terça-feira, 22 de janeiro de 2019

UNESCO DECLARA RIO DE JANEIRO A PRIMEIRA CAPITAL MUNDIAL DA ARQUITETURA.

UNESCO declara Rio de Janeiro a 1ª capital mundial da arquitetura


O Rio de Janeiro (RJ) é oficialmente a Capital Mundial da Arquitetura para 2020, anunciou nesta sexta-feira (18) a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, durante cerimônia realizada na sede do organismo internacional, em Paris. Cidade vai sediar no próximo ano o Congresso Mundial da União Internacional dos Arquitetos (UIA).
Pão de Açúcar e Baía de Guanabara vistos do alto do Cristo Redentor. Foto: Flickr (CC)/sandeepachetan
Pão de Açúcar e Baía de Guanabara vistos do alto do Cristo Redentor. Foto: Flickr (CC)/sandeepachetan
O Rio de Janeiro (RJ) é oficialmente a Capital Mundial da Arquitetura para 2020, anunciou nesta sexta-feira (18) a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, durante cerimônia realizada na sede do organismo internacional, em Paris. Cidade vai sediar no próximo ano o Congresso Mundial da União Internacional dos Arquitetos (UIA).
A partir de agora, as cidades que sediarem o evento da UIA, promovido a cada três anos, serão também designadas pela UNESCO como Capitais Mundiais da Arquitetura. Com esse título, os municípios se responsabilizam em promover uma série de eventos relacionados às questões urbanas durante todo o ano em que se realizará o congresso.
O Rio de Janeiro foi selecionado em 2014 para sediar o Congresso Mundial da Arquitetura de 2020, concorrendo com Paris, na França, e Melbourne, na Austrália. A Prefeitura carioca e o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) fizeram uma proposta de programa para o evento e definiram um tema de interesse global — All the worlds. Just one world (“Todos os mundos. Apenas um mundo”, em tradução livre). O planejamento e a ideia foram apresentados à UIA.
“Nosso compromisso é o de transformar o ano de 2020 em um marco na história cultural da cidade. Além da visibilidade internacional, teremos a oportunidade de ampliar a relação de pertencimento dos moradores da nossa cidade com o seu patrimônio histórico e arquitetônico, difundindo e preservando esse acervo. O Rio de Janeiro possui uma arquitetura que reflete a riqueza de culturas que formam a sociedade brasileira, por ter sido porto e capital do Brasil por mais de dois séculos”, defende o prefeito Marcelo Crivella, que foi representado na cerimônia de hoje na capital francesa pela secretária municipal de Urbanismo, Verena Andreatta.
Eventos como esse colaboram para o cumprimento de duas importantes agendas de desenvolvimento das Nações Unidas: a principal delas, a Agenda 2030, sobretudo o seu Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de nº 11, que tem como foco as cidades e os assentamentos humanos, além da Nova Agenda Urbana.
A representante e diretora da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, ressalta que “a cultura e a arquitetura são fundamentais para a superação de desafios e soluções inovadoras para os espaços urbanos”.
A dirigente afirma ainda que “ter o Rio como a primeira Capital Mundial da Arquitetura é um fato a ser celebrado pelo país, uma vez que a cidade se tornará o palco de uma série de eventos em 2020, para tratar de temas importantes para o desenvolvimento, como cultura, planejamento urbano, mobilidade, obras públicas e a construção de cidades mais inclusivas”.
“Além desse título, a cidade ainda é reconhecida por abrigar dois sítios do Patrimônio Mundial Cultural – Rio de Janeiro, paisagens cariocas entre a montanha e o mar e Sítio Arqueológico Cais do Valongo”, completa Noleto.
O presidente do IAB, Nivaldo de Andrade, que esteve em Paris nesta sexta, lembra que é a primeira vez que o Brasil recebe o Congresso Mundial de Arquitetos. O especialista destaca que “o Rio é uma referência da arquitetura, sendo a terra de tantos arquitetos e paisagistas mundialmente conhecidos, como Oscar Niemeyer, Roberto Burle Marx, Lucio Costa, que ajudaram a construir a paisagem urbana do Rio”.
“A cidade é também uma referência de desafios contemporâneos para os arquitetos e de experiências positivas no campo do urbanismo, a exemplo dos programas de urbanização de favelas. Podemos dizer que o Rio sintetiza características encontradas em cidades não só do Brasil, mas de diversos países do mundo”, acrescenta Andrade.
Segundo o presidente do Comitê Executivo do 27º Congresso Mundial da UIA, Sérgio Magalhães, “arquitetos e urbanistas, acadêmicos, estudiosos e produtores de cultura de todo o mundo estarão reunidos no Rio de Janeiro em 2020 para chamar a atenção da sociedade e dos governos sobre questões urbanas de interesse global, a fim de construir uma agenda positiva para os próximos anos”.
“Conhecendo o valor e os desafios do espaço urbano, podemos alcançar respostas e soluções capazes de conduzir a um futuro mais justo”, aponta o representante da União Internacional.
Informações para a imprensa:
Ana Lúcia Guimaraes, a.guimaraes@unesco.org, (61)2106-3536 ou (61)99966-3287
Fabiana Pullen, f.sousa@unesco.org, (61)2106-3596 ou (61)99848-8971
Fonte : ONUBrasil

FLUXO GLOBAL DE INVESTIMENTO ESTRANGEIRO CAI AO NÍVEL MAIS BAIXO EM UMA DÉCADA.

Fluxo global de investimento estrangeiro direto cai ao nível mais baixo em uma década


