sexta-feira, 15 de abril de 2011

BRICS- IMPORTÂNCIA NO CONTEXTO MUNDIAL







SANYA, CHINA - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que integram o grupo dos Brics, reivindicaram hoje maior supervisão para os mercados de commodities e para os fluxos de capitais. O objetivo é estimular o debate com as grandes economias do mundo sobre o tema. As autoridades representantes do grupo alertaram que os países em desenvolvimento enfrentam riscos causados pela entrada de capital provocada pelas políticas monetárias frouxas das nações desenvolvidas.



"O excesso de volatilidade nos preços das commodities, particularmente em alimentos e energia, impõe riscos para a recuperação econômica mundial", disse o documento. "A regulação dos mercados derivativos de commodities deve ser, dessa forma, fortalecida para evitar atividades capazes de desestabilizar os mercados".

Brics querem medidas contra volatilidade nos preços de alimentos e energia

Mas ao contrário de alguns países desenvolvidos, como França e Alemanha, que pregam um mecanismo de controle nos preços de produtos alimentícios disfarçando suas próprias intenções protecionistas, a presença nos BRICS de grandes produtores de alimentos, como o Brasil, ou de petróleo, como a Rússia, fez o grupo focar no combate à especulação financeira – com maior regulação em mercados futuros de commodities, como derivativos - e no aperfeiçoamento dos cálculos de estoques como as principais armas contra a alta nas cotações.

- Precisamos combater a volatilidade nos preços agrícolas – afirmou o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh. Além dele, participaram da cúpula dos BRICS a presidente Dilma Rousseff, o presidente da China, Hu Jintao, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, e o presidente da África do Sul, Jacob Zuma. O assunto é controverso nos BRICS e opõe produtores como o Brasil e a Rússia de consumidores e importadores, como China, Índia e África do Sul.



Os países do bloco criticaram também a “ameaça dos grandes fluxos de capitais” para os países emergentes, cujas taxas de juros, maiores do que as dos países desenvolvidos, atraem grande volume de recursos em busca de ganhos rápidos, provocando desequilíbrio na cotação das suas moedas. Os cinco países condenaram a forma lenta que o sistema financeiro internacional vem conduzindo as prometidas reformas que vão garantir mais segurança ao sistema como um todo, uma decisão que o G-20 havia tomado logo após a crise econômica ter se espalhado pelo planeta.

"Apelamos a uma maior atenção diante dos riscos que representam os fluxos em massa de capitais internacionais sobre as economias emergentes", diz o comunicado. Parte desse processo, dizem os países, será facilitado com mudanças no comando dos organismos multilaterais de crédito, como FMI e Banco Mundial. Para evitar que seu discurso fosse interpretado como um libelo contra os países ricos – durante o encontro a rede estatal de TV chinesa CCTV exibiu um programa que perguntava se os BRICS eram uma ameaça aos países desenvolvidos – a presidente Dilma Rousseff tratou de destacar o caráter “neutro” do grupo.

- A agenda dos BRICS não se define por oposição a nenhum outro grupo. Queremos agregar – afirmou Dilma. - Somos a favor de um mundo multipolar, sem hegemonias nem zonas de influência.

Os países tocaram na questão cambial, mas apenas para defender as discussões sobre diversificar o uso do dólar como referência nas transações internacionais e a ampliação da cesta de moedas usadas pelo FMI em suas operações financeiras.

Para especialistas e diplomatas envolvidos nas negociações, o maior trunfo do grupo dos BRICS é servir como uma oportunidade de coordenação dos principais países emergentes para assuntos levantados nas discussões do G-20, o grupo de maiores economias do planeta.

- Trata-se de um grupo de convergência. Se não houver convergência, o diálogo já é o bastante – disse um diplomata brasileiro que encabeçou as conversas em Sanya.

Ou seja, o grande trunfo do grupo é permitir que seus membros saibam de antemão qual a posição que terão sobre temas polêmicos, antes que entrem em cena as economias desenvolvidas, cujo poder de pressão financeira nas grandes discussões econômicas mundiais é inevitável. Como não é um mecanismo formal de negociação, as conversas costumam ser mais abertas.

A entrada da África do Sul nos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), que será oficializada na próxima quinta-feira durante a reunião de cúpula, serve para reforçar o bloco como um expressivo fórum de países emergentes. Mas essa adesão, resultado do convite chinês, também evidencia grandes diferenças internas do grupo.

Maior e mais diversificada economia do continente, com Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no país) na casa de US$ 350 bilhões, a África do Sul está longe do patamar dos quatro gigantes emergentes dos Brics. Os sócios originais, com PIBs acima de um trilhão de dólares, são também candidatos a potências mundiais, donos das maiores taxas de crescimento e atores influentes no comércio internacional.

