Lama de minério que percorre o Rio Doce chega ao mar em Linhares
Resíduos de mineração chegaram à foz do Rio Doce, na região de Regência, por volta das 16 horas deste sábado, quando a cor da água começou a ficar mais barrenta
Folha Vitória
Redação Folha Vitória
A lama com rejeitos de mineração, que percorre a calha do Rio Doce, começou a chegar ao mar na tarde deste sábado (21). Segundo informações do Governo do Estado, os resíduos de minério chegaram ao balneário de Regência, em Linhares, no norte do Estado, onde fica a foz do Rio Doce, por volta das 16 horas.
A partir desse horário, a coloração da água mudou na região, ficando com um aspecto mais barrento. O último boletim divulgado pelo Sistema de Alerta de Eventos Críticos (SACE) do Serviço Geológico do Brasil, na noite de sexta-feira (20), indicava que a previsão de chegada da massa de água com maior concentração de minérios a Regência era mesmo na noite deste sábado. A lama começou a chegar a Linhares no início da tarde de sexta-feira (20).
Pela manhã, o juiz da 3ª Vara Civil de Linhares, Thiago Albani, havia determinado que a mineradora Samarco deveria realizar a abertura da foz do Rio Doce para que a lama proveniente do rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais, se dissipasse no mar. A decisão contraria a determinação da Justiça Federal do Espírito Santo, que exigia da mineradora a tomada de medidas para impedir a chegada da lama ao mar.
Em uma tentativa de salvar a vegetação na foz do Rio Doce, a Samarco instalou boias de contenção às margens do rio. No entanto, especialistas afirmam que não há certeza sobre a efetividade dos equipamentos, já que tradicionalmente eles são usados na contenção de vazamentos de óleo.
A Samarco informou que está tomando as providências necessárias para minimizar os impactos causados pela chegada da lama a Regência. Segundo a mineradora, como forma preventiva, o projeto Tamar recolheu os ovos de tartarugas que estavam localizados na praia de Comboios e os levou para uma parte mais alta da costa. Além disso, há equipe monitorando o local, para coletar amostras da água antes e depois da chegada da lama. Essas amostras, segundo a empresa, estão sendo enviadas para análises diariamente.
Ainda de acordo com a Samarco, outra ação preventiva que já vem sendo realizada é a instalação de 9 mil metros de barreiras, em sentido longitudinal, nas duas margens do rio e em algumas ilhas localizadas no estuário. O objetivo das barreiras, segundo a mineradora, é isolar a fauna e a flora que vivem nesse entorno, sem que impeça a chegada da lama ao mar.
A empresa destacou que também faz parte das ações o monitoramento aéreo da área por meio de um equipamento chamado OceanEye. Trata-se de um balão inflado com gás hélio e equipado com câmera, que contém um sensor triplo capaz de produzir imagens de alta resolução em tempo real, dia e noite, com coordenadas georreferenciadas, que geram um mapeamento preciso da região.
A Samarco informou ainda que Regência e Povoação, distritos de Linhares, não são abastecidos pela água do Rio Doce, mas ainda assim recebem, como ação preventiva, o auxílio de caminhão-pipa. A Defesa Civil recomenda, por precaução e em caráter temporário, que a população não tome banho de rio e mar nessas regiões, já que, com a chegada da lama, a cor da água fica mais escura. A Samarco garantiu que a pluma de turbidez não é tóxica.
Abastecimento
O trajeto da lama de rejeitos pelo Rio Doce interrompeu o abastecimento de água em municípios de Minas Gerais e Espírito Santo. A situação mobilizou pessoas de vários pontos do país, que arrecadaram água potável para enviar para a região. Neste domingo (22), durante o jogo entre Fluminense e Avaí, no estádio Kleber Andrade, em Cariacica, haverá mais um esforço de arrecadação.
Os torcedores que doarem dois litros de água mineral nas entradas do estádio terão direito a pagar metade do valor dos ingressos. A campanha está sendo organizada pelo Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Federação de Futebol do Estado do Espírito Santo (FES).
Obrigada.Quero muito discutir com meus alunos essa tragédia, à luz de argumentos mais pertinentes. Os artigos aqui postados estão excelentes, com uma linguagem clara e precisa.
ResponderExcluirEstou muito indignada com tudo que estamos vendo. Sou mineira. Moro no Vale do Jequitinhonha - que por sinal, também está morrendo por causa da ação indiscriminada de mineradoras.