O investimento estrangeiro direto (IED) global caiu quase um quinto em 2018, de 1,47 trilhão de dólares em 2017 para 1,2 trilhão de dólares no ano passado, de acordo com dados mais recentes do Monitor de Tendências de Investimentos Globais da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), divulgados nesta segunda-feira (21).
A queda deriva da reforma fiscal corporativa nos Estados Unidos. A partir de 2017, empresas multinacionais norte-americanas embarcaram em uma grande repatriação de ganhos estrangeiros acumulados, uma ação que afetou fortemente a Europa.
O Brasil teve queda de 12% no fluxo de investimento estrangeiro direto ao país no ano passado, para 59 bilhões de dólares.
O investimento estrangeiro direto (IED) global caiu quase um quinto em 2018, segundo a UNCTAD. Foto: EBC
O investimento estrangeiro direto (IED) global caiu quase um quinto em 2018, segundo a UNCTAD. Foto: EBC
investimento estrangeiro direto (IED) global caiu quase um quinto em 2018, indo de uma estimativa de 1,47 trilhão de dólares em 2017 para 1,2 trilhão de dólares no ano passado, de acordo com dados mais recentes do Monitor de Tendências de Investimentos Globais da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), divulgados nesta segunda-feira (21).
A queda levou os fluxos de IED de volta ao ponto mais baixo alcançado após a crise financeira global, com declínio concentrado em países desenvolvidos, onde fluxos caíram até 40%, para uma estimativa de 451 bilhões de dólares.
“A tendência subjacente em IED mostrou crescimento anêmico desde a crise financeira global e está em trajetória de queda desde 2013”, disse James Zhan, diretor da Divisão de Investimentos da UNCTAD.
“Os fatores por trás desta tendência negativa, como menor rentabilidade do investimento estrangeiro e mudanças em cadeias globais de valor, não estão mudando no futuro próximo. O cenário macroeconômico também está deteriorando”, disse.
De acordo com a UNCTAD, a queda de 2018 deriva da reforma fiscal corporativa nos Estados Unidos. A partir de 2017, empresas multinacionais norte-americanas embarcaram em uma grande repatriação de ganhos estrangeiros acumulados, uma ação que afetou fortemente a Europa.
Em 2018, fluxos de investimentos estrangeiros na Europa somaram 100 bilhões de dólares – uma queda sem precedentes de 73% – e um valor visto pela última vez na década de 1990. Os Estados Unidos também viram seus fluxos caírem para 226 bilhões de dólares, uma queda de 18%.
Em contraste, fusões globais transfronteiriças e aquisições subiram 19% e investimentos greenfield (em empresas em estágio inicial) anunciados foram positivos, com alta de até 29%, indicando que IED podem melhorar em 2019.
Enquanto isso, os fluxos de IED em economias em desenvolvimento foram mais resilientes. A UNCTAD mostra que o IED em economias em desenvolvimento aumentou 3%, indo para 694 bilhões de dólares em 2018. Nações em desenvolvimento representaram metade das dez maiores economias anfitriãs para fluxos de IED.
Das economias em desenvolvimento, a Ásia e a África foram as regiões que mais se beneficiaram, com fluxos aumentando para países em desenvolvimento da Ásia em 5%.
O leste e o sudeste da Ásia, para onde os fluxos cresceram 2% e 11%, respectivamente, representam um terço do IED global em 2018, e quase todo o crescimento do IED para economias desenvolvidas.
“O sudeste da Ásia é o principal motor de crescimento de IED”, disse Zhan, com a região se recuperando de uma queda em 2017, impulsionada pelo crescimento na Indonésia e na Tailândia.
Anúncios de investimentos greenfield em economias em desenvolvimento cresceram 47%, alcançando uma estimativa de 539 bilhões de dólares.
A entrada de investimento estrangeiro direto na África cresceu 6%, embora esse aumento tenha se concentrado em apenas alguns países, como Egito e África do Sul.
“A recuperação econômica lenta na América Latina e no Caribe geraram queda de fluxo de 4%”, acrescentou Zhan.
O Brasil teve queda de 12% no fluxo de investimento estrangeiro direto ao país no ano passado, para 59 bilhões de dólares.

Cenário mundial desafiador

Embora o panorama seja mais positivo para 2019, com a expectativa de recuperação, Zhan afirmou que ainda há muitas incertezas na economia global.
“Além do impacto imediato de ventos econômicos contrários, as tendências subjacentes para o IED global permanecem fracas, conduzidas por fatores como reformas fiscais, mega-acordos e fluxos financeiros voláteis”, disse Zhan.
“À medida que a inundação inicial de repatriações de lucros nos Estados Unidos diminui, as coisas irão se normalizar, se recuperando a níveis ‘médios’ de fluxos. Mas o cenário para a economia global é sombrio, sustentado por fatores estruturais na economia”.
Entre estes fatores estão questões políticas, tensões comerciais e um retorno às tendências protecionistas. Além disso, o fortalecimento da economia digital e uma mudança em direção a intangíveis na produção internacional irão desempenhar um papel, junto às quedas significativas em retornos de IED, já evidentes nos últimos cinco anos.
Fonte : ONUBrasil

CERRADO E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS.

Combate às mudanças climáticas traz ganhos para agricultores do Cerrado


No segundo maior bioma brasileiro, um programa de agricultura com baixa emissão de carbono incentiva 13 mil trabalhadores rurais de oito estados a adotarem técnicas sustentáveis de cultivo e criação de animais. Iniciativa é fruto de uma parceria do governo do Brasil com o Banco Mundial.
Agricultores da Bahia recebem treinamento em preparação do solo. Foto: Illuminati Filmes
Agricultores da Bahia recebem treinamento em preparação do solo. Foto: Illuminati Filmes
Você sabia que um quarto das emissões de gases do efeito estufa vêm da agricultura, silvicultura e mudança de uso da terra? Que até 2050 será necessário alimentar 10 bilhões de pessoas em todo mundo? E que as mudanças climáticas podem trazer uma diminuição nas colheitas?
Essa é uma consequência que o produtor rural Olicio Carlos de Araújo, de Brejolândia (Bahia), já vinha sentindo no campo. “Ultimamente a gente perdeu muito com a seca por falta de técnica. Aqui, a atividade pecuária é intensa, mas sofreu pela falta da chuva”, lembra. A propriedade dele fica no cerrado, segundo maior bioma brasileiro, que já perdeu metade de sua cobertura florestal, processo impulsionado pela agricultura e pecuária predatórias.
Felizmente, ele e mais 13 mil trabalhadores rurais hoje conseguem ter acesso a técnicas agrícolas de baixo carbono, capazes de reduzir as emissões de gases do efeito estufa e aumentar a produtividade. Uma delas é a recuperação de pastagens, que renovam a capacidade produtiva do solo degradado, evitando a abertura de novas áreas. Outra é a integração lavoura-pecuária-floresta, que favorece o controle de pragas e a adequação à legislação ambiental brasileira.
Além delas, usa-se a tecnologia de florestas plantadas, que consiste no plantio de árvores comerciais de rápido crescimento e alta capacidade de fixação de carbono, como pinus e eucalipto. Elas podem servir tanto para a indústria moveleira quanto para a produção de energia e celulose. Por fim, há o sistema de plantio direto, no qual o agricultor evita lavrar o solo e o deixa protegido por uma cobertura de palha, o que evita o surgimento de erosões.
No Brasil, os agricultores de oito estados aprendem essas técnicas por meio do ABC Cerrado, projeto de 10,6 milhões de dólares que une o Programa de Investimento Florestal – FIP (gerenciado pelo Banco Mundial), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a EMBRAPA e o Serviço Nacional de Aprendizado Rural (SENAR). A iniciativa vem oferecendo capacitações e assistência técnica desde 2015.
“Além dos ganhos ambientais e climáticos, as tecnologias apoiadas pelo Projeto ABC Cerrado trazem vantagens econômicas para os produtores rurais. Essa combinação é fundamental para estimular o interesse. Para cada dólar investido em assistência técnica, os produtores aportaram em média oito dólares na adoção das tecnologias. E só fizeram isso porque sabiam que elas eram eficazes”, comenta a economista agrícola Barbara Farinelli, cogerente do projeto no Banco Mundial.
O produtor Geraldo Nunes, de Peritoró (Maranhão), está entre os que já comprovaram os benefícios das técnicas de baixa emissão de carbono. Na propriedade dele, a pastagem de melhor qualidade tornou as vacas mais férteis.
“Hoje, conseguimos ter um índice de 51% de primíparas (animais que vão parir pela primeira vez). Antes, o máximo a que chegávamos era 40% com inseminação”, conta. Ele acrescenta que, devido a uma nova plantação de milho na propriedade, o custo da ração baixou em mais de 50%, e com isso o gado consegue comer mais e engordar rapidamente.
O ABC Cerrado ajuda o Brasil a cumprir uma de suas contribuições nacionalmente determinadas no Acordo de Paris: restaurar mais 15 milhões de hectares de pastagens degradadas até 2030 e, no mesmo prazo, implantar 5 milhões de hectares de sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta. Essa última meta já foi cumprida.

