Conflito no leste da Ucrânia deixa 1,5 milhão de pessoas passando fome, alerta ONU
O conflito no leste da Ucrânia já dura dois anos e deixou cerca de 1,5 milhão de pessoas passando fome. Desse contingente, quase 300 mil enfrentam insegurança alimentar considerada severa e precisam de assistência imediata.
Os números são do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA), que alertou na segunda-feira (4) para as restrições ao acesso de organizações humanitárias a determinadas partes do território.
A agência da ONU esperar alcançar cerca de 270 mil de pessoas entre os mais vulneráveis, disponibilizando assistência alimentar mensal durante o primeiro semestre de 2016.
Segundo o PMA, habitantes da região de Luhansk – não controlada pelo governo ucraniano – e de zonas próximas à linha de batalha são os mais afetados pela falta de alimentos. Mais da metade da população tanto em áreas sob controle estatal, quanto em outras sob regimes distintos já enfrentou perda completa ou redução significativa da renda.
Desde novembro de 2014, o PMA entregou serviços emergenciais de alimentação para mais de meio milhão de indivíduos, incluindo 370 mil pessoas que receberam mensalmente pacotes de comida e outras 180 mil que foram assistidas por iniciativas de transferência de renda, em áreas onde mercados continuam a funcionar.
O PMA afirmou que dará continuidade a suas operações humanitárias. “No entanto, nós apelamos a todas as partes do conflito que facilitem o acesso humanitário pleno e desimpedido às pessoas em necessidade por todo o país”, afirmou o representante nacional da agência da ONU, Giancarlo Stopponi.
Mercenários e combatentes estrangeiros na Ucrânia preocupam especialistas em direitos humanos da ONU
Além da insegurança alimentar, a população ucraniana enfrenta também riscos de violações de seus direitos humanos, agravados pela presença em território nacional de combatentes estrangeiros da Rússia, da Sérvia, de Belarus, da França, da Itália e de outros países.
A atividade dessas tropas e também de mercenários levou um Grupo de Trabalho da ONU a visitar a Ucrânia em março. O objetivo da missão era recolher dados sobre possíveis vínculos entre as ações dos soldados e crimes contra a população.
Ao final da viagem, os especialistas expressaram “profunda preocupação” quanto às alegações de que mercenários teriam se aliado aos lados do conflito.
A prática é “claramente” proibida pelo direito internacional e vai contra o Protocolo de Minsk, aprovado entre governo e grupos armados em 2014 para pôr fim às hostilidades em alguns distritos das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Luhansk.
Além desses combatentes, outros soldados estrangeiros, entre eles, voluntários e homens e mulheres pagos, bem como membros de milícias independentes e militares profissionais, estariam envolvidos em violações dos direitos humanos.
Segundo as autoridades ucranianas, ao menos 176 não nacionais foram identificados em entidades armadas de Donetsk e Luhansk.
“Até o momento, combatentes estrangeiros foram acusados de vários crimes, incluindo infrações relacionadas a terrorismo, mas nenhuma acusação foi em relação às violações dos direitos humanos que ocorreram”, lamentou a especialista do Grupo de Trabalho, Patricia Arias, que se encontrou com governantes ucranianos, parlamentares, autoridades judiciais, representantes da sociedade civil e também da região de Donetsk.
A missão solicitou ao governo da Ucrânia que garanta a responsabilização dos culpados pelos crimes e pela violência contra a população.
Desde 2015, a Ucrânia permite a inclusão de estrangeiros e apátridas em suas forças armadas regulares e na Guarda Nacional. A emenda aprovada no Parlamento contempla também voluntários que lutaram nos batalhões durante o conflito. Os especialistas da ONU ressaltaram que violações foram instigadas por todas as partes do conflito e que a justiça deve ser assegurada para as vítimas.
Os integrantes do Grupo de Trabalho afirmaram ainda que há pouca informação consistente sobre formas de pagamento e sobre as motivações por trás das atividades de soldados estrangeiros. A conjuntura dificulta a classificação dos cadetes em mercenários ou não.
Desde 2014, o recrudescimento dos confrontos no leste do país provocou um aumento do influxo de estrangeiros para dentro do território ucraniano, contribuindo para agravar a situação dos direitos humanos. As descobertas do Grupo de Trabalho serão apresentadas ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em setembro desse ano.
Fonte : ONUBR
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