sábado, 30 de novembro de 2013

GÁS XISTO NO BRASIL

Cientistas querem adiar exploração do gás de xisto nas bacias hidrográficas brasileiras

gás de xisto
Ambientalistas e pesquisadores temem os estragos ambientais. Posicionamento da SBPC e da ABC foi registrado em carta
 A exploração do gás de xisto nas bacias hidrográficas brasileiras, principalmente na região Amazônica, seguena contramão de países europeus, como França e Alemanha, e algumas regiões dos Estados Unidos, como o estado de Nova York, que vêm proibindo essa atividade, temendo estragos ambientais, mesmo diante de sua viabilidade econômica. Os danos são causados porque, para extrair o gás, os vários tipos de rochas metamórficas, chamadas xisto, são destruídas pelo bombeamento hidráulico ou por uma série de aditivos químicos.
Enquanto a Agência Nacional de Petróleo (ANP) mantém sua decisão de lançar em 28 e 29 de novembro os leilões de blocos de gás de xisto, autoridades de Nova York, um dos pioneiros na exploração desse produto, desde 2007, começam a rever suas políticas internas. Mais radical, a França ratificou, recentemente, a proibição da fratura hidráulica da rocha de xisto, antes mesmo de iniciar a extração desse produto, segundo especialistas.
Cientificamente batizado de gás de “folhelho”, o gás de xisto é conhecido também como “gás não convencional” ou natural. Embora tenha a mesma origem e aplicação do gás convencional, o de xisto se difere no seu processo de extração. Isto é, o produto não consegue sair da rocha naturalmente, ao contrário do gás convencional ou natural, que migra naturalmente das camadas rochosas. Para extrair o gás do xisto, ou seja, finalizar o processo de produção, são usados mecanismos artificiais, como fraturamento da rocha pelo bombeamento hidráulico ou por vários aditivos químicos.
Ao confirmar os leilões, a ANP afirma, via assessoria de imprensa, que a iniciativa cumpre a Resolução CNPE Nº 6 (de 23 de junho deste ano), publicada no Diário Oficial da União. Serão ofertados 240 blocos exploratórios terrestres com potencial para gás natural em sete bacias sedimentares, localizados nos estados do Amazonas, Acre, Tocantins, Alagoas, Sergipe, Piauí, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Maranhão, Paraná, São Paulo, totalizando 168.348,42 Km².
Destino
O gás de xisto a ser extraído dessas bacias terá o mesmo destino do petróleo, ou seja, será comercializado como fonte de energia. No Brasil, o gás de xisto pode suprir principalmente o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, onde a demanda é crescente por gás natural, produto que esses estados importam da Bolívia.
Apesar do potencial econômico, o químico Jailson Bitencourt de Andrade, ex-conselheiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), reforça seu posicionamento sobre a importância de adiar os leilões da ANP e ampliar as pesquisas sobre os impactos negativos da extração do gás de xisto, a fim de evitar as agressões ao meio ambiente. “É preciso dar uma atenção grande a isso”, alerta o pesquisador, também membro da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC). “Mesmo nos Estados Unidos, onde há uma boa cadeia de logística, capaz de reduzir o custo de exploração do gás de xisto, e mesmo que sua relação custo-benefício seja altíssima, alguns estados já estão revendo suas políticas e criando barreiras para a exploração desse produto.”
O posicionamento da SBPC e da ABC
Em carta (disponível em http://www.sbpcnet.org.br/site/artigos-e-manifestos/detalhe.php?p=2011), divulgada em agosto, a SBPC e ABC expõem a preocupação com a decisão da ANP de incluir o gás de xisto, obtido por fraturamento da rocha, na próxima licitação. Um dos motivos é o fato de a tecnologia de extração desse gás ser embasada em processos “invasivos da camada geológica portadora do gás, por meio da técnica de fratura hidráulica, com a injeção de água e substâncias químicas, podendo ocasionar vazamentos e contaminação de aquíferos de água doce que ocorrem acima do xisto”.
