O uso popular causa certa confusão quanto ao temo era glacial. Em termos estritamente científicos, a expressão designa um longo período (dezenas de milhões de anos) no qual a temperatura da Terra cai a ponto de permitir a formação de lençóis de gelo permanentes. Acredita-se que a Terra normalmente apresente pouco gelo permanente. Você pode estar pensando: "Nossa, acabamos de falar sobre as camadas de gelo que recobrem a Groenlândia e a Antártida. Será que isso significa que estejamos vivendo em uma era glacial?" A resposta é sim. Vivemos um período de resfriamento iniciado há mais de 30 milhões de anos [fonte: NOVA (em inglês)].
Em cada longa era glacial, existem períodos de calor relativo, nos quais as geleiras recuam, e períodos em que o frio se intensifica e as geleiras avançam. Esses períodos são conhecidos como interglacial e glacial, respectivamente. Vivemos atualmente um período interglacial. Quando a maioria das pessoas fala sobre uma "era do gelo", está se referindo à última era glacial.
Ninguém sabe ao certo o que causa essas longas mudanças cíclicas no clima da Terra. O mais provável é que diversos fatores estejam envolvidos.
- Mudanças no eixo e órbita da Terra, conhecidas como ciclos de Milankovitch.
- Movimentação de placas tectônicas.
- Expulsão de particulados pelos grandes vulcões ou impactos de meteoros que bloqueiem a luz solar.
- Composição da atmosfera.
A última razão é a mais importante. Você se lembra que, anteriormente, mencionamos que os vulcões aqueceram a "Terra bola de neve" ao encher a atmosfera de dióxido de carbono? Essa informação é muito importante para que você compreenda os atuais problemas relativos ao aquecimento global.
Peter Essick/Aurora/Getty Images
Geleira de Columbia Glacier, Alasca, que recuou 14 km e perdeu metade de sua altura desde 1992
Todas as eras glaciais e períodos de aquecimento anteriores foram causados por eventos naturais e levaram milhares ou milhões de anos para transcorrer. Desde a Revolução Industrial, estamos despejando gás carbônico na atmosfera. O resultado parece ser uma elevação muito mais rápida do que os processos naturais ocasionariam na temperatura do planeta.
O que isso significa para as geleiras da Terra? Há muitos indícios de que elas estão se reduzindo. O índice de perda de gelo na Antártida está subindo à medida que as geleiras da região deslizam para o oceano em velocidade sempre maior. A Antártida perdeu 75% mais gelo entre 1996 e 2006 do que costumava acontecer anteriormente [source: ScienceDaily (em inglês)]. A calota polar na região ártica canadense se reduziu em 50% nos últimos 100 anos e pode desaparecer dentro de algumas décadas [fonte: ScienceDaily]. Provas fotográficas extensas demonstram um recuo mundial das geleiras [fonte: Nichols College (em inglês)]. Uma geleira no Peru perdeu 22% de sua área em menos de 40 anos [fonte: The New York Times].
Durante os últimos milhões de anos houve várias eras glaciares, ocorrendo com frequências de 40.000 a 100.000 anos, entre as quais se destacam:
- Glaciação Donau - há cerca de 2 milhões de anos
- Glaciação Günz - há cerca de 700 mil anos
- Glaciação Mindel - há cerca de 500 mil anos
- Glaciação Riss - há cerca de 300 mil anos
- Glaciação Würm - há cerca de 150 mil anos
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