quarta-feira, 30 de junho de 2021

MUDANÇAS CLIMÁTICAS AUMENTAM CHUVAS EXTREMAS E A CHANCE DE INUNDAÇÕES.

 temporal

Foto: ABr/EBC

Mudanças climáticas aumentam chuvas extremas e a chance de inundações

Especialistas em clima alertam que, sem ação urgente, as mudanças climáticas continuarão causando um aumento na intensidade das chuvas extremas que podem levar a fortes inundações.

Uma equipe de pesquisa internacional concluiu que os aumentos nas chuvas extremas e inundações associadas devem continuar à medida que as temperaturas globais continuam aumentando. Os esforços para limitar o aquecimento a + 1,5 ° C ajudarão a limitar as mudanças nas chuvas extremas, embora algumas adaptações sociais ainda sejam necessárias.

Compartilhando suas descobertas em uma nova ScienceBrief Review , publicada hoje (7 de junho), cientistas da Newcastle University, da University of East Anglia (UEA), do Tyndall Center for Climate Change Research e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), São Paulo, O Brasil analisou mais de 170 artigos científicos revisados por pares. Eles descobriram que em bacias hidrográficas pequenas e urbanas em muitas partes do mundo, as chuvas extremas aumentaram a chance de ocorrência de enchentes e sua magnitude, impactando severamente as populações locais e a infraestrutura. Em grandes áreas, as inundações de bacias rurais dependem de muitos fatores diferentes e as inundações estão menos diretamente ligadas a eventos extremos de chuva.

Sua análise também sugere que aumentos nas taxas de chuvas extremas diárias foram observados globalmente e em escalas continentais ao longo do século 20 e início do século 21, e que o aquecimento global está causando aumentos nos extremos de chuvas de curta duração em algumas regiões. O estudo mostra que a atividade humana tem um impacto no aumento das chuvas diárias extremas, aumentando a probabilidade de alguns eventos significativos.

Os resultados mostram que o risco de inundações repentinas em áreas urbanas provavelmente aumentou nas últimas décadas, devido à expansão da paisagem impermeável, aumentando o escoamento superficial e aumentando as chuvas extremas, enquanto os aumentos são projetados para continuar.

O líder do estudo, Dr. Stephen Blenkinsop, da Escola de Engenharia da Universidade de Newcastle, disse: “O aquecimento global significa que a atmosfera pode reter mais umidade e também pode mudar a forma como as tempestades se comportam. Chuvas extremas mais intensas, juntamente com mudanças em outros fatores, podem aumentar a frequência e gravidade das inundações em muitas regiões.

“Mesmo se medidas forem tomadas para limitar a extensão do aquecimento global, precisaremos melhorar nossa compreensão de como as chuvas extremas e as inundações mudarão no futuro, a fim de adaptar nossas cidades e outras comunidades a eventos mais frequentes ou extremos.”

Adam Smith, da School of Environmental Sciences da University of East Anglia, acrescentou: “esta é uma área ativa de pesquisa e nossa revisão destaca que a ciência está se tornando cada vez mais clara sobre como as mudanças climáticas influenciam as chuvas extremas e como isso se combina com outros fatores para aumentar a chance de inundações em muitos lugares. ”

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O ScienceBrief Review ‘Climate change increases extreme rainfall and the chance of floods‘ foi publicado como parte de uma coleção sobre Questões Críticas na Ciência das Mudanças Climáticas, preparada para a conferência climática COP26 a ser realizada em Glasgow (2021).

Referência:

Stephen Blenkinsop, Lincoln Muniz Alves, & Adam J.P. Smith. (2021, June 7). Climate change increases extreme rainfall and the chance of floodsZenodohttp://doi.org/10.5281/zenodo.4779119

Henrique Cortez, tradução e edição, com a partir de informações da Newcastle University

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/06/2021

LIXO PLÁSTICO É O MAIS GERADO NO MUNDO.

lixo plástico

Lixo plástico é o mais gerado no mundo

Do total de lixo gerado em todo mundo, você sabia que de 60% a 90% é plástico? Por isso tantas campanhas contra seu uso, ainda mais se pensarmos que a maioria desse montante é feita do que se chama “de uso único”, como o plástico de embalagens de shampoos, salgadinhos e revistas, além dos polêmicos canudinhos.