Diante de tal cenário, Andrade volta a defender a necessidade de o Brasil investir mais em conhecimento científico nas bacias que devem ser exploradas, “até mesmo para ter uma noção da atual situação das rochas para poder comparar possíveis impactos dessas bacias no futuro”. Nesse caso, ele adiantou que o governo, por intermédio do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Agência Brasileira da Inovação (Finep), está formando uma rede de pesquisa para estudar os impactos do gás de xisto.
Defensor de estudar todas alternativas de produção de gás para substituir o petróleo futuramente, o pesquisador Hernani Aquini Fernandes Chaves, vice-coordenador do Instituto Nacional de Óleo e Gás (INOG), frisa, em contrapartida, que, apesar de eventuais estragos das rochas de xisto, o uso desse gás “é ambientalmente mais correto” do que o próprio petróleo. “Ele tem menos emissão de gás”, garante. “Precisamos conhecer todas as possibilidades de produção, porque, além de irrigar a economia, o petróleo é um bem finito que acaba um dia. O país é grande. Por isso tem de ver as possibilidades de levar o progresso a todas às áreas.” Ele se refere ao interior do Maranhão, uma das regiões mais pobres do Brasil e com potencial para exploração de gás de xisto.
Sem querer comparar o potencial de produção de gás de xisto dos EUA ao brasileiro, Chaves considera “muito otimista” as estimativas da Agência Internacional de Energia dos EUA feitas para o Brasil, de reservas da ordem de 7,35 trilhões de m³. Segundo Chaves, o INOG ainda não fez estimativas para produção de gás de xisto no território nacional. As bacias produtoras de gás de xisto, disse, ainda não foram comprovadas. Em fase experimental, porém, o gás de xisto já é produzido pela Petrobras na planta de São Mateus do Sul.
Ao falar sobre os danos ambientais provocados pela extração do gás de xisto, Chaves reconhece esse ser “um ponto controverso”. Por ora, ele esclarece que na Europa, sobretudo França e Alemanha, não é permitida a extração do gás de xisto pelo fato de o processo de exploração consumir muita água e prejudicar os aquíferos. Além disso, em Nova York, onde a produção foi iniciada, a exploração também passou a ser questionada. “Os ambientalistas não estão felizes com a produção desse gás”, reconhece. “Na França, por exemplo, não deixaram furar as rochas, mesmo sabendo das estimativas de produção de gás de xisto.”
Esclarecimentos da ANP
Segundo o comunicado da assessoria de imprensa da ANP, as áreas ofertadas nas rodadas de licitações promovidas pela ANP são previamente analisadas quanto à viabilidade ambiental pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelos órgãos ambientais estaduais competentes. “O objetivo desse trabalho conjunto é eventualmente excluir áreas por restrições ambientais em função de sobreposição com unidades de conservação ou outras áreas sensíveis, onde não é possível ou recomendável a ocorrência de atividades de exploração e produção (E&P) de petróleo e gás natural”.
Para todos os blocos ofertados na 12ª rodada de leilões, segundo o comunicado, houve a “devida manifestação positiva do órgão estadual ambiental” competente. “A ANP, apesar de não regular as questões ambientais, está atenta aos fatos relativos a esse tema, no que tange à produção de petróleo e gás natural no Brasil. Nesse sentido, as melhores práticas utilizadas na indústria de petróleo e gás natural em todo o mundo são constantemente acompanhadas e adotadas pela ANP”, cita o documento.
A ANP acrescenta: “Como o processo regulatório é dinâmico, a ANP tomará as medidas necessárias para, sempre que pertinente, adequar suas normas às questões que se apresentarem nos próximos anos para garantir a segurança nas operações.”
(Viviane Monteiro / Jornal da Ciência)
Este texto foi publicado na página 8 do Jornal da Ciência disponível emhttp://www.jornaldaciencia.org.br/impresso/JC749.pdf
Matéria no Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4855, publicada pelo EcoDebate, 14/11/2013

