde o início da pandemia.
O gráfico abaixo, também da OMS, mostra que o número global acumulado de mortes já ultrapassou 2 milhões de óbitos, sendo que na semana de 10 a 17 de janeiro houve 93,7 mil vidas perdidas, representando mais de 13 mil óbitos por dia. A primeira quinzena de janeiro bateu todos os recordes de vítimas fatais desde o início da pandemia.
O Brasil e o mundo estão em um ponto crítico da pandemia, pois o número de casos e de mortes nos primeiros dias de 2021 estão em aceleração. Mas o processo de vacinação avança e traz a esperança que o contágio possa ser reduzido e, consequentemente, o número de vítimas fatais também possa diminuir.
Mas ainda tem muita água por rolar durante o ano e o controle da pandemia ainda não está à vista no horizonte de curto e médio prazo.
José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
Referências:
ALVES, JED. A pandemia de Coronavírus e o pandemônio na economia internacional, Ecodebate, 09/03/2020 https://www.ecodebate.com.br/2020/03/09/a-pandemia-de-coronavirus-covid-19-e-o-pandemonio-na-economia-internacional-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. A covid-19 bate todos os recordes globais em novembro, Ecodebate, 16/11/2020
https://www.ecodebate.com.br/2020/11/16/a-covid-19-bate-todos-os-recordes-globais-em-novembro/
ALVES, JED. O impacto mortal da covid-19 sobre a economia e a demografia brasileira, ANPOCS, 11/05/2020 http://anpocs.com/images/stories/boletim/boletim_CS/Boletim_n37.pdf
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ALVES, JED. Covid-19: 83 milhões de casos e 1,8 milhões de mortes, Ecodebate, 04/01/2021
https://www.ecodebate.com.br/2021/01/04/covid-19-83-milhoes-de-casos-e-18-milhao-de-mortes/
ALVES, JED. A pandemia bate todos os recordes em janeiro 2021, Ecodebate, 11/01/2021
https://www.ecodebate.com.br/2021/01/11/a-pandemia-bate-todos-os-recordes-em-janeiro-2021/
ALVES, JED. Passado, Presente e Futuro da Pandemia da Covid-19, Instituto Fernando Braudel, SP, 11/06/2020 https://pt.scribd.com/document/465506796/O-passado-o-presente-e-o-futuro-da-pandemia-do-novo-coronavirus
Vídeo: https://www.facebook.com/watch/live/?v=293538905150329&ref=watch_permalink
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 18/01/2021
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