sábado, 31 de agosto de 2013

GENOCÍDIO EM RUANDA


Em um período de cem dias entre abril e junho de 1994, cerca de 800 mil pessoas foram mortas em Ruanda, no que ficou conhecido como o maior genocídio africano dos tempos modernos.

Mesmo para um país conhecido por sua história turbulenta, a escala e a rapidez do genocídio chocaram o mundo.

A maioria dos mortos era da etnia tutsi, e a maioria dos autores das mortes, da etnia hutu.

O estopim do massacre foi a morte do presidente do país, Juvenal Habyarimana, um hutu, quando seu avião foi derrubado ao sobrevoar o aeroporto da capital, Kigali, no dia 6 de abril de 1994.

Um juiz francês culpou o atual presidente de Ruanda, Paul Kagame, que na época era líder de um grupo rebelde tutsi, e alguns de seus parceiros pelo ataque ao avião.

Kagame nega veementemente responsabilidade pela morte do ex-presidente e diz que o acidente foi provocado por extremistas hutus, de forma a criar um pretexto para colocar em ação planos de exterminar a comunidade tutsi.

Quem quer que seja o responsável, o ataque deu início a uma explosão de violência que, poucas horas depois, se espalhou pela capital e por todo o país, e só começou a diminuir três meses depois.

A morte do presidente, no entanto, não foi a única causa do genocídio.

Histórico de violência

Tensões étnicas em Ruanda não são novidade. Sempre houve conflitos entre a maioria hutu e a minoria tutsi, mas as hostilidades entre os dois grupos aumentaram consideravelmente desde o período colonial.

Os dois grupos étnicos são na verdade muito similares - falam a mesma língua, vivem nas mesmas áreas e seguem as mesmas tradições.

Entretanto, tutsis tendem a ser mais altos, mais magros e de pele um pouco mais clara do que a dos hutus. Alguns acham que a etnia teria sua origem na Etiópia.

Durante o genocídio, os corpos dos tutsis foram atirados em rios. Seus assassinos diziam que os mortos estavam sendo enviados de volta para a Etiópia.

Quando os colonizadores belgas chegaram à região em 1916, produziram carteiras de identidade classificando as pessoas de acordo com sua etnia.

Os belgas consideravam os tutsis superiores aos hutus.

Naturalmente, os tutsis gostaram da ideia e durante cerca de 20 anos desfrutaram de empregos e oportunidades de educação melhores do que os dos vizinhos hutus.

O ressentimento entre os hutus foi crescendo gradualmente e culminou em uma série de revoltas em 1959.

Mais de 20 mil tutsis foram mortos e muitos fugiram para países vizinhos como Burundi, Tanzânia e Uganda.

Quando a Bélgica deixou o poder e deu independência a Ruanda, em 1962, os hutus assumiram o governo.

Nas décadas seguintes, os tutsis tornaram-se os bodes expiatórios em todas as crises.

Rumo ao genocídio

No período que antecedeu o genocídio, a situação econômica piorou e o presidente Juvenal Habyarimana começou a perder popularidade.

Ao mesmo tempo, refugiados tutsis em Uganda - com o apoio de hutus moderados - começaram a formar o movimento Rwandan Patriotic Front (Frente Patriótica Ruandense), ou RPF, liderado por Kagame.

O objetivo do grupo era derrubar Habyarimana e garantir seu direito de retorno à terra natal.

Habyarimana decidiu explorar essa ameaça como uma forma de trazer dissidentes hutus de volta para o seu lado. Tutsis dentro de Ruanda foram acusados de ser colaboradores do RPF.

Em agosto de 1993, após vários ataques e meses de negociações, um acordo de paz foi assinado entre Habyarimana e o RPF, mas isso não foi suficiente para diminuir as tensões.

O ataque contra o avião de Habyarimana, no início de abril de 1994, foi a última gota.

Ainda não foi estabelecido quem matou o presidente - e, com ele, o presidente de Burundi e outros altos funcionários do governo.

O efeito do ataque, no entanto, foi instantâneo e catastrófico.

Assassinatos em massa

Em Kigali, a guarda presidencial iniciou imediatamente uma campanha de vingança.

Líderes da oposição política foram mortos e, quase imediatamente, começou o assassinato em massa de tutsis e hutus moderados.

Dentro de horas, recrutas foram enviados a todo o país para executar a onda de crimes.

Alguns tutsis conseguiram escapar para campos de refugiados.

Entre os primeiros organizadores do massacre estavam militares, políticos e homens de negócios, mas em breve vários outros aderiram à campanha.

Encorajada pela guarda presidencial e por propaganda massiva em estações de rádio, formou-se uma milícia não-oficial chamada Interahamwe (o nome significa "aqueles que atacam juntos"). No auge da violência, o grupo reuniu 30 mil pessoas.

Soldados e policiais encorajaram cidadãos comuns a participar. Em alguns casos, os militares obrigaram civis hutus a assassinar tutsis vizinhos.

Os participantes com frequência recebiam incentivos, como dinheiro ou comida. Em alguns casos, os mandantes dos crimes disseram aos hutus que poderiam se apropriar das terras dos tutsis que assassinassem.

De maneira geral, não houve interferência da comunidade internacional durante o genocídio.

As tropas da ONU se retiraram do país após a morte de dez soldados.

No dia posterior à morte de Habyarimana, o RPF retomou seu ataque contra as forças do governo e várias tentativas da ONU de negociar um cessar-fogo fracassaram.

Depois do genocídio

Finalmente, em julho, o RPF capturou Kigali. O governo se desintegrou e o RPF declarou um cessar-fogo.

Tão logo ficou aparente que o RPF tinha sido vitorioso, cerca de 2 milhões de hutus fugiram para o Zaire (hoje República Democrática do Congo).

Entre os refugiados estão muitas pessoas que, mais tarde, foram acusadas de envolvimento nos massacres.

Inicialmente, um governo multi-étnico foi formado, com um hutu, Pasteur Bizimungu, como presidente, e Kagame como seu vice.

Mas a dupla mais tarde entrou em desacordo e Bizimungu foi preso sob acusação de incitar violência étnica. Kagame assumiu a Presidência.

Embora o massacre em Ruanda tenha terminado, a presença de milícias hutus no Congo levou a anos de conflitos no país vizinho.

O atual governo de Ruanda, liderado por tutsis, já invadiu o Congo duas vezes, dizendo querer eliminar as forças hutus da região.

Nesse meio-tempo, um grupo rebelde tutsi no Congo continua ativo, argumentando que não vai depor armas porque, se o fizesse, sua comunidade estaria sob risco de genocídio.

A maior força de paz do mundo, hoje posicionada no Congo, não conseguiu resolver o conflito.

Ver também no blog Ruanda 07/2012
Fonte : Estadão.com

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO



data.un.org
República Democrática do Congo

Geografia
País da África Central. Abrangendo grande parte da bacia do rio Congo (ou Zaire), a República Democrática do Congo é banhada, a oeste, pelo oceano Atlântico em apenas 40 km de costa e faz fronteira com Cabinda (Angola), a República do Congo, a oeste, a República Centro-Africana, a norte, o Sudão e o Uganda, a nordeste, o Ruanda, o Burundi e a Tanzânia, a leste, a Zâmbia, a sudeste, e Angola, a sul e sudoeste. Com uma área de 2 345 410 km2, é o terceiro maior país do continente africano. As principais cidades são Kinshasa, a capital, com 6 789 900 habitantes (2004), Lubumbashi (1 138 000 hab.), Mbuji-Mayi (971 200 hab.), Kisangani (536 000 hab.) e Kananga (576 600 hab.).

