Jornada Mundial da Juventude27/07/2013 | 22h36
Papa Francisco estimula jovens a protestar nas ruas
Eram 3 milhões de pessoas, segundo a prefeitura do Rio de Janeiro, ouvindo o Papa Francisco abordar pela primeira vez na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) as manifestações protagonizadas por jovens. Com imposição mais firme na voz, o Pontífice afirmou na noite deste sábado que é preciso "superar a apatia e oferecer uma resposta cristã para as inquietações sociais".
— Não sejam covardes, metam-se, saiam para a vida. Saiam às ruas como fez Jesus — convocou ele, pedindo protestos de forma "ordenada e pacífica".
A multidão, que se preparava para passar a noite acampada em Copacabana, veio abaixo. Dezenas de milhares de barracas tomavam a praia, o calçadão e o asfalto da Avenida Atlântica. Boa parte dos peregrinos permaneceria em vigília até o final da Missa de Envio, que será rezada por Francisco às 10h de domingo no mesmo palco.
Em seu pronunciamento, o Papa defendeu o Estado laico, "favorável à pacífica convivência entre religiões diversas", e afirmou que a mudança de local dos eventos que encerram a JMJ pode ter sido um recado de Deus.
— Tivemos de cancelar a vigília no campo de Guaratiba. Talvez o Senhor queira dizer que o Campus Fidei (nome em latim do local, que significa Campo da Fé em português)não é um lugar geográfico, mas sim nós mesmos — afirmou o Pontífice. — Cada um de nós, de vocês, somos discípulos missionários, e somos o campo da fé de Deus.
Grupo de 12 pessoas se revezaria na madrugada em barraca onde só cabem quatro / Foto: Mauro Vieira/Agência RBS
Ao ressaltar a importância da dedicação religiosa, o carismático Papa recorreu ao futebol para fazer uma analogia. Lembrou que no Brasil o esporte é uma paixão nacional e que, por isso, o jogador "sua a camisa" quando é convocado para a Seleção:
— Jesus pede que joguemos no time dele. Quando você sua a camisa como cristão, vivencia algo grandioso. Jesus nos oferece algo maior do que a Copa do Mundo: ele nos oferece a possibilidade de uma vida fértil e feliz. E também um futuro ao seu lado, a vida eterna.
Entre os peregrinos, em meio a barracas e sacos de dormir, os aplausos eram entusiasmados.
— Qualquer sacrifício para viver este momento vale a pena — disse o fiscal agropecuário Antônio Leitão, de Ananindeua (PA), que revezaria com 12 pessoas uma barraca onde só cabem quatro.
Ao lado de Antônio, 53 anos, estavam sua mulher, dois filhos e dois netos — um de 12 e outro de dois anos. Todos voltarão para a terra natal no domingo, após a vigília e a missa, enfrentando três dias dentro de um ônibus. A 20 metros dali, um grupo de 42 pessoas nem sequer tinha barracas — passariam a noite em sacos de dormir ao relento.
— Se chover, não arredaremos o pé da mesma forma, porque a vigília é um momento importante para refletir, para rever nossas vidas de cristãos, para analisar o que temos feito para propagar o reino de Deus — explicou o auxiliar de escrivão Adelvan Sousa, 24 anos, de Bom Jesus, Piauí.
Chamava a atenção no meio da massa a atenção com que 22 italianos, todos portadores da síndrome de down, acompanhavam o discurso do Pontífice sentados na areia. Coordenadora do grupo, Anna Toscani afirmou que o cansaço seria um empecilho para a estadia até às 10h de domingo — mas no mínimo até a 1h todos continuariam lá.
Fonte : Jornal Zero Hora
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