terça-feira, 30 de junho de 2015

AGRONEGÓCIO X AGROECOLOGIA.

A Batalha entre dois modelos agrícolas: agronegócio X agroecologia

Publicado em junho 30, 2015 
O agronegócio: a produção de monoculturas em grande escala, baseado na tecnologia e produtos químicos.
Por Janaina Strozake
Da Why Hunger / Página do MST

agroecologia

O agronegócio é uma agricultura sem agricultores. Praticamente as únicas pessoas que vivem nas terras no Brasil nos dias de hoje são os guardas de segurança que são responsáveis pela propriedade – os trabalhadores vivem nos subúrbios e marginalizados da propriedade.
Investidores do agronegócio veem a terra como uma máquina que produz lucros, não importando o que se produza, e para ser usada até ao seu esgotamento. As suas decisões não levam em conta as pessoas que precisam e que vivem da terra.
A agricultura industrial, liderada pelo agronegócio, é um pacote tecnológico. O mesmo conjunto de tecnologias é utilizado da mesma forma em todas as regiões, independentemente das diferenças locais ou as habilidades e conhecimentos dos povos.
Não cria uma relação harmoniosa entre a Terra e os seres humanos porém para nós, os camponeses, obtemos tudo o que precisamos da terra. Por outro lado, temos a agroecologia: onde a propriedade e a posse da terra pode ser individual ou coletiva, mas sempre tendo em conta as decisões participativa e locais sobre o que, como e quando produzir alimentos.
Cada lugar no mundo deve criar a sua própria agroecologia. Ele não pode ser implementado a partir do exterior ou desde cima.
Agroecologia é uma forma de melhorar as relações entre mulheres, homens, jovens e idosos. Agroecologia deve ser uma aliança entre a cidade e o campo, e deve fazer parte dos movimentos sociais por mudanças estruturais contra o racismo e para eliminar a violência contra as mulheres.
Junto com a soberania alimentar, a agroecologia é parte da nova sociedade que queremos construir. Não há co-existência entre o agronegócio e a agroecologia. Esta é uma luta entre dois modelos diferentes e o agronegócio tem sido favorecido até agora.
Os modelos são tão diferentes que não há nenhuma maneira que eles possam coexistir. O agronegócio apenas aceita a agroecologia como uma “agricultura sustentável” que não ameaça a estrutura de suporte do agronegócio e usa a agroecologia para se legitimar como “verde”. Estes são dois pólos antagônicos da agricultura.
Publicado no Portal EcoDebate, 30/06/2015

TERREMOTO : FALHA DE SAN ANDREAS.

alerta de terremoto destruidor em LA

Do UOL, em São Paulo
  • Reprodução
    Cena do filme "Terremoto - A Falha de San Andreas" (2015), do diretor Brad Peyton
    Cena do filme "Terremoto - A Falha de San Andreas" (2015), do diretor Brad Peyton
A cena de um grande terremoto destruindo pontos turísticos dos Estados Unidos, como mostrou o filme "Terremoto - A Falha de San Andreas", do diretor Brad Peyton, pode não ser mais só algo restrito às telonas.
Um relatório do serviço geológico dos EUA alertou que o risco de "um grande terremoto" atingir o Estado da Califórnia aumentou dramaticamente, após cientistas descobrirem um vazamento de gás hélio na falha de Newport-Inglewood, perto de Los Angeles, a 64 quilômetros da falha de San Andreas.
Segundo cientistas, o achado também lança uma nova luz sobre a região da Bacia de Los Angeles. Ele revela que a falha é muito mais profunda do que se pensava, e um terremoto seria muito mais devastador.
A estimativa para a probabilidade de que a Califórnia seja atingida por um terremoto de magnitude oito ou mais na escala Richter nos próximos 30 anos aumentou cerca de 4,7% a 7%.
O estudo foi publicado no jornal eletrônico da União Geofísica Norte-Americana e da Sociedade Geoquímica.
O geólogo da Universidade de Santa Bárbara Jim Boles encontrou evidências de vazamento de hélio na superfície da Terra ao longo de um trecho de quase 50 quilômetros.
Considerado primitivo, o gás hélio é um vestígio do Big Bang, e sua única fonte terrestre é a superfície.
De acordo com o geólogo, a falha Newport-Inglewood parece estar localizada em uma zona de subducção, em que uma placa tectônica afunda sob outra, de 30 milhões de anos de idade, por isso é surpreendente a presença do gás ao longo da superfície terrestre.
"Os resultados são inesperados para a área, porque a bacia de Los Angeles é diferente das superfícies onde ocorre a maioria dos vazamentos de hélio", disse Boles em entrevista ao site de notícias britânico Daily Mail.
 
"Tivemos sorte de que a atividade sísmica na Califórnia tenha sido relativamente baixa ao longo do século passado", disse Tom Jordan, diretor da Southern California Earthquake Center e co-autor do estudo.
 
"Mas sabemos que as forças tectônicas estão apertando continuamente o sistema da falha de San Andreas, fazendo com que grandes terremotos sejam inevitáveis", completa.
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Veja patrimônios mundiais que resistiram a terremotos12 fotos

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Em 12 de maio de 2008, um terremoto abalou a cidade de Dujiangyan, na China. Listada como patrimônio histórico por seu sistema de irrigação construído em 256 a.C., a cidade fica próximo ao rio Min em Sichuan, próximo à capital regional Chengdu. O tremor danificou alguns dos mais famosos locais históricos, incluindo alguns canais de irrigação que atraem milhares de turistas. Um mês depois, graças aos esforços de reconstrução, vários locais foram reabertos ao público iStock

BELO MONTE E SUAS DESVANTAGEM.

