quarta-feira, 31 de outubro de 2018

EXTRATIVISMO GERA EMPREGO, RENDA E MOVIMENTA ECONOMIA EM ÁREAS PROTEGIDAS NO RIO XINGU.

Extrativismo gera emprego, renda e movimenta economia em áreas protegidas no Rio Xingu


Beneficiamento da castanha-do-pará – Parcerias entre moradores, organizações e ICMBio garantem renda digna

ABr
O dia começa cedo para a comunidade do Rio Novo, na Reserva Extrativista (Resex) do Rio Iriri, na região sudoeste do Pará. Às 5h, Marlon Rodrigues coloca no fogo a primeira panela com castanhas in natura. Esse é o início do processo de beneficiamento da castanha-do-pará realizada na miniusina de processamento de produtos extrativistas instalada na comunidade, que alcançou este ano recorde de produção.
No ano passado, foram produzidos na miniusina 1661 quilos (kg) de castanha beneficiada. Este ano a produção deve fechar em torno de 4000 kg de castanha e o valor a ser comercializado é de R$ 40 por quilo.
Depois que sai da panela, a castanha é distribuída entre os dez  trabalhadores e passa por uma máquina para quebrar a casca, que depois é retirada uma a uma com auxílio de uma faca.
As castanhas são então selecionadas e embaladas e estão prontas para a venda.
A quebra da castanha começa por volta das 7h e segue em ritmo frenético. O som das castanhas quebrando e da conversa entre os trabalhadores só para no final da tarde, às 17h.
Marlon Rodrigues passou a trabalhar na miniusina depois que seu pai adoeceu. Ele vivia da pesca e não se interessou pela atividade a princípio, mas hoje divide com sua irmã Raimunda a responsabilidade pelo beneficiamento da castanha.
“A gente mexia com pescaria e pra mexer com pescaria hoje em dia está muito ruim de peixe; tão ruim que quase não dá dinheiro nem pra comprar o alimento. Mexo aqui com castanha; meu trabalho é mexer a castanha no paiol e cozinhar castanha”, conta Marlon.
Detalhe da retirada da castanha de sua casca. Processamento da castanha na mini usina da Comunidade do Rio Novo, um afluente do rio Iriri na Terra do Meio.
Processamento da castanha na mini usina da Comunidade do Rio Novo, um afluente do Rio Iriri na Terra do Meio. – Lilo Clareto/ISA/Direitos reservados
A coleta da castanha começa no mês de fevereiro e vai até março. Os extrativistas coletam a castanha na mata, quebram, limpam e levam para o paiol onde ela passa dois meses secando, para então começar o processo de beneficiamento que vai até novembro – a quebra da castanha. O beneficiamento é feito de segunda a sexta-feira durante cerca de 20 dias e então a miniusina faz uma pausa para que os moradores possam se dedicar a outras atividades.
“A gente tem outro ritmo de vida depois que começou a ter miniusina, mas a gente continua tendo roça com algumas coisas, continua pescando, vai na cidade e faz alguma compra. Passa uns dez, quinze dias sem trabalhar, aí começa de novo”, explica Raimunda Rodrigues, irmã de Marlon.
Na miniusina trabalham moradores da comunidade do Rio Novo, formada por cerca de 4 famílias e da comunidade vizinha de Boa Esperança. Uma parte das castanhas é coletada por eles e o restante é comprado de outros extrativistas da reserva por meio da cantina que funciona na comunidade, responsável por adquirir os produtos coletados pelos extrativistas.

“Cantinas” da Terra do Meio

A cantina do Rio Novo faz parte de uma rede de 22 cantinas espalhadas pela Terra do Meio, tanto em Terras Indígenas como Reservas Extrativistas da região. As cantinas são espaços de comercialização de mercadorias e produtos das florestas e funcionam como entreposto comercial entre a comunidade e o mercado externo. Possuem capital de giro administrado por um cantineiro escolhido pela comunidade – o que permite que as cantinas comprem a produção local dos extrativistas.
A rede conta com oito miniusinas de processamento e 44 paióis de estocagem, 153 estradas de seringas reabertas e nove casas de seringa construídas. Entre os produtos trabalhados pelas comunidades extrativistas da região, além da valorizada castanha-do-pará, comercializada com casca e desidratada,  e derivados do produto, como óleo e farinha de castanha, estão também óleo e farinha de babaçu, sementes florestais e borracha, vendida em bloco e em manta.
Raimunda Araújo Rodrigues, cantineira do Rio Novo, posa no paiol com castanhas. Processamento da castanha na mini usina da Comunidade do Rio Novo, um afluente do rio Iriri na Terra do Meio.
Raimunda Araújo Rodrigues, cantineira do Rio Novo, no paiol com castanhas – Lilo Clareto/ISA/Direitos reservados
De 2009 a 2017, o faturamento da rede de cantinas girou em torno de R$ 400 mil ao ano e a expectativa é fechar 2018 com R$ 1,8 milhão. As cantinas também acumularam um capital de giro superior a R$ 500 mil. Apenas nas três reservas extrativistas  da região — Xingu, Iriri e Riozinho do Anfrísio, onde vivem cerca de 300 famílias -, o capital de giro chegou a quase R$ 300 mil.
A comunidade do Rio Novo, por exemplo, coleta uma média de 200 caixas de castanhas – com cerca de 22 kg cada uma – e compra o restante de outros extrativistas por meio da cantina para fazer o beneficiamento. Esse ano entraram na cantina mais de 900 caixas de castanha. Quatrocentas foram vendidas para os contratos da rede de cantinas e 510 estão em processo de beneficiamento. O capital de giro da miniusina que começou com R$ 10 mil em 2012 chegou a R$ 65 mil no ano passado.
“Nós compramos esses 65 mil e muito mais do que isso de castanha, porque a gente fez empréstimo. A rede ajuda a gente a processar, pagar as pessoas que quebram a castanha e quando a gente revende a castanha beneficiada paga todas as dívidas que ficaram com o capital de giro nas cantinas”, explica Raimunda.

