quarta-feira, 13 de março de 2024

RECIFES DE CORAIS GERAM R$ 167 BILHÕES EM SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS NO BRASIL .

recife de fora, foto enrico marcovaldi concurso coral vivo
Foto: Enrico Marcovaldi – Concurso Coral Vivo

Recifes de corais geram R$ 167 bilhões em serviços ecossistêmicos ao Brasil

Apesar de ocuparem menos de 0,1% do fundo do oceano, os recifes de corais têm papéis ecológicos essenciais, oferecendo abrigo e alimentos para cerca de 25% das espécies marinhas.

Por Luciano Fontes e Jessica Orlandi.

Recifes de corais geram até R$ 167 bilhões ao Brasil em serviços de proteção costeira e turismo. É o que aponta um estudo inédito realizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, o primeiro nessa escala a calcular o valor dos serviços ecossistêmicos oferecidos pelos recifes de corais para a redução de danos causados por ressacas, alagamentos e erosões em regiões costeiras. A pesquisa, que também avaliou o impacto econômico do turismo em destinos com recifes de corais no Nordeste, revela que as receitas com atividades de lazer e recreação chegam a R$ 7 bilhões por ano.

O estudo é a base para a publicação “Oceano sem mistérios – Desvendando os recifes de corais”, que acaba de ser lançado e já está disponível para download no site da Fundação Grupo Boticário.

“Apesar de ocuparem menos de 0,1% do fundo do oceano, os recifes de corais têm papéis ecológicos essenciais, oferecendo abrigo e alimentos para cerca de 25% das espécies marinhas. A pesquisa demonstra que esses ecossistemas, além de toda a relevância ecológica, prestam importantes serviços para a sociedade”, afirma Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário. “A importância dos recifes de corais é muito maior do que a maioria das pessoas imaginam. Esperamos que o estudo estimule um olhar mais atento da sociedade para esses ecossistemas e inspire uma melhoria nos esforços de conservação. Já é hora de incorporar a avaliação econômica à gestão integrada da nossa zona costeira”, reforça.

Para Malu, a pesquisa evidencia a importância do manejo sustentável dos recifes de corais e pode estimular o diálogo entre diferentes atores, unindo esforços do poder público, do setor empresarial e das organizações do terceiro setor. “Nosso objetivo é fortalecer a elaboração de políticas públicas de fomento à conservação, incentivar a comunicação qualificada, proteger a zona costeira brasileira e valorizar a biodiversidade de recifes de corais”, salienta.

Proteção costeira

De acordo com a publicação, em uma área de aproximadamente 170 quilômetros quadrados na região Nordeste, entre o sul da Bahia e o Maranhão, os recifes de coral, areníticos e rochosos geram o total de R$ 160 bilhões em proteção costeira. Para cada quilômetro quadrado de recifes, R$ 941 milhões são economizados em danos evitados. Esses ecossistemas ajudam a proteger as comunidades costeiras de tempestades, ressacas e erosões causadas pelas ondas do mar.

“A degradação de recifes de corais aumenta a vulnerabilidade da costa, principalmente em situações de eventos extremos que podem gerar grandes danos e perdas materiais e imateriais. Se o atual quadro de deterioração dos recifes de corais permanecer inalterado, as regiões costeiras estarão ainda mais expostas à inundação e erosão”, explica Ronaldo Christofoletti, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro do Grupo Assessor de Comunicação para a Década do Oceano da UNESCO.

O estudo alerta que as mudanças climáticas podem ampliar a intensidade de chuvas, ressacas e furacões, aumentando a energia das ondas. Nesse cenário, os recifes de corais serão ainda mais importantes para a proteção costeira e, consequentemente, terão valor econômico ainda maior para a proteção das comunidades que vivem ao longo da costa.

“Devemos compreender que os investimentos na conservação e restauração de recifes de corais, além de todos os benefícios ecológicos, representam uma parcela muito pequena em comparação aos custos que podem ser gerados pela falta de proteção costeira. Não há dúvidas de que a infraestrutura convencional de proteção costeira – quebra-mares, diques, muros e paredões – traz custos muito maiores”, afirma Christofoletti.

