Grã-Bretanha vai construir muro para proteger acessos a Calais
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A medida foi anunciada esta quarta-feira e os trabalhos deverão começar já no fim do mês, ficando completos no fim do ano. Visa resguardar a auto-estrada e impedir migrantes de atacarem e provocarem acidentes com veículos ligeiros para tentar tomar de assalto os caminhões e atrelados que a usam com destino à Grã-Bretanha.
Aos deputados britânicos, o ministro da Imigração, Robert Goodwill, explicou que a segurança vai ser reforçada em Calais, "com equipamento melhor", depois de múltiplos casos de ataques a condutores de caminhões ou a carros de turistas e até de jornalistas.
O muro deverá ter quatro metros de altura e estender-se por um quilômetro ao longo dos dois lados da principal auto-estrada que liga ao porto de Calais. A zona tornou-se a primeira linha de defesa das fronteiras britânicas contra a vaga migratória. Não foi avançada uma estimativa de custos mas alguns relatórios sugerem que possa chegar aos 1.9 milhões de libras, inteiramente pagos pelos contribuintes britânicos através de um pacote de 17 milhões de libras para novas medidas de segurança anti-migração, acordado em março pelos governos da França e da Grã-Bretanha.
Já chamada a "Grande Muralha de Calais", o muro não vem substituir a vedação de metal já existente, construída pela Grã-Bretanha ao abrigo de um acordo franco-britânico assinado em setembro de 2014.
Os ataques das últimas semanas começam precisamente onde acaba a vedação e o muro deverá impedir os migrantes de invadir a estrada, repondo a segurança e a ordem na circulação.
A iniciativa está contudo a ser criticada como uma panaceia que não resolve a situação.
Richard Burnett, presidente executivo da Associação Road Haulage, considera o plano "um mau uso do dinheiro dos contribuintes". Afirma que o financiamento do muro seria "muito melhor empregue no reforço da segurança ao longo das estradas circundantes".
Vikki Woodfine, da empresa de advogados DWF, que trabalha com muitas transportadoras, afirma também que a "muralha" não é a melhor resposta.
"E pouco provável que faça grande diferença a longo prazo - especialmente porque o caminho para Calais já está rodeado de barreiras e de arame farpado", afirmou. "O problema real" é a falta de policiamento, diz.
"Reina o caos na região de Calais mas os transportadores são multados em 4.000 libras (4.757 euros) por migrante encontrado nos seus veículos", acrescentou.
Dieppe e Dunquerque
Em 2014, a vedação tentava impedir que cerca de 2.500 migrantes tivessem acesso ao porto e a entrada do Canal da Mancha e provocou protestos de vários grupos defensores de direitos humanos.
De então para cá a situação alterou-se radicalmente.
A insegurança é tão grave que muitas transportadoras começaram a seguir rotas alternativas e a procurar outros portos para transportarem cargas para a Grã-Bretanha, apesar dos custos acrescidos em tempo, combustível e portagens.
"Evitamos agora seguir até Calais. Pedimos aos motoristas que vão apanhar o barco a Dieppe, para seguir as ligações DFDS sobre o Canal da Mancha até Newhaven. São custos de transporte e de tempo suplementares, os nossos clientes nem sempre percebem, mas é a única solução que encontramos para já", explica, ao jornal La Voix du Nord, Franck Behra, diretor geral de Vecanord, uma sociedade de transportes de Auby, perto de Douai.
"A Inglaterra é um mercado demasiado importante para nós, não podemos deixar de lá ir", acrescenta
Dieppe tem menos ligações do que Calais e já está saturado. O porto de Dunquerque começa também a ser usado como alternativa. Mas em menor escala.
Um protesto esta segunda-feira em Calais juntou centenas de motoristas e de agricultores a milhares de habitantes, lojistas e empresários da região, exigindo a expulsão dos migrantes.
O Governo francês prometeu desmantelar o acampamento dos migrantes até final do ano, mas necessita de autorizações judiciais, de construir em novo centro de acolhimento em Paris e de encontrar milhares de novos lugares em centros de migrantes já existentes no resto do país.
Mesmo essas medidas poderão não bastar. Em fevereiro de 2016 o acampamento junto a Calais foi destruído em grande parte e os seus habitantes transferidos, Meses depois o acampamento - que já funciona como uma pequena cidade sem lei - estava de novo cheio.
Bloqueios, assaltos e acidentes
A "Selva", como é conhecido o acampamento dos migrantes junto a Calais, acolhe já 6.900 pessoas - números do Governo. As ONG's referem 9.000. A maioria dos migrantes são oriundos do Afeganistão, do Sudão e da Etiópia.
O seu objetivo é atravessar o Canal da Mancha e entrar na Grã-Bretanha, que consideram um Eldorado. Desde o início que tentam apanhar boleia nos caminhões de carga, muitas vezes de forma encapotada.
Nos últimos meses, a tática, liderada por grupos organizados, alterou-se. Aos grupos de três e quatro, bloqueiam a estrada com ramos de árvores, forçando os veículos a abrandar e depois atiram objetos pesados aos para-brisas de automóveis ligeiros, forçando-os a desviar-se e provocando muitas vezes acidentes. Durante as filas assim provocadas, os migrantes tentam então subir para os caminhões.
Muitas vezes ameaçam os motoristas com facas e correntes, forçando-os a aceder. Se a carga for de algum modo danificada os camiõnhes têm de regressar aos pontos de origem. E se chegam ao lado britânico com migrantes e estes forem apanhados no caminhão, quem paga as multas - cerca de 4.800 euros por cada migrante - é o condutor do caminhão ou a transportadora.
A tática coloca em risco a vida de todos os envolvidos, já para não falar dos custos em forças de segurança e de vigilância, que andam num corrupio a noite inteira a limpar as barreiras e a socorrer pessoas afetadas nos acidentes.