Por Ana Paula Ruiz

Segundo a bióloga Francyne Elias-Piera, além do óbvio, o plástico que acumula no lixo, muitas vezes, vem de locais que a gente nem imagina, como o das roupas sintéticas, por exemplo. “As roupas sintéticas são aquelas que usamos nos dias mais frios ou aquelas camisetas que não amassam ou que são feitas para não transpirar. Estas peças são feitas de fibras de plástico, então, toda vez que lavamos essas roupas, os fiapos (que são fibras de plástico) vão parar no esgoto. E todo esgoto vai dar no mar! É por isso que é tão importante cuidar do planeta e dos oceanos – está tudo conectado, principalmente, pelas correntes marinhas”, afirma Francyne.

A bióloga ressalta, ainda, que tudo o que fazemos neste sentido aqui no Brasil também afeta outros lugares, até mesmo lugares limpos como a Antártica. “É por isso que existem tantas pesquisas sobre plásticos no oceano, mesmo já existindo alternativas como os canudinhos de papel ou de bambu”, complementa.

Francyne é mestre em Oceanografia Biológica pela USP e Doutora em Ciência Ambiental pela Universitat Autònoma de Barcelona. Desde 2000, ela pesquisa os invertebrados da Antártica e já participou de 5 expedições com Brasil e Coréia, ficando em Estações de Pesquisa e navios polares. Viveu na Coreia do Sul por 2 anos e foi a única latina pesquisadora do Instituto de Pesquisa Polar Coreano. Hoje, Francyne é pós-doutoranda na USP e fundadora do Instituto Gelo na Bagagem, a primeira plataforma de educação e entretenimento antártico com site, canal no Youtube e perfil no Instagram. Pelo Instituto, ela incentiva, desde 2010, a formação de novos pesquisadores antárticos no Brasil, México e Chile por meio de palestras e cursos presenciais e online.

Quem consome materiais de plástico biodegradável achando que está fazendo uma boa escolha, todo cuidado é pouco, pois não adianta caso eles não sejam feitos de materiais naturais – alguns chegam a ser até pior que o plástico convencional, uma vez que não se desfaz. “A única coisa diferente no biodegradável é que ele fica menor mais rapidamente, formando o que a gente chama de microplástico, que são pedacinhos bem pequenos de plástico que não enxergamos a olho nu”, explica a bióloga.

Então, existem dois problemas: os plásticos grandes, que baleias e tartarugas comem e se sufocam, e os microplásticos, que ficam boiando na água ou afundam e ficam no sedimento e viram alimento de animais pequenos, como o plancton. Algumas espécies, como o copepode, filtram a água para pegar o alimento e se existe microplástico na água, ele o come. “Depois é só concluir o que acontece quando o peixe come esse animal e o ser humano, por sua vez, come o peixe”, alerta. “Imagine o estômago dos peixes pescados em lugares cheios de lixo? Na minha última viagem para a Antártica, olhando o que estudo no microscópio, encontrei fibras de plástico e microplástico no sedimento, no gelo, na água e até no estômago dos animais. E não foi em animais da superfície não, foi nos animais de fundo de 30, 100 e até 400 metros de profundidade. Existia plástico em todos”, diz Francyne.

A polêmica gera questões e perguntas: como estes plásticos chegaram na Antártica? Seria culpa dos turistas, que não seguem o Protocolo de Madrid, ou seriam as redes de pesca de barcos clandestinos? Ou são as correntes marítimas que levam o lixo que produzimos no Brasil? Muitas pesquisas afirmam serem, sim, as correntes, mostrando que muito do que produzimos aqui impacta no ambiente antártico.

O plástico está presente por toda parte, nos celulares, nas roupas, nas embalagens de alimentos, nos potes de cosméticos, nas seringas, nas embalagens de remédios, nos enfeites, no glitter… E o risco de asfixia de animais não é o único problema – o perigo é que o plástico é formado por substâncias químicas para dar sustentação nos objetos e uma delas é a bisfenol (BPA) ou bisfenol – S (BPS), considerada tóxica. Desde 2011, esta substância é proibida. Existem objetos “free BPA”, porém, algumas substâncias do plástico ainda não foram identificadas e continuam sendo usadas. “O plástico grande ou minúsculo, quando cai na água, libera o bisfenol e intoxica muitos animais, tomando o lugar de outra substância do corpo do animal: o hormônio. Os hormônios são substâncias que o corpo libera para controlar as glândulas e exercer alguma função. É por isso que ocorre a redução da população de golfinhos e baleias, o comprometimento do desenvolvimento de ovos de aves e as deformidades sexuais em répteis e peixes”, explica a bióloga.