Transição lucrativa

Segundo o Banco Mundial, uma transição geral para economias com baixa emissão de carbono e resilientes às mudanças climáticas poderia trazer 26 trilhões de dólares em benefícios econômicos globais até 2030. No Brasil, a melhoria ambiental e econômica se sente aos poucos em cada propriedade onde se aplicam os conhecimentos obtidos no ABC Cerrado.
“Comparando propriedades vizinhas em regiões onde ocorreram as capacitações, estamos vendo a diferença do antes e depois. As que participaram estão conseguindo ter uma maior produção e diminuir o custo de produção, o que é interessante”, diz Gabriel Menezes, coordenador de programas no SENAR Bahia.
“Os agricultores estão muito receptivos às novas tecnologias e levando para as propriedades o que a gente passa para eles. Um dos objetivos do programa é tirar três coisas dos produtores: o achismo, o tradicionalismo e o amadorismo. Hoje, eles têm certeza do que precisam fazer”, comenta João Bruno Martins, instrutor do ABC Cerrado.
Em 2019, finalizados os últimos treinamentos, será feita uma avaliação dos resultados obtidos nos estados participantes. Os dados podem gerar políticas públicas de ainda maior impacto, capazes de garantir maior segurança alimentar em tempos de preocupação com as mudanças climáticas.
Fonte : ONUBrasil

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

CAVERNAS NO BRASIL.

Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro traz dados sobre 18 mil cavernas


Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro acaba de ser lançado pelo Cecav, centro de pesquisa do ICMBio, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.
MMA
Crédito: Fernando TatagibaParque Nacional Cavernas do Peruaçu no norte de Minas GeraisParque Nacional Cavernas do Peruaçu no norte de Minas Gerais
Brasília – O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia do Ministério do Meio Ambiente (MMA), acaba de lançar a primeira edição do Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro.
O estudo traz dados sobre 18.358 cavernas brasileiras registradas no Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (Canie) até dezembro de 2018. As informações são divididas por temas como localização, bacias hidrográficas, biomas, solos, unidades de conservação, rodovias, ferrovias, assentamentos rurais, mineração, petróleo, usinas hidrelétricas e linhas de transmissão.
Na elaboração do anuário, o Cecav cruzou os números do Canie com a base de dados dos órgãos e agências reguladoras do governo federal que atuam com cada tema, como a Agência Nacional de Águas (ANA), Ibama, ICMBio, Embrapa e Serviço Geológico do Brasil (CPRM), entre outros. O resultado é um panorama detalhado das cavernas conhecidas no Brasil.

VISÃO AMPLA
“Por ser uma análise estatística, o Anuário nos ajuda na leitura dos dados, a visualizá-los melhor, nos dando uma visão ampla de como está distribuído o patrimônio espeleológico brasileiro frente a diversas tipologias de empreendimentos e áreas protegidas”, diz o coordenador do Cecav, Jocy Cruz.
O estudo pode ser útil para vários setores da sociedade que lidam, de forma direta ou indireta com cavernas, entre eles, gestores ambientais, academia, estudantes e empreendedores. No caso de licenciamento ambiental de empreendimentos potencialmente impactantes ao patrimônio espeleológico, o cadastramento dos dados no Canie é obrigatório.
Na sua primeira edição, o Anuário apresenta um crescimento significativo das cavernas cadastradas. Em 2006, eram cerca de 4.500. Isso se deve, segundo Cruz, ao fortalecimento do trabalho de catalogação motivado pelo Decreto 6.640/2008, que regulamentou a gestão das cavernas.
“O decreto obrigou que empreendimentos potencialmente impactantes ao patrimônio espeleológico realizassem estudo espeleológico no âmbito do licenciamento ambiental, o que praticamente triplicou o número de cavernas conhecidas. Saímos de 6.280, em 2009, para 18.358 em 2018”, explica ele.
DADOS
Em relação às unidades da federação, o Anuário mostra que Minas Gerais, com 7.622 cavernas, é o estado brasileiro que detém o maior número de cavidades naturais subterrâneas, seguido pelo Pará com 2.630, Bahia com 1.367 e Rio Grande do Norte com 1.047.
No que se refere às regiões hidrográficas, os números apontam que 6.995 cavernas estão inseridas na bacia do Rio São Francisco e 4.531 na bacia do Tocantins. Juntas, abrigam 63% das cavidades naturais. Já as regiões hidrográficas do Uruguai e Atlântico sul possuem a menor quantidade de cavernas, não passando de 3%.
Com relação à localização por biomas, o estudo constata que 9.177 das cavernas conhecidas no Brasil encontram-se no Cerrado, o que equivale a praticamente metade delas. Já o Pampa e o Pantanal, juntos, têm menos de 1%, com 59 e 16 cavernas, respectivamente.
No cruzamento de dados do Canie com as informações de unidades de conservação (UC) federais, estaduais, municipais e particulares, observou-se que, das 2.644 UCs, apenas 215 delas, ou seja, 8% abrigam 6.380 das cavernas. Dessas, 54% encontram-se em unidades classificadas como de uso sustentável e 46% de proteção integral.
MAPA
O Cecav também acaba de lançar o Mapa de Ocorrências de Cavernas Brasil. O material foi elaborado a partir da sobreposição da base de dados do Canie de 18 de abril de 2018 e contém 17.875 cavernas.
O mapa traz a visualização de cavernas cadastradas no Brasil e ainda apresenta o tipo de solo e rocha em cada uma delas. O usuário pode, ainda, fazer o download no formato pdf e os dados vetoriais com as regiões de ocorrência de cavernas em formato shapefile.
Por: Ascom MMA, com informações do Cecav/ICMBio/MMA.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/01/2019

domingo, 20 de janeiro de 2019

OS OCEANOS ESTÃO AQUECENDO AINDA MAIS RÁPIDO DO QUE SE PENSAVA.

Os oceanos estão aquecendo ainda mais rápido do que se pensava


O calor retido pelos gases do efeito estufa está elevando a temperatura dos oceanos mais rapidamente do que se pensava anteriormente, conclui uma análise de quatro recentes observações do aquecimento oceânico.