Foram selecionados quatro municípios que representam cidades com densidades populacionais típicas do litoral do nordeste brasileiro e que possuem uma área significativa de recifes de corais do tipo franja próximos à costa: Recife e Ipojuca, em Pernambuco, e Maragogi e São Miguel dos Milagres, em Alagoas. Foram avaliados os prejuízos evitados em áreas residenciais, comerciais, industriais e na infraestrutura pública urbana, como estradas, rodovias, pavimentos e calçadas. Após a apuração dos danos evitados nos quatro municípios, o estudo foi extrapolado para as demais cidades que contam com recifes de corais, considerando o tamanho, a infraestrutura urbana e a população de cada local.

Turismo

O estudo apurou que o turismo em regiões com recifes de corais na costa do Nordeste gera cerca de R$ 7 bilhões por ano em receitas, o que corresponde a cerca de 5% do PIB do turismo no Brasil. Cada quilômetro quadrado de recife de coral saudável é capaz de gerar R$ 62,7 milhões ao ano em receitas ligadas ao turismo de sol e praia, mergulho e snorkeling. No mundo todo, o turismo relacionado a esses ecossistemas movimenta cerca de US$ 36 bilhões por ano, o que representa quase 10% de toda a receita do turismo em áreas costeiras em nível global, de acordo com o estudo “Mapeando o Valor Global e a Distribuição do Turismo de Recifes de Coral”, publicado em 2019 no Journal Marine Policy.

As receitas geradas foram calculadas a partir de informações de mercado e análise das atividades de turismo nos cinco principais destinos turísticos ligados a recifes de corais no país: Fernando de Noronha e Ipojuca (Porto de Galinhas), em Pernambuco; Maragogi e São Miguel dos Milagres, em Alagoas; e Caravelas (Abrolhos), na Bahia. Os dados apurados também foram extrapolados nos demais municípios da região costeira do nordeste.

E nos outros países?

Os pesquisadores observaram que a receita do turismo nas localidades com recifes de corais do Brasil poderia ser ainda maior, quando comparado a países como Egito e Indonésia. “É muito importante realçar que o fomento ao turismo responsável pode ser um grande aliado da conservação da natureza. Modelos como o turismo de base comunitária e outras formas sustentáveis de visitação podem engajar a comunidade local em torno da conservação e ajudar a manter a contribuição dos recifes de corais para a população local”, observa a bióloga Janaína Bumbeer, gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário. “Devemos perceber que recifes de corais vivos e saudáveis geram valores econômicos muito maiores para os municípios do que receitas geradas pelo turismo predatório”, completa.

O estudo indica que o valor relativo à proteção costeira fornecida pelos recifes de corais no Brasil é mais elevado que o de outros países do mundo, por representar um retrato atual das áreas vulneráveis, enquanto os demais levantamentos existentes representam estimativas anuais e incluem a frequência de eventos climáticos extremos. “Isso reforça a importância de dados de monitoramento ambiental para obtermos estimativas robustas dos serviços ecossistêmicos frente às mudanças climáticas. Além disso, a área coberta pelo estudo brasileiro é vasta e engloba grandes cidades, o que reforça a importância do serviço de proteção costeira realizado por esses ecossistemas em nosso país”, diz Janaína.

Condomínios de biodiversidade

Os recifes de corais são considerados os ecossistemas mais diversos da terra. Estima-se que uma a cada quatro espécies marinhas vive ou passa parte da vida nos recifes e neles são encontrados 65% dos peixes do mar. Esses ecossistemas são verdadeiros condomínios subaquáticos, onde moram diversas espécies, além de servir de alimento e abrigo para outras que estão de passagem. Também comparados a florestas subaquáticas, os recifes de corais são comunidades de animais e algas marinhas, formadas principalmente por espécies de corais, que se conectam por meio de um esqueleto de carbonato de cálcio.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, a região nordeste do Brasil concentra os únicos ambientes de recifes de corais do Atlântico Sul, estendendo-se por cerca de 3.000 quilômetros ao longo da costa. O Brasil possui 24 espécies de corais duros, algumas delas exclusivas do país. Parte desses ecossistemas são protegidos por 21 Unidades de Conservação marinha, administradas pelo governo federal, estados e municípios.

