Características das correntes de jatos.
Devido às grandes diferenças de temperatura entre os trópicos e os pólos, bandas de ventos fortes de oeste se desenvolvem em altas latitudes (geralmente 7-15 km acima do solo) e em médias latitudes. O padrão não é um fluxo uniforme oeste-para-leste mas, ao contrário, existe como um campo que apresenta vários meandros, como se fosse um rio. Dentro dessas bandas de ventos de oeste, zonas localizadas de máxima velocidade podem ser encontradas. Este conjunto é freqüentemente referenciado como Correntes de Jato (ou jet streams)
Duas bandas de ventos de oeste na alta atmosfera estão usualmente presentes em cada hemisfério, entre aproximadamente 25º e 60º de latitude. A banda que fica mais próxima dos pólos é chamada de Jato Polar (polar jet stream), enquanto que aquela mais próxima dos subtrópicos é chamada de Jato Subtropical (subtropical jet stream). Essas correntes de jato são uma parte importante do sistema de troca de calor da Terra, uma vez que ajudam na transferência do superávit de energia dos trópicos em direção aos polos e do excesso de frio das regiões polares em direção ao equador. As correntes de jato são também ingredientes chave na previsão de tempo. O jato polar marca freqüentemente os limite entre o o ar polar frio e o ar subtropical mais quente. O jato subtropical usualmente separa o ar subtropical mais frio do ar tropical ainda mais quente. Cada uma dessas regiões limites inclui um gradiente de temperatura significante e uma grande quantidade de energia dinâmica; portanto, as áreas que eles afetam freqüentemente experimentam padrões de tempo bastante dinâmicos. As correntes de jato também são importantes para os pilotos por causa dos ventos fortes que podem tanto acelerar quanto reduzir a velocidade do cruzeiro, dependendo da direção que a aeronave está voando. Turbulência causada pelos jatos pode também afetar a segurança da aeronave e o conforto dos passageiros.
As características das correntes de jato mudam com as estações. No inverno, por exemplo, a corrente de jato polar no Hemisfério Norte está normalmente localizada entre 30oN e 35oN e seus ventos podem atingir 300km/h. No verão, contudo, a corrente de jato polar vai muito mais para norte (aproximadamente 50oN) e os ventos atingem apenas 160km/h. O jato subtropical também sofre variações similares sazonais. Essas mudanças estão relacionadas com as mudanças de estação que correspondem à forma na qual a área de máximo aquecimento na Terra migra ao longo do ano. As diferenças sazonais na velocidade do vento dentro das correntes de jato ocorrem porque durante o inverno, quando o pólo está na escuridão, o gradiente de temperatura entre a região equatorial e polar atinge o seu máximo. Durante os meses de verão, a diferença de temperatura entre o pólo e o equador é a menor possível e os ventos são mais fracos. Esse raciocínio vale para ambos hemisférios.
Movimento ondulatório nas correntes de Jato
Conforme a corrente de jato polar viaja através das latitudes médias, freqüentemente adquire um aspecto ondulatório. Essas ondas contêm cavados e cristas e são importantes porque estão associadas com as características dos padrões de tempo.
No Hemisfério Norte, um cavado (trough) é a parte da onda da corrente de jato onde a direção do vento muda de noroeste para sudoeste. No Hemisfério sul, é quando a parte da onda muda de sudoeste para noroeste (imagem especular do HN). Na imagem de satélite e em mapas de tempo, os cavados são marcados com linhas tracejadas. Uma crista no HN é uma área na qual os ventos mudam de sudoeste para noroeste e no HS de noroeste para sudoeste. Nas imagens de satélite ou nos mapas do tempo, os previsores usam uma linha dentada para marcar a posição de uma crista em altos níveis.
Conforme o ar flui através de um cavado em uma corrente de jato, tende a divergir em altas altitudes, formando um sistema de baixa pressão em altitudes. Isso faz com que o ar da superfície flua para cima, formando um sistema de baixa pressão na superfície. Conforme o ar flui para cima, tende a espiralar na direção horária (HS) e anti-horária (H). O cavado é conhecido como a região ciclônica da corrente de jato. Em ambos hemisférios, os cavados e suas baixas-pressões associadas estão caracterizados pelo ar frio ascendente que se esfria faz com que as nuvens se formem.
O Ar fluindo em torno das cristas da onda da corrente de jato, tende a convergir em altas altitudes, criando uma área de alta pressão. O ar fluindo na alta de ar superior é forçado a descer, uma vez que ar mais quente na estratosfera não permite que o ar suba. Ar forçado em direção à superfície freqüentemente cria um sistema de alta pressão à superfície. Ar fluindo para fora da alta tende a rodar no sentido anti-horário (HS) e horário (HN). Esta área dentro da corrente de jato é conhecida como região anticiclônica. Uma crista e seu sistema de pressão associada são usualmente associados com o afundamento do ar que esquenta e produz tempo bom.
Estes sistemas de alta e baixa pressões usualmente seguem ao longo do caminho das correntes de jato em latitudes médias, e geralmente movem-se de oeste para leste, trazendo freqüentes mudanças de tempo com eles.
Fluxo zonal X fluxo meridional.
As ondas da corrente de jato possuem comprimento de onda e amplitude. O comprimento de onda de uma típica corrente de jato está entre 50º e 75º de longitude (ou 5000km). A amplitude das ondas está geralmente entre 5º e 25º de latitude, e pode ser muito importante para determinar o tempo. Onde as ondas da corrente de jato são baixas em amplitude, são chamadas fluxo zonal, indicando que o ar está fluindo quase diretamente de oeste para leste. Com fluxo zonal, um pouco de mistura do ar quente com o ar frio ocorre, e as baixas que se desenvolvem são usualmente fracas.
Altas amplitudes da onda do jato são chamadas de Fluxo Meridional. Fluxo meridional é caracterizado por cavados com baixa pressão e cristas com alta pressão. Estes resultam no maior transporte de massas de ar quente e frio. Com a corrente de jato suprindo circulação e energia, o fluxo meridional pode contribuir para o desenvolvimento de tempestades severas.
A localização das correntes de jato
Embora a localização da posição dos jatos em imagens de satélite não é tão fácil quanto se possa imaginar, uma variedade de padrões comuns pode ser usada para indicar onde o máximo do jato ocorre. O eixo do jato é usado para descrever a área de mais alta velocidade dos ventos numa corrente de jato. Um indicador comum da posição do eixo do jato é as nuvens cirrus que tendem a se formar a sul (norte no HS) ou Sudeste (Nordeste no HS) do eixo. Essas formações de nuvens, conhecidas como zona baroclínica de cirrus, tem uma borda bem definida no seu limite em direção ao Pólo. Esta borda usualmente tem uma forma de S plano, e o jato flui aproximadamente 1º de latitude acima, e aproximadamente paralelo, a essa borda.
Fonte: www.icess.ucsb.edu/gem/jatos.htm
Um comentário:
Excelente. Um tipo de leitura que meus olhos não se cansam de ler.
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