ACAFE : VESTIBULAR 2014 - GEOGRAFIA

VESTIBULAR ACAFE 2014
54- Coloque V para verdadeiras e F para falsas:

(    ) Uma das fontes da concentração de terras no Brasil nas mãos de poucos está na Lei de Terras de 1850.
(    ) A expansão do agronegócio no meio rural brasileiro tem aumentado a produção e provocado o êxodo rural.
(    ) O agrobusiness tem levado o conflito para  campo brasileiro, principalmente com o Movimento dos Sem Terras.
(    ) A questão agrária brasileira está praticamente resolvida com a distribuição de terras através da Reforma Agrária.
(    ) Um dos graves problemas do meio rural é o uso intensivo de produtos químicos e de sementes geneticamente modificadas.

A sequência correta, de cima para baixo, é:

(A) F- F- V- F e V.                     (B) V- F- V- F e V.                    (C) V- V- V- F e V.                 (D) F- V- F- V e F.

55- “Podemos definir como um conjunto de bioma é caracterizado por um tipo principal de vegetação (num mesmo bioma podem existir diversos tipos de vegetação). Os seres vivos de um bioma vivem de forma adaptada às condições da natureza (vegetação, chuva, umidade, calor, etc.) existentes. Os biomas brasileiros caracterizam-se, no geral, por uma grande diversidade de animais e vegetais (biodiversidade)”.
Nesse sentido, assinale a alternativa correta.

(A) A diversidade biológica é maior nos ecossistemas que nos biomas.
(B) Biomas e ecossistemas são sinônimos, com características distintas.
(C) Pelo que se depreende do texto, nos diferentes biomas encontramos ecossistemas diversos, isto é, cada bioma pode conter vários ecossistemas.
(D) Os ecossistemas brasileiros apresentam maior diversidade biológica que os biomas.

56- Correlacione às regiões catarinenses com sua caracterização.

1
Planalto Norte
2
Planalto Sul
3
Meio Oeste
4
Nordeste
5
Sul

(    ) Porção do território ocupada a partir da expansão paulista, onde se desenvolve a atividade econômica da pecuária.
(    ) Região onde a ocupação eslava, proveniente do Paraná, faz-se mais evidente.
(    ) Área de forte desenvolvimento econômico, tendo como centro urbano principal a cidade de Joinville.
(    ) Região de ocupação recente (século XX), a partir da expansão de descendentes de gaúchos.
(    ) Polo econômico vinculado à indústria de transformação e ao extrativismo mineral.
A sequência correta, de cima para baixo, é:

(A) 4-5-2-1-3.               (B) 2-1-4-3-5.                (C) 3-4-1-5-2.               (D) 5-2-3-4-1.

57- “É comum um telefone celular ir ao lixo com menos de oito meses de uso ou uma impressora nova durar apenas um ano. Em 2005, mais de 100 milhões de telefones celulares foram descartados nos Estados Unidos. Uma CPU de computador, dois anos. Telefones celulares, computadores, aparelhos de televisão, câmeras fotográfica caem em desuso e são descartados com uma velocidade assustadora. Bem -vindo ao mundo da obsolescência planejada”.
A partir da leitura do texto acima, assinale a alternativa correta.

(A) O padrão de sociedade citado é a “sociedade de consumo”, que teve seu início na sociedade americana com o “american way of life”  e cujo modelo se espalhou pelo mundo, atingindo todos os países.
(B) A mudança dos bens de consumo citados é um processo natural, decorrente do crescimento econômico e do aumento do poder aquisitivo da população.
(C) A obsolescência é planejada pelos próprios consumidores, que detêm o controle do consumo, bem como do padrão de qualidade dos produtos consumidos.
(D) A obsolescência de que fala o texto é o resultado de um modelo de consumo e de crescimento irracional, que leva a não sustentabilidade ambiental.

58- Analise as afirmações a seguir.

I- A chamada Primavera Árabe tem início com a morte do tunisiano Mohamed Bouazizi, que ateou fogo no próprio corpo, levando a uma mudança nos países de religião islâmica.
II- As redes sociais tiveram papel significativo nos movimentos sociais do mundo árabe, haja vista que nestes países há forte controle desses meios de comunicação.  
III- A queda de todos os governos do mundo árabe trouxe a democracia para esses países, que eram governados por ditadores.
IV- No Egito, a queda de Hosni Mubarak levou à realização de eleições após 30 anos de governo ditatorial.
V- Atualmente, no Egito, assistimos a conflitos entre os militares, os quais derrubaram o presidente eleito e aqueles que desejam o retorno de Mohamed Mursi.
Todas as alternativas corretas estão em:

(A) III- IV- V.                 (B) II- IV- V.             (C) I- II- III- IV.                   (D) I- II- IV- V.

59- Assinale a alternativa correta.