Balanço anual

O beneficiamento da castanha na miniusina que começou em outubro vai seguir sem pausa durante 33 dias para encerrar a produção anual e fazer o balanço para a reunião de cantineiros que acontece anualmente em Altamira todo ano no final de novembro, antes do início da nova coleta de castanha.
Na reunião, representantes de todas as cantinas trocam experiências sobre a produção durante o ano, os ganhos, perdas, e também discutem qual deve ser o preço da castanha com casca e da castanha beneficiada para o próximo período, valor que é adotado por todas as cantinas.
“Antigamente você vivia humilhada pelos atravessadores. Eles chegavam e falavam pra ti que iam pagar R$ 10 na caixa de castanha e você aceitava aquilo porque não tinha pra onde vender. Hoje as cantinas fecham o contrato sobre o preço da castanha e o atravessador tem que comprar naquele preço. Então, tem mais segurança pra nós, tem mais lugar pra correr atrás, não tem só aquela opção”, ressalta Raimunda.
O Rio Novo está localizado na Estação Ecológica onde começa a Reserva Extrativista (Resex) do Rio Iriri, na região da Terra do Meio, entre os rios Xingu e Iriri, formada por áreas protegidas que somam 8 milhões de hectares. Os encontros entre os cantineiros para negociar produtos e discutir preços também aproximou os moradores de diferentes áreas que ficavam muitas vezes isolados uns dos outros devido às grandes distâncias.
“O pessoal vivia muito longe. Eu nasci e me criei nesse local, não conhecia Riozinho, não conhecia ninguém que morasse pra cima do Rio, pra cima da Boa Esperança. E depois das cantinas a gente começou a entrar em contato, cantineiro com cantineiro, pessoa com pessoa, reunião, então a gente começou a conhecer mais, ficar mais próximo um do outro. E circular dentro do território”, conta Raimunda.
A utilização do capital de giro permite que os extrativistas recebam o pagamento assim que entregam a castanha na cantina. Antes eles tinham que esperar até sete meses para receber o dinheiro pelo produto coletado, devido a uma logística complexa de transporte e venda dos produtos.

Renda digna

Para chegar até a comunidade de Rio Novo, a reportagem da Agência Brasil percorreu cerca de 300 quilômetros (km) de carro saindo do centro de Altamira (PA), ao longo de sete horas. Foram cerca de 200 quilômetros pela Transamazônica. A parte mais demorada do trajeto foram os 90 km finais pela Transiriri, que consumiram quatro horas, devido às más condições da estrada de terra até  Maribel. De lá, faz-se uma travessia de 40 minutos de barco pelo Rio Iriri até a Resex. No período de chuvas, o trajeto é todo feito de barco.
Instalada em 2011, a miniusina do Rio Novo foi a primeira experiência do tipo na Terra do Meio. Os primeiros elementos processados na usina foram o óleo e o mesocarpo do babaçu, além de experiências com manteiga de cacau e óleos de andiroba, castanha e mamona.
O início dessa atividade foi impulsionado pela atuação do Instituto Socioambiental (ISA) em uma das ações para incentivar o aproveitamento integral do fruto do babaçu na região. Essas ações fazem parte de um trabalho desenvolvido pelo ISA em parceria com as associações de extrativistas da Terra do Meio para a estruturação de cadeias de valor de produtos florestais não madeireiros –  um arranjo local para extrativismo e comercialização dos produtos da floresta.
Marlon Sandro Araújo Rodrigues fecha a panela para cozinhar mais uma porção de castanhas no vapor. Processamento da castanha na mini usina da Comunidade do Rio Novo, um afluente do rio Iriri na Terra do Meio.
Marlon Sandro Araújo Rodrigues fecha a panela para cozinhar castanhas no vapor – Lilo Clareto/ISA/Direitos reservados
Essa atuação partiu de uma demanda dos beiradeiros pelo direito a uma renda digna feita às organizações que atuam na região por meio da Rede Terra do Meio (RTM), articulação entre associações locais, sociedade civil, academia e poder público, com o objetivo de constituir o primeiro espaço de ações no território após a demarcação das Unidades de Conservação (UCs) na região.
Em 2008, partiu da Rede a criação de um Grupo de Trabalho (GT) de Produção e Comercialização com o objetivo de atender a essa demanda específica da população local. Participaram do GT além do ISA o Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Instituto Floresta Tropical (IFT), Instituto de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará (Ideflor) e Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP).
A partir daí, foram realizados os primeiros diagnósticos de alternativas produtivas para a região junto com os beiradeiros – moradores das margens dos rios – , trabalho que se estendeu até 2011, quando teve início a implementação das cadeias produtivas na região, com busca de mercado diferenciado para os produtos e a gestão da produção dentro das Reservas Extrativitas (Resex), por meio do modelo da rede de cantinas que recebem a produção extrativista e o beneficiamento dos produtos nas miniusinas para agregar valor.
“Teve a implantação; agora é consolidação. O modelo está provado, funciona, tem os contratos, tem capital de giro, tem responsáveis, tem produto e  mercado. Então, aqui o ISA começa seu processo de retirada para o modelo ficar em pé com as associações. As cantinas conseguiram se comprometer já com volumes maiores, conseguiram contrair empréstimos e mandaram ver. Hoje há uma dinâmica instalada que independe do ISA”, considera Marcelo Salazar, coordenador do componente Terra do Meio do Programa Xingu do ISA.

