Macrófitas aquáticas, Parte 2/2 (Final), artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] As macrófitas podem tolerar baixas concentrações de oxigênio por até 1 mês. Podem ser encontradas em uma profundidade de 0,5 a 1,5m.
São as macrófitas enraizadas no sedimento e com folhas flutuando na superfície da água. Seus órgãos reprodutores podem ser flutuantes ou aéreos. Suas folhas são paralelas a superfície da água, e refletem uma competição pelo espaço. Tem formato usualmente esférico ou oval, são flexíveis e apresentam parte hidrofóbica, e não há recortes nas margens.
Geralmente são encontradas em regiões mais protegidas da ação do vento e sofrem pressões mecânicas da superfície aquática, tais como movimento da água e vento.
Massas de tecido lacunoso facilitam a impulsão e os tecidos vasculares conferem resistência a rasgões. Sua rede de nervuras é menos complexa e a superfície de absorção de íons é a epiderme, sendo os estômatos são mais frequentes na epiderme superior. Podem ser encontradas em uma profundidade de 0,5 a 3m.
São plantas herbáceas, que podem ser encontradas em todas as profundidades desde que esteja dentro da zona fótica ou de luz natural.
É narrada grande capacidade de absorção de moléculas presentes em efluentes domésticos ou de criatórios animais, sendo utilizada em grandes ou pequenas estações de tratamento de efluentes e de esgotos em geral.
A forma e anatomia destas plantas variam em função da idade, profundidade, velocidade da corrente, nutrientes disponíveis, intensidade luminosa, temperatura e fotoperíodo, entre outros. Caules, pecíolos e folhas apresentam pouca ou nenhuma lignina. Não há câmbio e nem crescimento secundário.
Órgãos reprodutivos podem ser aéreos, flutuantes ou submersos.
Na coluna d’água, a turbidez diminui a disponibilidade de luz e por isso, para que houvesse um aumento da eficiência fotossintética as plantas desenvolveram estratégias, tais como muitos cloroplastos na epiderme, folhas pouco espessas e cutícula extremamente fina, para facilitar a troca gasosa.
Para aumentar a superfície de contato, as folhas são bem divididas, alongadas, em forma de fita, de filamentos e flexíveis.
Este grupo de macrófitas apresenta as mesmas características que as submersas enraizadas, com a diferença que este grupo de submersas apresentam rizóides pouco desenvolvidos e que permanecem flutuando na coluna d´água, em locais de pouca turbulência. Durante o período reprodutivo emitem flores emersas.
Em muitos reservatórios essas plantas são rotuladas como plantas daninhas, pois devido as condições favoráveis, elas multiplicam-se rapidamente tomando quase toda a lâmina d´água, dificultando a navegação, a pesca, a recreação, e podendo até mesmo entupir a tomada de água de turbinas de usinas hidrelétricas.
Por isso se registra que são muito sensíveis a fenômenos de eutrofização, patrocinando grandes e desordenados crescimentos quando ocorrem grandes ofertas de nutrientes.
Entretanto, essas plantas aquáticas são responsáveis por uma grande produtividade primária, contribuindo para o aumento de nichos, diversidade faunística e, portanto, maior complexidade na dinâmica do ecossistema.
Influenciam o ambiente terrestre de modo a reduzir a turbulência das regiões litorâneas e adjacentes, facilitando a sedimentação do material alóctone ou transportado de fora do local.
Atuam na ciclagem de nutrientes já que utilizam os nutrientes do sedimento para seu desenvolvimento e crescimento, liberando estes por excreção e fornecendo matéria orgânica para a cadeia detritívora através do processo de decomposição.
Destacam-se ainda como local de abrigo e reprodução para diversos animais favorecendo uma maior diversidade local. Contribuem ainda para a produção de nitrogênio assimilável, pois podem ser hospedeiras de associações com algas e bactérias fixadoras de nitrogênio.
A produtividade primária está condicionada a fatores como temperatura, à luminosidade e à disponibilidade de nutrientes. As variáveis ambientais podem influenciar, em conjunto ou isoladamente, nas características fotossintéticas do vegetal.
Se as características ambientais são favoráveis, pode ocorrer um acréscimo da produtividade e um consequente aumento da reprodução. São comuns lagos e rios completamente comprometidos pela eutrofização gerada pela excessiva presença de nutrientes junto a estas plantas.
São muito citadas em bibliografias técnicas que se observa que as macrófita podem remover metais pesados tóxicos como cádmio, chumbo e cromo de biofertilizantes de origem suína.
Um incremento na produção primária e consequentemente um aumento da reprodução sexuada e vegetativa pode ocorrer quando as características ambientais são favoráveis, e algumas espécies de macrófitas podem disseminar excessivamente afetando e prejudicando a utilização dos corpos d’água em barragens de geração elétrica e no abastecimento de recursos hídricos.
Tais condições ótimas de desenvolvimento podem ocorrer devido às ações humanas, principalmente através do lançamento de efluentes orgânicos, como esgoto doméstico sem tratamento, que promovem o aumento da disponibilidade de nutrientes nos ecossistemas aquáticos.
É necessário, portanto, para o controle e manejo adequado de macrófitas aquáticas, o conhecimento das condições ambientais ótimas para o seu crescimento, assim como os aspectos biológicos e autoecológicos das espécies.
Com a proliferação das macrófitas, há um aumento de biomassa que é diretamente proporcional ao déficit de oxigênio, que por sua vez favorece a formação de H2S que por sua vez diminui o pH afetando todo o ecossistema aquático.
Além da melhora que essas plantas oferecem no tratamento de efluentes, como também na sua utilização como fonte nutricional, elas são muito disputadas pelos aquaristas, pois elas proporcionam uma beleza aos aquários, como também de refúgio e alimento para determinadas espécies de peixes.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 09/11/2017
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