(A) As tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) aumentaram exponencialmente a quantidade de informação ao mesmo tempo em que não significou aumento do conhecimento. 
(B) As redes sociais, como o face book, possibilitam a aproximação das pessoas, eliminando, assim, o isolamento que estas teriam sem a presença dessas redes.
(C) O desenvolvimento tecnológico pouco alterou a relação das sociedades com seus espaços geográficos.
(D) A produção de bens materiais pela atividade industrial sofreu alterações com as novas tecnologias, mas não alterou a relação de trabalho.

60- “As cidades são o principal local onde se dá a reprodução da força de trabalho. Nem toda melhoria das condições de vida é acessível com melhores salários ou com melhor distribuição de renda. Boas condições de vida dependem, frequentemente, de políticas públicas urbanas – transporte, moradia, saneamento, educação, saúde, lazer, iluminação pública, coleta de lixo, segurança. Ou seja, a cidade não fornece apenas o lugar, o suporte ou o chão para essa reprodução social. Suas características e até mesmo a forma como se realizam fazem a diferença”. Analisando o texto, marque com V as afirmativas verdadeiras e com F as falsas.
(    ) A cidade é um espaço complexo, onde diversos interesses estão em jogo: aqueles que dela necessitam para sua reprodução (os trabalhadores) e aqueles que dela retiram lucro (os capitalistas).
(    ) As políticas públicas podem melhorar a vida nas cidades, possibilitando aos que nela vivem uma maior qualidade de vida.
(    ) As políticas públicas citadas no texto se distribuem igualmente pelo espaço urbano de acordo com as condições salariais de seus habitantes, sendo a todos acessíveis.
(    ) O acesso a bens coletivos urbanos é uma forma de distribuição indireta de renda àquela parcela da população que tem na cidade o espaço de reprodução de sua força de trabalho.
A sequência correta, de cima para baixo, é:

(A) V- F- F – V.             (B) V- V- F- V.              (C) F- F- V- V.               (D) F- V- F- V.

GABARITO
54 – C
55 – C
56 – B
57 – D
58 – D
59 – A
60 - B


XISTO : GÁS

Indústria do Gás de Xisto é nova frente de riscos exploratórios e conflitos, por Oswaldo Sevá
fracking

