A biodiversidade do solo é a base da vida humana
Ao cuidarmos de nossas rotinas diárias, muitas vezes não temos consciência que abaixo de nossos pés repousa uma notável comunidade de diversas plantas, animais e micróbios que compõem nossos solos.
Os solos são mais do que apenas “sujeira” – eles são um grande reservatório da biodiversidade global, apoiando a agricultura e a segurança alimentar, regulando as emissões de gases de efeito estufa e promovendo a saúde vegetal, animal e humana. Sem eles nosso mundo não seria o mesmo.
Por muito tempo, presumimos que os solos estariam garantidos. Vamos manter o solo vivo e proteger sua biodiversidade! Aqui estão algumas razões do porquê precisamos agir:
- Os solos são uma reserva de biodiversidade
Os solos abrigam comunidades subterrâneas. Existem mais organismos vivos em uma colher de sopa de solo do que pessoas na Terra! Um solo saudável e biodiverso inclui vertebrados, invertebrados, vírus, bactérias, fungos, líquenes e plantas que fornecem uma infinidade de funções e serviços ecossistêmicos que beneficiam tudo e todos. Na verdade, os solos abrigam mais de 25% da biodiversidade do nosso planeta! Essa comunidade diversa de organismos vivos dentro deles faz com que permaneçam saudáveis e férteis. Todo o mundo de criaturas no solo alimenta e protege as plantas e, em troca, nutrem o solo.
- A biodiversidade do solo é essencial para nossos alimentos
Os solos são essenciais para nossos sistemas alimentares. De fato, estima-se que 95% dos nossos alimentos sejam, direta ou indiretamente, produzidos em nossos solos!
Solos saudáveis e com biodiversidade nos permitem cultivar uma variedade de vegetais e plantas necessários para uma boa nutrição humana. Os organismos no solo tornam os nutrientes disponíveis para as plantas. A nutrição depende da disponibilidade e do equilíbrio dos nutrientes nas partes comestíveis das plantas, o que depende da presença destes no solo. Portanto, quanto mais biodiverso é o solo, mais nutritivo é o nosso alimento.
- A biodiversidade do solo é necessária para nossa saúde.
A biodiversidade do solo é uma fonte importante de recursos químicos e genéticos necessários para o desenvolvimento de medicamentos. Os microrganismos do solo são usados para produzir antibióticos. A penicilina, por exemplo, um dos antibióticos mais usados no mundo, vem originalmente de um pequeno fungo que vive no solo. Pesquisas em solos saudáveis podem ajudar não apenas a entender o papel de microrganismos nos ecossistemas, mas também podem ser usadas para melhorar a segurança alimentar e para manter pragas e doenças sob controle. Estudos mostram que a exposição de crianças a microrganismos em solos saudáveis pode melhorar a resistência a doenças e prevenir problemas de saúde como alergias, asma, doenças autoimunes e depressão.
- A biodiversidade do solo nos ajuda a respirar e a lutar contra as mudanças climáticas.
Os organismos do solo têm a capacidade de decompor ou limpar certos tipos de poluição. Por exemplo, eles podem decompor alguns poluentes orgânicos e convertê-los em substâncias não tóxicas.
E não é só isso, os solos são uma parte essencial do ciclo do carbono. Solos saudáveis fornecem o maior estoque de carbono na terra. Eles podem ajudar a regular a qualidade do ar e a emissão de gases de efeito estufa através do sequestro de carbono, que limpa o ar para respiramos.
- Precisamos manter os solos saudáveis e sua diversidade.
A biodiversidade do solo está em perigo. Algumas práticas de cultivo não sustentáveis, incluindo o mau uso de agrotóxicos nas lavouras, os efeitos das mudanças climáticas e a poluição do solo, são algumas das coisas que podem provocar consequências adversas na saúde e na biodiversidade dos solos.
Mudanças no uso da terra, práticas insustentáveis de manejo do solo, impermeabilização do solo, poluição e aumento da frequência de incêndios podem danificar irremediavelmente a biodiversidade do solo e suas funções. Alguns ecossistemas podem nunca se recuperar. Precisamos nos concentrar na preservação de nossos solos antes que cheguem a este estágio.
- Podemos ajudar na proteção da biodiversidade do solo.
O manejo sustentável do solo, adaptado ao tipo de solo e seu uso, é parte integrante da proteção da biodiversidade do solo.
Algumas dessas práticas são simples, por exemplo, evitar a retirada de vegetação da cobertura do solo, manter a diversidade de culturas, evitar monoculturas, compostar e usar abrigos naturais, como sebes, para ajudar a prevenir os efeitos erosivos do vento e da água em grandes campos.
Outras práticas são mais complexas. A rotação de culturas ou a agrofloresta, por exemplo, podem atenuar as mudanças climáticas através da redução e armazenamento de carbono na biomassa das plantas e dos solos.
Todos nós podemos desempenhar um papel e proteger a biodiversidade do solo, aumentar a conscientização e defender a educação da biodiversidade do solo, gerenciar os recursos de maneira sustentável, apoiar a biodiversidade do solo e a pesquisa de sustentabilidade, investir em inovação e recusar, reduzir, reutilizar e reciclar materiais antes de enviá-los para um aterro.
Através da Parceria Global Solos (Global Soil Partnership), a FAO está aumentando a conscientização através de um concurso de fotos e vídeos que destaca o Dia mundial do Solo (5 de dezembro) nesse ano, com o tema: “Mantenha o solo vivo, proteja sua biodiversidade”. Em novembro de 2020, a FAO lançará um novo relatório global sobre o estado do conhecimento da biodiversidade do solo, suas ameaças e soluções.
Dependemos muito dos solos para tudo o que fazemos. Eles são a base para alimentos, rações, combustível e estão no cerne de muitos ecossistemas. O combate à perda da biodiversidade do solo é fundamental para a segurança alimentar global e para o cumprimento de mais da metade dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Os solos são um recurso natural muito valioso – mas devemos lembrar que eles também são finitos. Isso significa que quando o solo se degrada, não é recuperável dentro de uma vida humana. Sustentabilidade é a chave. Vamos começar a fazer da saúde do solo e da biodiversidade uma prioridade.
*Traduzido do Inglês por Eliane Resende sob supervisão de Valter Bianchini e Aline Czezacki
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 15/12/2020
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