A mudança da estrutura etária é ampla, geral e irrestrita, pois atinge todas as Unidades da Federação (UF), embora em ritmos diferenciados.
Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
O Brasil foi um país que avançou alicerçado, majoritariamente, na juventude. Os jovens de 0 a 20 anos constituíam a maior parte da população brasileira em quase a totalidade dos primeiros 500 anos da nação, desde a chegada dos portugueses em Porto Seguro, na Bahia, em 1500.
Mas depois da virada do milênio a estrutura etária mudou e os próximos cinco séculos serão “outros quinhentos”. Pela primeira vez na história, o Brasil terá mais idosos (de 60 anos e +) do que jovens de 0 a 14 anos.
E no final do século XXI o Brasil terá mais idosos de 80 anos e + de idade do que jovens de 0 a 14 anos.
A mudança da estrutura etária é ampla, geral e irrestrita, pois atinge todas as Unidades da Federação (UF), embora em ritmos diferenciados.
O gráfico abaixo, com dados das projeções populacionais do IBGE (Revisão 2014), mostra que, em 2024, a população de 0-14 anos é de 20%, a população em idade ativa (PIA), 15-59 anos, de 64% e a população idosa (60+) é de 16%. Ou seja, nacionalmente, há cerca de 2 pessoas na PIA para cada 1 pessoa fora da PIA (“dependente”).
Os estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais são os que possuem maior proporção de idosos e menor proporção de jovens. Já os estados de Roraima, Amapá e Amazonas são os que possuem menor proporção de idosos e maior proporção de jovens.
Para o ano de 2070, a população idosa vai crescer no Brasil e em todas as UFs, enquanto a população em idade ativa e os jovens vão diminuir de tamanho em termos absoluto e relativo. Para o Brasil, a população em idade ativa será de 50%, a população jovem de 12% e a população idosa de 38%. Ou seja, haverá 1 pessoas na PIA para cada pessoa fora da PIA (“dependente”), conforme mostra o gráfico abaixo.
A redução do percentual da população em idade de trabalhar traz o desafio do aumento da produtividade para manter o nível de bem-estar. Mas também traz o desafio de repensar o conceito de idade da “população em idade ativa” e a idade “dependente”.
Grande proporção de pessoas consideradas idosas se consideram aptas para o trabalho, mas enfrentam discriminação no momento de pleitear um emprego. Se o potencial da população idosa for aproveitado, o processo de envelhecimento pode ocorrer concomitantemente ao enriquecimento dos indicadores de desenvolvimento humano.
As pessoas pessimistas encaram a população da 3ª idade como um passivo e um fardo para a economia. Os etaristas não enxergam a força inestimável e reprimida da geração prateada. Os sem esperança dizem que o envelhecimento populacional representa um “inverno demográfico”.
Mas os realistas sabem que podem virar o jogo e transformar o envelhecimento populacional em uma resplandecente “primavera social e ambiental”. Basta saber aproveitar as oportunidades do 3º bônus demográfico para liberar o potencial da geração prateada.
José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
Referências:
ALVES, JED. O Brasil vive uma revolução demográfica, Ecodebate, 23/08/2024
https://www.ecodebate.com.br/2024/08/23/brasil-2042-enfrentando-a-nova-revolucao-demografica/
ALVES, JED. A população brasileira Segundo o censo 2022 e as projeções do IBGE, Ecodebate, 02/09/2024
https://www.ecodebate.com.br/2024/09/02/a-populacao-brasileira-segundo-o-censo-2022-e-as-projecoes-do-ibge/
ALVES, JED. O tamanho absoluto e relativo da população brasileira de 50 anos e + e 60 anos e + de idade, Ecodebate, 16/09/2024 https://www.ecodebate.com.br/2024/09/16/crescimento-da-populacao-idosa-no-brasil-de-1950-a-2100/
ALVES, JED. O crescimento da população de 50 anos e mais de idade e a economia prateada, Ecodebate, 24/09/2024 https://www.ecodebate.com.br/2024/09/25/o-crescimento-da-populacao-de-50-anos-e-mais-de-idade-e-a-economia-prateada/
ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século XXI, ENS, 2022 https://prdapi.ens.edu.br/media/downloads/Livro_Demografia_e_Economia_digital_2.pdf
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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