Os resultados fornecem mais evidências de que alegações anteriores de desaceleração ou “hiato” no aquecimento global nos últimos 15 anos foram infundadas.
Por Kara Manke*
O aquecimento oceânico é um marcador crítico da mudança climática, pois estima-se que 93% do excesso de energia solar retido pelos gases do efeito estufa se acumula nos oceanos do mundo. E, ao contrário das temperaturas da superfície, as temperaturas oceânicas não são afetadas pelas variações ano a ano causadas por eventos climáticos como El Niño ou erupções vulcânicas.
A nova análise, publicada hoje (11 de janeiro) na revista Science , mostra que as tendências no conteúdo de calor dos oceanos se comparam às previstas pelos principais modelos de mudança climática e que o aquecimento global dos oceanos está se acelerando.
Assumindo um cenário de “business as usual” em que nenhum esforço foi feito para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, os modelos Coupled Model Intercomparison Project 5 (CMIP5) preveem que a temperatura dos 2.000 metros mais altos dos oceanos do mundo aumentará 0,78 graus Celsius até o final do século. A expansão térmica causada por esse aumento na temperatura elevaria os níveis do mar em 30 centímetros, ou cerca de 12 polegadas, além da já significativa elevação do nível do mar causada pelo derretimento das geleiras e dos lençóis de gelo. Oceanos mais quentes também contribuem para tempestades mais fortes, furacões e precipitações extremas.
Os quatro estudos, publicados entre 2014 e 2017, fornecem melhores estimativas de tendências passadas no conteúdo de calor oceânico, corrigindo discrepâncias entre diferentes tipos de medições de temperatura oceânica e melhor explicando as lacunas nas medições ao longo do tempo ou da localização.

A rede Argo de aproximadamente 4.000 flutuadores de robôs mede a temperatura da água até 2.000 metros abaixo da superfície. (Foto cedida por Argo)
A rede Argo de aproximadamente 4.000 flutuadores de robôs mede a temperatura da água até 2.000 metros abaixo da superfície. (Foto cedida por Argo)

Mergulhadores
Uma frota de quase 4.000 robôs flutuantes vagueia pelos oceanos do mundo, a cada poucos dias mergulhando a uma profundidade de 2000 metros e medindo a temperatura do oceano, o pH, a salinidade e outras informações à medida que se elevam. Este batalhão de monitoramento oceânico, chamado Argo, forneceu dados consistentes e difundidos sobre o conteúdo de calor oceânico desde meados dos anos 2000.
Antes de Argo, os dados de temperatura dos oceanos eram escassos na melhor das hipóteses, contando com dispositivos chamados de ultra-sonografias descartáveis que afundaram nas profundidades apenas uma vez, transmitindo dados sobre a temperatura do oceano até se estabelecerem em túmulos aquáticos.
Três dos novos estudos incluídos na análise da Science calcularam o conteúdo de calor oceânico de volta a 1970 e antes de usar novos métodos para corrigir erros de calibração e vieses nos dados de Argo e de batitromógrafo. O quarto adota uma abordagem completamente diferente, usando o fato de que um oceano aquecido libera oxigênio para a atmosfera para calcular o aquecimento do oceano a partir de mudanças nas concentrações atmosféricas de oxigênio, enquanto outros fatores, como a queima de combustíveis fósseis, também alteram os níveis de oxigênio atmosférico.
Referência
How fast are the oceans warming?
Lijing Cheng1, John Abraham2, Zeke Hausfather3, Kevin E. Trenberth4
Science 11 Jan 2019:
Vol. 363, Issue 6423, pp. 128-129
DOI: 10.1126/science.aav7619
http://dx.doi.org/10.1126/science.aav7619
Por Kara Manke*, com informações da University of California, Berkeley
* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/01/2019

PAÍSES COM RÁPIDA TRANSIÇÃO DA FECUNDIDADE.

Países com rápida transição da fecundidade, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