Fornecedores até para a Suíça

Dos contratos assinados com grandes compradores da Rede de Cantinas, um total de 3,7 toneladas de farinha de babaçu foram vendidas para as merendas de escolas de municípios na região de Altamira; 1,5 tonelada de óleo de copaíba para a empresa de perfumaria Firmenich e mais de 8 toneladas de borracha para a empresa Mercur. Além disso, em ano de safra de castanhas, 330 toneladas do produto foram vendidas para a Wickbold, Fundação Somos Um e o mercado local.
A primeira parceria comercial de longo prazo estabelecida na Terra do Meio foi feita em 2010 com a empresa gaúcha Mercur para a compra de borracha produzida nas Resex. A parceria resultou no primeiro termo de cooperação da região, um contrato que define as condições da relação comercial e o papel dos atores envolvidos na promoção e monitoramento das cadeias de valor.
Participaram do termo além da empresa compradora Mercur e a empresa responsável por beneficiar a borracha, QR Borrachas Quirino, as comunidades das Resex Riozinho do Anfrísio, Iriri e Xingu, por meio de suas associações de moradores. As organizações ISA, Imaflora, FVPP e ICMBio foram as responsáveis pelo acompanhamento da relação entre as empresas e a comunidade de extrativistas.
A segunda parceria teve início em 2011, com a empresa de perfumaria suíça Firmenich, interessada na compra do óleo de copaíba produzido pelos extrativistas da Resex Riozinho do Anfrísio. A empresa aceitou a proposta das famílias responsáveis pela coleta da copaíba e extração do óleo sobre a necessidade de adquirir previamente as mercadorias necessárias para o seu trabalho e receber pela produção no momento em que entregasse o produto. A Firmenich realizou um aporte financeiro de R$ 10 mil para a comunidade e iniciou, dessa forma, a modalidade do capital de giro na cadeia produtiva das Resex.
“Ela fez uma doação para as comunidades por meio de um fundo interno da empresa. A cada contrato novo que foi sendo feito, os extrativistas colocavam essa necessidade e isso foi crescendo e hoje está batendo quase R$ 500 mil de capital de giro próprio nas comunidades, sem depender de empréstimo, de governo, de ninguém. O capital ou está na cantina ou está em produto. Isso dá mais confiança ao produtor porque garante que ele receba na hora da entrega do produto”, explica Salazar.
Panorâmica da comunidade Rio Novo, com o rio e as casas.
Panorâmica da comunidade Rio Novo – Lilo Clareto/ISA/Direitos reservados
Em 2012, a comercialização do látex produzido nas reservas girava em torno de quatro toneladas e a de copaíba cerca de 1,2 toneladas, enquanto a castanha, um dos principais produtos extrativistas da região, tinha potencial para alcançar 500 toneladas, segundo um levantamento feito pelo ISA. Nesse ano foi realizada a terceira parceria entre as comunidades e uma empresa compradora, a primeira no ramo da castanha. O acordo foi firmado entre os extrativistas e a empresa Ouro Verde, uma processadora de castanha-do-pará em Alta Floresta, Mato Grosso, que resultou na compra das safras de castanha pela empresa.
A partir do modelo estabelecido com a copaíba na cantina do Alto Riozinho do Anfrísio, o ISA proporcionou adiantamentos de mercadoria para os castanheiros fazerem o pagamento da coleta e encaminhar o produto à cidade. Em 2014, foi iniciada a parceria mais recente com a empresa Wickbold, também relacionada à  produção de castanha. O acordo foi finalizado em 2015 na Resex do Iriri e possibilitou a expansão das cantinas no território que, além das Resex, passaram a envolver também  as Terras Indígenas (TIs) Xipaya e Kuruaya.
Em 2013, a miniusina da Resex do Iriri localizada no Rio Novo passou por uma adaptação de tecnologia para trabalhar no beneficiamento da castanha desidratada. Na safra de 2016, após o acordo comercial fechado com a empresa Wickbold, foram processados no Rio Novo 1.880 quilos de castanha, 84 quilos de farinha de castanha, 309 quilos de óleo de castanha e 100 quilos de mesocarpo de babaçu, além da produção de bolsas e sacos produzidos a partir do látex, vendidos localmente. Oito famílias participaram diretamente do processamento e 14 foram envolvidas na coleta dos produtos na floresta.
Por Leandro Melito, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/10/2018

AQUECIMENTO GLOBAL : ESTRESSE TÉRMICO REDUZIRÁ A PRODUTIVIDADE NO TRABALHO.

