quarta-feira, 25 de maio de 2022

ESCASSEZ DE ÁGUA DEVE AUMENTAR EM MAIS DE 80% DAS TERRAS AGRÍCOLAS DO MUNDO ATÉ 2050.

 seca

Foto: Unicef/Mukwazhi

Escassez de água deve aumentar em mais de 80% das terras agrícolas do mundo até 2050

A escassez de água já é um problema em todos os continentes com agricultura, apresentando uma grande ameaça à segurança alimentar

American Geophysical Union*

O novo estudo, publicado na revista Earth’s Future da AGU, examina as necessidades de água atuais e futuras para a agricultura global e prevê se os níveis de água disponíveis, seja da chuva ou da irrigação, serão suficientes para atender a essas necessidades sob as mudanças climáticas.

Para isso, os pesquisadores desenvolveram um novo índice para medir e prever a escassez de água nas duas principais fontes da agricultura: água do solo que vem da chuva, chamada de água verde, e irrigação de rios, lagos e águas subterrâneas, chamada de água azul. É o primeiro estudo a aplicar este índice abrangente em todo o mundo e prever a escassez global de água azul e verde como resultado das mudanças climáticas.

“Como o maior usuário de recursos hídricos azuis e verdes, a produção agrícola enfrenta desafios sem precedentes”, disse Xingcai Liu, professor associado do Instituto de Ciências Geográficas e Pesquisa de Recursos Naturais da Academia Chinesa de Ciências e principal autor do novo estudo. “Este índice permite uma avaliação da escassez de água agrícola em terras de sequeiro e irrigadas de forma consistente.”

Nos últimos 100 anos, a demanda por água em todo o mundo cresceu duas vezes mais rápido que a população humana. A escassez de água já é um problema em todos os continentes com agricultura, apresentando uma grande ameaça à segurança alimentar. Apesar disso, a maioria dos modelos de escassez de água não conseguiu dar uma olhada abrangente tanto na água azul quanto na verde.

A água verde é a porção da água da chuva que está disponível para as plantas no solo. A maioria da precipitação acaba como água verde, mas muitas vezes é ignorada porque é invisível no solo e não pode ser extraída para outros usos. A quantidade de água verde disponível para as culturas depende da quantidade de chuva que uma área recebe e da quantidade de água perdida devido ao escoamento e evaporação. As práticas agrícolas, a vegetação que cobre a área, o tipo de solo e a inclinação do terreno também podem ter efeito. À medida que as temperaturas e os padrões de chuva mudam sob as mudanças climáticas, e as práticas agrícolas se intensificam para atender às necessidades da população crescente, a água verde disponível para as plantações provavelmente também mudará.

Mesfin Mekonnen, professor assistente de Engenharia Civil, Construção e Ambiental da Universidade do Alabama, que não esteve envolvido no estudo, disse que o trabalho é “muito oportuno para destacar o impacto do clima na disponibilidade de água nas áreas de cultivo”.

“O que torna o artigo interessante é desenvolver um indicador de escassez de água levando em consideração tanto a água azul quanto a água verde”, disse ele. “A maioria dos estudos se concentra apenas nos recursos de água azul, dando pouca consideração à água verde.”

Os pesquisadores descobriram que, sob as mudanças climáticas, a escassez global de água para agricultura piorará em até 84% das terras cultivadas, com uma perda de abastecimento de água levando à escassez em cerca de 60% dessas terras agrícolas.

Soluções de semeadura

Mudanças na água verde disponível, devido à mudança nos padrões de precipitação e evaporação causada por temperaturas mais altas, agora devem impactar cerca de 16% das terras agrícolas globais. Adicionar essa importante dimensão à nossa compreensão da escassez de água pode ter implicações para a gestão da água na agricultura. Por exemplo, prevê-se que o nordeste da China e o Sahel, na África, recebam mais chuva, o que pode ajudar a aliviar a escassez de água agrícola. No entanto, a redução da precipitação no meio-oeste dos EUA e no noroeste da Índia pode levar a aumentos na irrigação para apoiar a agricultura intensa.