“I’ve never seen a problem that wouldn’t be easier to solve with fewer people.”
Sir David Attenborough
taxa de fecundidade total para países de rápida transição
A transição da fecundidade é um dos fenômenos de mudança de comportamento de massa mais importantes e significativos da história da humanidade.
[EcoDebate] O ser humano é o único animal que regula o número de filhos e reduz o tamanho da prole em meio ao aumento do padrão de vida e à abundância. Nos 200 mil anos de história do Homo sapiens, a redução do número médio de filhos ocorreu somente nas últimas décadas.
A despeito das “escoras culturais pronatalistas”, a taxa de fecundidade total (TFT) média do mundo caiu de cerca de 5 filhos na década de 1960 para cerca de 2,5 filhos em 2015. A TFT se reduziu pela metade em 50 anos, mas desacelerou o ritmo de baixa e se mantêm acima do nível da taxa de reposição (TFT = 2,1 filhos por mulher). Há ainda alguns países que resistem à desaceleração da fecundidade.
Porém, o ritmo da redução do número médio de filhos foi extremamente rápido em alguns países. Três países – Cingapura, Coreia do Sul e Irã – apresentaram as transições da fecundidade mais rápidas do mundo.
Cingapura – que era um país pobre até a sua independência em 1959 – tinha uma TFT de 6,6 filhos no quinquênio 1950-55 e de 6,34 filhos em 1955-60. Em apenas 20 anos a TFT de Cingapura passou para 1,84 filhos no quinquênio 1975-80. Ou seja, em 4 quinquênios a taxa de fecundidade passou de 6,34 filhos para 1,84 filhos (uma diminuição de 4,5 filhos na TFT). Foi a transição mais rápida (e mais precoce em sua rapidez) já ocorrida entre todos os países do mundo.
A Coreia do Sul – que viveu uma guerra destruidora com a Coreia do Norte entre 1950-53 e saiu em ruínas – tinha uma TFT de 6,33 filhos no quinquênio 1955-60 e passou para 1,57 no quinquênio 1985-90. Ou seja, a TFT passou de um nível acima de 6 filhos para um nível abaixo de 2 filhos em 30 anos (uma diminuição de 4,76 filhos na TFT em 6 quinquênios).
O Irã – que passou pela revolução islâmica no final da década de 1970 e pela guerra com o Iraque no início da década de 1980 – tinha uma TFT de 6,53 filhos em 1980-85 e passou para 1,97 filhos no quinquênio 2000-05. Ou seja, a TFT que estava acima de 6 filhos caiu para menos de 2 filhos em 20 anos (uma diminuição de 4,56 filhos na TFT em 4 quinquênios). Ainda na época do aiatolá Khomeini se adotou medidas de universalização da saúde reprodutiva, o que possibilitou a grande queda no número médio de filhos.
Brasil, Líbano e Costa Rica tinham TFT em torno de 6 filhos por mulher no quinquênio 1960-65 e passaram para uma TFT abaixo do nível de reposição no quinquênio 2005-10. Portanto, estes três países tiveram uma transição da fecundidade que durou cerca de 45 anos.
Portanto, estes seis países tiveram uma transição da fecundidade muito rápida, com destaque, principalmente, para Cingapura e Irã, que foram os países recordistas mundiais na transição de altos níveis para baixos níveis do número médio de filhos. Uma transição de mais de 6 filhos para menos de 2 filhos em apenas 20 anos é um acontecimento extraordinário e único. O caso da Coreia do Sul também merece destaque, pois fez a transição da fecundidade em 25 anos.
A transição da fecundidade no Brasil, Líbano e Costa Rica, mesmo demorando 45 anos, pode ser considerada uma mudança rápida, embora mais lenta do que nos casos excepcionais de Cingapura, Irã e Coreia do Sul. No caso de Cingapura e Coreia do Sul cabe destacar que, além da rapidez da transição, o limite inferior da queda foi muito baixo, com uma TFT de 1,2 filhos por mulher, uma das menores do mundo.
Uma transição da fecundidade de 20 anos ou 45 anos é considerada rápida quando se compara com a lenta transição que ocorreu nos países europeus e nos Estados Unidos (EUA). Em relação ao grande país da América do Norte, o gráfico abaixo mostra que a transição da fecundidade de altos níveis de TFT (7 filhos) para abaixo do nível de reposição demorou 170 anos (entre a população branca).
transição da fecundidade nos Estados Unidos
Nos EUA, a transição foi lenta nos séculos XIX e primeira metade do século XX, quando a TFT passou de 7 filhos para cerca de 2,5 filhos, durante a grande depressão da década de 1930. Logo após a Segunda Guerra houve um aumento da TFT americana (fenômeno do baby boom) até o início da década de 1960 e depois uma nova queda, quando ficou abaixo do nível de reposição no quinquênio 1975-1980, para voltar ao nível de reposição no período 1990-2010. Após 2010, a TFT dos EUA voltou a ficar abaixo do nível de reposição. O fato é que nos EUA a queda da fecundidade foi lenta e jamais chegou a níveis tão baixos como em Cingapura e na Coreia do Sul.
O gráfico abaixo mostra a transição da fecundidade no mundo e nas regiões. Nota-se que nos países desenvolvidos a transição começou no século XIX e atingiu o nível abaixo da reposição no quinquênio 1975-80. A América Latina e Caribe (ALC) tinha uma TFT de 6 filhos na década de 1950 e deve passar para menos de 2 filhos no quinquênio 2020-25, demorando, portanto, 60 anos para completar a transição. A Ásia que partiu do mesmo patamar da ALC deve atingir uma TFT abaixo do nível de reposição no quinquênio 2030-35, portanto, 70 anos de transição. Na África Subsaariana a TFT ainda estava próxima de 7 filhos no quinquênio 1980-85 e só deve completar a transição no início do século XXII, demorando, portanto, cerca de 130 ou 140 anos para passar de altos níveis para baixos níveis de fecundidade. O mundo – na média global, só deve atingir o nível de reposição no fim do século XX.
taxa de fecundidade total para regiões do mundo
Neste quadro global, fica claro que as transições da fecundidade de Cingapura, Irã e Coreia do Sul são realmente excepcionais em termos de rapidez e profundidade, enquanto a transição da África Subsaariana parte de um alto patamar, inicia de forma tardia e não deve ser profunda no sentido de atingir níveis muito abaixo do nível de reposição.
O que todos estes dados mostram é que existem grandes diferenças na dinâmica demográfica dos países e das regiões. As consequências sociais e ambientais também são muito diferentes e exigem múltiplas respostas.
O debate está aberto e o conhecimento da realidade demográfica pode ajudar na busca de soluções para os problemas sociais, econômicos e ambientais.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
 in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 14/01/2019

BAIXO AMAZONAS, UM CANTO EM QUE O BRASIL AINDA É COLONIAL.

 Baixo Amazonas, um canto em que o Brasil ainda é colonial

Baixo Amazonas, um canto em que o Brasil ainda é colonial. Entrevista especial com Rogério Almeida