Clima
Tem um clima do tipo equatorial, com chuvas abundantes e temperaturas elevadas durante todo o ano.

Economia
As vias fluviais constituem um elemento vital na rede de transportes do país. Este é rico em recursos minerais, possui grandes jazidas de diamantes, cobalto e um potencial hidroelétrico que abrange metade do continente. Os diamantes são responsáveis por mais de 75% das receitas, mas julga-se que cerca de 80% da produção é escoada pelo mercado negro. As florestas cobrem 55% do território e fornecem madeiras como o mogno e o ébano. A desflorestação aumentou e só não é maior devido à grande dificuldade de escoamento da madeira, que leva 3 anos para conseguir atingir os portos.
A extensão de terra cultivada equivale a menos de 3% da superfície total e grande parte da população rural pratica uma agricultura de subsistência com culturas itinerantes, abrindo clareiras na floresta para cultivar o solo e abandonando-as quando este fica esgotado. Exportam café, óleo de palma, borracha, cacau, algodão e chá. Foram os europeus que estabeleceram as plantações onde se praticam estas culturas. O nível de vida da população é considerado baixo devido à nacionalização de todos os setores da economia, ao encarecimento dos bens importados, à corrupção e ao recurso a empréstimos externos. Os principais parceiros comerciais da República Democrática do Zaire são a Bélgica, os Estados Unidos da América, a Itália e a Alemanha.
Indicador ambiental: o valor das emissões de dióxido de carbono não foi atribuído.

População
Não é um país densamente povoado: tinha, em 2006, 62 660 551 habitantes e uma densidade populacional de 25,52 hab./km2. As taxas de natalidade e de mortalidade são, respetivamente, de 43,69%o e 13,27%o . A esperança média de vida é de 41,46 anos. O valor do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,363 e o valor do Índice de Desenvolvimento ajustado ao Género (IDG) é de 0,353 (2001). Estima-se que, em 2025, a população ultrapasse os 100 milhões de habitantes.
Neste território, dois terços da população falam línguas bantas. As grandes tribos bantas são os Congos (16%) do Oeste, os Mongos (14%) do Centro, os Lubas (18%) do Centro-Sul e os Lundas, do Sul. No Norte, há grupos sudaneses como os Azandes (6%) e os Mangbetus. Os pigmeus são apenas um dos muitos grupos étnicos e linguísticos locais. Falam-se no país mais de 200 línguas e dialetos, mas o francês continua a ser a língua corrente e oficial. As principais religiões são o catolicismo (41%), o protestantismo (32%) e o cristianismo indígena (13%).

História
Os navegadores portugueses desembarcaram pela primeira vez no estuário do rio Congo em 1482 e estabeleceram relações com o reino do Congo. Os outros povos europeus penetraram nas suas florestas muito mais tarde, no século XIX, ao subirem o rio Congo.
As tribos da região foram englobadas na entidade colonial a seguir à implantação de entrepostos comerciais instalados junto ao rio, a partir de 1876, pela Associação Internacional do Congo, propriedade do rei Leopoldo II da Bélgica, que reclamou para si a posse do Estado. A exploração dos indígenas foi denunciada pelo cônsul britânico, Roger Casement, e a Bélgica viu-se obrigada a retirar a Leopoldo o domínio do Congo.
A política colonial permitiu elevar o nível de vida do país, sobretudo na década de 50, mas não o preparou para a independência - por exemplo, os africanos negros só depois de 1954 tiveram acesso ao ensino universitário e só nesta altura foi permitida a formação de partidos políticos. Os belgas acabariam por perder o controlo dos acontecimentos com o surgimento dos movimentos nacionalistas de 1959. O país tornou-se autónomo a 30 de junho de 1960, mas passados dias encontrava-se mergulhado na anarquia e com vários surtos de rebelião e lutas tribais. À data da independência, as duas principais figuras políticas eram Patrice Lumumba e Joseph Kasavubu, dirigentes das fações nacionalistas rivais. A luta pelo poder acabou com o assassínio de Lumumba em 1961. Quatro anos mais tarde, Mobutu tomou o poder, que viria a deter por mais de três décadas e meia, resistindo com êxito a várias conspirações. Mobutu impôs ao país um regime de partido único. Ao mesmo tempo, enveredou por uma política de regresso às origens africanas, alterando nomes europeus de pessoas e lugares para nomes indígenas, como é o caso do próprio nome do país, que de Congo passou a designar-se Zaire. O próprio chefe de Estado mudou o seu nome de Joseph Désiré para Mobutu Sese Seko. Em 1997, foi deposto por Laurent-Désiré Kabila - desde sempre inimigo do regime de Mobutu, era o chefe da guerrilha Aliança das Forças Democráticas para a Libertação do Congo-Zaire - que alterou o nome do país para aquele que atualmente vigora e formou novo Governo e Assembleia Constituinte. A presidência de Kabila foi desde cedo assombrada por rebeliões e guerrilhas. Em 1998, uma rebelião apoiada pelos países vizinhos - Uganda e Ruanda como apoiantes dos rebeldes e Angola, Namíbia e Zimbabwe como apoiantes de Kabila - degenerou em guerra civil. Houve uma tentativa falhada de cessar-fogo com a assinatura de um pacto em agosto de 1999 em Lusaca. A 16 de janeiro de 2001 foi anunciado o assassinato de Laurent-Désiré Kabila, aparentemente morto por um militar, seu guarda-costas, devido a uma discussão sobre a guerra que assola o país. O seu filho Joseph Kabila foi anunciado como sucessor interino do pai, assumindo, assim, a presidência do país. Em 2002 conseguiu-se que as forças rebeldes se retirassem do Congo oriental e dois meses mais tarde foi assinado um tratado de paz dando início a um governo de unidade nacional.
No início de 2006, na sequência da ratificação de uma nova Constituição, a bandeira do país foi alterada, assumindo um modelo semelhante ao já utilizado no período entre 1963 e 1971.

internacional.ipvc.pt 
Fonte: Infopédia

BÁLCÃS OU BALCÃS


Bálcãs ou Balcãs ou ainda península balcânica é o nome dado a uma região peninsular a sudeste da Europa caracterizada pela enorme diversidade étnica, cultural e religiosa dos povos que a habitam, além dos drásticos conflitos que há séculos preenchem a história da região, derivados de tal pluralidade.
Seu nome é derivado da Cordilheira dos Bálcãs, localizada entre Bulgária e Sérvia. Está delimitada pelos rios Danúbio, Sava e Kulpa a norte, pelo mar Negro a leste, pelo mar Egeu a sudeste, pelo mar Mediterrâneo  a sul, pelo mar Jônio a sudoeste, e pelo mar Adriático a oeste. Do tamanho do estado de Minas Gerais, vários são os países independentes presentes na região: Albânia, Bósnia-Herzegovina, Bulgária, Croácia, Grécia, Macedônia, Moldávia, Romênia, Eslovênia, Sérvia, Montenegro, além do Kosovo, uma região especial da Sérvia que luta por reconhecimento internacional como nação independente. 
Os Bálcãs caracterizam-se por ser uma região montanhosa, com clima mediterrânico no litoral e temperado continental no interior. Situada a sudeste do continente europeu, num ponto de interseção entre a Europa e o Oriente Médio, a península balcânica foi também o caminho por onde trafegaram exércitos guerreiros em suas campanhas de conquistas desde a idade antiga.
www.suapesquisa.com
A história de ocupação da península começa no século I, com a fundação de um reino pelos teutões, um povo germânico. No século VI chegam os croatas, católicos, e os sérvios cristãos ortodoxos, que pela diferença religiosa fundam reinos separados.
No século XI as primeiras soberanias eslavas estavam instituídas: o Reino dos Croatas, Reino da Bósnia, e Reino dos Sérvios, mas as fronteiras variavam permanentemente. No século XIII chegam os turcos otomanos, que introduzem a religião islâmica.
A situação assume contornos mais radicais no final do século XIX, quando os otomanos perdem terreno para os austríacos e para o nacionalismo sérvio. Os desdobramentos políticos da região serão decisivos na deflagração da Primeira Guerra Mundial.
No final da guerra, em 1918, apesar de austríacos e turcos se retirarem da área, vários sentimentos nacionalistas se sobrepõem. A difusão de governos socialistas na área, com exceção da Grécia, de alguma forma abafa o nacionalismo, mas com o fim da União Soviética em 1991, os problemas locais voltam a ser relevantes, em especial na Iugoslávia, estado criado a partir da Segunda Guerra, que reunia vários povos eslavos cristãos e muçulmanos. O estado iugoslavo é fragmentado em vários estados nacionais que passam a lutar entre si por disputas de fronteiras e por questões étnicas. A Europa sofre durante toda a década de 90 com este conflito, o primeiro desde a Segunda Guerra no continente, sendo que seus desdobramentos ainda estão sem solução, como é o caso da situação de Kosovo, que está entre a plena independência e o controle sérvio.