Aquecimento Global: Estresse térmico reduzirá a produtividade no trabalho


O estresse térmico afeta a saúde dos trabalhadores e reduz a produtividade do trabalho, alterando o ambiente de trabalho ambiental, levando a perdas econômicas.

Institute of Atmospheric Physics, Chinese Academy of Sciences*
Quantificar o impacto do estresse térmico na produtividade do trabalho continua sendo um problema para a pesquisa científica e a formulação de políticas.
Nos últimos anos, pesquisas baseadas em estudos de ciências sociais foram bem aplicadas para quantificar o impacto do estresse térmico na capacidade de trabalho. No entanto, os inquéritos anteriores foram principalmente para países desenvolvidos. O número de amostras era geralmente muito pequeno (centenas ou até dezenas) e não era adequado para identificar as diferenças regionais em todo o mundo. O padrão mundial de perda de produtividade relacionada ao calor (WPL) permaneceu incerto.
Recentemente, YU Shuang, XIA Jiangjiang e YAN Zhongwei do Instituto de Física Atmosférica da Academia Chinesa de Ciências, juntamente com colegas da China e do Reino Unido, sintetizaram 4363 respostas a uma pesquisa global online em 2016, a mais ampla pesquisa global sobre o efeito de estresse térmico na WPL atualmente disponível, a fim de quantificar os efeitos do estresse térmico na produtividade do trabalho em diferentes países para o ano.
Os resultados da pesquisa mostram que o WPL relacionado ao calor no ano foi de 6,6 dias para os países em desenvolvimento e de 3,5 dias para os países desenvolvidos. O WPL relacionado ao calor tem correlação negativa significativa com o PIB per capita (cc = -0,63), indicando que o WPL é inversamente proporcional ao nível de desenvolvimento. Eles identificaram as regiões de vulnerabilidade a ondas de calor que poderiam ter sido negligenciadas no passado, especialmente as regiões do Cinturão Econômico da Rota da Seda, como a Ásia Central e o norte da Europa, devido à adaptabilidade relativamente baixa ao calor. A onda de calor é um dos mais graves desastres meteorológicos em termos de perdas econômicas na região do Cinturão e da Estrada.
Um padrão mundial de perda de produtividade relacionada ao calor (em dias) para 2016, com base em uma pesquisa on-line com 4043 amostras válidas. (Imagem de YU Shuang)
Um padrão mundial de perda de produtividade relacionada ao calor (em dias) para 2016, com base em uma pesquisa on-line com 4043 amostras válidas. (Imagem de YU Shuang)

Eles ainda estimaram o WPL para o futuro nos cenários de Representative Concentration Pathways (RCPs) (trajetória de concentração de gases de efeito estufa adotada pelo IPCC e visa representar as diferentes mudanças de concentração atmosférica e os futuros climáticos). Quando o aquecimento global atinge 1,5, 2, 3 e 4 ° C, respectivamente, a média de WPL será 9 (19), 12 (31), 22 (61) e 33 (94) dias para países desenvolvidos (em desenvolvimento). Países do Sudeste Asiático em um mundo de aquecimento a 1,5 ° C sofreriam a mesma perda que os países desenvolvidos teriam em um mundo aquecido a 4 ° C. Isso mostra, quantitativamente, a grave situação que os países em desenvolvimento enfrentariam sob o aquecimento global.
“As ondas de calor certamente impactam mais seriamente os países em desenvolvimento em geral, mas nosso estudo estimou quantitativamente quanta onda de calor reduziria a produtividade e identificaria as regiões mais vulneráveis do mundo”. YU Shuang disse: “Nossos resultados chamam a atenção para a necessidade de adaptação ao aumento das ondas de calor, melhorando a infra-estrutura de proteção, especialmente para as regiões em desenvolvimento”
Referência:
Loss of work productivity in a warming world: Differences between developed and developing countries
Yu Shuang et al
Journal of Cleaner Production
Volume 208, 20 January 2019, Pages 1219-1225
https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2018.10.067

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/10/2018

ENERGIA RENOVÁVEL DEVE RESPONDER POR 50% DA ELETRICIDADE MUNDIAL ATÉ 2050.

Energia renovável deve responder por 50% da eletricidade mundial até 2050, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