[Correio da Cidadania] Os gases das camadas de xisto, em profundidades entre dois mil e mais de três mil metros, vêm sendo extraídos em várias bacias sedimentares pelo mundo afora por um método que os norte-americanos popularizaram como fracking, uma corruptela de hydraulic fracturing, ou seja, fraturamento hidráulico.alt
Mesmo sem ser especialista nessas técnicas de perfuração e produção de gás, considero esta uma tecnologia do tipo “raspar o fundo do tacho”, “torcer a toalha até a ultima gota” .
Objetivamente, pode-se indicar com alguma precisão, por meio de levantamentos  sísmicos e modelos computacionais,  onde está e quais as dimensões de cada camada rochosa de xisto, que é uma espécie de carvão mineral e, como este, contém hidrocarbonetos gasosos em seus poros, interstícios e óleos entranhados.
Mas… não se pode saber o quanto existe nem quanto pode ser coletado do tipo similar ao gás natural, com boa proporção de metano (CH4), de interesse comercial já estabelecido.
Bota pra quebrar: atrás do xisto
fracking pode ser assim resumido:
- no ponto escolhido para perfuração – que pode estar numa fazenda, numa comunidade rural, numa área protegida, no subúrbio de uma cidade –, montam-se torres com brocas, constroem-se galpões e tanques para os insumos, estacionam-se caminhões especiais e outras máquinas pesadas, como geradores e compressores, funcionando 24 horas por dia.
- gasta-se uma enorme quantidade de borra composta de água, areia refinada e produtos químicos variados,  e também uma boa proporção de combustível e eletricidade para poder retirar restos de hidrocarbonetos gasosos entranhados nas camadas de xisto por meio de um procedimento invasivo destrutivo: aumentar e ampliar as fissuras, fraturar as rochas, quebrá-las de modo praticamente incontrolável, introduzindo essa borra química sob pressão em uma tubulação vertical, até alcançar a “rocha-mãe” do xisto, e depois, perfurando-a na horizontal, entrando no miolo da rocha, botando pra quebrar!
- a borra  retornada para a superfície é uma espécie de salmoura contendo os gases que interessam, que são separados, tratados e despachados por gasodutos até os centros de consumo.
- a borra contém compostos químicos contaminantes e deveria ser tratada em estações específicas, caras, e cujo subproduto também é de difícil destinação; muitas vezes a opção das empresas é estocar a borra de retorno em bacias de rejeito na superfície (como as da mineração)  e  depois fazer a reinjeção no subsolo;  aí reside um dos grandes riscos aos lençóis freáticos e aos poços artesianos – os compostos químicos podem migrar no subsolo e atingir grandes profundidades, com o que também os aquíferos profundos correm risco de contaminação.
Mundo afora: resistências à velocidade do fracking e os impactos sociais e ambientais
Pelo mundo afora, o fracking se amplia vorazmente e, junto com ele, reclamações, desconfianças, protestos e tentativas de enquadrar, controlar as consequências, restringir a atividade nos EUA, Argentina, Tunísia, Argélia, Espanha, França, Ucrânia, dentre outros.
Nos EUA, estima-se que 90% dos poços de gás natural sejam do tipo faturamento hidráulico, respondendo por cerca de 25% da produção total de GN. As principais operadoras são as nossas conhecidas Exxon Mobil, BP, Conoco Phillips, Chevron e as menos conhecidas Cheseapeke Energy, considerada a maior operadora internacional de gás de xisto, mais a Anadarko, Devon, Southwestern e outras cujos nomes que certamente estarão no Brasil nas rodadas de licitações da ANP.
Um dos sites que melhor acompanham a luta política e os movimentos sociais naquele país, o “Truthout”,  mantém aberto um dossiê para acompanhar os protestos e manifestações públicas nos 31  Estados onde as perfurações avançaram nos últimos anos -
Ali se pode saber das propostas do governo do Estado de  Nova York  para interditar a atividade em áreas próximas das captações de água para as cidades e nas terras públicas.
Em muitos outros locais, há suspeitas de que a ampliação do  fracking possa comprometer o suprimento público de água, e há ainda alguns casos famosos em áreas rurais com poços artesianos, onde a água da torneira pega fogo…
Outras matérias tratam das manobras legislativas e tributárias das operadoras que não estariam pagando os royalties devidos aos proprietários dos locais de perfuração e aos governos.
Além disso, as empresas não revelam, resistem a informar ao próprio governo exatamente quais compostos químicos entram na lama de perfuração, e fazem lobby constante para afrouxar requisitos ambientais, licenciamentos pela agência EPA e para rebaixar os padrões de contaminação da água e do subsolo.
As poucas pesquisas tornadas públicas mostram níveis elevados de contaminação da água subterrânea  por metais pesados; por exemplo, na Pensilvânia, entidades médicas reivindicam do governo estadual que faça estudos dos efeitos sobre a saúde pública antes de autorizar as perfurações.
Problemas também se somam nas áreas de extração de areia, onde dunas e morros são desmontados rapidamente para suprir o insumo mais ponderável da borra  de fraturamento. E o cerco do shale gas vai apertando: áreas suburbanas também vão sendo perfuradas, com problemas ainda maiores afetando moradores, suas atividades produtivas e o funcionamento dos serviços coletivos.
No Estado de Ohio, há evidências de que tremores de terra e pequenos terremotos estariam sendo provocados pelo fracking. Pode-se ver a respeito, no mesmo site “Truthout”, a investigação do jornalista Mike Ludwig:  http://truth-out.org/news/item/10606-special-investigation-the-earthquakes-and-toxic-waste-of-ohios-fracking-boom
Outros informes bem detalhados podem ser obtidos no site “ProPublica Journalism in the public interest”, cuja linha principal é acompanhar os casos de saúde pública, os problemas das coberturas de saúde pública e privada, as relações entre médicos e laboratórios e outros casos de ética médica. E que também colocou em destaque uma série especial sobre a rápida expansão do fracking em tantas localidades norte-americanas - http://www.propublica.org/series/fracking
