A covid-19 bate todos os recordes globais em novembro
Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
[EcoDebate] Em vez de retroceder a pandemia avança no mundo. Os primeiros casos da covid-19 foram identificados na China em dezembro de 2019. Mas a doença só foi definida como uma epidemia na China em janeiro de 2020 e só foi reconhecida como uma pandemia global no dia 11 de março pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Da China, a pandemia se espalhou para outros países do Leste Asiático, atingiu fortemente o Irã e depois chegou à Europa e aos Estados Unidos (EUA). A pandemia chegou forte na América Latina entre maio e julho. Em diferentes ondas, o surto pandêmico avançou em fluxos e refluxos pelas diferentes regiões do mundo, mas os recordes de casos e de mortes aconteceram nas duas semanas de novembro. No dia 15/11, o mundo registrou mais de 54 milhões de casos e 1,32 milhão de mortes, no montante acumulado.
O número global de pessoas infectadas foi de 772 mil casos em março, pulou para 4,3 milhões em junho, 8,6 milhões em setembro, 12 milhões em outubro e deve ultrapassar 15 milhões em novembro. O número global de vidas perdidas para a covid-19 foi de 42 mil em março, bateu o recorde de 193 mil em abril, reduziu o ritmo nos meses seguintes, mas ficou em 172 mil no mês de outubro. Tudo indica que novembro de 2020 terá um novo pico de mortalidade com mais de 200 mil vítimas fatais em um único mês.
O gráfico abaixo, da OMS, mostra o número de casos por semana epidemiológica ao longo do ano de 2020, com destaque para as grandes regiões. O que mais chama a atenção no gráfico é o crescimento continuado e sustentado do número de casos semanais ao longo de 2020. Na semana de 03 a 09 de fevereiro ocorrem 23 mil casos no mundo. Na semana de 13 a 19 de abril foram 540,9 mil casos. Na semana passada, de 09 a 15 de novembro foram cerca de 4 milhões de casos. Portanto, o número de casos semanais cresceu de forma expressiva e ainda não há sinais de interrupção.
Dos 4 milhões de casos da semana de 09 a 15/11, um montante de 1,84 milhão ocorreram na Europa, o número de 1,45 milhão nas Américas, cerca de 374 mil no Sudeste da Ásia, 238 mil no Mediterrâneo Oriental, 41 mil na África e 33 mil no Pacífico Ocidental.
O gráfico seguinte, também da OMS, mostra o número de óbitos por semana epidemiológica ao longo do ano de 2020. Na semana de 03 a 09 de fevereiro ocorrem 508 mortes no mundo e o pico foi atingido na semana de 13 a 19 de abril com 51 mil óbitos na semana. Nas semanas seguintes houve oscilação, mas sempre com montantes menores do que o pico de abril. Contudo, na semana de 02 a 08 de novembro houve 53,9 mil mortes superando o pico de abril. E o pior, a subida não parou ai e na semana de 09 a 15 de novembro houve o recorde de 60 mil óbitos em 7 dias, representando mais de 8,5 mil mortes por dia (o que dá 6 mortes por minuto no mundo).
Dos 60 mil óbitos da semana de 09 a 15/11, a metade, um montante de 29 mil, ocorreu na Europa, um número de 19 mil óbitos nas Américas, cerca de 4,5 mil no Sudeste da Ásia, 5,8 mil no Mediterrâneo Oriental, 836 na África e 438 no Pacífico Ocidental.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou para a chegada do inverno no Hemisfério Norte e sua relação com o aumento do surto de infecções na Europa e na América do Norte. Alguns países estão na 2ª onda e outros na 3ª onda. Diversos países da Europa e da América do Norte estão tomando medidas de isolamento social e quarentena contra o novo ressurgimento da covid-19. Provavelmente, medidas serão tomadas para evitar aglomerações no natal e no réveillon.
Segundo dados do Ministério da Saúde, na semana que passou, de 08 a 14 de novembro, houve um aumento significativo do número de casos e de mortes no Brasil, revertendo a tendência de queda que vinha ocorrendo desde o início de agosto.
Parece que a segunda onda da covid-19 no país vai começar para valer depois da “primeira onda” (primeiro turno) das eleições de 2020.
As autoridades públicas precisam olhar para o que acontece na Europa e na América do Norte para tomar medidas preventivas no sentido de evitar uma nova grande onda de mortandade no território brasileiro.
José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382
Referências:
ALVES, JED. A pandemia de Coronavírus e o pandemônio na economia internacional, Ecodebate, 09/03/2020
ALVES, JED. A América Latina responde por mais de 40% das mortes da covid-19 há mais de 2 meses, Ecodebate, 24/08/2020 https://www.ecodebate.com.br/2020/08/24/a-america-latina-responde-por-mais-de-40-das-mortes-da-covid-19-ha-mais-de-2-meses/
ALVES, JED. A Argentina ultrapassa o Chile e ocupa o 10º lugar no ranking global dos casos da covid-19, Ecodebate, 31/08/2020 https://www.ecodebate.com.br/2020/08/31/a-argentina-ultrapassa-o-chile-e-ocupa-o-10-lugar-no-ranking-global-dos-casos-da-covid-19/
ALVES, JED. A Índia é o novo epicentro da pandemia global, Ecodebate, 14/09/2020
https://www.ecodebate.com.br/2020/09/14/covid-19-a-india-e-o-novo-epicentro-da-pandemia-global/
ALVES, JED. A pandemia bate recorde nos EUA e Trump perde as eleições, Ecodebate, 09/11/2020 https://www.ecodebate.com.br/2020/11/09/a-pandemia-bate-recorde-nos-eua-e-trump-perde-as-eleicoes/
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 16/11/2020
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