“Assim como a Idade da Pedra não acabou por falta de pedras,
a Era do Petróleo chegará ao fim, não por falta de óleo”
(Sheikh Ahmed-Zaki Yamani, 2000)
matriz energética global
[EcoDebate] O novo relatório da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) – New Energy Outlook (NEO) para 2018 – traz boas notícias para a indústria de energia renovável, com previsão de que a energia eólica e solar aumente sua participação na matriz energética global para cerca de 50% até 2050. No mesmo período, o carvão deve encolher para 11% da geração global de eletricidade e as baterias para aumentar em popularidade como os preços despencam.
O relatório NEO-2018 traz, além das boas novas para as indústrias eólica e solar, destaca o impacto promissor da queda dos custos da bateria e o impacto tem sobre o mix de eletricidade ao longo das próximas décadas. Especificamente, a BNEF prevê que os preços das baterias de lítio-íon, que já despencaram 80% por megawatt-hora (MWh) desde 2010 – continuarão a cair à medida que o setor de veículos elétricos mantenha o crescimento projetado.
A BNEF estima que US$ 548 bilhões serão investidos em capacidade de armazenamento de energia em baterias, até 2050. Considerando que o armazenamento barato por meio de baterias significará a viabilidade para a utilização de eletricidade a partir do vento e da energia solar, contornando os problemas da intermitência do fornecimento destas fontes que são sujeitas à falta de sol ou de vento. O resultado será o crescimento das energias renováveis e o abandono progressivo do carvão, petróleo, gás e energia nuclear.
Para a indústria solar em particular, a BNEF está prevendo um aumento de 17 vezes na capacidade global e o custo nivelado da eletricidade (LCoE) cairá mais 71% até 2050, já tendo caído 77% entre 2009 e 2018. A indústria eólica vai beneficiar de um aumento de seis vezes na capacidade e ver a sua própria LCoE cair mais 58%, face ao decréscimo de 41% observado na década anterior.
Além disso, a BNEF prevê que o setor elétrico global aumentará suas emissões de 2017 até um pico em 2027. Em seguida, as emissões devem cair até 2050. Infelizmente, isso ainda significa que o setor elétrico não cumprirá sua parte esforço para manter os níveis globais de CO2 abaixo de 450 partes por milhão (ppm), o nível equivalente a um aumento nas temperaturas globais de apenas 2 graus Celsius, conforme estabelecido no Acordo de Paris.
Porém, mesmo que fosse possível desativar todas as usinas de carvão do mundo até 2035, o setor de energia ainda não estaria trilhando o caminho acima de uma trajetória de segurança climática. O último relatório do IPCC mostra que a humanidade só tem 12 anos para reverter as emissões de gases de efeito estufa.
Ou seja, a transição energética é fundamental para a segurança climática, mas no ritmo atual – mesmo sendo o mais rápido de todos os tempos – o aumento da temperatura do Planeta poderá, ainda assim, chegar em um nível que os custos serão muito maiores do que os benefícios.
Se este processo de transição não for acelerado o mundo pode perder o controle sobre o clima devido aos efeitos de retroalimentação e pode assistir a um colapso ambiental de grandes proporções já na metade do século XXI.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
Referência:
Bloomberg New Energy Finance (BNEF) – New Energy Outlook (NEO), 2018
https://about.bnef.com/new-energy-outlook/
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/10/2018

PODEMOS LIMITAR O AQUECIMENTO GLOBAL A 1,5 GRAUS C ?

Podemos limitar o aquecimento global a 1,5 ° C?


Os esforços para combater o aquecimento global e as alterações climáticas tendem a concentrar-se nas mudanças do lado da oferta, como a mudança para energias renováveis ou mais limpas.

Lund University*
Em uma edição especial na revista Energy Efficiency, que segue o Special Report on Global Warming of 1.5 degrees C do IPCC, os pesquisadores argumentam que as abordagens de demanda podem desempenhar um papel crucial, dado o objetivo de aspiração delineado no Acordo de Paris.
“ Precisamos reduzir agressivamente as emissões de carbono o quanto antes, o que não é impossível, mas desafiador. Portanto, os pesquisadores devem fornecer orientações claras para os formuladores de políticas e profissionais sobre as opções disponíveis ”, diz o professor Luis Mundaca, da Universidade de Lund, na Suécia, que foi um dos principais autores do Relatório Especial do IPCC sobre graus de 1,5ºC .
“Reduzir o sistema energético, enfrentando a demanda crescente, torna mais viável a descarbonização do mix de recursos energéticos via renováveis”, diz Luis Mundaca.
Para este fim, os pesquisadores descrevem como as emissões de carbono podem ser reduzidas usando abordagens do lado da demanda dentro de setores específicos.
Abordagens do lado da demanda geralmente envolvem múltiplas estratégias de mitigação nos setores de energia de uso final. Para o setor de transportes, alguns exemplos disso podem ser:
* Medidas que visam diminuir a necessidade de transporte (por exemplo, teletrabalho).
* Medidas que visam melhorar a eficiência do transporte (por exemplo, transporte público)
* Medidas que visam aumentar a eficiência de combustível de veículos (por exemplo padrões mínimos, eletrificação de veículo).
Em contraste com o pensamento predominante, a edição especial argumenta que vias de descarbonização profunda específicas do setor estão disponíveis.
“Encontramos uma abundância de políticas e medidas possíveis. Algumas abordagens são específicas para setores, como códigos de construção – ou para produtos, por exemplo com padrões mínimos de desempenho – enquanto outros são genéricos, como melhorias de eficiência técnica ”, diz Luis Mundaca.
“Abordagens ambiciosas da demanda reduzem os custos de mitigação e a necessidade de opções de remoção de dióxido de carbono, que são atividades antropogênicas removendo CO 2 da atmosfera” diz Luis Mundaca, que vê a necessidade de uma abordagem comportamental e tecnológica mais integrada na formulação de políticas para promover essa transformação.
“Comparado com a mudança tecnológica, os aspectos comportamentais continuam sendo negligenciados. Considerando que há um consenso crescente de que a remoção de barreiras à mudança comportamental é um elemento crítico e essencial para manter a meta de 1,5 ° C ao alcance, as avaliações e discussões de políticas continuam fortemente focadas em tecnologia ”, continua ele.
Ele também enfatiza que não cabe apenas aos políticos. Como sociedade, também precisamos analisar criticamente nossos padrões e hábitos de consumo. Se isso significa menos viagens aéreas, os aparelhos que compramos ou que alimentos ingerimos, há muitas opções disponíveis para os indivíduos. A edição especial também visa nos capacitar, consumidores.
Orçamentos acumulados de emissão para limitar o aquecimento a 2 ° C e 1,5 ° C
Orçamentos acumulados de emissão para limitar o aquecimento a 2 ° C e 1,5 ° C. Notas: As áreas das caixas são proporcionais ao total cumulativo de orçamentos de emissões de CO2 de 2011 a 2100, consistentes com o aquecimento limitante a 2 ° C e 1,5 ° C (com 50-66% e> 66% de probabilidade) com base nos dados de Rogelj et al. (2015 b ). As emissões anuais históricas de ~ 40 GtCO 2 de 2011 a 2016 são estimadas a partir do GCP ( 2016 ). Observe que os orçamentos cumulativos de emissão variam dependendo da metodologia e das premissas (Rogelj et al. 2016 b ). Os orçamentos para limitar o aquecimento a 2 ° C, apresentados no Quinto Relatório de Avaliação do IPCC (Clarke et al., 2014 ), são ligeiramente mais altos em 960–1430 GtCO 2(50-66% de probabilidade) e 630-1180 GtCO 2 (> 66% de probabilidade). Orçamentos para limitar o aquecimento a 1,5 ° C, relatados em Rogelj et al. ( 2015a ) são ligeiramente inferior a 200-415 GtCO 2 (> 50% de probabilidade)
Referência:
Demand-side approaches for limiting global warming to 1.5 °C
Mundaca, L., Ürge-Vorsatz, D. & Wilson, C.
Energy Efficiency (2018). https://doi.org/10.1007/s12053-018-9722-9
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/10/2018