No corpo humano, estas substâncias se fixam na gordura do corpo, no sangue e nos fluidos corporais, podendo causar doenças cardíacas, câncer, endometriose, déficit de atenção, problemas neurológicos, baixo QI, puberdade precoce, abortos, acne, obesidade, aumento das glândulas mamarias masculinas, infertilidade e aumento da TPM. Quando se trata de microplásticos, ingerimos estas substâncias pelo ar, na água e até na cerveja. Segundo a bióloga, a ingestão também pode vir das embalagens ou de plástico filme. “O bisfenol migra com facilidade das embalagens para os alimentos. Quando colocamos uma vasilha plástica no micro-ondas, ajudamos a transferir bisfenol ainda mais rapidamente para a comida, e acontece a mesma coisa quando lavamos a louça com detergente ou na máquina de lavar”. E completa: “Estamos tão contaminados com o BPA que ele já foi encontrado no sangue de recém-nascidos, já que as mamadeiras são de plástico. Também encontraram a substância no sangue de cordão umbilical, o que comprova a intoxicação do bebê pela mãe”.

Para diminuir o uso de plástico no dia a dia, Francyne dá algumas dicas:

– evite congelar comida em potes de plástico

– nunca beba água de garrafas que ficam no carro e esquentam

– não use canudinho, a menos que tenha o seu individual feito de aço

– evite usar copinhos plásticos e prefira os dobráveis, que dá para levar na bolsa

– não aceite sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais

– diminua o uso de embalagens pets, preferindo as de vidro

– leve sempre uma garrafinha de vidro ou alumínio com você

– use roupas não sintéticas

 

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/06/2021 

DESMATAMENTO ESCURECE O MAR E AFETA O SEGUNDO MAIOR RECIFE DO MUNDO.

 tartaruga marinha

Foto: Pxhere / University of Southampton

Desmatamento escurece o mar e afeta o segundo maior recife do mundo

Converter as florestas tropicais da América Central em terras agrícolas está mudando a cor e a composição do material natural que corre para os rios próximos, tornando menos provável que se decomponha antes de chegar ao oceano, mostrou um novo estudo conduzido por Southampton.

O fluxo de material orgânico dissolvido, como o solo, da terra para os oceanos desempenha um papel importante nos ciclos globais de carbono e nutrientes. Mudar a forma como a terra é usada pode alterar o tipo e a quantidade de material transportado, com implicações generalizadas para os ecossistemas.

Neste último estudo, uma equipe de pesquisa internacional decidiu aprender mais sobre os efeitos do desmatamento no ambiente costeiro, estudando o material que fluía para os rios de vários locais em uma floresta tropical da América Central, rastreando seu progresso no mar ao largo da costa de Belize, lar da segunda maior barreira de corais do mundo.

Stacey Felgate, estudante de doutorado na University of Southampton e no National Oceanography Center, conduziu o estudo trabalhando com parceiros em Belize. Stacey disse: “Como muitos países da região, Belize está experimentando uma taxa rápida de desmatamento devido à crescente necessidade de terras agrícolas e urbanas, enquanto a economia também depende da pesca e do turismo na costa. Apesar disso, tem havido muito pouca pesquisa sobre o impacto que a mudança no uso da terra em um ritmo tão rápido está tendo sobre os ecossistemas costeiros da região. ”

Os resultados da pesquisa, publicados na revista JGR Biogeosciences , mostraram que significativamente mais material colorido está entrando nos rios de terras usadas para agricultura, em comparação com os locais de floresta natural.

À medida que o material continuava sua jornada ao longo do rio, a equipe percebeu que ele se acumulava, sugerindo que não era acessível aos micro-organismos que decompõem a matéria natural e a convertem em dióxido de carbono.

Quando o material chega à costa, o seu caráter colorido significa que absorve luz e pode escurecer o mar, podendo afetar a vida marinha como as ervas marinhas e os corais que precisam de luz para crescer. Os pesquisadores, portanto, identificaram pesquisas adicionais sobre esse possível impacto como uma próxima etapa vital para entender quais etapas são necessárias para proteger os ecossistemas costeiros do desmatamento.