Por Patricia Fachin
Edição de João Vitor Santos
IHU

Quando o Brasil ainda era um ponto visível apenas por embarcações fora de rota ou no destino de degredados, a exploração dessas terras já ocorria de uma forma muito sutil. Na medida em que se descobriu que o Brasil era muito mais do que uma ilha e que por aqui havia muito mais do que belos papagaios, o Estado português decidiu ocupar e colonizar estas terras. Era o século XVI, tempos de expansão territorial, de colonização e colonialismo, em que o local era tido como exótico e passível de expropriação. Quando se mergulha nos confins do norte do país, região do Baixo Amazonas, se percebe que, de lá para cá, pouca coisa mudou. O Brasil, embora agora Estado soberano, continua dizimando seus povos originários e espoliando a matéria-prima da terra em nome de um tal desenvolvimentismo, um novo nome para as ações colonizadoras. “A nossa condição colonial tem sido ratificada ao longo dos mais diversos processos econômicos e políticos que o país vivenciou”, destaca o professor Rogério Almeida, que conhece em detalhes a realidade dessa região.
Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-LineAlmeida revela que “o extrativismo mineral, o agronegócio e as respectivas obras de infraestrutura para viabilizar tais atividades colocam em risco constante as populações consideradas tradicionais e camponeses, as unidades de conservação [UCs], as institucionalidades criadas para operacionalizar ações junto às populações e às UCs”. De um lado, há um Estado com órgãos que deveriam proteger essas áreas e pessoas extremamente fragilizados, e de outro o capital internacional, que vende uma ideia de desenvolvimento que não é mais do que uma forma de tomar recursos naturais e imprimir as lógicas coloniais do século XXI. “No contexto atual, as grandes corporações de mineração, de construção civil e do agronegócio hegemonizam o cenário”, aponta o professor. E ainda dispara: “estão destruindo um patrimônio que as universidades sequer tiveram tempo de conhecer”.
Como se tudo isso não fosse o bastante, ainda sobra miséria e violência para quem vive nesse Brasil do norte. “Nós estamos num território de ilegalidades de toda ordem: tráfico de drogas, tráfico humano, trabalho escravo, tráfico de madeira, biopirataria, entre tantas outras. Tem a violência estrutural, um Estado autoritário, e o poder concentrado nas mãos de poucos. A agenda de ‘desenvolvimento’ concentrada em grandes empreendimentos é uma ameaça constante”, pontua. Não é à toa que defensores do meio ambiente vêm sendo assassinados na região há 30 anos, pelo menos.
Mas como pensar em desenvolvimento dessa região, numa lógica que não apenas repagine a colonização do século XVI? “Esse tema do desenvolvimento sustentável é paradoxal, complexo e controverso. Ainda mais por conta da incorporação do mesmo nos planos e discursos de grandes corporações como estratégia de marketing. Elas integram um xadrez de saque, e fazem algumas perfumarias e colocam como responsabilidade social e afins”, adverte o professor. Para ele, a receita é olhar profundamente para as populações originárias e apreender como sobrevivem a partir da natureza, mas sem dizimar a terra por cada vez mais matéria-prima. “No Baixo Amazonas há ricas experiências realizadas a partir das populações locais no uso dos recursos madeireiros e não madeireiros, a partir da produção de óleos vegetais, artesanato, biojoias etc.”, exemplifica. “Faz-se necessário a superação do preconceito com relação às populações originárias, que desde os relatos coloniais, onde o mais célebre é o de Carvajal, são tratadas e enquadradas como desprovidas da capacidade de gerir as suas próprias vidas e os recursos locais”, sugere.
Rogério Henrique AlmeidaRogério Henrique Almeida  (Foto: Bulicoso)
Rogério Henrique Almeida é graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA, cursou especialização e mestrado em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido pela Universidade Federal do Pará – UFPA. A dissertação Territorialização do Campesinato no sudeste do Pará foi laureada com o Prêmio Naea/2008 e o livro lançado no começo de 2013. Atualmente, é professor do Curso de Gestão Pública e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA e doutorando em Geografia Humana da Universidade de São Paulo – USP, na categoria interinstitucional, uma parceria com a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – UNIFESSPA, UFOPA e Instituto Federal do Pará – IFPA.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Pode nos dar um panorama da região do Baixo Amazonas? Quem são os povos tradicionais que vivem nessa região e como eles se relacionam com os demais moradores da região?
Rogério Almeida – Trata-se de uma relevante região da Amazônia por inúmeras razões. O Baixo Amazonas guarda vestígios do período pré-colombiano, onde a Caverna da Pedra Pintada, localizada no município de Monte Alegre, é considerada o registro mais antigo sobre a presença humana na Amazônia do Brasil, com 11.200 anos estimados. Há vários sítios arqueológicos, cavernas etc. Algumas sem prospecção ainda.
Trata-se de sociedades consideradas bem complexas, que conviveram/convivem de forma harmoniosa com os recursos das florestas, dos rios, das várzeas, ilhas e da terra firme. Os caudalosos rios Tapajós e Amazonas irrigam a região que abriga populações indígenasquilombolas e um diversificado campesinato. Com relação aos indígenas, temos uma população de, em média, seis mil indivíduos, distribuídos entre 13 povos em oito territórios. A coordenação da Funai da região atende às etnias Munduruku, Apiaká e Kayabi (Alto e Médio Tapajós) e ArapiumMundurukuApiakáMaytapuCumaruaraJaraquiTupinambáBorariCara-preta MundurukuTapuiaArara-Vermelha (Arapiranga), Tapajó e Tupaiú (Baixo Tapajós/Santarém).
baixo amazonasBaixo Amazonas (Foto: MPPA)
baixo amazonasBaixo Amazonas (Foto: Researchgate.net)
No que tange aos remanescentes de quilombos, a estimativa é de 65 comunidades que abrigam 2.874 famílias; multiplicando por cinco, que é a média familiar, teremos aí perto de 15 mil pessoas. Deste conjunto de comunidades, creio que nem dez conseguiram o reconhecimento por parte do Estado. Com relação a projetos de assentamentos da reforma agrária [PAs], caso a gente some com os assentados da região do município de Altamira, que está sob a influência da Transamazônica, teremos uns 200 projetos PAs. Nós estamos falando de cerca de 12 municípios, num território de 315 mil km², com uma população de 705 mil habitantes, uns 9% da população do estado. População essa que, desde o século passado, convive com a presença do grande capital internacional, onde são os casos mais destacados a tentativa de Henri Ford de domesticar a floresta nos anos de 1920, na cidade de Aveiro, que ficou imortalizada como Fordlândia, e de Daniel Ludwig, nos anos de exceção com um megaprojeto que devastou uma parcela significativa da floresta na cidade de Almeirim para implantar pecuária e o monocultivo de eucalipto para produção de celulose.

Exploração na atualidade

Atualmente, a empresa paulista Orsa controla o empreendimento. Faz quatro anos que extrativistas promoveram um empate [prática de resistência pacífica criada por Chico Mendes no Acre], com vistas a defender o castanhal da comunidade de Pilões. A Mineração Rio do Norte [MRN] explora bauxita no município de Oriximiná desde os anos 1980; já em Juruti, a Alcoa explora o mesmo minério desde os anos 2000.
Esta diversidade social: indígenas, quilombolas, camponeses, extrativistas estão no olho do furacão por conta de obras de infraestrutura da cadeia de produção de grãos do Brasil Central e de exploração mineral. Na pauta de obras de infraestrutura consta asfaltamento da BR 163[Cuiabá-Santarém], hidrovias, ferrovias, edificação de várias hidroelétricas e portos. A lógica aprofunda a condição colonial da Amazônia como mero exportador de matérias-primas. Além da cadeia da soja, tem os impactos da mineração. Em Oriximiná, por exemplo, a MRN explora bauxita há uns 30 anos. E essa atividade não dinamiza a economia local, além de gerar graves danos ao meio ambiente.
A Comissão Pró-Índio de São Paulo acabou de lançar um documento sobre a qualidade da água em comunidades quilombolas da região. Os recursos estão comprometidos e os quilombolas impedidos de usar a água, um recurso vital. A mineradora faz parte do portfólio da Vale, e explora bauxita. O projeto integra a cadeia de alumínio, cuja outra ponta, as plantas industriais, ficam na cidade de Barcarena, perto de Belém. Assim como Oriximiná, o município de Barcarena e cidades vizinhas possuem os recursos hídricos comprometidos.

