Assessor da ONU sobre genocídio alerta para situação no Iêmen; 7 milhões estão à beira da fome
Representantes das Nações Unidas expressaram preocupação com as contínuas alegações de graves abusos contra os direitos humanos no Iêmen. Os relatórios revelam mortes em massa de civis – incluindo crianças –, cometidas por todas as partes em conflito. A ONU pediu um mecanismo de investigação dos crimes cometidos.
Representantes das Nações Unidas expressaram preocupação com as contínuas alegações de graves abusos contra os direitos humanos no Iêmen. Os números revelam mortes em massa de civis – incluindo crianças –, cometidas por todas as partes em conflito.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), o total de vítimas civis verificadas desde março de 2015 é de 13.920, incluindo 5.159 pessoas mortas e 8.761 feridas.
Os números reais provavelmente serão “muito maiores”, disse o escritório, observando que os ataques aéreos da coalizão são a principal causa de baixas civis, inclusive de crianças.
Além disso, a ONU estima que 17 milhões de pessoas sofrem com a insegurança alimentar, incluindo 7 milhões à beira da fome. O aumento sem precedentes da epidemia de cólera atingiu mais de 690 mil casos suspeitos, com 2.090 mortes associadas – o maior foco em um único ano.
“Pedimos à comunidade internacional – e particularmente ao Conselho de Segurança e ao Conselho de Direitos Humanos – que tome medidas para acabar com a carnificina e remediar essa crise causada pelo homem”, disse o assessor especial da ONU sobre Prevenção de Genocídios, Adama Dieng, e o assessor especial da ONU para a Responsabilidade de Proteger, Ivan Šimonovic, em um comunicado divulgado na terça-feira (19).
“A comunidade internacional tem uma responsabilidade moral e legal em apoiar a responsabilização no Iêmen. Ela deve estabelecer imediatamente um mecanismo internacional imparcial para investigar de forma abrangente as alegações de graves abusos e violações dos direitos humanos e acabar com a impunidade. Esses crimes foram cometidos por todas as partes no conflito e suas forças aliadas.”
“Os agressores devem ser punidos e a justiça deve ser feita para as vítimas. Compete à comunidade internacional deter o sofrimento que está sendo infligido à população iemenita”, disseram os assessores.
Para o ACNUDH é “muito perturbador” que civis, incluindo crianças, continuem a ser mortos em ataques levados a cabo por comitês populares afiliados aos rebeldes xiitas houthis e a unidades do exército leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, bem como à coalizão saudita.
Na última semana, o escritório confirmou a morte de três crianças, além de outras sete que ficaram feridas em ataques das forças Houthi/Saleh, na cidade de Taizz, distrito de Salah. Um ataque aéreo da coalizão no município de Ma’rib matou mais cinco crianças e sete adultos.
Esses são apenas os últimos de uma série de incidentes que demonstram “o impacto horrível em crianças e famílias e em todos os civis, da guerra brutal em curso”, disse o porta-voz do ACNUDH, Rupert Colville, a repórteres em Genebra.
“Mais uma vez, pedimos a todas as partes envolvidas para que cessem todos os ataques indiscriminados e tomem todas as precauções possíveis para distinguir adequadamente objetos militares de objetos civis, garantindo que os ataques nunca sejam dirigidos [a civis]”, disse Colville.
Fonte : ONUBR
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