Mobilidade Urbana: Paulistanos gastam quase 3 horas diariamente para se deslocar
Pesquisa aponta que ônibus ainda é o principal meio de transporte
ABr
Os moradores da cidade de São Paulo gastam 2h43 por dia para se deslocar para todas as suas atividades, de acordo com a Pesquisa de Mobilidade Urbana na Cidade, feita pelo Ibope Inteligência a pedido da Rede Nossa São Paulo (integrada por mais de 700 organizações da sociedade civil), e divulgada hoje (18). Na pesquisa anterior, de 2017, esse tempo era de 2h53. Os moradores das regiões norte e sul são os que gastam mais tempo, 2h49min e 2h56min, respectivamente. Já aqueles que vivem nas regiões centro e oeste gastam 1h58min e 2h13min, respectivamente. Para a atividade principal, o tempo de deslocamento é de 1h57.
“As pessoas gastam muito tempo no transporte diariamente, o que denota um desperdício de tempo muito grande para que as pessoas possam ter acesso ao que for, seja educação, saúde, trabalho, se encontrar com as pessoas, e isso não é saudável para uma cidade. Temos que reduzir esse tempo”, disse o coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abrahão.
O ônibus continua sendo o principal meio de transporte dos paulistanos, com 43% das menções, seguido pelo carro (24%), metrô (12%) e a pé (7%). Aqueles que afirmaram ter como principal meio de transporte o transporte particular por meio de aplicativos somaram 3%; por trem foram, 2%, e bicicleta, 1%. Ao todo, a porcentagem de paulistanos que usam transporte coletivo é de 59% e os que usam transporte privado é de 30%. Em 2017 eram 25%.
Quando avaliada a frequência com que os paulistanos utilizavam o transporte público, em 2017 eram 84%, passando para 80% em 2018. Já para a utilização do carro, os dados ficaram em 72% para os dois períodos. A pesquisa mostra que entre aqueles que usam o carro todos os dias ou quase todos os dias, 41% diziam que, com certeza, deixariam de utilizar o veículo se as alternativas de transporte público fossem melhores. Em 2017, esse percentual era de 51%.
“Essa questão vai contra todo o movimento que outras cidades do mundo, do mesmo porte de São Paulo, estão fazendo. Essas outras cidades grandes estimulam e avançam no transporte coletivo, aumentam essa proporção, reduzem e desestimulam a utilização do automóvel. Isso é um sinal de alerta importante para verificarmos o que devemos fazer para que retome uma ideia de reduzir o carro e use o coletivo”, disse Abrahão.
Para o grupo de paulistanos que não utilizam o transporte público, os principais motivos são a lotação (37%), a preferência por utilizar o carro (32%) e a demora do trajeto (31%). Em 2017, 31% dos paulistanos diziam que a lotação os fazia não utilizar os ônibus na capital e 24% alegava a demora no trajeto.
Entre os paulistanos que utilizam os ônibus como meio de transporte principal, os principais problemas apontados são também a lotação (25%) e o preço da tarifa (20%). A pesquisa destaca ainda que para 54% dos entrevistados a lotação dos ônibus em São Paulo aumentou em relação aos últimos 12 meses; para 42% aumentou também o tempo de espera pelos ônibus nos pontos ou terminais em São Paulo; e para 39% aumentou tempo de duração da viagem em São Paulo.
“Essas causas podem explicar o desestímulo que está havendo em relação ao transporte coletivo. Tudo isso são importantes ferramentas para que o poder público possa atuar e encaminhar soluções para cada um desses itens, para que possamos melhorar essa qualidade. As pessoas estão demonstrando claramente que houve um retrocesso na qualidade e cada uma está tentando se virar individualmente”, disse o coordenador da Rede Nossa São Paulo.
No caso das bicicletas, a pesquisa mostrou que a segurança é o ponto principal para os que nunca utilizaram esse meio de transporte. Entre aqueles que não utilizam, 30% disseram que a melhoria na segurança poderia mudar isso. Outros 18% disseram que a cidade deveria ter mais ciclovias para que aderissem à bicicleta e 17% disseram que teriam que fazer percursos com distâncias menores para passarem a utilizar a bicicleta na cidade. Também foram destacados os roubos e furtos (37%) e o desrespeito aos ciclistas (29%) como um obstáculo para o uso da bicicleta.
Segundo os dados, 23% dos entrevistados sempre se informam sobre a qualidade do ar e 39% com alguma frequência; 13% se informam sobre a qualidade do ar raramente e 24% nunca se informam sobre a qualidade do ar.
A pesquisa foi realizada entre os dias 15 de agosto e 3 de setembro, com 800 moradores da cidade de São Paulo, com 16 anos ou mais.
Por Por Flávia Albuquerque, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 19/09/2018
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