Fontes: Balcãs Postado por Tati Thielke Marcadores: geografia
http://pt.wikipedia.org

EX- IUGOSLÁVIA



educador.brasilescola.com 
A ex-República Socialista Federativa da Iugoslávia desintegrou-se pela guerra civil étnica 
desencadeada nos princípios da década de 1990. As várias etnias que a compõem (sérvios, croatas, eslovenos, montenegrinos, albaneses e macedônicos), a partir do colapso do socialismo, retomaram as antigas guerras tribais que tanto infelicitaram a região, aquela esquina do mundo, onde, no passado, interesses conflitantes das grandes potência imperais (da Áustria, da Rússia, da Turquia otomana) se encontravam, acirrando o ódio das populações locais, umas contra as outras. Quando todos analistas pensavam que as velhas rivalidades e antigos ódios estivessem sepultados por mais de quarenta anos de convívio de paz sob um regime comum (o comunismo não-stalinista de Tito), eis que os fantasmas vingativos, vindo de tempos remotos, resolveram reaparecer para uma mortífero acerto de contas entre as diversas tribos balcânicas, banhando as montanhas, os vales e as cidades da Iugoslávia com o sangue dos inocentes. Como uma mancha, o desacerto intra-étnico começou em 1990 com a "guerra dos dez dias" da Eslovênia contra o exército iugoslavo, estendendo-se depois para o centro e finalmente chegando, dez anos depois, à Macedônia, a mais meridional das repúblicas balcânicas. Churchill disse certa vez que os Bálcãs produziam mais história do que podiam consumir, enquanto Otto von Bismarck, o chanceler alemão, desprezava aquela região pobre, assegurando que "os Bálcãs não valem os ossos de um granadeiro alemão."
Nos tempos antigos, a partir do século IV, a região balcânica, genericamente chamada de Dácia pelos romanos, serviu como zona limítrofe entre o Império Romano Ocidental, com capital em Roma, e o Império Bizantino, com capital em Constantinopla. Quando, mais tarde, a Igreja cristã dividiu-se em duas, uma parte católica obedecendo ao papa de Roma, outra greco-ortodoxa, fiel ao patriarca de Bizâncio, durante o chamado Cisma do Oriente, no séc. XI, os habitantes da região também foram obrigados a optar, por uma ou por outra das religiões. Para piorar ainda mais os problemas geográficos e religiosos, no século XV a região foi invadida pelos turcos otomanos, vindo do Sul, depois de terem ocupado Constantinopla em 1453, que terminaram por introduzir mais um elemento complicador nos Bálcãs (Balcãs, em turco, significa montanhas ou zona montanhosa). Para assegurar-se da fidelidade das suas áreas ocupadas, eles obrigaram a população local, especialmente os moradores da Albânia e da Bósnia, à conversão ao islamismo. Faziam isto para as usar como barreiras hostis ao cristianismo. Enquanto a parte norte da atual Iugoslávia, as regiões da Eslovênia e da Croácia, ficaram sob a tutela dos imperadores austríacos, de cultura alemã e religião católica, o centro-sul ficou sob controle dos turcos muçulmanos até o início do século XX. Portanto, há cinco séculos, os Bálcãs ficaram divididos em três religiões rivais: o catolicismo (predominante na Eslovênia e Croácia), a greco-ortodoxa (predominante entre os sérvios, montenegrinos e os macedônicos), e o islamismo (majoritário entre os albaneses e os bósnios).

A Guerra Balcânica e a Grande Sérvia
Em 1908, um grupo de jovens oficiais turcos deu início a uma revolução reformista que pretendia modernizar o Império Turco Otomano, mergulhando numa longa estagnação. Ao deporem o sultão, porém, terminaram por incitar uma onda de descontentamento geral contra o domínio turco. Aproveitando-se da confusão provocada pelas reformas, o Reino da Sérvia de Pedro I, da dinastia dos Karagerogevitch, aliou-se aos búlgaros e romenos para dar início a uma guerra que tinha por objetivo afastar os turcos dos Bálcãs. Travou-se então, de 1911 a 1913, a primeira guerra balcânica, que assegurou a independência das nações daquela região. Logo em seguida, as ambições da Sérvia voltaram-se para o Oeste, em vistas da formação da Grande Sérvia, que, por ser um reino geograficamente fechado, desejava anexar a Bósnia, para desta forma por um pé no Mar Adriático. Ocorre que a Bósnia era província do Império Habsburgo desde 1908 e os austríacos viram, por detrás das manobras expansionistas da Sérvia, os interesses de Moscou. Como os czares da Rússia não tinham, nos últimos séculos, conseguido abrir caminho para o Mediterrâneo, devido ao controle que os turcos exerciam sob as duas margens do Bósforo, o governo russo estava insuflando a Sérvia para obter tal fim. No complicado tabuleiro de xadrez balcânico, os povos locais sempre foram vistos como peões sem vontade própria, a não ser a de vingarem-se uns dos outros, movidos pelos que jogavam pesado, isto é, as grandes potências. Como atualmente muitos analistas acreditaram que o bombardeio da Sérvia, executado pela Otan em 1999 durante 72 dias, era uma maneira de atingir e humilhar a Rússia pós-glasnost, uma ex-potência empobrecida e desmoralizada.

O Reino da Iugoslávia (1918-1941)
Com a derrota dos três grandes impérios (austro-húngaro, o russo e o turco otomano), os Bálcãs finalmente livraram-se da tutela estrangeira. Pelos Tratados de Paris, em 1919, garantiu-se a autonomia do Reino da Sérvia, da Croácia e da Eslovênia (formada pela Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedônia), depois entendido como Reino da Iugoslávia, com capital em Belgrado, sendo a coroa pertencente a Pedro I. Mas não durou muito a tranqüilidade daquele reino. Em março de 1941, Pavel, o príncipe regente da Iugoslávia, cedendo à pressão dos nazistas e dos fascistas italianos, foi constrangido a assinar um tratado com o Eixo, o que colocava os Bálcãs subordinados às potências fascistas. Foi o que bastou para que uma rebelião popular antimonárquica e antifascista tomasse conta das ruas de Belgrado. Adolf Hitler aproveitou-se da situação confusa em que o reino caiu e ordenou, em abril de 1941, que suas divisões, juntamente com tropas húngaras, italianas e búlgaras o ocupassem. Para os estrategistas militares, a necessidade de manter os Bálcãs militarmente ocupados fez com que Hitler fosse obrigado a atrasar em dois meses a invasão da URSS, contribuindo assim os iugoslavos, indiretamente, para o retardo do início da guerra contra os soviéticos.