Cumplicidade estatal

O governo do Pará tem sido omisso ou cúmplice em fiscalizar as empresas. Em Barcarena têm sido recorrentes os problemas de transbordo nas barragens de rejeito. A rotina consiste nas empresas enviarem relatórios e o órgão de meio ambiente simplesmente endossar. Atualmente, a empresa norueguesa Norsk Hydro controla a cadeia do alumínio. Soa meio irônico pelo fato de a Noruegaser o país que mais aporta recursos no Fundo Amazônia, destinado para apoiar o meio ambiente.
Neste contexto, pescadores, extrativistas, camponeses, indígenas e o campesinato têm as suas condições de reprodução econômica, social, política e cultural ameaçadas. A expropriação e espoliação tem sido a regra desde os primeiros colonizadores.
mesoregião baixo amazonasMapa do Baixo Amazonas
IHU On-Line – O que é o Coletivo Tapajós Vivo, quem faz parte dele e quais são suas reivindicações para a Amazônia?
Rogério Almeida – O Coletivo aglutina entidades do campo democrático e popular, pesquisadores, ativistas de defesa do meio ambiente e direitos humanos. Ele tem como pauta central a manutenção dos territórios dos povos ancestrais e dos camponeses, a defesa do meio ambiente. O grupo realiza reuniões periódicas, incentiva e participa de produção de conteúdos sobre a agenda desenvolvimentista sobre a região, articula seminários e encontros dentro e fora da região, é um dos protagonistas da realização do Fórum Social Pan-Amazônico. Assim como o capital, a articulação em defesa dos povos da floresta também se coaduna em escala maior. A última versão do Fórum ocorreu no Peru, por exemplo. Tem ocorrido o diálogo que aproxima as populações atingidas por problemas que são comuns. Assim, eles intentam agir a partir de redes em várias linhas de ações de resistência.
IHU On-Line – Na apresentação da Revista Terceira Margem Amazônia, o senhor mencionou que a Amazônia é uma “derradeira fronteira de expansão do capitalismo”. Quais são as principais disputas em torno da “exploração” ou do “uso” da biodiversidade e dos recursos da Amazônia e quais são os grupos nacionais e internacionais que disputam a possibilidade de “explorar” o território e sua biodiversidade?
Rogério Almeida – A nossa condição colonial tem sido ratificada ao longo dos mais diversos processos econômicos e políticos que o país vivenciou. Isso desde a era Vargas, quando se tem o registro do primeiro plano de integração subordinada aos interesses do grande capital. E tudo pode ficar pior por conta do atual e temerário contexto. O extrativismo mineral, o agronegócio e as respectivas obras de infraestrutura para viabilizar tais atividades colocam em risco constante as populações consideradas tradicionais e camponeses, as unidades de conservação [UCs], as institucionalidades criadas para operacionalizar ações junto às populações e às UCs.
Há uma precarização nas instituições como IbamaICMBioFunaiMinistério do Trabalhouniversidades, entre outras. No Congresso Nacional, a bancada ruralista tem pressionado a partir de várias estratégias para revisar e afrouxar algumas leis que em certa medida garantem a sobrevivência das populações tradicionais. Lembro agora de revisões com vistas a permitir mineração em territórios tradicionais. No contexto atual, as grandes corporações de mineração, de construção civil e do agronegócio hegemonizam o cenário. Aí temos a ValeAlcanAlcoa,Tractebel SuezNorsk HydroAngloOdebrechtMendes JuniorCargillBunge, e por aí vai.
Um reflexo desta tensão tem sido os constantes ataques sofridos por servidores públicos do Ibama e ICMBio em suas atividades laborais. Tais ataques ocorrem desde os anos iniciais de 2000. Os servidores sofrem ameaças, os carros públicos e sedes das instituições são queimados, os governos acenam com anistia de multas e ainda financiam atividades que provocam o desmatamento, a contaminação dos recursos hídricos. Estão destruindo um patrimônio que as universidades sequer tiveram tempo de conhecer.