Principais ameaças

Os recifes de corais sofrem diversas pressões e ameaças, dentre elas as mudanças climáticas, a poluição dos mares, turismo desordenado, pesca predatória, especulação imobiliária, espécies invasoras, entre outros fatores. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), até 90% dos recifes de coral podem ser perdidos até 2050.

Uma das principais ameaças é o branqueamento dos corais, processo causado pelo aquecimento e acidificação do oceano no qual o tecido desses organismos fica translúcido, revelando o esqueleto de carbonato de cálcio da espécie, causando a diminuição da capacidade reprodutiva, redução das taxas de crescimento e de calcificação, que pode provocar a morte dos corais.

Segundo projeções de um relatório especial do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), publicado em novembro de 2021, se o aumento da temperatura média do oceano não for contido, eventos globais de branqueamento em massa de corais, que atualmente ainda são esporádicos, devem ocorrer todos os anos a partir de 2045. A Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) alerta que os recifes de corais são um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta. A entidade ressalta que a proteção é fundamental para a biodiversidade marinha e um aquecimento superior a 1,5 grau Celsius realmente pode representar o fim dos corais.

E o que fazer?

O estudo apresenta sugestões sobre o que o poder público, o setor econômico e outros tomadores de decisão podem fazer para a conservação. “O primeiro passo é reconhecer a importância dos recifes de corais para a sociedade e a economia do país. É necessário direcionar mais recursos e fomentar o estudo e monitoramento desses ecossistemas, além de implementar rapidamente estratégias que visem à conservação e o uso sustentável”, afirma Janaína.

A bióloga recomenda que os tomadores de decisão elaborem políticas públicas integradas de adaptação costeira frente às mudanças climáticas, priorizando as chamadas Soluções Baseadas na Natureza. “O cidadão também tem papel central nessa transformação, cobrando medidas das empresas e dos governos e buscando se informar para mudar atitudes que favoreçam a proteção do oceano”, salienta. Janaína ressalta ainda que o estudo demonstra que é mais eficiente e vantajoso economicamente a promoção da conservação dos recifes de corais do que ceder às pressões que podem afetar ainda mais esse ecossistema, como a especulação imobiliária e o turismo predatório.

Década do Oceano

A ONU declarou o período de 2021 a 2030 como a Década do Oceano, que tem como um dos principais objetivos, justamente, incentivar a geração de conhecimento para a sociedade. “Tendo em vista o preocupante estado de conservação e a saúde do oceano, precisamos de ações urgentes para reverter esse quadro. Estudos de valoração podem contribuir na articulação de agendas internacionais e embasar investimentos públicos e privados para o desenvolvimento de uma economia azul”, afirma Christofoletti. De acordo com o Banco Mundial esse conceito pressupõe “o uso sustentável dos recursos oceânicos para o crescimento econômico, a melhoria dos meios de subsistência e do emprego, preservando a saúde do ecossistema”.

Confira o estudo “Oceano Sem Mistérios – Desvendando os Recifes de Corais” neste link:
https://www.fundacaogrupoboticario.org.br/pt/Biblioteca/OsM_outubro-3_leve(31-10-23).pdf

Sobre a Fundação Grupo Boticário

Com 33 anos de história, a Fundação Grupo Boticário é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a natureza brasileira.

Sobre a Rede de Especialistas em Conservação da Natureza

A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) reúne cerca de 80 profissionais de todas as regiões do Brasil e alguns do exterior que trazem ao trabalho que desenvolvem a importância da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade.

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

AÇÃO HUMANA REDUZIU A BIOMASSA OCEÂNICA .