O Acirramento do Ódio
Aproveitando-se da presença das tropas nazistas, os croatas, que se diziam oprimidos no Reino da Iugoslávia, proclamaram sua independência. Logo restauraram a monarquia com o rei Tomislau II, que entregou o poder aos nacionalistas croatas pró-nazistas do partido Ustacha, liderado por Ante Pavlevic. O Estado da Croácia, alargado enormemente com a anexação da Bósnia-Herzegovina e da Dalmácia, com o consentimento de Hitler, deu então caça aos seus inimigos: os sérvios, os judeus, os ciganos, e todos antifascistas que se lhe opunham. Conduzidos ao campo de concentração de Jasenovac, estima-se que os fascistas croatas assassinaram entre 350 a 450 mil pessoas! O nome dos ustachi, a milícia croata, causou o mesmo horror à população balcânica que as tropas de ocupação da SS. Como não podia deixar de ser, como tantos outros invasores dos Bálcãs no passado, os nazistas também exploraram a seu favor os eternos ódios locais. Em geral, verificou-se que os católicos eslovenos e croatas, e os albaneses muçulmanos alinharam-se com os nazi-fascistas (inclusive formando regimentos SS para combater ao lado deles), enquanto as outras etnias perseguidas foram para as montanhas juntar-se à resistência organizada pelos monarquistas sérvios, os chétniks do general Draza Mihailovic, o ex-ministro da Defesa do governo iugoslavo, agora no exílio, e pelos partisans, os guerrilheiros comunistas de Tito. Quando a guerra terminou, com a derrota dos nazi-croatas, os sérvios foram orientados por Tito a não praticar retaliações contra os civis, justiçando apenas os ustachi.

Fontes: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/atualidade/iugoslavia.htm

SAHEL



unsdsn.org 

O Sahel é uma zona que fica abaixo do deserto do Saara, como é mostrado na figura acima pela cor laranja.
Pensa-se que a agricultura no Sahel está condenada ao fracasso, mas, ao contrário, ela é protegida por uma “cintura verde” constituída por uma flora altamente diversificada, que – por não ter sido usada pelo homem - a protege dos ventos do Saara. No entanto, o Sahel tem sido palco de longos períodos de seca que, por exemplo, em 1968-1974 levaram a uma situação de fome nos países da região, o que levou à fundação do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, uma agência das Nações Unidas.

Também é conhecida por ser a região que apresenta os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo. Alguns países passaram por fortes guerras civis, ditaduras e regimes autoritários. Apesar da beleza natural, a pobreza, a fome e o alto índice de contaminação pelo vírus da AIDS ainda fazem parte do cotidiano da região mais paupérrima do planeta.

O Sahel (do árabe ساحل sahil, que significa “costa” ou “fronteira”) é a região da África situada entre o deserto do Saara e as terras mais férteis a sul, que forma um corredor quase ininterrupto do Atlântico ao Mar Vermelho, numa largura que oscila entre 500 e 700 km.

Normalmente, incluem-se no Sahel o Senegal, a Mauritânia, o Mali, o Burkina Faso, oNíger, a parte norte da Nigéria, o Chade, o Sudão, a Etiópia, a Eritréia, o Djibouti e a Somália. Por vezes, usa-se este termo para designar os países da África ocidental, para os quais existe um complexo sistema de estudo da precipitação.

O termo foi cunhado para designar uma região fitogeográfica, dominada por vegetação de estepes, que recebe uma precipitação entre 150 e 500 mm por ano. Pode, portanto pensar-se que a agricultura no Sahel está condenada ao fracasso mas, ao contrário, ela é protegida por uma “cintura verde” constituída por uma flora altamente diversificada, que – por não ter sido usada pelo homem - a protege dos ventos do Saara.





O Sahel é uma área de tensões permanentes por causa do crescimento demográfico galopante e as rivalidades tribais.
Ao longo da História da África, o Sahel assistiu à sucessão de alguns dos mais avançados reinos africanos, que beneficiaram do comércio através do deserto, conhecidos como Reinos Sahelianos.

Fonte: Quarta feira/ 23/04/2008 – O Sahel - Elaboradores: Vinicius Viena nº41 7ªA Roberta nº35 Rafael nº34não citado o Colégio ou Escola e Wikipédia livre.

REGIÃO DA CAXEMIRA




O controle sobre a região da Caxemira foi causa de duas das três guerras (1948-1949, 1965 e 1971) já travadas entre Índia e Paquistão desde 1947 --ano em que ambos os países se tornaram independentes do Reino Unido.

A região da Caxemira continua dividida entre a Índia e o Paquistão. Os dois países abrandaram a retórica dura recentemente, mas nenhuma das partes parece estar pronta para um acordo. Instabilidades político-econômicas no Paquistão poderiam facilmente deflagrar um conflito.

A Caxemira é uma região montanhosa ao norte dos dois países. Grande parte da população da região é muçulmana e quer a anexação ao Paquistão, que a Índia nega.

O Paquistão reivindica o controle total da Caxemira sob o argumento de que lá vive uma população de maioria islâmica --a mesma do país. Já a Índia tem uma população majoritariamente hindu.

Os enfrentamentos costumam se intensificar nos meses de verão. Nessa época, com o derretimento da neve em porções da cordilheira do Himalaia, os separatistas islâmicos têm mais facilidade para se infiltrar na Caxemira indiana, vindos de solo paquistanês.

Nas lutas entre os grupos que envolvem os dois Exércitos e guerrilheiros pró-Paquistão, desde 1989, mais de 40 mil pessoas já morreram. Segundo o governo indiano, esses grupos recebem o apoio financeiro do Paquistão, que diz apenas ampará-los politicamente.

A rivalidade levou a uma corrida armamentista que culminou com a entrada de Índia e Paquistão, em 1998, no clube dos países detentores de armas nucleares. Ambos desenvolveram ao máximo sua infra-estrutura militar. Desde então, as hostilidades na Caxemira passaram a ser acompanhadas com mais atenção pela comunidade internacional.

Localizada no norte do subcontinente indiano a Caxemira também engloba as regiões de Jammu e Ladakh fazendo fronteira com a China a nordeste. Atualmente a região da Caxemira se divide em quatro áreas diferentes: os Territórios do Norte e a Caxemira Livre, pertencentes ao Paquistão, a região de Jammu e Caxemira pertencentes à Índia e a região de Aksai Chin sob ocupação chinesa.

Os conflitos pela região da Caxemira, ou a questão da Caxemira, se iniciaram no final da colonização britânica, em 1947 logo após a II Guerra, quando todo o subcontinente indiano que até então era dominado pela Inglaterra, foi dividido em dois países, a Índia e o Paquistão.

A divisão se deu através da união das regiões de maioria muçulmana constituindo o Paquistão e das regiões de maioria hindu constituindo a Índia.

Os hindus e os muçulmanos nunca se entenderam muito bem. Para os adeptos do hinduísmo ou do islamismo não se trata apenas de religião, são modos de vida diferentes, visões de mundo diferentes.

A religião hindu, surgida na Índia, reverenciava vários deuses diferentes ao contrário da religião islâmica, trazida por conquistadores, que acreditava num deus único e tinha em Maomé sua figura maior. Sem contar que os hindus viviam em uma sociedade de castas, extremamente hierarquizada, onde não havia igualdade entre os indivíduos, contrastando com o que era pregado pela religião maometana de que todos os homens são iguais perante Deus.

