Levantamento identifica mais de 298 mil pessoas vivendo em áreas de risco de 17 estados
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) encerrou o primeiro semestre de 2020 com um balanço positivo em relação à publicação de cartas de risco geológico, que identificam as áreas com potencial ou histórico de ocorrência de desastres, a exemplo de deslizamentos de terra, inundações, enxurradas, processos erosivos e queda de rochas. Nos primeiros seis meses, foram publicados os mapeamentos de 45 cidades de 17 estados, onde foram identificadas cerca de 298.185 pessoas vivendo em áreas de risco. Ao todo, de 2012 até este ano, a CPRM já mapeou 1.605 municípios.
Trabalho da CPRM já beneficiou mais de 1600 município desde 2012. Foto: Arquivo CPRM
Os trabalhos publicados no primeiro semestre têm 1.133 setores de risco nos quais estão incluídas aproximadamente 74.791 moradias. Coordenador-executivo da Setorização de Risco Geológico da CPRM, o geólogo Julio Cesar Lana explica que as cartas são documentos cartográficos que constituem uma importante ferramenta para auxiliar os órgãos públicos na adoção de medidas de prevenção de desastres. Todas as informações sobre o trabalho são públicas e estão disponíveis no site da CPRM, bem como são enviadas aos gestores municipais e estaduais das áreas estudadas. Além disso, todos os dados também ser consultados por qualquer cidadão no mapa on-line onde é possível visualizar as áreas com riscos em todo o Brasil.
“O mapeamento das áreas de risco geológico é feito em campo juntamente com a Defesa Civil municipal. Durante o mapeamento, são percorridas as porções urbanizadas da cidade com foco na identificação de áreas que possam desenvolver ou serem atingidas por eventos adversos de natureza geológica, com potencial de causar perdas ou danos diretos à comunidade. Após o término da etapa de campo, os trabalhos seguem em escritório com a elaboração dos mapas, relatório, arquivos vetoriais em SIG e são posteriormente publicados no site da CPRM. Os municípios recebem, então, um comunicado da publicação para que possam utilizar o trabalho nas diversas atividades de prevenção de desastres e gerenciamento urbano”, explica Julio Lana.
Mapeamento de riscos é realizado in loco e conta com o apoio de equipes municipais de Defesa Civil. Foto: Arquivo CPRM
Os mapeamentos publicados em 2020 contemplaram municípios dos estados Ceará, Pará, Paraíba, Paraná, Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rondônia, Sergipe, São Paulo, Piauí, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Pernambuco. “Em 2012, a CPRM recebeu do Governo Federal a missão de realizar em quatro anos o mapeamento de áreas de risco em 821 municípios indicados como prioritários. Após essa meta ter sido atingida, a CPRM continuou os trabalhos e atingiu até o momento a marca de 1605 municípios mapeados no Brasil. Alguns estados já são 100% mapeados, a exemplo do Espírito Santo, Amazonas, Acre, Santa Catarina e Rondônia”, acrescentou o coordenador.
De acordo com os números relacionados à setorização de risco, mais de 3,9 milhões de pessoas vivem em risco entre os municípios mapeados, em mais de 954 mil moradias. Os estudos da CPRM apontam um total de 14.443 setores de risco e 194 municípios sem risco identificado. Em relação a estes dados, o geólogo Julio Lana faz uma avaliação do tipo de risco mais comum classificado entre as áreas setorizadas.
“Considerando os municípios mapeados pela CPRM até o momento, aproximadamente 49% das áreas de risco estão relacionadas a deslizamentos e 34% a enchentes e inundações. Dessa forma, cerca de 83% das áreas de risco mapeadas até o momento estão relacionadas a deslizamentos ou inundações, o que comprova a grande relação desses processos com as áreas de risco no Brasil”, esclareceu o coordenador.
Mapeamento de riscos analisa áreas propensas à ocorrência de desastres, como deslizamentos, inundações e enxurradas. Foto: Arquivo CPRM
Na região Norte, especialmente no domínio da bacia amazônica, cerca de 43% das áreas de risco mapeadas estão relacionadas a inundação. Além disso, nessa região ocorre um processo de desestabilização da margem de grandes rios, conhecido como Terras Caídas, que é exclusivo dessa porção do país.
Nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, predominam as áreas de risco associadas a deslizamentos e inundações. Nos municípios litorâneos também é comum a ocorrência de áreas de risco relacionadas a processos de erosão costeira/marinha. Já na região Centro Oeste, predominam as inundações e os processos erosivos do tipo ravina e voçoroca.
Fonte: Serviço Geológico do Brasil (CPRM)
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/07/2020
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