Apesar disso, diplomatas lembram que o sócio africano, 32ª economia do mundo, consagra a dimensão global do grupo. Nesse sentido, o quinto membro dos Brics representa a porta de entrada na África, confirmando o fórum como mais importante agrupamento de emergentes.

G-20

O G-20 (Grupo dos Vinte), que representa 90% do PIB mundial e 2/3 da população global, foi criado como consequência da crise financeira asiática de 1997, com o intuito de reunir as maiores economias avançadas e emergentes para discutir estratégias de estabilização do mercado financeiro global.

Estabelecido em 1999, o G-20 reúne países economicamente avançados (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido, bem como a União Europeia) e países emergentes considerados sistemicamente importantes (Brasil, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, China, Coreia, Índia, Indonésia, México, Turquia e Rússia), além do FMI e do Banco Mundial.

Desde sua criação, o G-20 realiza reuniões anuais dos Ministros de Finanças e Presidentes dos Bancos Centrais, a fim de discutir medidas para promover a estabilidade financeira mundial e alcançar crescimento e desenvolvimento econômico sustentável. O Secretário de Assuntos Internacionais é o representante suplente do Ministro da Fazenda nas reuniões do G-20.

Em 2008, o Brasil exerceu a presidência do Grupo G-20. Na ocasião, coube à Secretaria de Assuntos Internacionais (SAIN) a organização de todos seus eventos, no Brasil e no exterior. Além de ser responsável pelos aspectos de logística, a SAIN, por meio da unidade do Secretariado do G-20, teve ação igualmente focada na definição de agendas, elaboração de documentos a serem discutidos e preparação de sumários das reuniões.

Que países fazem parte do G8?

Integram o G8 a França, os Estados Unidos, o Reino Unido, a Alemanha, a Itália, o Japão, o Canadá e a Rússia. Enquanto os seis primeiros participaram de todos os encontros desde 1975, o Canadá juntou-se aos demais no ano seguinte. Já a Rússia foi formalmente admitida apenas em 2006, quando sediou a primeira reunião do G8 em seu território. O país, entretanto, já participava das conversas desde 1994, e foi aos poucos sendo recebido pelos outros sete, como um reconhecimento pelo esforço em abandonar a antiga economia socialista e implantar reformas democráticas.

Ao contrário do que se pensa, o G8 não reúne as oito maiores economias do mundo, e sim as auto-proclamadas oito mais industrializadas nações democráticas. Daí a ausência da China, cujo PIB supera os de Alemanha, Reino Unido, França, Itália , Canadá e Japão (2011). E a inclusão da Rússia, cuja economia regula com a de países como o Brasil, a Índia e o México. Com um representante em cada reunião desde 1977, a União Européia (antiga Comunidade Européia) é considerada um nono membro do seleto clube, mas participa apenas das discussões econômicas - nunca das políticas.




Um comentário:

Anônimo disse...

Os BRICS têm sido considerados, para muitos, uma ameaça aos países economicamente mais desenvolvidos porque têm demonstrado grande capacidade de reação econômica nas adversidades.
Na sua maioria eram, até pouco tempo atrás, chamados de países subdesenvolvidos por muitos em função do baixo PIB e da distância muito grande entre seus grupos sociais. São países cuja população envolve pessoas abaixo da linha de pobreza (que passam fome e vivem nas ruas mendigando) e grupos que concentram poder aquisitivo muito alto (como donos de grandes indústrias). Esses países têm encontrado na produção em série de bens de consumo uma saída para aumentar seu PIB e, com isso, passarem a fazer parte de grupos de países influentes economicamente no mundo atual.
Os países membros do G20 e G8 têm sido pressionados a incluir os do BRICS, mesmo sem que esses tenham as características inicialmente estipuladas para essa aceitação. Isso pelo crescimento econômico que passaram a apresentar. Hoje os BRICS tornaram-se compradores (consumidores) e não somente fornecedores de bens, porém, ao que parece, continuam sendo (ou fornecendo) mão de obra barata para os países mais industrializados do mundo.
A discussão poderia seguir não apenas pelo caminho econômico, mas pela discussão se realmente é viável para o mundo atual o modelo de crescimento econômico de países como EUA e Canadá. O fornecimento de bens de consumo poderá ser sustentável, sem aumento demasiado na extração de bens naturais? E o meio ambiente, suportará por muito tempo esse impacto? Nós, como influenciados e dependentes pelo/do meio ambiente, suportaremos essa pressão? Quais países suportarão mais, os mais desenvolvidos, os BRICS...? E os países subdesenvolvidos, que não pertencem a nenhum desses grupos, como sobreviverão? Terão que contar com a nossa ajuda?
Esses questionamentos não aparecem nos relatórios finais dos encontros internacionais dos G20, G8. Sequer contamos com a participação de todos eles nas conferências internacionais sobre meio ambiente. Acho que vamos ter que esperar muito mais tempo para resolvermos essas questões de forma mais efetiva.
De Hellen-3ºB - EM - nº15