Desertificação: ONU pede investimentos na restauração de solos para salvar planeta e estimular economia
ONU News/Daniel Dickinson. Mudança climática e uso pouco sustentável dos solos provocou desertificação nos Camarões
Solos fornecem 99,7% dos alimentos que ingerimos; nesse momento, desertificação já está gerando uma perda entre 10% e 17% do Produto Interno Bruto global.
ONU News
Investir na restauração dos solos ajuda a manter o planeta saudável e pode ser o ponto de partida para resolver alguns dos maiores problemas de nosso tempo, disse o chefe da entidade da ONU que combate a desertificação.
O secretário executivo da Convenção das Nações Unidas para Combater a Desertificação, Ibrahim Thiaw, falou a jornalistas na sexta-feira durante a COP14, a cúpula global sobre o tema que acontece em Nova Deli, na Índia.
Investimento
Thiaw disse que se deve “investir na restauração dos solos como forma de melhorar os meios de subsistência, reduzindo as vulnerabilidades que contribuem para as mudanças climáticas e os riscos para a economia.”
Na COP14, que acontece até 13 de setembro, participam ministros, cientistas, representantes do governo, organizações não-governamentais e vários grupos comunitários de 196 países. O objetivo é chegar a acordo sobre novas ações para aumentar a fertilidade da terra.
Recurso
O representante disse que “a terra fornece 99,7% dos alimentos que ingerimos”, mas que “também fornece a água que bebemos.” Segundo ele, “o precioso recurso está em sério risco.
No ano passado, 25 países pediram medidas de emergência após uma seca generalizada. Em média, 70 países são afetados por secas todos os anos. Muitas vezes, as comunidades mais pobres são as que mais sofrem, lidando com o esgotamento de recursos e ficando dependentes de ajuda humanitária.
Ibrahim Thiaw disse que a degradação dos solos também “tem conexões com paz e segurança”, porque força as comunidades a competir pelo acesso à terra e à água e, em alguns casos, entrando em conflito.
Prejuízos
À medida que o fenômeno da desertificação se intensifica, existirão mais migrações forçadas, pressões crescentes sob os solos férteis e, ao mesmo tempo, mais insegurança alimentar e encargos financeiros.
Nesse momento, segundo o representante, a desertificação já está gerando uma perda entre 10% e 17% do Produto Interno Bruto, PIB, global.
Este problema, quando ligado à perda de biodiversidade, deu origem a mudanças ambientais que podem forçar até 700 milhões de pessoas a migrar até 2050.
Encontro
Até 13 de setembro, os países presentes na COP14 devem chegar a acordo sobre cerca de 30 decisões para garantir que os objetivos da Convenção 2018-2030 sejam alcançados. O compromisso mais abrangente é alcançar a neutralidade da degradação de terras.
Os Estados-membros devem adotar uma declaração para ser apresentada na próxima Cúpula de Ação Climática da ONU, que acontece a 23 de setembro em Nova Iorque. O documento deve destacar a restauração dos solos como parte da solução no combate à mudança climática.
Da ONU News, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 09/09/2019
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