Stacey acrescentou: “O potencial das atividades humanas em terra para impactar negativamente o meio ambiente costeiro não é exclusivo de Belize, e por isso nossas descobertas são relevantes de forma mais ampla, particularmente para as nações costeiras em desenvolvimento onde o desmatamento está em andamento, mas não há planos de conservação integrados entre o que está acontecendo na terra e o que está acontecendo nos oceanos. ”

Este estudo é parte de um projeto mais amplo liderado pela Dra. Claire Evans do Centro Nacional de Oceanografia. O trabalho foi financiado pelo Programa de Economias Marinhas da Commonwealth, que visa possibilitar economias marinhas seguras e sustentáveis em todos os Estados em desenvolvimento de pequenas ilhas da Commonwealth.

Outros parceiros no estudo incluíram a Universidade de Belize, o Instituto e Autoridade de Gerenciamento da Zona Costeira (Belize) e o Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido.

Stacey Felgate discute as descobertas de seu estudo e por que proteger nossos oceanos é importante no filme da Universidade de Southampton, para o Dia Mundial dos Oceanos, ‘Below the Surface’ – assista no link incorporado acima.

Referência:

Felgate, S. L., Barry, C. D. G., Mayor, D. J., Sanders, R., Carrias, A., Young, A., et al. (2021). Conversion of forest to agriculture increases colored dissolved organic matter in a subtropical catchment and adjacent coastal environmentJournal of Geophysical Research: Biogeosciences, 126, e2021JG006295. https://doi.org/10.1029/2021JG006295

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Henrique Cortez, tradução e edição, a partir de original da University of Southampton

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 08/06/2021

HEMISFÉRIO NORTE ENFRENTA ONDA DE CALOR EXCEPCIONAL E PERIGOSA.

Hemisfério norte enfrenta onda de calor excepcional e perigosa

Uma onda de calor excepcional e perigosa está assando o noroeste dos EUA e o oeste do Canadá em áreas que são mais sinônimas de frio. É provável que as temperaturas cheguem a cerca de 45,0 ° C durante o dia, durante talvez cinco ou mais dias, com noites extremamente quentes entre os dois.

As temperaturas extremas representam uma grande ameaça à saúde das pessoas, à agricultura e ao meio ambiente porque a região não está acostumada com esse calor e muitas pessoas não têm ar condicionado.

É de se esperar que os alertas precoces sobre a saúde no calor limitarão o número de mortos.

Tantos recordes foram quebrados que é difícil acompanhar.

O recorde canadense de todos os tempos foi quebrado no domingo, com Lytton na Colúmbia Britânica registrando 46,6 ° C (1,6 ° C acima do recorde anterior estabelecido em 5 de julho de 1937). Menos de 24 horas depois, Lytton quebrou esse recorde novamente, atingindo 47,9 ° C na segunda-feira.

Esses valores são mais típicos do Oriente Médio do que uma província que abriga as Montanhas Rochosas e o Parque Nacional Glacier. Há um risco consequente de alto derretimento das geleiras com os riscos que as acompanham, como deslizamentos de terra.

Armel Castellan é meteorologista da Environment and Climate Change Canada. Ele disse: Ainda não terminamos com isso.

“Yukon e os Territórios do Noroeste registraram suas temperaturas mais altas de todos os tempos, não apenas em junho, mas em qualquer momento do ano. Estamos estabelecendo recordes que não devem ser atingidos tão cedo na temporada ”.

“Já tivemos muitos dias seguidos e todas as manhãs acordamos com temperaturas mais altas. Isso é perigoso e está afetando as pessoas por muitos dias em que estão desidratadas e muitos dias em que a temperatura está mais alta do que no dia anterior ”, disse Castellan.

“As mínimas durante a noite serem mais altas do que nossa média durante o dia para o final de junho é realmente um grande negócio. Nossos corpos precisam se refrescar e se recuperar antes de enfrentar mais um dia de altas temperaturas. Outra coisa a se pensar é a infraestrutura.

“Menos de 40 por cento das casas têm ar condicionado no litoral, as pessoas estão tendo que ir a bibliotecas e shoppings para encontrar algumas horas de ar condicionado. Tenho dormido em uma barraca para ter um pouco de descanso do calor ”, disse Castellan.

