As ligas camponesas nasceram de uma sociedade civil beneficente, voltada a enterrar com dignidade trabalhadores rurais de Pernambuco.
A miséria era – e é – tanto que, até para adquirir um caixão mortuário para enterrar seus mortos, os trabalhadores rurais do Nordeste não possuíam condições. Utilizavam, para tanto, um caixão “de caridade” emprestada pela prefeitura do município até a beira da cova, onde o morto era retirado para que o caixão fosse devolvido para servir outro defunto. Essa era uma extrema humilhação, tendo em vista a forte religiosidade cristã do camponês nordestino, para quem o cerimonial da morte era o momento de sua liberação, o ponto final de seu sofrimento, pois entendia que a vida não lhe pertencia.
Ao referir-se à Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco, como sociedade beneficente de auxílio-mútuo, Josué de Castro assinala que ela foi fundada “para ajudar seus moradores a morrer com descência: com uma vela na mão, com os olhos fitos na chama desta vela, que os ajudaria a orientar seus primeiros passos na escuridão do além, e com a confortadora certeza de que dispunham dos seus sete palmos de terra onde pousar o seu caixão e nele esperar tranquilo o juízo final”. (Ensaio sobre o Nordeste, área explosiva).
Fonte : Melhen Adas e Sergio Adas
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