O artigo dos britânicos
Na semana passada, três das vítimas dos bloqueios e ataques junto a Calais foram jornalistas britânicos, enviados pelo Mail on Sunday para avaliar o que se passa na região e na própria "Selva".
O muro deverá ter quatro metros de altura e estender-se por um quilômetro ao longo dos dois lados da principal auto-estrada que liga ao porto de Calais. A zona tornou-se a primeira linha de defesa das fronteiras britânicas contra a vaga migratória. Não foi avançada uma estimativa de custos mas alguns relatórios sugerem que possa chegar aos 1.9 milhões de libras, inteiramente pagos pelos contribuintes britânicos através de um pacote de 17 milhões de libras para novas medidas de segurança anti-migração, acordado em março pelos governos da França e da Grã-Bretanha.
Já chamada a "Grande Muralha de Calais", o muro não vem substituir a vedação de metal já existente, construída pela Grã-Bretanha ao abrigo de um acordo franco-britânico assinado em setembro de 2014.
Os ataques das últimas semanas começam precisamente onde acaba a vedação e o muro deverá impedir os migrantes de invadir a estrada, repondo a segurança e a ordem na circulação.
A iniciativa está contudo a ser criticada como uma panaceia que não resolve a situação.
Richard Burnett, presidente executivo da Associação Road Haulage, considera o plano "um mau uso do dinheiro dos contribuintes". Afirma que o financiamento do muro seria "muito melhor empregue no reforço da segurança ao longo das estradas circundantes".
Vikki Woodfine, da empresa de advogados DWF, que trabalha com muitas transportadoras, afirma também que a "muralha" não é a melhor resposta.
"E pouco provável que faça grande diferença a longo prazo - especialmente porque o caminho para Calais já está rodeado de barreiras e de arame farpado", afirmou. "O problema real" é a falta de policiamento, diz.
"Reina o caos na região de Calais mas os transportadores são multados em 4.000 libras (4.757 euros) por migrante encontrado nos seus veículos", acrescentou.
Dieppe e Dunquerque
Em 2014, a vedação tentava impedir que cerca de 2.500 migrantes tivessem acesso ao porto e a entrada do Canal da Mancha e provocou protestos de vários grupos defensores de direitos humanos.
De então para cá a situação alterou-se radicalmente.
A insegurança é tão grave que muitas transportadoras começaram a seguir rotas alternativas e a procurar outros portos para transportarem cargas para a Grã-Bretanha, apesar dos custos acrescidos em tempo, combustível e portagens.
"Evitamos agora seguir até Calais. Pedimos aos motoristas que vão apanhar o barco a Dieppe, para seguir as ligações DFDS sobre o Canal da Mancha até Newhaven. São custos de transporte e de tempo suplementares, os nossos clientes nem sempre percebem, mas é a única solução que encontramos para já", explica, ao jornal La Voix du Nord, Franck Behra, diretor geral de Vecanord, uma sociedade de transportes de Auby, perto de Douai.
"A Inglaterra é um mercado demasiado importante para nós, não podemos deixar de lá ir", acrescenta
Dieppe tem menos ligações do que Calais e já está saturado. O porto de Dunquerque começa também a ser usado como alternativa. Mas em menor escala.
Um protesto esta segunda-feira em Calais juntou centenas de motoristas e de agricultores a milhares de habitantes, lojistas e empresários da região, exigindo a expulsão dos migrantes.
O Governo francês prometeu desmantelar o acampamento dos migrantes até final do ano, mas necessita de autorizações judiciais, de construir em novo centro de acolhimento em Paris e de encontrar milhares de novos lugares em centros de migrantes já existentes no resto do país.
Mesmo essas medidas poderão não bastar. Em fevereiro de 2016 o acampamento junto a Calais foi destruído em grande parte e os seus habitantes transferidos, Meses depois o acampamento - que já funciona como uma pequena cidade sem lei - estava de novo cheio.
Bloqueios, assaltos e acidentes
A "Selva", como é conhecido o acampamento dos migrantes junto a Calais, acolhe já 6.900 pessoas - números do Governo. As ONG's referem 9.000. A maioria dos migrantes são oriundos do Afeganistão, do Sudão e da Etiópia.
O seu objetivo é atravessar o Canal da Mancha e entrar na Grã-Bretanha, que consideram um Eldorado. Desde o início que tentam apanhar boleia nos caminhões de carga, muitas vezes de forma encapotada.
Nos últimos meses, a tática, liderada por grupos organizados, alterou-se. Aos grupos de três e quatro, bloqueiam a estrada com ramos de árvores, forçando os veículos a abrandar e depois atiram objetos pesados aos para-brisas de automóveis ligeiros, forçando-os a desviar-se e provocando muitas vezes acidentes. Durante as filas assim provocadas, os migrantes tentam então subir para os caminhões.
Muitas vezes ameaçam os motoristas com facas e correntes, forçando-os a aceder. Se a carga for de algum modo danificada os camiõnhes têm de regressar aos pontos de origem. E se chegam ao lado britânico com migrantes e estes forem apanhados no caminhão, quem paga as multas - cerca de 4.800 euros por cada migrante - é o condutor do caminhão ou a transportadora.
A tática coloca em risco a vida de todos os envolvidos, já para não falar dos custos em forças de segurança e de vigilância, que andam num corrupio a noite inteira a limpar as barreiras e a socorrer pessoas afetadas nos acidentes.
O artigo dos britânicos
Na semana passada, três das vítimas dos bloqueios e ataques junto a Calais foram jornalistas britânicos, enviados pelo Mail on Sunday para avaliar o que se passa na região e na própria "Selva".
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