POR VAGNER DE ALENCAR
Você pode não gostar de Gangnam Style, hit que, em 2012, dominou o mundo na voz de um coreano e em sua coreografia à la galopes de um cavalo. No entanto, você não pode deixar de saber quem é rapper sul-coreano PSY. Você também pode não gostar das abreviações virtuais, como: kbça (cabeça), blza (beleza) ou vc (você). Mas é preciso ao menos entendê-las. Esses são alguns dos conselhos dados por Dado Schneider, autor do termo “digiriatria” – uma mistura de digi = digital + riatria = geriatria, velho), brincando com os termos nativo digital e imigrante digital, cunhados por Marc Prensky (leia entrevista de Prensky para o Porvir).
Schneider, que é professor universitário e especialista em marketing e comunicação há mais de 30 anos, afirma que é preciso que os professores se tornem velhos digitais, para acompanhar as mudanças, cada vez mais velozes, da cultura digital na educação. “Há dois anos, eu resistia bravamente às novas linguagens. Escrevia e-mails extremamente formais. Hoje, meus e-mails vivem repletos de ‘blz’ e ‘vc’”, afirmou ele, ontem, durante sua palestra magna na Educar Educador, em São Paulo.
Marc2812 / Fotolia
De acordo com Schneider, se no passado o upgrade dos professores era ter no currículo um curso de datilografia, é indispensável ao professor do século 21 saber lidar com tablet, ter conta no Twitter ou Facebook. “Claro, é preciso trazer as boas experiências do século 20 para o 21”, pondera ele. “Mas muita gente se nega a viver no mundo dos novos. É preciso se adaptar, assim como disse Darwin. Ou seja, é preciso se adaptar às tecnologias.”
Ser um velho digital é começar não chamando de “vossa senhoria” o teclado e substituir o “asdfg (espaço)” por “crtl shift alt del”
Ele afirma que estamos na era do compartilhamento, da coparticipação e da colaboração, o que evidencia um novo cenário: do trabalho em rede. “Algumas pesquisas têm demonstrado que quem compartilha, cresce; quem divide, cresce. As novas gerações rendem menos sobre o silêncio absoluto”, assegura. Nesse novo mundo, o professor desempenhará um papel de provocador e catalisador, se tornando ‘guias legais’, não importando a idade deles”.
E não existe uma fórmula mágica para se tornar um dirigiatra. Ser um velho digital, diz ele, é começar não chamando de “vossa senhoria” o teclado e substituir o “asdfg (espaço)” [colocação dos dedos na segunda fileira do teclado nos antigos treinamentos de datilografia] por “crtl shift alt del”. Se dominar os equipamentos tecnológicos é ainda uma das maiores preocupações dos professores – ainda resistentes –, Schneider assegura que em breve aprender tecnologia não será preocupante. “Os aparelhos estão se tornando mais simples e fáceis de manusear. O ensino será mais intuitivo; menos cartesiano. Será mais experimental; menos manual.”
Para ele, o professor de hoje está em crise e por isso é necessário aproveitar melhor os recursos tecnológicos para, consequentemente, aperfeiçoar a forma de ensinar. “As tecnologias estão cada vez mais fáceis e acessíveis. Há métodos maravilhosos e professores que não conseguem usá-los. Também existem escolas que não têm método nenhum, mas que contam com professores fantásticos. É uma escolha individual”, afirma. “Claro, o método pode ajudar. A escola pode dar força ao professor. Mas acho que depende dele querer de fato ser um professor atraente, do século 21. O aluno do século 21 não é o aluno do século 20.
Fonte : O Porvir
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