Produtos Inovadores Sustentáveis
Artigo de José Austerliano Rodrigues
[EcoDebate] A introdução de novos produtos vem acelerando, e nos setores de varejo, bens de consumo eletrônico e automóveis, entre outros, o tempo para colocar um produto no mercado foi reduzido (HAMM, 2006; KOTLER; KELLER, 2018).
Em uma economia em rápida transformação, a inovação contínua é uma questão de necessidade. Empresas que deixam de desenvolver novos produtos ficam vulneráveis à variação das necessidades e preferências dos consumidores, aos ciclos de vida de produto mais curtos, a uma concorrência nacional e estrangeira e especialmente às novas tecnologia. Google, Dropbox e Box atualizaram seus softwares diariamente (BASS, 2013; KOTLER; KELLER, 2018).
Empresas altamente inovadoras são capazes de identificar e rapidamente agarrar novas oportunidades de mercado. Ao criar um atitude positiva em relação à inovação e à exposição ao risco, transformam o processo de inovação em algo rotineiro, praticam o trabalho em equipe e permitem que seu pessoal experimente e até falhe (KOTLER; KELLER, 2018).
Para o CEO da IDEO, Tim Brown (2009), inovação significa “criar novas opções”, às quais a concorrência não tenha acesso (BROWN, 2009; KOTLER; KELLER, 2018).
As empresas proativas estão inventando novas tecnologias verdes, novos modelos de negócios e novos designs verdes que têm chamado a atenção da mídia, atraindo novos consumidores e estabelecendo uma vantagem competitiva (OTTMAN, 2012).
Contudo, a inovação pela sustentabilidade traz consigo oportunidades interessantes para que as empresas sustentáveis aumentem as vendas e até desenvolver e transformar seus modelos de negócios, para competir melhor dentro das regras de um futuro mais sustentável. Desta forma, é inquestionável que isso representa uma oportunidade para os profissionais de marketing sustentável liderarem as ações (OTTMAN, 2012).
Rodrigues (2010), a tecnologia de informação enraizada na filosofia da inovação com o objetivo de melhorar soluções existentes e buscar novas formas de resolver problemas e/ou necessidades. É difícil verificar como a tecnologia pode ser inovada e usada de forma que venha contribuir para a agenda de sustentabilidade. Se focar unicamente no aspecto tecnológico pode levar a ineficiente e ineficaz utilização de recursos investidos para a adoção e avanço tecnológico. A literatura é rica de registros de inúmeros projetos de tecnologia de informação fracassados, principalmente nos países em desenvolvimento.
A tecnológica do Paradigma Social Dominante leva a crença de que o progresso tecnológico resolverá quaisquer dos problemas ambientais existentes e futuros. Esta suposição é denominada de forma técnica – ‘techno-fit’, vista como uma panaceia para todos os males ecológicos (NASH; LEWIS, 2006). Contudo, a dimensão de tecnologia de informação do modelo de sustentabilidade sugere que ela pode ser usada para comunicar e ensinar a agenda de sustentabilidade como um todo aos stakeholders e criar e co-criar novas alternativas ou soluções que sejam economicamente viáveis, reduzindo o impacto das atividades de consumo sobre a degradação ambiental (RODRIGUES, 2017; RODRIGUES, RODRIGUES FILHO, 2018).
Todavia, as tecnologias de informação e Comunicação (TICs) estão presentes em todos os campos da atividade humana, fazendo com que as palavras TI/TIC verde, eco-TI, computação verde, Software verde, Sistemas de Informação ou SI verde sejam usadas por muita gente, devendo merecer uma grande preocupação não apenas em termos dos produtores de hardware e software, mas também dos usuários (RODRIGUES; RODRIGUES FILHO, 2018).
A relação entre estas tecnologias e o meio-ambiente é uma área relativamente nova, sendo o debate sobre a efetividade da computação verde e da TI sustentável uma questão aberta.
Assim sendo, tanto a TI como os sistemas de informação (SI) podem ter impactos tanto negativos quanto positivos sobre o meio-ambiente. Os impactos ambientais negativos imediatos surgem da produção, utilização e descarte dos produtos de TI, enquanto os efeitos positivos podem surgir por conta de que os produtos e serviços de TI substituem outros produtos (RODRIGUES, 2017; RODRIGUES; RODRIGUES FILHO, 2018).
Os altos níveis crescentes do consumo de eletricidade na manufatura e operação dos produtos das TICs levam a um aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2), visto que, internacionalmente, energia é predominantemente gerada pelo carbono emitido pela combustão de carvão (GARTNER, 2007; GREENPEACE, 2005). Portanto, a ubiquidade das TICs leva ao aumento do consumo de energia e emissões de CO2, com consideráveis efeitos negativos em termos de desperdício eletrônico (e-waste). Observa-se, assim, que a relação entre as TICs e o meio ambiente é complexo.
José Austerliano Rodrigues. Especialista Sênior em Sustentabilidade de Marketing e Doutor em Marketing Sustentável pela UFRJ, com ênfase em Sustentabilidade e Marketing, com interesse em pesquisa em Marketing Sustentável, Sustentabilidade de Marketing, Responsabilidade Social e Comportamento do Consumidor. E-mail: austerlianorodrigues@bol.com.br.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/10/2020
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