O novo índice pode ajudar os países a avaliar a ameaça e as causas da escassez de água na agricultura e desenvolver estratégias para reduzir o impacto de futuras secas.

Várias práticas ajudam a conservar a água agrícola. A cobertura morta reduz a evaporação do solo, o plantio direto estimula a infiltração da água no solo e o ajuste do tempo de plantio pode alinhar melhor o crescimento das culturas com as mudanças nos padrões de chuva. Além disso, a agricultura de contorno, onde os agricultores cultivam o solo em terrenos inclinados em fileiras com a mesma elevação, evita o escoamento da água e a erosão do solo.

“A longo prazo, melhorar a infraestrutura de irrigação, por exemplo na África, e a eficiência da irrigação seriam formas eficazes de mitigar os efeitos das futuras mudanças climáticas no contexto da crescente demanda por alimentos”, disse Liu.

Referência:

Liu, X., Liu, W., Tang, Q., Liu, B., Wada, Y., & Yang, H. (2022). Global agricultural water scarcity assessment incorporating blue and green water availability under future climate change. Earth’s Future, 10, e2021EF002567. https://doi.org/10.1029/2021EF002567

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Henrique Cortez *, tradução e edição.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 06/05/2022

NOTAS TÓXICAS DOS AGROTÓXICOS NO BRASIL.

 aplicação de agrotóxicos

Foto: Brasil de Fato

Notas Tóxicas dos agrotóxicos no Brasil, artigo de Carlos Augusto de Medeiros Filho

A cada dois dias, uma pessoa morre por intoxicação de agrotóxicos no Brasil – cerca de 20% dessas vítimas são crianças e adolescentes de até 19 anos.

A aplicação de pesticidas na agricultura aumentou significativamente a quantidade de produção de alimentos. No entanto, Rao et al. (1993) notaram que o uso excessivo desses pesticidas tem atingido outros seres vivos (por exemplo, peixes, pássaros e humanos), além de pragas/insetos. A vegetação adjacente também foi afetada por esses pesticidas (Abhilash e Singh, 2009).

Efeitos agudos e crônicos na saúde humana foram observados devido à presença de agrotóxicos nos sistemas ambientais. Os distúrbios de saúde humana comumente relatados são problemas do sistema imunológico, problemas hormonais, delírios, problemas reprodutivos e até mesmo câncer (Abhilash e Singh, 2009).

Problemas semelhantes de saúde humana também foram relatados por alguns outros pesquisadores, como câncer, problemas nos rins e no sistema imunológico, infertilidade masculina e feminina, distúrbios hormonais e distúrbios dos neurônios. Além disso, distúrbios comportamentais também são relatados em crianças devido ao envenenamento prolongado por resíduos de agrotóxicos (Agnihotri, 1999).

A cada dois dias, uma pessoa morre por intoxicação de agrotóxicos no Brasil – cerca de 20% dessas vítimas são crianças e adolescentes de até 19 anos. O dado consta num relatório publicado nesta quinta-feira (28/04) pela rede ambientalista Friends of the Earth Europe. O relatório afirma que empresas agroquímicas europeias já gastaram cerca de 2 milhões de euros em apoio ao lobby do agronegócio no Brasil. Aliança deu frutos: uso de agrotóxicos no país se multiplicou por seis em 20 anos (1).

Somente em 2021, foram aprovados 499 novos pesticidas no país, um número recorde. Além disso, a Bayer e a Basf tiveram, juntas, 45 novos agrotóxicos aprovados no Brasil durante o governo de Jair Bolsonaro, sendo que 19 deles contêm substâncias proibidas na EU (1).

Agricultoras que se expõem a pesticidas sem equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados tendem a desenvolver subtipos mais agressivos de câncer de mama, com piores prognósticos de tratamento. No sudoeste paranaense, região produtora de alimentos, a incidência e letalidade desse câncer são maiores que a média nacional. Pesquisadores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Francisco Beltrão (PR), observaram essa tendência ao longo dos últimos seis anos (2).

