Fac-símile do “Mapa Hidrogeoquímico do Aquífero Guarani – Região de Ribeirão Preto (SP)”.
Para que serve uma carta hidrogeológica, artigo de Heraldo Campos
De um modo geral, pode-se dizer que a finalidade de uma carta hidrogeológica é estabelecer distinções entre os diferentes terrenos e regiões segundo suas características hidrológicas, em associação com a geologia.
Além disso, deve conter informações que permitem uma melhor compreensão sobre a ocorrência, o movimento, a quantidade e a qualidade das águas subterrâneas.
Nesse sentido, os mapas ou cartas hidrogeológicas, por grandeza de escalas, podem ser agrupados em “Mapas Hidrogeológicos Sistemáticos Generalizados” e “Mapas Hidrogeológicos Derivados para Diversos Propósitos” [1].
Os “Mapas Hidrogeológicos Sistemáticos Generalizados” são aqueles realizados por instituições centralizadas no governo, como departamento geológico e hidrogeológico. Baseiam-se num programa contínuo de coleta, avaliação e interpretação de dados, geralmente cobrindo grandes áreas, como foi o caso do projeto e a confecção do “Mapa Hidrogeológico do Brasil” [2].
Por outro lado, os “Mapas Hidrogeológicos Derivados Para Diversos Propósitos”, normalmente são orientados para solucionar problemas e servir um grupo bem definido. Os mesmos diferem dos mapas generalizados, por seu alto grau de interpretação e, particularmente, por sua legenda e apresentação adaptadas aos usuários. Como exemplo desse tipo de mapa, pode-se citar o “Mapa Hidrogeoquímico do Aquífero Guarani – Região de Ribeirão Preto (SP)” [3].
A área de interesse e a escala são elementos essenciais para a concepção de uma carta hidrogeológica, compatibilizando sua área física (pequena) com sua representação adequada de escala (grande). No ambiente acadêmico, a proposta de uma “cartografia hidrogeológica” [4] para determinadas áreas de estudo, pode ser considerada como uma ferramenta auxiliar na caracterização de áreas degradadas e uma linha de pesquisa durante o desenvolvimento de dissertações e de teses de doutorado.
Acrescenta-se, ainda, que uma proposta dessa natureza, se aplicada junto à administração pública, como nas prefeituras, pode gerar informações para um plano diretor municipal e, consequentemente, colaborar na gestão do suprimento de água para a população envolvida em seu território.
Pelo exposto, fica aqui a pergunta lançada pelo portal “Repórter Brasil”, com algumas informações relacionadas à água de consumo doméstico, com um mapa ilustrativo do problema e da distribuição em área da contaminação, para conhecimento das pessoas: “O que sai da sua torneira? A água tratada pode carregar agrotóxicos e outras substâncias químicas e radioativas que são perigosas para a saúde quando acima dos limites fixados pelo Ministério da Saúde. O mapa revela onde ocorreu esse tipo de contaminação. As informações são de testes feitos pelas empresas de abastecimento que foram enviados ao Sisagua, banco de dados do Ministério da Saúde. Consulte seu município.” [5]
“Traga-me um copo d’água, tenho sede / E essa sede pode me matar / Minha garganta pede um pouco d’água / E os meus olhos pedem o teu olhar / A planta pede chuva quando quer brotar / O céu logo escurece quando vai chover / Meu coração só pede o teu amor / Se não me deres posso até morrer.” (trecho da letra da música “Tenho Sede” de Gilberto Gil).
Fontes
[1] Mente, A. 1997. Cartografia hidrogeológica – classificação e utilização de mapas hidrogeológicos. Hidrogeologia – Conceitos e Aplicações. Fortaleza, 1997. CPRM, cap. 8, p. 175-182.
[2] Mente, A.; Pessoa, M. D.; Leal, O. 1983. Mapa hidrogeológico do Brasil, escala 1:5.000.000. Rio de Janeiro, CPRM/DNPM.
[3] Campos, H. C. N. S.; Guanabara, R. C. ; Wendland, E. Mapa Hidrogeoquímico do Aquífero Guarani – Região de Ribeirão Preto: Resultados Preliminares. In: XVI Congresso Brasileiro de Águas Subetrrâneas, 2010, São Luis (MA). XVI Congresso Brasileiro de Águas Subetrrâneas da ABAS, 2010. v. 1. p. 1-1.
[4] Michaelsen, B. L.; Schultze, J. P. S.; Campos, H. C. N. S. Cartografia hidrogeológica: uma ferramenta auxiliar na caracterização de áreas degradadas. In: X Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, 1998, São Paulo. Anais…ABAS (Publicado em CD ROM), 1998.
[5] “Mapa da água: como garantir uma água limpa para beber?”
https://mapadaagua.reporterbrasil.org.br/
* Heraldo Campos é geólogo (Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP, 1976), mestre em Geologia Geral e de Aplicação e doutor em Ciências (Instituto de Geociências da USP, 1987 e 1993) e pós-doutor em hidrogeologia (Universidad Politécnica de Cataluña e Escola de Engenharia de São Carlos da USP, 2000 e 2010).
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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