O calor intenso – especialmente quando combinado com raios – aumenta o risco de incêndios florestais.

Registros de temperatura preliminar do noroeste dos EUAEstados Unidos da América

Seattle estabeleceu um novo recorde de todos os tempos em 104 ° F (40 ° C) no domingo e quebrou isso na segunda-feira com 107 ° F (41,7 ° C). Portland quebrou o recorde duas vezes – 108 ° F (42 ° C) no sábado 112 ° F (44,4 ° C) no domingo, de acordo com o US National Weather Service. Muitos outros registros da estação caíram na segunda-feira.

O calor está sendo causado por uma combinação de um padrão de bloqueio atmosférico significativo que levou a uma cúpula de calor, com baixa pressão em ambos os lados, e que não está sendo movida pela corrente de jato.

Essa onda de calor vem na esteira de outra onda de calor histórica, há menos de duas semanas, que atingiu o sudoeste dos EUA e a Califórnia com centenas de recordes.

Calor do hemisfério norte

Outras partes do hemisfério norte já estão experimentando condições excepcionais de calor no início do verão, estendendo-se do norte da África, Península Arábica, Europa Oriental, Irã e noroeste do continente indiano. As temperaturas máximas diárias ultrapassaram os 45 ° C em vários locais e atingiram os 50 no Saara. O oeste da Líbia registrou temperaturas mais de 10 ° C acima da média em junho .

A Rússia Ocidental e as áreas ao redor do Mar Cáspio também registraram temperaturas excepcionalmente altas devido à presença contínua de uma grande área de alta pressão. Em partes da região, incluindo Moscou, as temperaturas devem chegar a 30 ° C durante o dia, permanecendo acima de 20 ° C à noite. Espera-se que as áreas próximas ao Mar Cáspio experimentem temperaturas atingindo meados de 40 ° C e permanecendo acima de 25 ° C à noite. É provável que alguns recordes de temperatura de todos os tempos sejam estabelecidos durante esta onda de calor.

Mudanças Climáticas

Essas condições climáticas quentes do início do verão estão ocorrendo em um contexto de mudança climática induzida pelo homem, com temperaturas globais já 1,2 ° C mais altas do que os níveis pré-industriais.

“As ondas de calor estão se tornando mais frequentes e intensas à medida que as concentrações de gases do efeito estufa levam a um aumento nas temperaturas globais. Também estamos percebendo que eles estão começando mais cedo e terminando mais tarde e estão afetando cada vez mais a saúde humana ”, disse Omar Baddour, chefe da Divisão de Monitoramento e Política Climática da OMM.

Nikos Christidis é um cientista climático do Met Office do Reino Unido. Ele disse: “Sem a mudança climática induzida pelo homem, teria sido quase impossível atingir essas temperaturas médias recordes em junho no oeste dos Estados Unidos, já que as chances de ocorrência natural são uma vez a cada dezenas de milhares de anos. No clima atual, junho extremamente quente é comum e pode ocorrer duas vezes em três décadas. No entanto, uma análise de muitos modelos de computador sugere que, no final do século, essas temperaturas extremas são mais prováveis ​​do que não. Estima-se que a influência humana tenha aumentado a probabilidade de um novo recorde vários milhares de vezes ”, disse ele.

O Relatório Especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas sobre o Aquecimento Global de 1,5 ° C continha informações sobre as mudanças climáticas e o bem-estar humano.

Projeta-se que os riscos relacionados ao clima para a saúde, meios de subsistência, segurança alimentar, abastecimento de água, segurança humana e crescimento econômico aumentem com o aquecimento global de 1,5 ° C e aumentem ainda mais com 2 ° C. Limitar o aquecimento a 1,5 ° C em vez de 2 ° C pode resultar em 420 milhões de pessoas a menos expostas a ondas de calor severas, disse o relatório.

Em 2018, pessoas vulneráveis ​​com mais de 65 anos experimentaram um recorde de 220 milhões a mais de exposições a ondas de calor, do que a média para a linha de base de 1986-2005, de acordo com o relatório da OMM sobre o Estado do Clima Global em 2019.

O Escritório Conjunto sobre Clima e Saúde da OMM e da Organização Mundial da Saúde trabalha ativamente para proteger a saúde das pessoas contra esse grande perigo. WMO é um dos parceiros fundadores da Rede Global de Informação de Saúde Térmica .

