América do Sul se consolida como epicentro da pandemia, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] Depois da China que foi o primeiro epicentro da pandemia, a partir de janeiro de 2020, o surto avançou para a Coreia do Sul, Irã e Japão. Na primeira quinzena de março, o epicentro se deslocou para a Europa com destaque para a Itália, Espanha, França e Alemanha. Na segunda quinzena de março os destaques foram os Estados Unidos (EUA) e o Reino Unido. No mês de abril o coronavírus se propagou rapidamente na Europa e na América do Norte e, praticamente, ocupou todas as áreas habitadas do planeta, chegando a mais de 210 países e territórios.
Assim, o coronavírus se espalhou pelo mundo e se avolumou internamente nos países e nos continentes. Mas no mês de maio, especialmente, na segunda quinzena, o eixo da pandemia se deslocou para a América do Sul. A tabela abaixo mostra que, no dia 09/06, a América do Sul (com 5,5% da população mundial), registrou 1,2 milhão de casos acumulados, representando 16,6% do total mundial e registrou 52,7 mil óbitos, representando 12,8% do total mundial.
O destaque (negativo) da América do Sul é o Brasil, que tem 2,7% da população mundial, mas responde por 10,1% dos casos e 9,3% das mortes. Em seguida vem o Peru com mais de 200 mil casos e 5,7 mil mortes. O Chile com 143 mil casos e 2,3 mil mortes e o Equador com 44 mil casos e 3,7 mil mortes. Os dois países com menor impacto são Paraguai com 1,2 mil casos e somente 11 óbitos e Uruguai com 846 casos e 23 mortos. O Chile tem o maior coeficiente de incidência, 7,5 mil casos por milhão de habitantes, seguido por Peru e Brasil. O Equador tem o maior coeficiente de mortalidade, 210 mortes por milhão de habitantes, seguido de Brasil e Peru. O Equador tem também a maior taxa de letalidade, seguido pelo Brasil.
O gráfico abaixo mostra os 10 maiores países da América do Sul e indica que Brasil, Peru e Chile estão na frente em número de casos e com curvas mais verticais, o Equador conseguiu horizontalizar a curva (mesmo depois de ter números preocupantes) e o Paraguai e o Uruguai conseguiram impedir a propagação do vírus.
O gráfico abaixo mostra os 10 maiores países da América do Sul e indica que Brasil, Peru e Equador estão na frente em número de mortes e o destaque positivo é o Paraguai que conseguiu estabilizar a curva com níveis baixíssimos de morte.
Assim, não resta dúvida de que a América do Sul virou o novo epicentro da pandemia global, pois é o continente que mais contribui com novos casos e novos óbitos, proporcionalmente ao tamanho demográfico. Mas, dentro da América do Sul, o destaque negativo é o Brasil. E o destaque positivo é o Paraguai.
Quanto maior for a dimensão da pandemia do novo coronavírus na América do Sul, maiores serão os impactos negativos da pandemia, pois como mostrou a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) a crise sanitária pegou o continente em um momento de debilidade macroeconômica, baixo crescimento e aumento da pobreza e do desemprego. Tanto a Cepal, quanto o Fundo Monetário Internacional estimam uma recessão com queda do PIB de mais de 5% no ano.
Indubitavelmente, as dificuldades econômicas serão maiores para os países que perderem a batalha para o novo coronavírus. Assim, os 6 países que se destacam na expansão da pandemia no continente serão os países que mais sofrerão com a recessão econômica. Já o Paraguai e o Uruguai, que conseguiram evitar a explosão do contágio comunitário do vírus, poderão retomar mais cedo e com mais força as atividades de produção e consumo de bens e serviços. O Brasil que está flexibilizando a quarentena antes de chegar ao pico, poderá ter uma segunda onda, prolongando o sofrimento do povo brasileiro.
José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
Referências:
ALVES, JED. A pandemia de Coronavírus e o pandemônio na economia internacional, Ecodebate, 09/03/2020
ALVES, JED. Presidente quinta-coluna não combate a pandemia e instala o Necroceno no Brasil, Ecodebate, 08/06/2020
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/06/2020
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