Quando da época da independência da Índia, o líder religioso Mahatma Gandhi (hindu) conduziu milhares de pessoas em uma manifestação pacífica contra a dominação britânica pregando seu sonho de constituir um país único e independente onde todas as etnias e religiões pudessem viver igualmente. Mas, o sucesso do partido criado por ele (Congresso Nacional Indiano) despertou nos muçulmanos,q eu não puderam compreendê-lo, o medo de que os hindus, liderados por Gandhi, constituíssem um estado governado pela sua religião onde eles fossem perseguidos. Nesse contexto, surgiu a Liga Muçulmana para lutar pela divisão da região em dois estados, sendo um deles, de muçulmanos.

Inicia-se então, uma guerra não declarada entre os muçulmanos e indianos que começam a atacar-se mutuamente em uma série de atentados culminando com o assassinato de Gandhi e, com a morte de milhares de hindus e islamitas durante o período de independência enquanto tentavam se deslocar cada qual para o respectivo país que se constituía.
Nesse período o marajá da Caxemira, o hindu Hari Singh, pediu apoio à Índia para se defender da tribo dos Pathans que haviam invadido a região. E, como recompensa, cedeu o território de Jammu e Caxemira à Índia provocando a revolta dos 80% da população da região que eram islamitas. Apoiados pelo Paquistão eles, então, começam a reivindicar sua independência.

A ONU, tentando resolver o conflito, determinou que a própria população da região decidisse de qual estado faria parte através de um plebiscito. Mas, a Índia nunca permitiu que o plebiscito fosse realizado, fazendo eclodir uma guerrilha que já dura a mais de 50 anos, resultou em duas guerras entre os dois países (1965 e 1971) e serviu de pretexto para uma corrida armamentista nuclear.

É importante salientar que a guerra de independência se deu durante o período da guerra fria, com o Paquistão recebendo apoio dos EUA e a Índia da URSS e a região da Caxemira possuía uma posição estratégica. Desta forma, o terreno ficou extremamente propício para que os países iniciassem os testes para produção de armas nucleares visto que tanto os EUA quanto a URSS não gostavam nenhum pouco da idéia de a China Popular ser a única potência em tecnologia nuclear na Ásia. Assim, a Índia realizou seu primeiro teste com uma arma nuclear em 1974 e o Paquistão em 1998 pondo à baixo todas as esperanças de um final para este conflito.

Durante o processo de descolonização dos continentes asiático e africano, muitos acreditavam que o retorno da soberania política para as mãos dos povos dominados pela ação neocolonialista seria um importante instrumento de ordem do contexto social, político e econômico afro-asiático. No entanto, a formação de várias nações independentes abriu precedente para que novas guerras surgissem na segunda metade do século XX.

No período colonial, a Coroa Britânica dividiu a Índia Britânica em duas regiões: o Paquistão, com população de maioria muçulmana; e a Índia com sua maioria de orientação religiosa hindu. Com processo de independência, dois partidos políticos se formaram com o intuito de resolverem as questões da partilha dos territórios independentes.

De um lado, a Liga Muçulmana pregava a criação do Paquistão, representando os interesses dos muçulmanos do sul da Ásia. Do outro, o Congresso Nacional Indiano desejava a criação de um Estado único e laico. Além dessa contenda, ambos os partidos divergiam sobre a situação da Caxemira. Essa região, durante a dominação britânica, foi controlada por governos relativamente independentes em relação à Inglaterra.

Os paquistaneses, alegando a existência de uma maioria muçulmana na Caxemira, exigem a incorporação da região como forma de proteger a integridade e os costumes dos islâmicos ali existentes. Em contrapartida, o Estado Indiano almeja a incorporação da região para assim demonstrar que a população da Caxemira prosperaria sob o controle do governo laico indiano. Alheio a essa disputa, os marajás que controlam a Caxemira esperavam manter sues governos independentes da dominação de ambos os governos.

Os marajás, desde que não interferissem nos interesses econômicos britânicos na região, poderiam controlar seus principados de maneira independente. Com o fim da dominação colonial, a Inglaterra colocou ao marajá da Caxemira a escolha de incorporar-se à Índia ou ao Estado Paquistanês. Mediante o dilema político instalado, Paquistão e Índia reivindicam o domínio da região da Caxemira ao longo dos anos.
Fonte da imagem : Grupoescolar.com
Fontes- Folha de S. Paulo 18/08/2004 – Folha On line e wikipedia.org/wiki/Conflito na Caxemira

MULHERES SE LIBERTANDO DA SERVIDÃO.

Severinas: as novas mulheres do sertão

Titulares do Bolsa Família, as sertanejas estão começando a transformar seus papéis na família e na sociedade do interior do Piauí e se libertando da servidão ao homem, milenar como a miséria.
A reportagem é de Eliza Capai e publicada pela Agência Pública, 28-08-2013. Foto: Agência Pública.
 