Referências Bibliográficas

Abhilash, P.C., Singh, N., 2009. Pesticide use and application: an Indian scenario. J. Hazard. Mater. 165, 1-12.

Agnihotri, N.P., 1999. Pesticide Safety and Monitoring, All India Coordinated Research Project on Pesticides Residues. Indian Council of Agricultural Research, New Delhi.

Rao, P.S.C., Bellin, C.A., Brusseau, M.L., 1993. In Sorption and Degradation of Pesticides and Organic Chemicals in Soil. SSSA Special Publication, Wisconsin, USA, pp. 1-26, Number 32.

(1) https://www.dw.com/pt-br/intoxica%C3%A7%C3%A3o-por-agrot%C3%B3xicos-mata-um-brasileiro-a-cada-dois-dias-diz-relat%C3%B3rio/a-61613130

(2) https://www.brasildefato.com.br/2021/10/18/outubro-rosa-conheca-relacao-entre-agrotoxicos-e-o-cancer-que-mais-mata-mulheres-no-brasil

Carlos Augusto de Medeiros Filho, geoquímico, graduado na faculdade de geologia da UFRN e com mestrado na UFPA. Trabalha há mais de 35 anos em Geoquímica em Pesquisa Mineral e Ambiental.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 06/05/2022

AUMENTAM AS EMISSÕES DO COMÉRCIO INTERNACIONAL DE PRODUTOS AGRÍCOLAS.

 emissões de gases de efeito estufa incorporadas no comércio internacional de produtos agrícolas

Para um novo artigo na revista Science, cientistas do sistema terrestre da UCI e outras instituições rastrearam as emissões de gases de efeito estufa incorporadas no comércio internacional de produtos agrícolas. Eles encontraram uma mudança significativa de 2004, quando a China era um exportador líquido de produtos agrícolas, para 2017, quando esse país era o maior importador das exportações brasileiras. Steven Davis / UCI

Aumentam as emissões do comércio internacional de produtos agrícolas

A mudança no uso da terra – incluindo o desmatamento de florestas para criar espaço para fazendas e pastagens – contribuiu com cerca de três quartos da quantidade de gases de efeito estufa impulsionados pelo comércio global de produtos agrícolas entre 2004 e 2017

Cientistas do sistema terrestre da Universidade da Califórnia, Irvine e outras instituições traçaram a linha mais clara até agora conectando consumidores de produtos agrícolas em países mais ricos da Ásia, Europa e América do Norte com um crescimento das emissões de gases de efeito estufa em nações menos desenvolvidas, principalmente no Hemisfério Sul.

Em um artigo publicado na Science , os pesquisadores relatam que o comércio de emissões do uso da terra – que vêm de uma combinação de agricultura e mudança no uso da terra – aumentou de 5,1 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente (ao considerar outras emissões de gases de efeito estufa, como óxido nitroso e metano) por ano em 2004 para 5,8 gigatoneladas em 2017.

No artigo, os cientistas descobriram que a mudança no uso da terra – incluindo o desmatamento de florestas que absorvem carbono para criar espaço para fazendas e pastagens – contribuiu com cerca de três quartos da quantidade de gases de efeito estufa impulsionados pelo comércio global de produtos agrícolas entre 2004 e 2017.

“Aproximadamente um quarto de todas as emissões humanas de gases de efeito estufa são do uso da terra”, disse o coautor Steven Davis , professor de ciência do sistema terrestre da UCI. “Nosso trabalho mostra que grandes parcelas dessas emissões em países de baixa renda estão relacionadas ao consumo em países mais desenvolvidos.”

As principais fontes de emissões de mudanças no uso da terra durante o período estudado foram o Brasil, onde a prática de remoção de vegetação natural, como florestas para dar lugar a pastagens e fazendas, causou grande transformação do uso da terra no país, e a Indonésia, onde turfas antigas que armazenam carbono foram queimadas ou eliminadas para permitir o cultivo de plantas para produzir óleo de palma para exportação para países ricos.