No Canadá, províncias como  British Columbia e Alberta oferecem vantagens para empresas perfurarem, enquanto na província de New Brunswick, em 17 de outubro desse ano, uma tropa de duzentos homens da Polícia Montada canadense reprimiu com violência grupos indígenas que protestavam contra o fracking, bloqueando a rodovia de acesso à empresa petrolífera Southwestern em suas terras –  http://www.truth-out.org/news/item/19496-canadian-police-use-military-tactics-to-disperse-indigenous-anti-fracking-blockade
O enfrentamento na Argentina versus passividade brasileira
Na vizinha Argentina, o desembarque de las petroleras na busca do gás de xisto foi recebido com bastante resistência em várias localidades, como no caso das províncias de Chubut, Entrerios, Neuquén, Mendoza. Por conta dos problemas da indústria petrolífera no país, que persistem há décadas, uma frente de entidades de populações atingidas  e de militantes  mantém o excelente site “Observatório Petrolero Sur” -http://www.opsur.org.ar/blog/
Monitorando de perto os desmandos e manobras da indústria e mobilizando campanhas nacionalmente, já editou o segundo número de uma revista chamada  Fractura expuesta – cujo editorial qualifica a expansão do gás de xisto naquele país como uma Blitzkrieg , uma guerra relâmpago. Interessante que o fato de a YPF ter sido retomada pelo governo de Cristina Kirchner, expropriando a espanhola Repsol, parece não alterar a disposição da frente anti-petroleiras – o que no Brasil seria considerado uma heresia, imaginem! questionar a Petrobrás…
“Transcurrido un año de la expropiación a Repsol, la formación Vaca Muerta sigue siendo un horizonte: lo que la empresa no pudo avanzar en la explotación, por falta de recursos financieros y tecnológicos, lo hizo en el plano publicitario, no sólo presentándose como una alternativa confiable para el desarrollo nacional, sino como posibilidad de ahorro ante la inflación y el cepo al dólar. También ganó en publicidad lanzando al ruedo otras formaciones que se suman a la batalla por una “Argentina Potencia no convencional”: las formaciones Pozo D-129 y Aguada Bandera, estrellas de la Cuenca del Golfo San Jorge; Los Molles, Agrio y Las Lajas, en la Cuenca Neuquina, con menos prensa que su par bovina; Cacheuta, en Mendoza, la guarnición novedosa del banquete de Chevron; y Los Monos, en Salta, precalentando para entrar a la cancha” –http://www.opsur.org.ar/blog/2013/07/04/descargate-invasion-fracking-el-segundo-numero-de-fractura-expuesta/
No mesmo editorial, o pessoal do Opsur ressalta a entrada da Chevron em território argentino com essa tecnologia de faturamento como parte de uma estratégia das oil sistersna ótica da chamada segurança energética… dos EUA. Uma das matérias da revista trata da atuação intensa do Departamento de Estado dos EUA, que propagandeia a “revolução dos não-convencionais” e instrumenta intercâmbios e programas de capacitação com diversos países. Outra matéria destaca as idas e vindas desde a primeira proibição parcial do frackingem 2011 pela Assembleia Nacional francesa, até a tramitação, em 2013, de um novo projeto de lei apresentado por um deputado da maioria socialista-ecologista de François Hollande, para ampliar o conceito de faturamento hidráulico e proibi-lo de forma geral.
Aqui também os contrastes com o Brasil são inevitáveis, e de novo ficamos em inferioridade: o governo nada socialista de Rousseff e Temer jamais proibiria qualquer expansão projetada pela indústria petrolífera. A Chevron fez o que fez no campo de Frade, Rio de Janeiro, de certo modo foi acobertada pela Petrobras e, desde o início, francamente blindada pela grande mídia.  Passado um ano e pouco, na prática, a Chevron ficou impune e está de novo posando como parceira em importantes projetos considerados de interesse nacional – a ver nos próximos dias, em quantos dos blocos da 12a. rodada ela vai se apresentar e levar a prenda.
Enfim, a conjuntura brasileira de novembro de 2013 será marcada pela 12a. rodada de licitações  da ANP, prevista para os dias 28 e 29. O fracking é denominado marotamente de “não convencional”, e seriam “leiloados” duzentos e quarenta blocos territoriais com áreas variando de dezenas de km2 até mais de dois mil km quadrados, nos Estados do Acre, Amazonas, Piauí, Maranhão, Goiás, Tocantins, Sergipe, Alagoas, Bahia, Mato Grosso. No caso do Oeste de São Paulo e  do norte do Paraná,  é sabido que no subsolo dessa região, que a ANP chama de Bacia sedimentar Paraná,  encontra-se o valioso Aquífero Guarani, com vários trechos de afloramento e de recarga em áreas onde a invasão fracking se prepara.
Último ponto, e motivação principal desse artigo: os questionamentos vindos da oposição e da esquerda sobre as decisões de governo e da agência reguladora são sempre de ordem econômica, da renda petrolífera, e relativos à soberania. São em geral críticas justas, pertinentes, mas parece que seus autores não sabem – ou, se sabem, não dão valor -  dos graves e disseminados problemas de poluição e de riscos de acidentes.
Também é como se não existissem as numerosas situações de desrespeito aos direitos humanos e políticos, que caracterizam a espoliação das populações residentes nas áreas eleitas para sediar os projetos de prospecção, exploração e as infraestruturas dessa toda poderosa indústria petrolífera.
Mais que nunca, é uma indústria sem pátria, corruptora de autoridades e de pesquisadores, modeladora das pautas da mídia, incansavelmente antidemocrática. Agora, ela vai botar pra quebrar com o gás de xisto.
Que sejam ouvidos pelos de mente aberta, que sejam benvindos às nossas lutas aqueles que criticarem, resistirem e enfrentarem o fracking.