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/06/2021

SITE HIPERDIVERSIDADE MOSTRA O TAMANHO DA BIODIVERSIDADE BRASILEIRA PARA O MUNDO.

Site Hiperdiversidade mostra o tamanho e importância da biodiversidade brasileira para o mundo

Brasil abriga 12% das espécies de plantas do mundo, 12% dos mamíferos e 24% as espécies de peixes

Foto: Marizilda_Cruppe

Marizilda_Cruppe - O site traz informações didáticas sobre os biomas tropicais terrestres e marinhos no planeta, a participação dos biomas brasileiros no contexto mundial e a relevância da Amazônia nesse cenário

O site traz informações didáticas sobre os biomas tropicais terrestres e marinhos no planeta, a participação dos biomas brasileiros no contexto mundial e a relevância da Amazônia nesse cenário

  • Resultados apresentados foram obtidos por meio de síntese do conhecimento, que reúne informações de pesquisa já existentes em grandes bases de dados e outras plataformas científicas e faz novas análises.
  • Banco genético e ecológico dos ecossistemas naturais pode indicar caminhos e soluções para inúmeros problemas atuais.
  • Capacidade de sobrevivência de plantas amazônicas em solos pobres, e das do Cerrado, que suportam a seca, são exemplos de soluções que a biodiversidade brasileira pode contribuir para a ciência e a agricultura.
  • Site pode subsidiar educadores e divulgadores, apresentando a importância e a dimensão da biodiversidade dos trópicos.
  • Brasil abriga 12% das espécies de plantas do mundo, 12% dos mamíferos e 24% as espécies de peixes

Mais de três quartos de todas as espécies de anfíbios, mamíferos terrestres, peixes de água doce e salgada, formigas e plantas vivem nas regiões tropicais do planeta. E o Brasil tem uma contribuição impressionante: abriga 12% das espécies de plantas do mundo, 12% dos mamíferos e 24% as espécies de peixes. Esses números, que são resultado do esforço de cientistas brasileiros e estrangeiros, estão reunidos em um site que a Rede Amazônia Sustentável, com o apoio da Ambiental Media, apresenta à sociedade em 29 de junho, Dia Internacional dos Trópicos.

Com o intuito de conectar a ciência ao jornalismo, o site traz resultados de pesquisa da Rede Amazônia Sustentável (RAS), um consórcio de pesquisa que envolve instituições brasileiras e estrangeiras. O conjunto de informações em textos, imagens e infográficos apresenta de forma didática e acessível uma fotografia geral sobre os biomas tropicais terrestres e marinhos no planeta, a participação dos biomas brasileiros no contexto mundial, a relevância da Amazônia nesse cenário e as ameaças à manutenção da biodiversidade brasileira.

“Os seis biomas brasileiros têm uma relevância extraordinária para o mundo”, afirma a bióloga Joice Ferreira, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, uma das instituições coordenadoras da RAS. “A Amazônia tem 1.385 espécies de aves; o Cerrado, 1.127; e a Mata Atlântica tem 1.015. Todos os biomas têm importância, seja pelo número grandioso das espécies ou pela singularidade delas, o que chamamos de endemismo”, explica a cientista. O diferencial da plataforma é tornar esses números disponíveis de forma organizada, acessível e atraente para toda a sociedade.

número de espécies por biomas no Brasil

Novo olhar 

Os dados da página Hiperdiversidade são resultados de estudos de síntese do conhecimento. O trabalho envolve reunir informações de pesquisa já existentes em grandes bases de dados e outras plataformas científicas e fazer novas análises ou extrair diferentes parâmetros. Nesse caso, para responder à pergunta sobre a contribuição do Brasil para a biodiversidade mundial.

rio amazônicoEsse esforço de pesquisa iniciou em 2018 com a publicação do artigo The future of hyperdiverse tropical ecosystems, na revista Nature. “É um tipo de abordagem cada vez mais valorizado no ambiente científico e político, pois a partir de dados científicos podemos fazer diferentes análises que contribuem para a tomada de decisão”, exemplifica Joice Ferreira. Prova disso é que o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) criou o Centro de Sínteses em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (Sinbiose) para realizar estudos de síntese.

“A crescente publicação e desenvolvimento de estudos sobre a biodiersidade local dos ecossistemas tropicais nos permite realizar sínteses de conhecimentos, que são pesquisas que agregam resultados de estudos anteriores para responder perguntas numa escala macro”, contextualiza Filipe França, pesquisador da Universidade de Lancaster, na Inglaterra.