POPULAÇÃO DE ANIMAIS DAS AMÉRICAS CENTRAL E DO SUL CAIU 89%.

Relatório Planeta Vivo 2018: população de animais das Américas Central e do Sul caiu 89%

Relatório Planeta Vivo 2018: O declínio no tamanho das populações de animais vertebrados chegou a 60% em 40 anos. Nos trópicos, principalmente nas Américas Central e do Sul, a redução chega a 89% desde 1970.

É o que aponta o Relatório Planeta Vivo 2018, lançado hoje (30) pela organização não governamental WWF – Fundo Mundial para a Natureza.
ABr
comendo o planeta
Segundo o coordenador do programa Cerrado e Pantanal da WWF, Júlio César Sampaio, a região tropical, próximo à Linha do Equador, concentra a maior quantidade de vida do planeta, em função da dinâmica de temperatura e das florestas, além de ter as maiores áreas de uso do solo e dos recursos naturais.
“É onde estão localizadas as maiores áreas cultivadas para produção de alimentos. Essa produção, regada a uma forma intensa do uso da terra, tem afetado drasticamente esses ambientes e consequentemente provocado o declínio dessas populações que, nessa faixa que abrange a parte central e América do Sul, o relatório mostra que chega a 89%. É uma das regiões mais pressionadas em função desse uso intenso dos recursos naturais.”
Ele explica que, no Brasil, o principal problema é o desmatamento, que chegou a 20% na Amazônia e já passou de 50% da cobertura original no bioma Cerrado, impactando na capacidade hídrica do país, já que a área abriga importantes mananciais que abastecem as bacias hidrográficas de todo o país.
Para Sampaio, o país que tem a maior biodiversidade do planeta, além da maior área de florestas tropicais e a maior quantidade de água doce do mundo, precisa assumir o protagonismo na área ambiental e implementar as metas da convenção da Organização das Nações Unidas para a biodiversidade.
“As metas precisam ser revistas a partir de 2020 e é importante que os países signatários de fato internalizem esses acordos dentro de suas políticas internas. Por exemplo, um dos temas é a necessidade de ter pelo menos 17% dos ecossistemas em áreas protegidas, que são importantes para a conservação dessa biodiversidade. O Brasil tem ainda um grande percurso nesse aspecto. No cerrado são 8% do território protegido, no pantanal são apenas 2% de áreas protegidas”.
O relatório aponta que entre as espécies brasileiras ameaçadas de extinção em função da perda do ambiente natural estão a jandaia-amarela (Aratinga solstitialis), o tatu-bola (Tolipeutes tricinctus), o muriqui-do-sul (Brachyteles aracnoides) e o uacari (Cacajao hosomi). A degradação ambiental ameaça o boto (Inia geoffrensis), que já mostra tendência de redução populacional.
Planeta Vivo
Sampaio explica que o relatório da WWF é um compilado de informações científicas, que utiliza base de dados de 19 organizações internacionais e envolve mais de 50 pesquisadores. O trabalho apresenta, a cada dois anos, o índice de vida do planeta.
“Nos últimos anos, esse relatório tem mostrado um grande declínio dessas formas de vida, essas espécies que vêm desaparecendo em função principalmente do uso que o homem faz da superfície do planeta e da forma como nós exploramos os nossos recursos naturais.”
O Índice do Planeta Vivo (LPI) mede, desde 1970, as tendências em 16.704 populações, representando 4.005 espécies de vertebrados. “A nível global, esse declínio de espécies desde o início do monitoramento mostra que cerca de 60% da biodiversidade no planeta vem desaparecendo, incluído animais, plantas e seres invertebrados. Toda a biodiversidade vem sofrendo com a forma com que o planeta vem sendo modificado, principalmente através das atividades humanas ao longo desses anos”, explica o coordenador.
Os dados mostram que 75% das terras do planeta já foram impactadas pela ação humana; as populações de água doce tiveram redução de 83% desde 1970; o habitat para os mamíferos teve uma redução de 22%; o risco de extinção tem acelerado para diversas espécies; e a quantidade de biodiversidade original caiu de 81,6% em 1970 para 78,6% em 2014.
Segundo o relatório, os seres humanos já ultrapassaram os limites de segurança no que se refere às mudanças climáticas, à integridade da biosfera, aos fluxos biogeoquímicos de nitrogênio e fósforo, além das mudanças no sistema terrestre. “A saúde planetária, a natureza e a biodiversidade estão em declínio acentuado, prejudicando a saúde e o bem-estar das pessoas, espécies, sociedades e economias em todos os lugares”, alerta o texto.
Sampaio destaca que já existem tecnologias em todas as áreas de atividade humana que podem proporcionar uma forma mais amigável de se relacionar com os recursos naturais e com a biodiversidade e que é possível adotar modelos de boas práticas já desenvolvidas e comprovadas cientificamente para aumentar a produção e conservar o meio ambiente. Ele cita como exemplo a produção de alimentos.
“Na alimentação, hoje cerca de 40% do que é produzido globalmente é jogado fora, durante a produção, o transporte e dentro das nossas casas. Então, se a gente mudar só esse componente, como a gente trata o alimento desde a sua origem até o nosso prato, sem dúvida a gente vai ter um ganho significativo na quantidade de alimentos que é produzido a nível global. Nós provocamos essa mudança pelos nossos hábitos, pois a forma que nós consumimos hoje é uma forma predatória”.
O texto lembra que globalmente a natureza fornece serviços que podem chegar a US$ 125 trilhões por ano, como insumos básicos para medicamento, polinização natural das lavouras e sequestro de carbono da atmosfera.