“Cada um tem que saber o seu lugar: a mulher tem qualidade inferior, o homem tem qualidade superior.” É bem assim que fala, sem rodeios, um dos homens mais respeitados do município de Guaribas, no sertão do Piauí, pai de sete filhos (seis mulheres e um homem). “O homem é o gigante da mulher”, completa “Chefe”, como é conhecido Horacio Alves da Rocha na comunidade.
Para chegar a Guaribas são dez horas desde a capital, Teresina, até a cidadezinha de Caracol. Dali, 40 minutos de estrada de terra cercada de caatinga até o jovem município, fundado em 1997. Em 2003, Guaribas foi escolhida como piloto do programa Fome Zero. Tinha então o segundo pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil, 0,214 – para efeito de comparação, o país com pior IDH do mundo é Burundi, na África com índice 0,355. Hoje, Guaribas tem 4.401 habitantes, 87% deles recebendo o Bolsa Família. São 933 famílias beneficiadas, com renda média mensal de R$ 182. O IDH saltou para 0,508.
Em todo o Brasil, o Bolsa Família atende a 13,7 milhões de famílias – sendo que 93,2% dos cartões estão em nome de mulheres. São elas que recebem e distribuem a renda familiar.
“Eu vivi a escravidão”, diz Luzia Alves Rocha, 31 anos, uma das seis filhas de Chefe. Aos três meses, muito doente, ela foi dada pelo pai para os avós criarem. Quando eles morreram, uma tia assumiu a menina. “Achei que ela não ia aguentar aquela vida de roça: era vida aquilo?”, pergunta a tia DelciLuzia trabalhou na roça, passou fome, perdeu madrugadas subindo a serra para talvez voltar com água na cabaça. “Quando tinha comida a gente comia, se não, dormia igual passarinho”, diz. Trabalhava sem salário, sem nenhum direito trabalhista, sem saber como seria a vida se a seca não passasse e a chuva não regasse o feijão e a mandioca. Era “a escravidão”.
Quando a seca piorou, Luzia pensou em migrar para São Paulo. Foi então que chegou o programa social do governo: “Com esta ajudinha já consigo levar”, diz. Luzia decidiu ficar em Guaribas. Os filhos estudam. O marido e ela cuidam da roça.
“A libertação da ‘ditadura da miséria’ e do controle masculino familiar amplo sobre seus destinos permite às mulheres um mínimo de programação da própria vida e, nesta medida, possibilita-lhes o começo da autonomização de sua vida moral. O último elemento é fundante da cidadania”, analisam os pesquisadores Walquiria Leão Rego eAlessandro Pinzani, da Universidade de Campinas e da Universidade Federal de Santa Catarinas, no livro Vozes do Bolsa Família: Autonomia, dinheiro e cidadania. Durante a pesquisa, eles ouviram beneficiários do programa observando as transformações decorrentes do Bolsa-Família – em especial na vida das mulheres. Chegaram à conclusão que a mudança é grande: “Quando você tem um patamar de igualdade mínimo, você muda a sociedade. Claro que as coisas não são automáticas. Isto não pode ser posto como salvação da nação, mas é um começo.”
Luzia conseguiu realizar o sonho de diversas das mulheres ouvidas pela socióloga Walquiria Leão. Ela juntou R$ 50 e seguiu para o hospital da cidade vizinha, de São Raimundo Nonato para fazer laqueadura das trompas: “se tivesse mais filho a vida ia ser mais pior”. Segundo Walquíria, o desejo de controlar a natalidade foi manifestado por diversas das mulheres que ela entrevistou entre 2006 e 2011 em Alagoas, Vale do Jequitinhonha, Piauí, Maranhão e Pernambuco.
Serena, uma das filhas de Luzia, tem 8 anos e está na terceira série. Ela ajuda a arrumar a casa, já sabe cozinhar, ajuda na roça. Mas não perde suas aulas. Logo depois de cantar o alfabeto e os números, diz que quer ser “advogada e médica”. Quando perguntada sobre casamento, a pequena afirma, com a mão na cintura: “eu não vou casar, vou ser sol-tei-ra…”, diz, demorando nas sílabas.
Em maio o valor do Bolsa Família de Luzia saltou de R$ 70 reais para R$ 212. A mãe comemora: “Agora já posso comprar as coisas para minha filha: a sandália dela arrebentou e pude comprar outra”. No pé da menima, o calçado que custou R$ 7,50. “Primeiro comprei para a menina, num outro mês compro pra mim”, explica Luzia, com os pés descalços.
“Minha sina”
Do outro lado do vale que liga o centro de Guaribas ao bairro Fazenda, Norma Alves Duarte, 44 anos, vive numa casa de dois quartos. Na sala, paredes mal rebocadas mostram as marcas da massa corrida. No canto, um pequeno móvel com uma TV. A vida toda ela ajudou a mãe doente, quase não estudou – cursou até a segunda série. Como todas as mulheres dali, as atividades de criança incluíam colher feijão, pegar lenha e buscar água no olho d’água, que fica a dois quilômetros.
Norma tem 12 irmãos, 2 filhos e vive com o segundo marido – o primeiro a abandonou depois de 20 dias. “Era pau e cachaça. Aí depois arrumei o pai destes meninos. É bom mas é doido, vaidoso o velho, bebedor… Ele é bruto demais, ignorante que só. Fazer o que né? Destino é destino: quem traz uma sina tem que cumprir.”
“Esta palavra, sina, faz parte do que nós chamamos de cultura da resignação e acho que ela foi de fato rompida com o Bolsa Familia”, diz a socióloga Walquiria Leão.
No início do programa, Norma ganhava R$ 42 com seu cartão. Agora “tira” R$ 200. “Mudou, porque eu pego meu dinheirinho, compro minhas coisas, assim mesmo ele (o marido) xingando. Eu não dou ele, ele tem o dele. Ele não me dá nenhum real, bota para comer dentro de casa mas não me dá nem um real, nem dez centavos.” Para Walquíria Leão, “a renda liberta a pessoa de relações privadas opressoras e de controles pessoais sobre sua intimidade, pois a conforma em uma função social determinada, permitindo-lhe mais movimentação e, portanto, novas experiências”.
Mais divórcios
Ao saírem da miséria, “da espera resignada pela morte por fome e doenças ligadas à pobreza”, nas palavras deWalquiria, estas mulheres começam a protagonizar suas vidas.
No vilarejo de Cajueiro, a uma hora do centro de Guaribas por uma estrada de terra esburacada, a água ainda não chegou às casas. Elenilde Ribeiro, 39 anos, caminha com a sobrinha por um areial com a lata na cabeça, outra na mão. É ela quem cria a menina. “Não quero que ela sofra como eu sofri”, diz. Chegando na casa, o capricho se mostra nos paninhos embaixo de copos metálicos, na estante com fotos de família, o brasão do Palmeiras, e um gato de louça ao lado da imagem de Jesus. Do lado de fora, o banheiro – onde se usa caneca e penico –, um pátio bem varrido, uma horta suspensa, e uma pilha de lenha que Elenilde mesma coleta e quebra, apontando: “está aqui meu botijão de gás”.
Os olhos de Elenilde marejam quando conta ter sido abandonada pelo marido há treze anos, mas seu tom de voz muda ao falar do papel da renda em sua vida. “Tiro R$ 134 no meu cartão Bolsa Família mas para mim está sendo mil. Porque com este dinheirinho eu tenho o dinheiro certo para comprar (na venda) e o dono me confia. E eu sei que com isso, com ele me confiar, eu já estou comendo a mais”, explica. Elenilde também se livrou de trabalhar na roça dos outros em troca de uma diária de R$ 5. “Eu quando pego o meu dinheiro (do cartão) vou na venda, pago a conta mais velha e espero pela vontade do vindião, aí ele vai e me franqueia… E eu vou e compro de novo”. SegundoWalquíria Leão, isso tem ajudado a mulher a conquistar um novo papel na comunidade. “A experiência anterior de vida era sempre de ser desrespeitada, desconsiderada porque ela não tinha dinheiro”.
No final da mesma rua, Domingas Pereira da Lima, 28 anos, não se arrepende de ter abandonado o marido. “Ele ficava namorando com uma e com outra e eu num resisti, vim embora”. Prendendo o choro, ela continua: “Deixava eu com as crianças e se tacava no meio do mundo. A vida não é fácil mas vou levando a vida devagarzinho aqui.” Desde então, Domingas cuida dos quatro filhos com o apoio das irmãs e da mãe.
Em 2003, quando chegou o Fome Zero, foram solicitados 993 divórcios no Piauí. Em 2011 o número saltou para 1.689 casos. Dos casos não consensuais, 134 foram requeridos por mulheres em 2003; em 2011 esse número saltou para 413 – um aumento de 308%.
Ainda assim, na pequena Guaribas, a mulher ficar presa em casa em dias de festa, o alcoolismo e a infidelidade masculina são histórias contadas com naturalidade. “Vixi, aqui se conta nos dedos as mulheres que não apanham do marido”, é comum as mulheres dizerem.
Na delegacia da cidadezinha, o delegado explica que por ali o clima é sempre “muito tranquilo, sem nenhuma ocorrência. Só umas brigas de casal, coisa que a gente aconselha e eles voltam” diz.
Mirele Aline Alves da Rocha é uma das que se conta nos dedos. Aos 18 anos, a bonita jovem explica: “Apesar da minha idade já ser avançada para os daqui, eu não estou nem aí para o que eles falam. Eu quero é estudar”. A maioria das amigas se casaram aos 13 anos. Já Mirele, soteira, cursa o terceiro ano do Ensino Médio na escola estadual de Guaribas, onde vive com a tia – os pais moram no município de Cajueiro. O cartão do Bolsa Família está no nome da mãe, que recebe R$ 102 por Mirele e pelo caçula de nove anos. Ambos estudam. “Eu vejo a realidade da minha mãe e não quero seguir pelo mesmo caminho. Eu quero estudar para ter um futuro, para ser independente, para não ficar dependendo de um homem”, decreta a jovem.
No primeiro bimestre de 2013, em Guaribas, a frequência escolar atingiu o percentual de 96,23%, para crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos – o equivalente a 869 alunos – e 82,29% para os jovens entre 16 e 17 anos, de um total de 175.
Mirele vai fazer o Enem e “ver o que dá”. Para cursar faculdade ela terá que sair de Guaribas mas planeja se graduar e voltar: “Gosto mesmo é daqui”.
“Nunca é demais lembrar que nossa pobreza não é um fato contingente, mas deita raízes profundas na nossa história e na forma de conduzir politicamente as decisões estatais”, avalia Walquiria. “O Bolsa Família deveria se transformar em política publica, não mais política de um governo”. “É um processo, um avanço que mal começou. E ainda é muito insuficiente. Mas quem narra uma história tem que ser capaz de narrar todos os passos desta história”, finaliza.
Fonte : Instituto Humanitas Unisinos.

domingo, 25 de agosto de 2013

O BRASIL PRECISA DE NOVAS REFINARIAS

Refinarias: investimento estratégico para o país

Os números recentes sobre o aumento da importação pelo Brasil de petróleo e derivados, com graves prejuízos para a balança comercial do país, reforçam a necessidade de medidas urgentes, de forma a garantir o abastecimento interno. A demanda crescente por combustíveis verificada nos últimos anos e as expectativas futuras de crescimento econômico do país indicam que esse descompasso só tende a agravar-se.

