Artigo de Vivaldo José Breternitz
A meta de redução da pegada climática do Google está em risco devido à crescente dependência da empresa de data centers, consumidores de muita energia, para alimentar seus novos produtos de inteligência artificial.
A gigante da tecnologia revelou que suas emissões de gases geradores do efeito estufa aumentaram 48% nos últimos cinco anos.
Também revelou em seu relatório ambiental anual que suas emissões em 2023 aumentaram 13% em comparação com o ano anterior, atingindo 14,3 milhões de toneladas.
O Google, que tem investido muito em inteligência artificial, disse no mesmo relatório que sua meta “extremamente ambiciosa” de alcançar emissões líquidas zero até 2030 “não será facilmente atingida”. Suas emissões aumentaram quase 50% desde 2019, ano base para a meta do Google de alcançar a meta de emissões zero, com a empresa removendo a mesma quantidade de CO2 que emite.
A Agência Internacional de Energia estima que o consumo total de eletricidade dos data centers possa dobrar, até 2026, em relação aos níveis de 2022 atingindo 1.000 TWh (terawatt-hora) – aproximadamente o nível de demanda de eletricidade do Japão.
Segundo estima a empresa de pesquisas SemiAnalysis, até 2030 as aplicações de inteligência levarão os data centers a consumir 4,5% da geração global de energia. Outra empresa da área, a Microsoft admitiu este ano que o uso de energia relacionado a seus data centers estava colocando em risco sua meta de ser negativa em carbono até 2030 – Brad Smith, presidente da Microsoft, admitiu em maio que a inteligência artificial mudou o cenário com o qual a empresa trabalhava anteriormente.
Já o cofundador da Microsoft, Bill Gates, disse há alguns dias que a inteligência artificial ajudará a combater a crise climática, porque as grandes empresas de tecnologia estão “seriamente dispostas” a pagar a mais para usar fontes de energia limpa; deve-se lembrar que essa empresa está considerando a hipótese de usar energia nuclear em seus data centers.
O uso da água para refrigeração dos data centers é outro fator impactado pela inteligência artificial; há estudos prevendo que esse uso pode vir a ser responsável pelo consumo de até 6,6 bilhões de metros cúbicos em 2027 – quase dois terços do consumo anual da Inglaterra.
A sociedade deve ficar alerta para esses fatos, especialmente levando em conta que, pelo seu histórico, as grandes empresas de tecnologia estão preocupadas quase que exclusivamente com seus lucros.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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