Endosso da imprensa

No campo simbólico, os meios de comunicação das cidades que abrigam os empreendimentos, mesmo os da capital do estado, que em tese poderiam problematizar as questões, e os dos principais centros, ressoam um discurso triunfalista destes projetos, e satanizam as ações das populações ancestraiscamponeses e seus respectivos apoiadores. Tem-se ainda a criminalização da luta por direitos. A mineradora Vale processa mais de cem pessoas, entre ativistas, apoiadores e professores. Além de criminalizar, ocorre a cooptação de pessoas para ressoar o discurso de geração de emprego e renda das empresas. Em resumo, a assimetria de forças conforma o combate.
IHU On-Line – Quais são os principais projetos brasileiros em execução e previstos para a região do Baixo Amazonas?
Rogério Almeida – As rodovias, os polos de produção sob a inspiração estadunidense e europeia foram a guia de integração física e subordinada da região ao país e à economia mundial nos anos de exceção. Esta opção projetou um cipoal de passivos de toda ordem na região, onde podemos sublinhar, além do desmatamento em grande escala, a violência em suas mais variáveis nuances, simbólica e física.
O sudeste paraense, por ter sido a região que mais concentrou investimentos, também é a mesma que concentrou/concentra os indicadores mais alarmantes com relação à execução de camponeses. Nos dias atuais, os projetos estão baseados a partir da Iniciativa de Infraestrutura de Integração Sul-Americana [IIRSA], desde os fins dos anos 1990 e início dos anos 2000. A escala trabalhada agora é sul-americana, com vistas a acessar terra e os recursos naturais da região, com pleno financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social [BNDES], que injetou obras de infraestrutura no Peru, por exemplo, com vistas a dinamizar uma saída para o Pacífico.
No caso do Baixo Amazonas, como citei acima, há projetos de um complexo de hidroelétrica no rio Tapajós, asfaltamento da BR-163, ferrovias e hidrovias, e vários complexos portuários. Em síntese, se quer consolidar a região como um grande corredor de exportação de commodities. Em Santarém, cidade polo da região, contra a posição popular consagrada em conferência municipal no processo de revisão do plano diretor, que decidiu pela manutenção do bairro do Maicá contra a instalação de portos, a câmara de vereadores não respeitou a decisão e atendeu ao setor de agronegócio. É a prevalência do interesse privado em detrimento do público. Segue o mesmo caminho de ilegalidade que marcou a construção do porto da estadunidense Cargill nos anos 2000. Erguido ao arrepio da lei.
No caso do projeto do complexo de porto de Maicá, os precários estudos de impactos publicizados não reconhecem a presença das comunidades quilombolas do lugar. Avaliação realizada por pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará [Ufopa] pontua os limites em vários campos do conhecimento sobre o projeto apresentado de Estudos de Impactos Ambientais [EIA-Rima]. Apesar da decisão popular da conferência, dos estudos da Ufopa, da posição de várias entidades e coletivos, o prefeito Nélio Aguiar, do DEM, endossou a decisão da casa legislativa realizada sem a devida publicidade e no momento de fim de ano, onde via de regra as pessoas estão mais centradas em atividades da família e fazendo o balanço do ano.
IHU On-Line – De outro lado, quais são as principais tensões que evidencia na Amazônia hoje, especialmente no Baixo Amazonas? Quais são as causas dessas tensões?
Rogério Almeida – Nós estamos num território de ilegalidades de toda ordem: tráfico de drogas, tráfico humano, trabalho escravo, tráfico de madeira, biopirataria, entre tantas. Tem a violência estrutural, um Estado autoritário, e o poder concentrado nas mãos de poucos. A agenda de “desenvolvimento” concentrada em grandes empreendimentos é uma ameaça constante. Enquanto os dividendos são auferidos por poucos, o conjunto da sociedade socializa os passivos de toda ordem. Faz 30 anos que a mineração ocorre no sudeste paraense, por exemplo. Apesar de ser o principal produto da economia do Pará, a região concentra os piores indicadores sociais. A chacina de camponeses ocorrida na cidade de Pau D’arco pelas polícias civil e militar é um indicador da naturalização da violência nas disputas territoriais num ambiente marcado pelo caos fundiário e a grilagem de terras.
Agora mesmo mataram o ativista Gilson Maria Temponi, em Rurópolis, região do Baixo Amazonas, no dia 15 [de dezembro]. A impunidade tem sido a regra. A maioria das chacinas e execuções ocorridas nos anos 1980 estão impunes. Isso incentivou as execuções de irmã Dorothy, dos ativistas Bartolomeu Morais da Silva, conhecido como “Brasília”, sequestrado, torturado e executado por tiros de vários calibres no município que possui o irônico nome de Castelo dos Sonhos, no início dos anos 2000. O mesmo destino teve Ademir Federicci, conhecido como “Dema”. E, para mim, tudo pode piorar. Agora estão a perseguir o Pe. Amaro, na cidade de Anapu, onde atuava a irmã Dorothy. Assim como no caso da missionária e agente da Comissão Pastoral da Terra[CPT], Amaro foi acusado de armar o povo do campo, e chegou a ser preso a partir de acusações falsas.
IHU On-Line – As pesquisas recentes demonstram que houve um aumento da pobreza no país. O que os indicadores de desenvolvimento e pobreza indicam sobre a situação de pobreza e desenvolvimento da Amazônia e do Baixo Amazonas?
Rogério Almeida – O Pará tem uma população estimada em uns seis milhões. Mais da metade vive abaixo da linha da pobreza. Creio que esse dado ajuda a evidenciar o quanto são limitados os projetos de desenvolvimento impostos para a região. No caso do Baixo Amazonas, a estimativa é a mesma, cerca da metade da população. A região é a terceira maior taxa de pobreza do estado. A ironia é que o estado é um dos que mais contribui para a composição do PIB nacional por conta do extrativismo mineral, em particular o minério de ferro das terras da região de Carajás, nos municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás. É nessa cidade que a Vale desenvolve o maior projeto de mineração do seu portfólio, o S11D.
É como se tivesse sendo reeditado um novo Projeto Grande Carajás, inaugurado na década de 1980. O projeto impacta projetos de assentamentos ruraisterras indígenas e quilombolas nos estados do Pará e Maranhão. Um saque agravado pela renúncia fiscal por conta da Lei Kandir, que veta o recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias – ICMS. O minério representa quase cem por cento do PIB do estado. A economia do Pará é assentada numa única atividade que possui limites, e depende de oscilações do mercado mundial. Como diz o jornalista Lúcio Flávio Pinto, um especialista na região, “minério possui única safra!”. O que será do estado após o esgotamento da atividade?
IHU On-Line – Como as mudanças econômicas ocorridas no Brasil a partir dos anos 1960 modificaram o padrão de ocupação sociogeográfico da Amazônia? É possível fazer um balanço sobre quais são as implicações dessas mudanças para a floresta hoje, quase 60 anos depois?
Rogério Almeida – Tem um conjunto de pesquisas de variados campos do conhecimento que atestam as radicais modificações ocorridas quando o planejamento tecnocrático dos militares impôs a rodovia como o principal vetor de integração física da região. Implicações na demografia, grande fluxo migratório, criação de várias vilas e cidades, sob o caos fundiário e a grilagem de terras, onde grandes extensões foram concentradas nas mãos de poucas e grandes corporações aos moldes dos Bancos BamerindusEconômicoBradescoVolkswagen etc. Lembro de tratados de Bertha Becker (UFRJ), José de Souza Martins (USP), Octávio Ianni (USP), Ariovaldo Umbelino (USP), Carlos Walter Porto Gonçalves (UFF), Edna Castro, Rosa Acevedo Marin, Jean Hébette e Francisco de Assis Costa, todos da UFPA.
Até a execução de Chico Mendes, que este ano fez 30 anos, as políticas tinham como matriz atender demandas do mercado externo. A partir de 1988, ocorreram algumas inflexões a partir das demandas das populações locais. Isso fruto de muita pressão, várias experiências de lutas e mediações de partidos políticos, ONGs, frações da Igreja Católica, intelectuais, efetivação de redes locais e internacionais a partir da defesa do meio ambiente. Neste contexto foi possível criar o Ministério do Meio Ambiente e outras institucionalidades, políticas, reconhecimento das Reservas Extrativistas como possibilidade de reforma agrária adequada ao modelo da região. Mas as tensões continuam no agudo cenário na disputa pela terra e os recursos naturais.
IHU On-Line – Que transformações ocorreram na dinâmica de navegação no Baixo Amazonas depois da integração da região ao circuito produtivo do agronegócio?
Rogério Almeida – O rio continua a ser um importante meio de circulação de pessoas, produtos e informação na região. Na cidade de Santarém, em particular, no rio Tapajós, os barcos tradicionais teimam em enfeitar a orla da cidade. É possível notar de forma nítida na orla da cidade os circuitos econômicos baseados no agronegócio e o mobilizado a partir das populações locais. As balsas de soja a alcançarem o porto da Cargil, e os barcos locais a alimentarem o Mercadão 2000, o mercado municipal. Mas sugiro ler o artigo do Eduardo Margarit, que consta no Dossiê. Ele faz uma excelente síntese do que tem ocorrido.
IHU On-Line – O que seria uma proposta adequada de desenvolvimento para a região, na sua avaliação? O que já tem sido feito no Baixo Amazonas para garantir o desenvolvimento sustentável da região?
Rogério Almeida – Esse tema do desenvolvimento sustentável é paradoxal, complexo e controverso. Ainda mais por conta da incorporação do mesmo nos planos e discursos de grandes corporações como estratégia de marketing. Elas integram um xadrez de saque, e fazem algumas perfumarias e colocam como responsabilidade social e afins.
Noutro extremo, há milênios as populações tradicionais convivem com os recursos da floresta. Há um conhecimento tradicional que deve ser considerado no cálculo dos projetos, mas que, via de regra, não são levados em consideração. Vários intelectuais, ativistas, dirigentes sindicais e de associações defendem a necessidade de uma convergência de ações que passa pelas universidades na produção de conhecimentos, políticas públicas, ações em sinergia de vários segmentos do poder institucionalizado, financiamento que favoreçam as experiências de pescadores artesanais, extrativistas, camponeses e a rica sociodiversidade da região.
Só que o combate é muito desigual, o que tem predominado é a força do grande capital. No Baixo Amazonas há ricas experiências realizadas a partir das populações locais no uso dos recursos madeireiros e não madeireiros, a partir da produção de óleos vegetais, artesanato, biojoias etc. Faz-se necessário a superação do preconceito com relação às populações originárias, que desde os relatos coloniais, onde o mais célebre é o de Carvajal, são tratadas e enquadradas como desprovidas da capacidade de gerir as suas próprias vidas e os recursos locais. Esse tipo de discurso tem legitimado a arquitetura das políticas públicas historicamente impostas para a região, não à toa os militares a consideraram um vazio demográfico.
(EcoDebate, 14/01/2019) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação.
[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo, RS.]