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  • Living Planet Report 2018 – full report

    PDF 14.52 MB

  • Living Planet Report 2018 – summary

    PDF 5.16 MB
Por Akemi Nitahara, da Agência Brasil, com edição de Henrique Cortez, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/10/2018

MAIS DE 90% DAS CRIANÇAS DO MUNDO RESPIRAM AR POLUÍDO.

Mais de 90% das crianças do mundo respiram ar poluído, alerta OMS


Em 2016, estima-se que 600 mil crianças morreram devido a infeções respiratórias causadas pelo ar poluído.

ONU News
A Organização Mundial da Saúde, OMS, revelou que cerca de 93% das crianças do mundo, com menos de 15 anos de idade, respiram ar tão poluído que coloca sua saúde e desenvolvimento em grave risco.
A situação afeta 1,8 bilhão de crianças no mundo, de acordo com um relatório publicado esta segunda-feira na primeira Conferência Mundial sobre Poluição do Ar e Saúde que decorre em Genebra.

Ameaças

Em 2016, estima-se que 600 mil crianças já morreram devido a infeções respiratórias causadas pelo ar poluído. Uma das principais ameaças à saúde de  crianças menores de cinco anos é a poluição do ar,  responsável por quase uma em cada 10 mortes nessa faixa etária.
Em comunicado, o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, considera a situação “indesculpável”. O representante destaca que o ar poluído “intoxica milhões de crianças e arruína suas vidas”.
O chefe da OMS sublinhou que toda a criança “deve ser capaz de respirar ar puro para que possa crescer e realizar todo o seu potencial”.
O estudo defende ainda que a poluição do ar também causa câncer. Crianças expostas à poluição excessiva também podem estar em maior risco de contrair uma doença cardiovascular crônica na vida adulta.
OMS revelou que cerca de 93% das crianças do mundo, com menos de 15 anos de idade, respiram ar tão poluído que coloca sua saúde e desenvolvimento em grave risco,
OMS revelou que cerca de 93% das crianças do mundo, com menos de 15 anos de idade, respiram ar tão poluído que coloca sua saúde e desenvolvimento em grave risco, by Foto: OMM/Alfred Lee

Cérebro

A diretora do Departamento de Saúde Pública, Meio Ambiente e Sociedade da OMS, Maria Neira, disse a jornalistas que a poluição do ar prejudica o cérebro dos menores de idade.
A probabilidade é que as crianças sejam intoxicadas porque estão mais expostas a ar poluído e absorvem mais poluentes do solo, onde essas substâncias se encontram em concentrações mais altas.
Como parte do apelo à ação das comunidade internacional, a OMS recomenda uma série de medidas “diretas” para reduzir o risco à saúde, que estão ligadas ao tamanho de material particulado ambiental, ou PM2.5.
Essas ações incluem acelerar as mudanças na limpeza de combustíveis e em tecnologias de aquecimento e para cozinhar, promoção de transporte mais limpo, habitações com maior eficiência energética e planejamento urbano.
A OMS apoia ainda a geração de energia de baixa emissão, tecnologias industriais mais limpas e seguras e o melhor gerenciamento municipal de resíduos para reduzir a poluição do ar nas comunidades.
Da ONU News, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/10/2018

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

TEMPESTADES CRESCENTES E ATIVIDADE HUMANA ESTÃO AUMENTANDO AS TEMPESTADES E AS INUNDAÇÕES REPENTINAS.