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Ação humana reduziu a biomassa oceânica

Impacto humano na biomassa oceânica: baleias e peixes grandes perderam 90% de sua biomassa

Um novo estudo internacional publicado na revista Science Advances descobriu que os impactos humanos já tiveram consequências importantes para as espécies oceânicas maiores, incluindo baleias e peixes grandes. Os pesquisadores estimam que essas espécies perderam 90% de sua biomassa desde o início da pesca em escala industrial no século XIX.

O estudo, liderado por cientistas do ICTA-UAB na Espanha, o Instituto Max Planck de Matemática nas Ciências na Alemanha, a Queensland University of Technology na Austrália, o Weizmann Institute of Science em Israel e a McGill University no Canadá, examinou a distribuição da biomassa em toda a vida nos oceanos, das bactérias às baleias.

Os pesquisadores usaram avanços na observação do oceano e análises para mostrar que, antes do início da pesca em escala industrial, a biomassa era distribuída de forma relativamente uniforme em todas as classes de tamanho. No entanto, o estudo descobriu que essa distribuição foi alterada drasticamente pelos impactos humanos.

Em particular, as baleias e os peixes grandes sofreram perdas significativas de biomassa. As baleias, que são animais de topo da cadeia alimentar, desempenham um papel importante no ecossistema oceânico. Elas ajudam a regular a população de peixes menores e a manter o equilíbrio do sistema.

A perda de baleias pode ter consequências significativas para o oceano, incluindo o aumento da quantidade de algas e a diminuição da biodiversidade.

Os autores do estudo alertam que os impactos humanos na biomassa oceânica são um problema sério que precisa ser abordado. Eles afirmam que é necessário reduzir a pesca e a caça de baleias para proteger as espécies oceânicas maiores e restaurar o equilíbrio do ecossistema oceânico.

Referência:

Ian A. Hatton et al, The global ocean size spectrum from bacteria to whales, Science Advances. DOI: 10.1126/sciadv.abh3732
https://doi.org/10.1126/sciadv.abh3732 https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.abh3732

 

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS SÃO VITAIS PARA OS ECOSSISTEMAS NA SUPERFÍCIE .

Águas subterrâneas são vitais para os ecossistemas na superfície

Um estudo internacional classifica as águas subterrâneas como um ecossistema fundamental e propõe maneiras de melhorar sua proteção para preservar a biodiversidade e mitigar as mudanças climáticas.

Johannes Gutenberg Universitaet Mainz*

A água é a base de toda a vida na Terra. No entanto, o papel crucial das águas subterrâneas na manutenção da humanidade e da biodiversidade a longo prazo é frequentemente negligenciado. Em um artigo publicado recentemente, uma equipe internacional de pesquisadores delineou, pela primeira vez, por que as águas subterrâneas devem ser tratadas como um ecossistema fundamental.

“A água subterrânea não é apenas em si um grande ecossistema, mas também é de relevância crítica para os ecossistemas na superfície da Terra”, enfatizou o professor Robert Reinecke, da Universidade Johannes Gutenberg Mainz (JGU), especialista em modelagem do sistema terrestre. Ele fez grandes contribuições para o artigo, que descreve conceitos para melhorar a proteção das águas subterrâneas para reduzir a perda de biodiversidade e compensar os efeitos das mudanças climáticas.

Cerca de metade da população urbana do mundo depende das águas subterrâneas para o abastecimento de água potável.

A água subterrânea é a maior reserva de água doce na Terra. Ele fornece as necessidades de água potável de quase 50% da população urbana do mundo. Países como a Dinamarca, por exemplo, obtêm sua água potável inteiramente das águas subterrâneas. “Em todo o mundo, cerca de 1.000 quilômetros cúbicos de água são bombeados para a superfície da Terra a cada ano. Infelizmente, consumimos muito mais do que o que é naturalmente reabastecido”, disse Reinecke. Cerca de um terço das maiores áreas de captação de água subterrânea estão em risco de esgotamento, indicando um declínio contínuo nos níveis de água subterrânea.