Cerca de 22% das plantações e pastagens do mundo – 1 bilhão de hectares – são usados para cultivar produtos destinados a consumidores estrangeiros, segundo os pesquisadores. Commodities como arroz, trigo, milho, soja, óleo de palma e outras sementes oleaginosas ocupam quase um terço da terra usada para bens comercializados e contribuem com cerca de metade das emissões de gases de efeito estufa comercializadas.

O estudo mostrou mudanças que ocorreram em certas regiões entre 2004 e 2017: na fase inicial, a China era um exportador líquido de produtos agrícolas, mas em 2017, tornou-se um importador de bens e emissões de uso da terra, em parte de Brasil. Ao mesmo tempo, as exportações do Brasil para a Europa e os Estados Unidos, que eram os maiores parceiros comerciais do país em produtos agrícolas em 2004, caíram.

Em 2017, último ano examinado pelos pesquisadores, a maior fonte de emissões relacionadas à exportação foi o Brasil, seguido por Argentina, Indonésia, Tailândia, Rússia e Austrália. Os maiores importadores líquidos de produtos vinculados a essas emissões foram China, Estados Unidos, Japão e Alemanha, seguidos pelo Reino Unido, Itália, Coreia do Sul e Arábia Saudita.

Além de adicionar gases de efeito estufa à atmosfera, as práticas humanas de uso da terra causaram perturbações significativas nos ecossistemas, degradaram a biodiversidade, esgotaram os recursos hídricos e introduziram outros tipos de poluição nos ambientes locais.

Do ponto de vista econômico, os exportadores que produzem as maiores quantidades de emissões de uso da terra também são fortemente dependentes da agricultura de exportação como contribuinte para o produto interno bruto.

Referência

Land-use emissions embodied in international trade
Science • 5 May 2022 • Vol 376, Issue 6593 • pp. 597-603 • DOI: 10.1126/science.abj1572

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Henrique Cortez *, tradução e edição.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 09/05/2022

CHANCE DE 50% DA TEMPERATURA GLOBAL ATINGIR O LIMITE DE 1,5°C NOS PRÓXIMOS 5 ANOS.

Chance de 50% da temperatura global atingir o limite de 1,5°C nos próximos cinco anos

Há uma chance de 50% de a temperatura média anual global atingir temporariamente 1,5°C acima do nível pré-industrial por pelo menos um dos próximos cinco anos – e a probabilidade está aumentando com o tempo , de acordo com uma nova atualização climática emitida pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Há uma probabilidade de 93% de pelo menos um ano entre 2022-2026 se tornar o mais quente já registrado e desalojar 2016 do topo do ranking. A chance de a média de cinco anos para 2022-2026 ser maior que a dos últimos cinco anos (2017-2021) também é de 93%, de acordo com  o Global Annual to Decadal Climate Update,  produzido pelo Met Office do Reino Unido, líder da OMM centro de tais previsões.

Organização Meteorológica Mundial

A atualização anual aproveita a experiência de cientistas climáticos aclamados internacionalmente e os melhores sistemas de previsão dos principais centros climáticos do mundo para produzir informações acionáveis ​​para os tomadores de decisão.

A chance de ultrapassar temporariamente 1,5°C aumentou de forma constante desde 2015, quando estava perto de zero.  Para os anos entre 2017 e 2021, houve 10% de chance de superação . Essa probabilidade aumentou para quase 50% para o período 2022-2026.

“Este estudo mostra – com um alto nível de habilidade científica – que estamos nos aproximando de forma mensurável de atingir temporariamente a meta mais baixa do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas. O valor de 1,5°C não é uma estatística aleatória. É antes um indicador do ponto em que os impactos climáticos se tornarão cada vez mais prejudiciais para as pessoas e, de fato, para todo o planeta”, disse o secretário-geral da OMM, Prof. Petteri Taalas.

“Enquanto continuarmos a emitir gases de efeito estufa, as temperaturas continuarão a subir. Além disso, nossos oceanos continuarão a se tornar mais quentes e ácidos, o gelo marinho e as geleiras continuarão a derreter, o nível do mar continuará subindo e nosso clima se tornará mais extremo. O aquecimento do Ártico é desproporcionalmente alto e o que acontece no Ártico afeta a todos nós”, disse o Prof. Taalas.