Temperaturas crescentes e atividade humana estão aumentando as tempestades e as inundações repentinas


Precipitação e escoamento tempestuoso aumentaram drasticamente em resposta às mudanças climáticas e induzidas pelo homem

Os furacões Florence e Michael nos EUA e o Super Tufão Mangkhut nas Filipinas mostraram o impacto generalizado e prejudicial dos extremos climáticos em ambos os ecossistemas e comunidades construídas, com enchentes causando mais mortes, bem como como perdas de propriedade e agricultura, do que de quaisquer outros perigos severos relacionados ao clima. Essas perdas aumentaram nos últimos 50 anos e ultrapassaram US $ 30 bilhões por ano na última década.
Globalmente, quase um bilhão de pessoas agora vivem em várzeas, aumentando sua exposição a inundações de rios de eventos climáticos extremos e ressaltando a urgência em entender e prever esses eventos.
Por Holly Evarts, Department of Earth and Environmental Engineering, Columbia University*
Global Warming and Atlantic Hurricanes
Pesquisadores da Columbia Engineering demonstraram pela primeira vez que os extremos do escoamento aumentaram drasticamente em resposta às mudanças climáticas e induzidas pelo homem. Suas descobertas , publicadas hoje na Nature Communications , mostram um grande aumento nos extremos de precipitação e de escoamento causados pela atividade humana e pela mudança climática.
A equipe, liderada por Pierre Gentine , professor associado de engenharia de terra e meio ambiente e afiliado ao Instituto da Terra, também descobriu que o escoamento de tempestades tem uma resposta mais forte do que a precipitação a mudanças induzidas pelo homem (mudanças climáticas, mudanças no uso da terra, etc.). Isso sugere que as respostas projetadas dos extremos de temporais de tempestade para mudanças climáticas e antrópicas vão aumentar dramaticamente, representando grandes ameaças ao ecossistema, afetando a resiliência da comunidade e os sistemas de infraestrutura.
Os pesquisadores descobriram que as mudanças nos extremos de escoamento de tempestades, na maioria das regiões do mundo, estão em linha ou acima dos extremos de precipitação. Eles observaram que diferentes respostas de precipitação e escoamento tempestuoso à temperatura podem ser atribuídas não apenas ao aquecimento, mas também a fatores como mudanças no uso e cobertura da terra, manejo da água e da terra e mudanças na vegetação que alteraram as condições de superfície subjacentes, feedbacks hidrológicos que, por sua vez, aumentaram o escoamento da tempestade.
A precipitação é gerada após a condensação do vapor de água na atmosfera, e a intensidade da precipitação é governada pela disponibilidade de vapor de água atmosférico. Como a atmosfera pode conter mais umidade à medida que a temperatura aumenta, os cientistas do clima esperam ver uma intensificação dos extremos de precipitação com a mudança climática.
Como estudos anteriores investigaram principalmente a resposta de precipitação, a equipe de Gentine decidiu examinar a resposta dos extremos de precipitação e de escoamento de tempestades às mudanças causadas naturalmente e antropogenicamente na temperatura da superfície e no conteúdo de umidade atmosférica. Eles realizaram uma análise hidrológica em escala global para caracterizar as respostas e seus mecanismos físicos subjacentes.
Os pesquisadores então avaliaram a influência da variabilidade ao longo de décadas na escala dos extremos de escoamento e temperatura, então compararam sistematicamente com as mudanças nos extremos de precipitação. Seus dados observados de escoamento diário vieram dos conjuntos de dados do Global Runoff Data Center (GRDC), e dados diários de precipitação e temperatura próxima à superfície do ar a partir do conjunto de dados Global Summary of the Day (GSOD).
A precipitação é governada tanto pela termodinâmica (relação do vapor de água com a temperatura) quanto pela dinâmica atmosférica. A equipe de Gentine planeja, em seguida, tentar dividir os impactos da dinâmica e termodinâmica na precipitação para obter uma compreensão mais profunda sobre a intensificação da precipitação. Eles também se concentrarão na detecção de mudanças devido ao aquecimento versus aquelas devidas à atividade humana, a fim de estabelecer um sistema adaptativo de gerenciamento de recursos hídricos.
Referência:
Jiabo Yin, Pierre Gentine, Sha Zhou, Sylvia C. Sullivan, Ren Wang, Yao Zhang, Shenglian Guo. Large increase in global storm runoff extremes driven by climate and anthropogenic changes. Nature Communications, 2018; 9 (1) DOI: 10.1038/s41467-018-06765-2
http://dx.doi.org/10.1038/s41467-018-06765-2
* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 23/10/2018