Nesse cenário, a ampliação do parque de refino brasileiro constitui investimento estratégico e inadiável. O país precisa dominar todo o processo industrial do petróleo para não ficar sujeito às flutuações do mercado mundial e refém da disponibilidade dessas instalações em outros países.

Atualmente, dois projetos de construção de refinarias estão em andamento: a Refinaria Abreu Lima (Rnest), em Pernambuco, e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), no Rio de Janeiro. Com o início das operações da Refinaria Abreu Lima, entre novembro de 2014 e maio de 2015, e da primeira fase do Comperj, previsto para ocorrer em abril de 2015, a capacidade de refino da Petrobras deve ser elevada para cerca de 2,4 milhões de barris diários. O aumento na produção deve aliviar as pressões da demanda, porém, no médio prazo é insuficiente para acompanhar a expansão do consumo brasileiro de derivados, estimado entre 3,2 e 3,4 milhões em 2020.

Além da segunda fase do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, estão previstas para os próximos anos a construção das refinarias Premium I (Maranhão) e Premium II (Ceará). No momento, esses projetos encontram-se em fase de avaliação pela Petrobras, que busca ainda parceiros internacionais para viabilizar os empreendimentos, essenciais para a ampliação da oferta interna de derivados do petróleo.

A engenharia industrial brasileira possui grande know-how em projetos downstream e vem participando da expansão recente do parque de refino nacional, inclusive nos projetos de modernização das refinarias voltados à produção de diesel e gasolina com menores teores de enxofre. Com toda a experiência acumulada ao longo de décadas, o setor se vê pronto para participar nesses investimentos, contribuindo ainda mais para que o Brasil possa consolidar sua posição no mercado internacional de petróleo.

As empresas brasileiras estão trabalhando em todas as frentes para chegar aos mesmos padrões de qualidade e competitividade da engenharia internacional. Nos últimos anos, em conjunto com a Petrobras, as companhias do setor modernizaram seus procedimentos, investiram na capacitação os profissionais, com treinamento e reciclagem de engenheiros e também formação de trabalhadores especializados em montagens industriais.
Fonte : Revista Grandes Construções

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

FOLHA LANÇA SIMULADO ON-LINE PARA O ENEM COM REDAÇÃO

Notas serão calculadas com a mesma tecnologia utilizada pelo MEC

CORREÇÕES
As questões serão corrigidas na simulação com a mesma tecnologia utilizada pelo MEC, a TRI (Teoria de Resposta ao Item).
Esse sistema dá maior pontuação às questões mais difíceis, considerando o índice de acerto das perguntas no grupo que faz o exame.
A TRI também permite a redução da importância das perguntas que foram aparentemente "chutadas" pelos estudantes. Com isso, 150 acertos não significam necessariamente 150 pontos na prova. Depende de quais questões foram acertadas.
O boletim de desempenho contendo as notas e a análise de desempenho individual de cada participante estará disponível a partir de 4 de outubro, pelo mesmo site.
"Isso é importante porque o aluno tende a estudar sempre aquilo que gosta e que vai bem. Mas pelo relatório ele saberá exatamente quais áreas precisará se dedicar mais", explica o engenheiro Clécio Lima, da Adaptativa, um dos responsáveis pela elaboração do simulado.
O primeiro colocado nas questões ganhará um tablet Galaxy 2.7 de 16 GB.
REDAÇÃO
O simulado Folha-Adaptativa traz ainda redação, uma novidade nesse tipo de exame eletrônico.
A correção das redações será feita de maneira colaborativa pelos próprios alunos.
Depois de receber a correção do seu texto, o usuário será convidado a reescrevê-lo e a submetê-lo novamente.
Esse sistema já existe, por exemplo, em sites internacionais de aprendizado de idiomas. No Brasil, em simulados para o Enem, é novidade.
"Sabemos que os estudantes aprendem muito lendo e corrigindo textos uns dos outros", diz Lima, da Adaptativa.
Fonte : Folha de São Paulo - Sabine Righetti

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

CENTRAIS SINDICAIS PREPARAM O DIA NACIONAL DE MOBILIZAÇÃO E PARALISAÇÃO.

Centrais sindicais preparam o Dia Nacional de Mobilização e Paralisação
Ultimando os preparativos para o 30 de agosto, Dia Nacional de Mobilização e Paralisação, as centrais sindicais decidiram em reunião na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT ), nessa segunda-feira (19), ampliar a convocação de norte a sul do país priorizando a luta pelo fim do fator previdenciário, redução da jornada de trabalho para 40 semanais e combate ao Projeto de Lei 4330, da terceirização.

A reportagem é de Leonardo Severo e publicada pelo jornal Brasil de Fato, 20-08-2013.

Na avaliação das centrais, a conjuntura é favorável à manifestação, que dá continuidade aos protestos, passeatas e greves realizadas no 11 de julho, e potencializa a cobrança da pauta da classe trabalhadora. A agenda de reivindicações inclui ainda a luta pelos 10% do PIB para a Educação; 10% do Orçamento da União para a Saúde; transporte público e de qualidade/mobilidade urbana; valorização das aposentadorias; reforma agrária e suspensão dos leilões de petróleo.

“Estamos enfrentando as dificuldades diante de um governo de disputa em que muitas vezes os interlocutores vão se alternando. Daí a importância da pressão conjunta, da unidade de ação do movimento sindical para impedir retrocessos e ampliar conquistas”, afirmou o presidente da CUT, Vagner Freitas, para quem “o próximo dia 30 se soma ao ato vitorioso do 11 de julho, são manifestações para alterar o jogo”. “Com os trabalhadores em campo, paralisando atividades, realizando protestos e passeatas, acumulamos força para pressionar o Congresso Nacional e o governo federal. Foi assim que conseguimos na semana passada os recursos para o Fundo Social do pré-sal, foi essa luta colossal que tem impedido que eles passem o PL 4330 de qualquer maneira, impondo uma terceirização indiscriminada”, ressaltou o presidente cutista.

Ao destacar o papel perverso do PL 4330, o secretário geral da CUT, Sérgio Nobre, lembrou que “país de primeira não pode ter emprego de terceira”. Sérgio destacou a importância da mobilização do conjunto das categorias, em todos os Estados, para garantir a igualdade de direitos, de condições e de salário, direito à informação prévia, proibição na atividade-fim, responsabilidade solidária das empresas contratantes e penalização das empresas infratoras, tudo o que setores do patronato querem apagar da legislação.

Estudos do Dieese apontam que o trabalhador terceirizado recebe salário 27% menor que o contratado diretamente, tem jornada semanal de três horas a mais, permanece 2,6 anos a menos no emprego, e sua rotatividade é mais do que o dobro (44,9% contra 22%). Além disso, aponta o Dieese, a cada 10 acidentes de trabalho, oito acontecem entre os terceirizados.