O fornecimento de água potável para os seres humanos é claramente um aspecto do problema. Outro aspecto é a dependência dos ecossistemas nas águas subterrâneas, que tem sido repetidamente negligenciada nas agendas globais de conservação da biodiversidade até agora. Cerca de 52% e, portanto, mais da metade de todas as áreas de superfície têm uma interação média a alta com as águas subterrâneas. Esse número aumenta para 75% quando se exclui desertos e altas montanhas, regiões onde as águas subterrâneas são escassas ou o lençol freático pode ser muito profundo. “A interação neste contexto significa que a água dos rios e lagos entra nas águas subterrâneas enquanto as águas subterrâneas, por sua vez, sobem à superfície e alimentam zonas úmidas, rios e outros tipos de áreas de água superficial”. Reinecke acrescenta que as águas subterrâneas também são um habitat valioso para milhares de diferentes criaturas subterrâneas, incluindo peixes-cavernas, enguias cegas e camarões transparentes.

Equipe internacional de pesquisadores propõe uma agenda de conservação de águas subterrâneas integrada de política científica

Como os pesquisadores afirmaram em seu relatório publicado na Global Change Biology: “Desconsiderar a importância das águas subterrâneas como ecossistema ignora seu papel crítico na preservação de biomas de superfície. Para promover a conservação global oportuna das águas subterrâneas, propomos elevar o conceito de espécies-chave para o reino dos ecossistemas, reivindicando as águas subterrâneas como um ecossistema fundamental que influencia a integridade de muitos ecossistemas dependentes. Participaram do estudo 51 pesquisadores de vários países – da Austrália à índia e às Filipinas, da Itália e da Finlândia ao Brasil e ao Canadá.

No que diz respeito à lei alemã, Robert Reinecke aponta que as águas subterrâneas ainda não são definidas como um habitat sob a Lei Federal Alemã de Conservação da Natureza, mas apenas como um recurso e, portanto, não está sujeita à proteção correspondente. “Precisamos mudar isso com muita urgência”, enfatizou Reinecke, citando as estatísticas coletadas pela Agência Alemã do Meio Ambiente (UBA) que mostram que a qualidade de aproximadamente 32% de todos os corpos de água subterrânea na Alemanha é pobre por causa da contaminação química. As principais causas disso são os níveis de nitrato e a poluição por pesticidas.

Os pesquisadores propõem oito temas-chave para projetar uma agenda de conservação de águas subterrâneas integrada de política científica. Como dados os ecossistemas acima e abaixo do solo se cruzam em muitos níveis, é essencial considerar as águas subterrâneas como um elemento vital que determina a saúde do nosso planeta – para mitigar a perda de biodiversidade e fornecer um contrapeso às mudanças climáticas. “A água é indispensável para a vida na Terra. Se não prestarmos atenção suficiente à integridade ecológica dos recursos de água doce do nosso planeta, não apenas colocamos a sustentabilidade de ecossistemas inteiros em risco, mas também colocamos em risco nosso próprio modo de vida”, concluiu Reinecke.

Representação esquemática das interações e ligações funcionais dos ecossistemas das águas subterrâneas (em azul escuro) com os cinco biomas de águas superficiais não congeladas (marinho e água doce) compondo o ciclo global da água (em azul claro: a) águas costeiras, (b) oceanos, (c) estuários, (d) rios e (e) lagos).
Representação esquemática das interações e ligações funcionais dos ecossistemas das águas subterrâneas (em azul escuro) com os cinco biomas de águas superficiais não congeladas (marinho e água doce) compondo o ciclo global da água (em azul claro: a) águas costeiras, (b) oceanos, (c) estuários, (d) rios e (e) lagos).

 

Referência:

Saccò, M., Mammola, S., Altermatt, F., Alther, R., Bolpagni, R., Brancelj, A., Brankovits, D., Fišer, C., Gerovasileiou, V., Griebler, C., Guareschi, S., Hose, G. C., Korbel, K., Lictevout, E., Malard, F., Martínez, A., Niemiller, M. L., Robertson, A., Tanalgo, K. C. … Reinecke, R. (2023). Groundwater is a hidden global keystone ecosystem. Global Change Biology, 30, e17066. https://doi.org/10.1111/gcb.17066

 

Henrique Cortez *, tradução e edição.

 

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