O Acordo de Paris estabelece metas de longo prazo para orientar todas as nações a reduzir substancialmente as emissões globais de gases de efeito estufa para limitar o aumento da temperatura global neste século a 2°C, enquanto busca esforços para limitar ainda mais o aumento a 1,5°C.

a Atualização Global Anual para Decadal do Clima - 22 de maioO Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas diz que os riscos relacionados ao clima para os sistemas naturais e humanos são maiores para o aquecimento global de 1,5°C do que no presente, mas inferiores a 2°C.

 

Dr. Leon Hermanson, do Met Office liderou o relatório. Ele disse: “Nossas últimas previsões climáticas mostram que o aumento contínuo da temperatura global continuará, com uma chance uniforme de que um dos anos entre 2022 e 2026 exceda 1,5 ° C acima dos níveis pré-industriais. Um único ano de excedência acima de 1,5 ° C não significa que violamos o limite icônico do Acordo de Paris, mas revela que estamos cada vez mais próximos de uma situação em que 1,5 ° C pode ser excedido por um período prolongado.”

Em 2021, a temperatura média global ficou 1,1 °C acima da linha de base pré-industrial, de acordo com o relatório provisório da OMM sobre o estado do clima global. O relatório final do estado do clima global para 2021 será divulgado em 18 de maio.

Eventos consecutivos de La Niña no início e no final de 2021 tiveram um efeito de resfriamento nas temperaturas globais, mas isso é apenas temporário e não reverte a tendência de aquecimento global de longo prazo. Qualquer desenvolvimento de um evento El Niño alimentaria imediatamente as temperaturas, como aconteceu em 2016, que é até agora o ano mais quente já registrado.

As conclusões da atualização anual incluem:

  • Prevê-se que a temperatura média anual global próxima à superfície para cada ano entre 2022 e 2026 seja entre 1,1°C e 1,7°C mais alta do que os níveis pré-industriais (a média dos anos 1850-1900).
  • A chance de a temperatura global próxima à superfície exceder 1,5°C acima dos níveis pré-industriais pelo menos um ano entre 2022 e 2026 é tão provável quanto não (48%). Há apenas uma pequena chance (10%) da média de cinco anos ultrapassar esse limite.
  • A chance de pelo menos um ano entre 2022 e 2026 exceder o ano mais quente já registrado, 2016, é de 93%. A chance de a média de cinco anos para 2022-2026 ser maior que a dos últimos cinco anos (2017-2021) também é de 93%.
  • Prevê-se que a anomalia da temperatura do Ártico, em comparação com a média de 1991-2020, seja mais de três vezes maior que a anomalia média global quando calculada a média dos próximos cinco invernos prolongados do hemisfério norte.
  • Não há sinal para a Oscilação Sul do El Niño para dezembro-fevereiro de 2022/23, mas o índice de Oscilação Sul deverá ser positivo em 2022.
  • Os padrões de precipitação previstos para 2022 em comparação com a média de 1991-2020 sugerem uma maior chance de condições mais secas no sudoeste da Europa e sudoeste da América do Norte, e condições mais úmidas no norte da Europa, Sahel, nordeste do Brasil e Austrália.
  • Os padrões de precipitação previstos para a média de maio a setembro de 2022-2026, em comparação com a média de 1991-2020, sugerem uma maior chance de condições mais úmidas no Sahel, norte da Europa, Alasca e norte da Sibéria e condições mais secas na Amazônia.
  • Os padrões de precipitação previstos para a média de novembro a março de 2022/23-2026/27, em comparação com a média de 1991-2020, sugerem aumento da precipitação nos trópicos e redução da precipitação nos subtrópicos, consistente com os padrões esperados do aquecimento climático.

