domingo, 26 de maio de 2019

CRESCE A EXPECTATIVA DE PESSOAS SEM FILHOS NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA.

Cresce a expectativa de pessoas sem filhos (childless) nos EUA, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Cresce a expectativa de pessoas sem filhos (childless) nos EUA
[EcoDebate] A taxa de fecundidade dos Estados Unidos da América (EUA) vem caindo desde o início do século XIX e chegou abaixo do nível de reposição na década de 1970. Entretanto, houve uma recuperação nas décadas seguintes e a taxa de fecundidade total (TFT) ficou em torno de 2 filhos por mulher entre 1990 e 2008. Entre as nações ricas, os EUA eram o país que tinha uma TFT entre as mais altas do mundo desenvolvido.
Mas depois da crise econômica iniciada com a quebra do banco Lehman Brothers em 2008, a TFT caiu para pouco abaixo de 1,9 filhos por mulher. Pelo histórico do país, era de se esperar que houvesse uma elevação da fecundidade com a recuperação econômica e a redução do desemprego. Mas parece que a correlação entre número de filhos e crescimento econômico não segue mais o padrão histórico observado no país. Dados do CDC (Centers for Disease Control and Prevention) mostram que a taxa de fecundidade dos EUA continua caindo mesmo em 2017 e 2018, que foram anos de grande desempenho econômico.
A perspectiva é que a queda da fecundidade seja ainda maior, pois cresce o número de americanos que declaram não querer ter filhos no futuro, conforme indica pesquisa do Instituto PEW, realizada entre julho e agosto de 2018.
Pouco mais de 70% das pessoas com menos de 50 anos e com filhos nos EUA dizem ser improvável que tenham mais filhos no futuro. Entre os adultos sem filhos, na mesma faixa etária, 37% dizem que não esperam jamais formar uma prole. Ou seja, 37% dos jovens adultos dos EUA não pretendem ter filhos e podem engrossar as estatísticas das pessoas sem filhos (childless).
Entre os pais com menos de 50 anos, quatro em dez dizem que provavelmente não terão mais filhos no futuro, porque simplesmente não querem , enquanto 30% apontam para algum outro motivo para não esperar ter mais filhos. Entre os adultos sem filhos com menos de 50 anos, cerca de um quarto (23%) dizem que é improvável que tenham filhos no futuro, porque eles simplesmente não querem, enquanto 14% citam outros motivos para não ter filhos.
Os pais com idades entre 40 e 49 anos são mais prováveis do que os que têm menos de 40 anos para dizer que não esperam ter mais filhos. Cerca de nove em dez pais com idades entre 40 a 49 (91%) dizem que é improvável que tenham mais filhos no futuro, em comparação com 56% dos pais com menos de 40. Três em cada dez adultos sem filhos nesta faixa etária mais jovem dizem é improvável que eles se tornem pais algum dia (há muito poucos adultos sem filhos com idades entre 40 e 49 anos na amostra para analisá-los separadamente). Razões médicas encabeçam a lista dos motivos pelos quais os pais não esperam mais filhos.
O fato é que os EUA parecem estar mais próximos das taxas de fecundidade prevalecentes nas décadas de 1970 e 1980 (em torno de 1,8 filho) do que do período 1990-2010 (em torno de 2 filhos). Mas se os dados da pesquisa PEW se confirmarem a queda da TFT pode ser ainda maior e o padrão de fecundidade dos EUA pode ficar próximo do padrão canadense que tem uma TFT entre 1,5 e 1,6 filho por mulher.
Os EUA são o terceiro país mais populoso do mundo (com 327 milhões de habitantes em 2018) e a projeção média da ONU indica uma população futura de 450 milhões em 2100. Porém, com a menor expectativa de fecundidade, com as restrições à imigração e a estagnação da esperança de vida ao nascer, pode ser que a população americana não ultrapasse os 400 milhões de habitantes no final do atual século.
José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
Referência:
Gretchen Livingston and Juliana Menasce Horowitz. Most parents – and many non-parents – don’t expect to have kids in the future, PEW, 02/12/2018
http://www.pewresearch.org/fact-tank/2018/12/12/most-parents-and-many-non-parents-dont-expect-to-have-kids-in-the-future/
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 24/05/2019

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