Oswaldo Sevá é professor aposentado do Departamento de Energia da FEM e participante do Doutorado em Ciências Sociais, da Unicamp.

Artigo originalmente publicado no Correio da Cidadania, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.
EcoDebate, 19/11/2013

terça-feira, 26 de novembro de 2013

RESULTADO ENEM 2012

http://sistemasenem2.inep.gov.br/enemMediasEscola/a4j/g/3_3_3.Finalimages/spacer.gif
Modalidade: Ensino Médio Regular
Município: Itajaí
UF: SC
Localização: Urbana
Dep. Administrativa: Privada
Taxa de participação: Maior ou igual a 50%

http://sistemasenem2.inep.gov.br/enemMediasEscola/a4j/g/3_3_3.Finalimages/spacer.gif
 
http://sistemasenem2.inep.gov.br/enemMediasEscola/a4j/g/3_3_3.Finalimages/spacer.gif
Escola
Estudantes concluintes do Ensino Médio matriculados em 2012
Nº de Participantes no Enem 2012
Taxa de Participação
MÉDIAS
Linguagens, Códigos
Matemática
Ciências Humanas
Ciências da Natureza
Redação
COLEGIO SALESIANO ITAJAIhttp://sistemasenem2.inep.gov.br/enemMediasEscola/img/lupa.gif
83
54
65%
535,91
626,85
561,35
533,22
577,04



Distribuição percentual das proficiências dos participantes do Enem por Área de Conhecimento
Faixa de desempenho
Ciências da Natureza
Ciências Humanas
Linguagens e Códigos
Matemática
Menor que 300
0%
0%
0%
0%
300,00 - 399,99
0%
0%
1,9%
0%
400,00 - 499,99
33,3%
16,7%
22,2%
1,9%
500,00 - 599,99
50%
55,6%
63%
35,2%
600,00 - 699,99
16,7%
27,8%
13%
46,3%
700,00 - 799,99
0%
0%
0%
14,8%
800,00 - 899,99
0%
0%
0%
0%
Igual ou maior que 900,00
0%
0%
0%
1,9%

Distribuição percentual das proficiências dos participantes do Enem em Redação
Faixa de desempenho
Porcentagem dos estudantes
Menor que 100
0%
100,00 - 199,99
1,9%
200,00 - 299,99
3,7%
300,00 - 399,99
5,6%
400,00 - 499,99
13%
500,00 - 599,99
24,1%
600,00 - 699,99
35,2%
700,00 - 799,99
9,3%
800,00 - 899,99
3,7%
900,00 - 1000,00
3,7%


Notas:
1-Para o Ensino Médio Regular são considerados: Ensino Médio Regular, Normal Magistério e ou Ensino Médio Integrado à Educação Profissional séries finais;
2-SC: Sem Cálculo - Escola com menos de 10 participantes ou menos de 50% de taxa de participação.