A cada ano, entre 15 mil e 19 mil espécies são documentadas pela ciência. “Quando os cientistas descobrem uma espécie nova, abrem portas para um mundo de outros dados relacionados”, diz Jos Barlow, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), que também atua na Universidade de Lancaster.

O banco genético e ecológico dos ecossistemas naturais, acrescenta o pesquisador, tem um valor inestimável e pode “indicar caminhos e soluções para inúmeros problemas atuais, como novos remédios ou genes que podem ajudar na adaptação das espécies cultivadas”.

abelha

Útil e inspirador

Ao navegar no site Hiperdiversidade, é possível ter a dimensão da biodiversidade mundial e do papel do Brasil nesse cenário. “Ele coloca em perspectiva o que está em jogo quando a gente fala em perda de biodiversidade no Brasil”, alerta o jornalista Thiago Medaglia, fundador da Ambiental Media, parceira da RAS.

As informações presentes no texto, fotos e infográficos têm narrativas próprias e complementares, como explica o jornalista. Ele diz que o material gráfico pode ser utilizado por profissionais de comunicação e professores em seus projetos. “São dados úteis e que não envelhecem rapidamente. É importante investir na divulgação para educadores, para escolas públicas, sobre o que é a região dos trópicos, por que ela é tão importante e ao mesmo tempo tão frágil”, completa.

O conteúdo da plataforma vai além da ciência e do jornalismo de dados: traz elementos da arte produzidos por profissionais renomados. “A gente mescla elementos nesse projeto. Por exemplo: um texto literário de Ronaldo Ribeiro, que foi editor-chefe da National Geographic, combinado com imagens do fotógrafo de natureza João Marcos Rosa. É um projeto que tenta inspirar um pouco pelo viés da beleza e da poesia. A ciência também é inspiração e nada é mais inspirador do que a biodiversidade do Brasil”, conta Medaglia.

Para ele, o site também pretende resgatar na população brasileira o sentimento de pertencimento à natureza. “O brasileiro tem um orgulho ufanista e distante da natureza e é preciso que a gente se aproxime dessa riqueza natural, que é a alma do Brasil. A ciência, o jornalismo, a fotografia, tudo isso é um caminho possível para essa reconexão”, acredita o jornalista.

ararasRede de pesquisa

A atualização da página Hiperdiversidade acontecerá à medida que a pesquisa gerar novos dados e análises. “A Rede Amazônia Sustentável tem um novo projeto, o Synergize, e já temos análises em andamento, especificamente para a Amazônia”, relata Ferreira, coordenadora do projeto.

O Synergize faz parte do Centro de Sínteses em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (Sinbiose), do CNPq, e é também responsável pela criação da plataforma Hiperdiversidade. O foco do projeto é compreender a integridade da biodiversidade na Amazônia brasileira toda. “Daí a importância de iniciativas como o Sinbiose e de projetos como o Synergize para nos ajudar a compreender as principais ameaças e propor soluções para a manutenção da biodiversidade nas regiões tropicais”, completa Filipe França, da Universidade de Lancaster.

sapo“O projeto vem estabelecendo uma das mais extensas redes de pesquisa e está criando uma das maiores bases de informações sobre a biodiversidade da Amazônia”, comemora Joice. Ele conta com 30 pesquisadores e já estabeleceu uma rede de 337 cientistas de 150 instituições do Brasil e do mundo, que colaboram com dados da vegetação lenhosa, da fauna terrestre e dos ecossistemas aquáticos da Amazônia em mais de 11.500 parcelas de estudo na região. Para as pesquisas de vegetação, o Synergize conta com a parceria de bases de dados internacionais, como a Forestplots e a Amazon Tree Diversity Network.

A Rede Amazônia Sustentável, criada em 2009, é uma rede de pesquisa que gera informações e resultados sobre o impacto do uso da terra na biodiversidade e floresta na Amazônia para subsidiar instituições e políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável da região. A RAS é coordenada por pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental e Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo – Esalq-USP (Brasil); Universidade de Lancaster, Universidade de Oxford e Universidade Metropolitana de Manchester (Reino Unido); Instituto Ambiental de Estocolmo/SEI (Suécia).

Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/06/2021