Chegou o boletim, e
agora pais?
Por que
muitos alunos temem o boletim escolar? Para que serve o boletim? Seria para
premiar ou para castigar? Quais são as
posturas dos alunos e educadores, pais e professores, diante do boletim?
A
resposta a essas perguntas depende do
sentido que damos à avaliação. Tanto a
indiferença diante do boletim quanto a supervalorização da nota não fazem
sentido quando queremos educar crianças e adolescentes. Tanto o prêmio como o castigo não mostram à
criança e ao adolescente que estudar é bom, que é necessário e importante,
porque o foco deixa de ser a aprendizagem e passa a ser o prêmio ou o castigo,
fruto de notas boas ou ruins.
Se o foco
for a nota, teremos uma proposta pedagógica centrada fortemente no conteúdo.
Então temos posturas de prêmio ou castigo diante do boletim. Se o foco estiver
na aprendizagem, teremos uma proposta
pedagógica centrada no aluno, no educando. Neste caso, a postura diante do
boletim deve ser diversa, marcada por processos dialógicos e de hetero e
autorregulação.
No
primeiro caso, o aluno é convidado a prestar atenção na aula, estar muito
atento às explicações do professor, fazer exercícios de aprendizagem,
exercícios de fixação e devolver tudo isso numa prova. Neste processo é muito valorizada
a capacidade de memorização, mesmo que sem compreensão, porque tudo deve ser
devolvido na prova da forma como foi trabalhado na classe ou está no
livro.
No
segundo caso, quando o foco está no aluno, os conteúdos também estão presentes,
são construídos noções e conceitos nas diversas áreas do conhecimento, porém, o
aluno é convidado a ser sujeito de suas aprendizagens, desenvolvendo
habilidades, aprendendo a comunicar suas
dificuldades e seus talentos, aprendendo a regular e a desenvolver paulatinamente as capacidades para aprender. Neste caso o
aluno é convidado a se apropriar do planejamento, da execução do planejado e da
avaliação.
No
primeiro caso a postura de utilizar o boletim para premiar ou castigar vão muito bem. No segundo
caso o processo é um pouco mais complexo, porém, muito mais eficiente e eficaz.
Somos da opinião de que toda criança e adolescente
necessitam de um adulto para o qual tenha que “prestar contas”. Prestar contas
não no sentido de pagar dívida e sim, de ter um adulto com o qual possa
dialogar e que o estimule a pensar e a fazer boas escolhas. Neste contexto cabem duas perguntas: como o
boletim pode se tornar uma ferramenta de diálogo e quais são os frutos
esperados desse processo?
Sugerimos aos pais sentar ao lado dos filhos, criando
um clima de mútua confiança, e com eles
ler o boletim – ou qualquer outra forma de indicador de aprendizagem –
analisando os dados, fazendo perguntas,
incentivando-os a falarem sobre os avanços que tiveram, sobre as
dificuldades que permanecem, sobre as
ações e atitudes que terão ou da ajuda
de que necessitam para superar
dificuldades ou para continuar aprendendo sempre mais e melhor.
A
conversa precisa ser seguida de registro escrito, que pode ser feito na agenda
pessoal do aluno. Bom que sejam duas ou três atitudes, comportamentos, ações
bem concretas, facilmente verificáveis pelos atores desse processo. Evitar
propósitos muito genéricos como “estudar mais”, “me empenhar mais nas aulas”,
estudar todos os dias, etc. Procure propósitos
bem objetivos, atendendo aos problemas identificados, como:
fazer todas as tarefas seguindo as orientações dadas pelo professor;
organizar os registros no caderno; cuidar da ortografia; fazer pergunta quando
não consegue resolver um problema; ser mais
persistente na resolução de problemas; exercitar a caligrafia; exercitar o
resumo; exercitar a interpretação de texto; exercitar a escrita e reescrita;
pesquisar em fontes diferentes, perder o medo de fazer pergunta; cooperar com
minha classe evitando falar fora de hora; levar o material solicitado para as
aulas; fazer as entregas no prazo, etc.
FONTE: ENIO BERNARDO SCHMITZ
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