 

Notas:

Com o  Met Office do Reino Unido atuando como centro líder , grupos de previsão climática da Espanha, Alemanha, Canadá, China, EUA, Japão, Austrália, Suécia, Noruega e Dinamarca contribuíram com novas previsões este ano. A combinação de previsões de centros de previsão climática em todo o mundo permite um produto de qualidade superior ao que pode ser obtido de qualquer fonte única.

O desenvolvimento da capacidade de previsão de curto prazo foi impulsionado pelo  Programa Mundial de Pesquisa Climática co-patrocinado pela OMM , que declarou que um de seus  Grandes Desafios abrangentes  é apoiar a pesquisa e o desenvolvimento para melhorar as previsões climáticas de vários anos a décadas e sua utilidade para os tomadores de decisão .

Relatórios de avaliação abrangentes sobre o estado do conhecimento científico, técnico e socioeconômico sobre as mudanças climáticas, seus impactos e riscos futuros, e as opções para reduzir a taxa em que as mudanças climáticas estão ocorrendo são de responsabilidade do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC ), que também publicou um  Relatório Especial sobre o Aquecimento Global de 1,5°C .

* A Organização Meteorológica Mundial é a voz oficial do Sistema das Nações Unidas sobre Tempo, Clima e Água

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/05/2022

COMO "RESSUSCITAR"UM RIO.

 rio poluído

Foto: Reprodução/Pixabay/Jornal da USP

Como ‘ressuscitar’ um rio

Diminuir assoreamento, recompor a mata ciliar e não poluir: ações para ressuscitar um rio

José Carlos Mierzwa explica que a população pode contribuir para conservar os rios utilizando a água racionalmente e motivando campanhas de recuperação da qualidade dos corpos de água

Jornal da USP

Tocador de áudio

 

O processo de canalização dos cursos de água e a retirada de seus meandros, para fins agrícolas, o despejo de esgoto e o uso desordenado do solo próximo dos rios, por exemplo, têm como consequência enchentes, perda de habitat natural, o assoreamento, poluição, o que acaba levando ao fim do corpo de água.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor José Carlos Mierzwa, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica (Poli) da USP, explica porque esses fatores levam à morte do rio. “O oxigênio fica muito baixo e não tem mais como manter vida. A qualidade estética se deteriora muito e as pessoas começam a se afastar do rio, ao invés de se aproximar.”

A morte do Rio do Aterro, na Paraíba, foi ocasionada pela canalização, feita para fertilização do solo e produção agrícola. Mas, conforme destaca Mierzwa, com a retirada da mata ciliar para o cultivo, o solo ficou exposto e teve seus sedimentos e nutrientes carregados para dentro do rio — o que propiciou a proliferação de algas e diminuição da capacidade do rio fluir, por exemplo.

E como “ressuscitar” um rio?

A população da região do Rio do Aterro verificou o problema e começou a fazer um manejo do rio. Conforme explica o professor, “removeram as plantas que cresceram e tentaram recompor a mata ciliar” para proteção contra sedimentos. O processo de dragagem, nesse caso, foi feito pela Prefeitura. Nesse sentido, diminuir o assoreamento, acúmulo de terra no rio, recompor a mata ciliar, para evitar que o solo fique exposto à chuva, e não poluir, diminuindo o despejo de esgoto e lixo, são essenciais para ressuscitar um rio.

Já nos casos dos grandes centros urbanos, como São Paulo, houve iniciativas para ampliar a rede de esgoto, o que já atenua o problema da poluição dos rios. Há também as Estações Recuperadoras de qualidade da água, nas quais retira-se o esgoto do córrego e se envia para uma estação de tratamento no nível adequado. “Essa opção é provisória, até que se consiga efetivamente melhorar a condição de ocupação do solo, ou seja, reurbanizar aquela área.”

O especialista ressalta como a população pode contribuir para conservar os rios. “Primeiro, com relação à forma de utilização da água: que seja feita racionalmente para diminuir a demanda e a geração de esgoto. A outra é […] motivar campanhas de recuperação da qualidade desses rios, porque normalmente as pessoas costumam falar que a cidade virou as costas para os rios.”

* Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica, a Faculdade de Medicina e o Instituto de Estudos Avançados.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/05/2022