Reforma agrária, já!

Membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues condenou a postura do governo federal que “nem desapropria terra nem senta com o movimento”. “Temos 80 mil famílias acampadas que necessitam ter prioridade nesse momento. Nos somamos à manifestação das centrais sindicais bastante animados de que o aumento da pressão vai abrir caminho para os avanços que o nosso povo e o Brasil precisam”, acrescentou.

Para o secretário geral da Central Geral dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CGTB), Carlos Alberto Pereira, “o momento é de avanço do movimento sindical” e reflete os avanços obtidos a partir da mobilização de junho, que reuniu dois milhões de trabalhadores em mais de 250 cidades. “De lá para cá tivemos três vitórias: a do Fundo Social do Pré-Sal, que garantiu mais de 200 bilhões de reais para a educação nos próximos dez anos; adiamos o PL da terceirização por 30 dias, barrando a tentativa de golpe que busca ampliar e legitimar a precarização; e aceleramos a nossa mobilização, o que tem sido fundamental para aprofundar as negociações com o governo e o Congresso Nacional”, disse Pereira.

Protagonismo da classe

De acordo com o secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (Juruna), “construída na luta, a pauta unitária dos trabalhadores tem repercutido positivamente junto às bases e contribuído para que o papel do movimento sindical seja valorizado na mesa de negociação”. Juruna lembrou que, apesar da campanha dos grandes conglomerados de comunicação para invisibilizar ou diminuir o protagonismo da classe trabalhadora na luta por mudanças, a ação unificada tem rendido frutos e demonstra a correção da iniciativa.

O secretário geral da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Pascoal Carneiro, relatou da grande receptividade que a convocação do 30 de agosto vem tendo pelo país, citando a assembleia realizada recentemente na capital baiana, “onde há muita disposição de parar para colocar o país nos trilhos”. “O sentimento é de greve no dia 30 em defesa de um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho, combatendo a precarização e o retrocesso”.

Representando a Intersindical, Edson Carneiro (Índio) reiterou o papel da caminhada conjunta, com unidade na diversidade, para fazer a pauta avançar. “O processo que o país está vivendo não é sindical, mas político, o que reforça a importância da pressão por mudanças na política econômica, como o fim do superávit primário. Queremos inverter a lógica do que beneficia o grande capital rentista, o agronegócio e as empreiteiras”, frisou Índio.

O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, disse que além de reivindicar do governo ações concretas em benefício da sociedade, o movimento sindical precisa realizar uma grande manifestação no Congresso Nacional. “Nos 25 anos da Constituição de 1988, devemos apontar os nós que precisam ser desatados para que o país avance, pressionando os parlamentares a que tomem posição ao lado dos trabalhadores”, enfatizou Patah.

A luta contra a precarização das relações de trabalho, apontou o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, deve ser amplificada, “tanto no setor privado quanto público”. “A lei 8666 que dispõe sobre a contratação direta significa contratação via preço, o que representa trabalho mais barato, precário. Esta é uma questão que precisa ser alterada com urgência”, defendeu.

Em nome da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), Luiz Gonçalves (Luizinho), enfatizou o compromisso de “parar aonde for possível no próximo 30 de agosto”. “O volume do nosso protesto é essencial para mostrar que o movimento sindical está engajado em buscar o resultado das nossas negociações, a melhoria das relações de trabalho e o desenvolvimento do país”, concluiu.

Plano Nacional de Educação

Definindo o calendário de mobilização para o segundo semestre, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Edcação (CNTE) decidiu, em aprovação unânime da plenária, realizar um acampamento em frente ao Senado Federal para pressionar a votação do Plano Nacional de Educação no Senado. O PNE aguarda uma decisão final a três anos e meio.

Dia 30 de agosto, Dia Nacional de Paralisação, marcará o início do acampamento, que ficará instalado até que o PNE tenha uma solução definitiva. “Tivemos o compromisso de todas as entidades de enviarem trabalhadores para estarem nesse acampamento em etapas que já foram acertadas no CNE. Teremos sempre uma boa movimentação de pessoas, dialogando com os parlamentares, com os funcionários públicos dos diversos ministérios da Esplanada, com o povo de Brasília, enfim, chamando a atenção para a necessidade do PNE ser aprovado esse ano”, afirma Roberto Leão, presidente da CNTE.

Leão lembra que o PNE precisa deixar clara a destinação dos 10% do PIB para a educação pública, com ênfase nessa questão, para que seja possível avançar na construção de uma escola que seja efetivamente de qualidade, socialmente referenciada e que faça jus às necessidades do povo brasileiro.

A CNTE também elaborou uma nota oficial, aprovada pelo conselho, sobre o projeto 4330, afirmando que não há negociação em um projeto que nada contribui para a classe trabalhadora brasileira. A CNTE e a CUT estão mobilizadas para impedir a aprovação dessa proposta que impacta também a educação, já que em alguns estados parte dos funcionários de escola já são terceirizados, medida combatida fortemente pela CNTE.
Fonte : Instituto Humanitas Unisinos

ALEMANHA CRIA O TERCEIRO GÊNERO .

www.tamkids.com.br
Alemanha cria "terceiro gênero" para registro de recém-nascidos
A partir de 1º de novembro, a Alemanha oferecerá aos pais três opções para registrar seus filhos: "masculino", "feminino" e "indefinido".

A nova lei foi aprovada em maio, mas seu teor só foi divulgado agora. Com isso, a Alemanha passa a ser o primeiro país europeu a oficializar o terceiro gênero.

Essa mudança é uma opção para pais de bebês hermafroditas, que nascem fisicamente com ambos os sexos.

A nova legislação abre a possibilidade de a criança, ao se tornar adulta, escolher posteriormente se prefere ser definida como homem ou mulher. Ou mesmo seguir com o sexo indefinido pelo resto da vida.

A informação é divulgada pela BBC Brasil, 20-08-2013.

Questões indefinidas

Na Alemanha, alguns jornais disseram que a mudança é uma "revolução legal". No entanto, a lei não prevê como a escolha do sexo indefinido é refletida em documentos como o passaporte, onde existe apenas escolha entre "M" e "F". A revista alemã de direito familiar "FamRZ" sugere que a opção de sexo indefinido seja marcada com a letra "X".

A nova lei é amparada em uma decisão do tribunal constitucional alemão que estabeleceu que pessoas que se sentem profundamente identificadas com um determinado gênero têm o direito de escolher seu sexo legalmente.

Outro assunto ainda a ser definido é matrimônio. A lei alemã só permite atualmente casamentos entre homens e mulheres, o que não contempla pessoas de gêneros indefinidos.

Poucos países no mundo possuem legislações sobre terceiro sexo. A Austrália aprovou uma lei há seis semanas, mas desde 2011 os australianos já têm o direito de identificar-se com o sexo "X" no passaporte. Na Nova Zelândia, isso é possível desde 2012.

O correspondente da BBC na Alemanha, Demian McGuiness, afirma que ainda há outros pontos em aberto. No caso de uma pessoa de sexo indefinido ser presa, em qual presídio ela seria detida?

O grupo de direitos de pessoas transgêneros, Trangender Europe, vê avanços na legislação alemã, mas reivindica mais mudanças.

"É [uma mudança] lógica, mas não é uma lei tão progressista como gostaríamos que fosse", disse Richad Köhler, do Transgender Europe. Ele diz que a lei só contempla bebês que tiveram diagnóstico médico de hermafroditismo.

A entidade quer que as pessoas possam ter o direito de deixar a opção de gênero em branco, sem precisar se quer se declarar "indefinido".
Fonte : Instituto Humanitas Unisinos.