Instituto Socioambiental (ISA) publica dossiê ‘Belo Monte – Não há condições para a Licença de Operação’

Publicado em junho 30, 2015  
belo monte
Documento aponta as principais consequências do desrespeito às condicionantes socioambientais da hidrelétrica que está sendo construída na região de Altamira (PA), no momento em que o Ibama avalia a autorização da operação da usina. O dossiê está disponível para download aqui
No escritório da Norte Energia, em Altamira, empresa responsável pela usina de Belo Monte, um calendário aponta: “faltam 64 dias para a Licença de Operação”. Já dada como certa, a última licença ambiental da obra foi solicitada ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) em 11/2.
Nesta segunda (29/6), o ISA divulga um dossiê com a síntese dos principais erros e omissões, tanto da Norte Energia como do governo federal, na condução das obrigações socioambientais relacionadas à Belo Monte. O material também traz uma coletânea de 24 artigos escritos por especialistas, técnicos e representantes de instituições que acompanharam de perto o descompasso entre a execução da obra e a realização das ações de mitigação e compensação de impactos na região afetada.
Nessa última etapa do licenciamento ambiental, não será possível transferir descumprimentos e pendências para a fase seguinte, como aconteceu repetidas vezes, desde a primeira licença ambiental do empreendimento, em 2010. Se a licença de operação for emitida sem o atendimento de todas as condições que pretendem viabilizar a operação da obra, não haverá nova oportunidade para exigir a resolução dos problemas causados pelo empreendimento.
O dossiê denuncia que temas sensíveis à região amazônica têm sido tratados com descaso. O aumento da exploração ilegal de madeira, a destruição da atividade pesqueira da região, a perda do modo de vida ribeirinho e indígena e um atropelado processo de reassentamento de populações urbanas e rurais são evidências das falhas ocorridas ao longo do processo.
As famílias que residem nas ilhas e margens do rio Xingu têm sido obrigadas a sair de suas casas e áreas produtivas sem uma nova moradia que garanta condições de vida iguais ou melhores às anteriores. Os projetos de reassentamento são distantes do rio, impedindo que essas famílias continuem a exercer sua principal atividade, a pesca.
O documento descreve a ineficácia, ao longo dos últimos cinco anos, das ações executadas para prevenir ou diminuir os impactos aos povos indígenas. A integridade das Terras Indígenas (TIs) está ameaçada, fruto da pressão causada pelo aumento populacional da região. A TI Cachoeira Seca, localizada na área de impacto de Belo Monte, foi, em 2013, a TI mais desmatada do Brasil. Os indicadores de saúde indígena também são preocupantes. A taxa de mortalidade infantil indígena da região, que já era alta, cresceu 127%, entre 2010 e 2012.
Ordens judiciais
O trabalho realizado pelo ISA relembra que o governo federal conseguiu derrubar as ordens judiciais que determinavam a paralisação da obra, utilizando uma medida judicial muito comum à época da ditadura, a Suspensão de Segurança, que se baseia no argumento de que o cronograma de andamento do empreendimento é mais relevante que os direitos das populações atingidas.
O dossiê questiona como um empreendimento em grande parte gerido pela União, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), patrulhado pela Força Nacional e fiscalizado pelo Ibama não foi capaz de garantir que um único hospital fosse entregue ao longo dos três anos de pico das obras, ou como o sistema de saneamento básico implantado corre o risco de ser inutilizado por problemas de coordenação de responsabilidades e de gestão pública.
Nesse contexto, o documento chama a atenção sobre a dificuldade em se estabelecer espaços de controle social efetivos e um mecanismo independente de fiscalização das obras em execução, um vício de origem da usina, imposta à sociedade brasileira com audiências públicas meramente formais, sem oitivas ou consulta aos povos indígenas.
Para os autores do documento, a somatória de erros de Belo Monte não pode se repetir na Amazônia. O dossiê Belo Monte – Não há condições para a Licença de Operação é um instrumento fundamental para a população das cidades, do campo e dos rios amazônicos no último momento em que compromissos podem ser cobrados, buscando-se a correção das injustiças cometidas por Belo Monte antes que a primeira turbina comece a girar.
Por Letícia Leite, ISA
Publicado no Portal EcoDebate, 30/06/2015

GRÉCIA E A CRISE ECONÔMICA.

Grécia. Cinco anos de crise e ajuste fiscal permanente

A decisão do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, de rejeitar as exigências da Comissão Europeia abre um cenário incerto de forte instabilidade econômica e financeira para a Grécia. Não obstante, uma repassada pelo que aconteceu nos últimos cinco anos permite ver que os diferentes acordos firmados por Atenas para conseguir financiamento, em troca da implementação sucessiva de ajuste fiscal, não fizeram mais do que aprofundar a crise econômica.
A reportagem é de Fernando Krakowiak, publicada por Página/12, 29-06-2015. A tradução é do Cepat.
A Grécia adotou o euro no dia 1º de janeiro de 2001 e a partir de então viveu um boom de consumo fomentado pela estabilidade dos preços e o acesso fácil ao crédito. Os especialistas estão de acordo que se tratou de uma bonança fictícia, que não respondeu a uma melhora na produtividade de sua economia. Os principais ganhadores do período foram os bancos alemães e franceses, que financiaram o endividamento, e as multinacionais desses mesmos países, que ganharam participação no mercado grego. Ambos os processos acarretaram um crescente déficit comercial e corrente. Por sua vez, a adoção do euro significou para a Grécia uma rigidez semelhante a que a Argentina enfrentou durante a convertibilidade, o que a forçou a resignar a política monetária e cambial. Inclusive, foi além, pois não “amarrou” a sorte de sua moeda à outra, ao contrário, eliminou diretamente a sua. Após a queda do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008, e o consequente aprofundamento da crise internacional, a taxa de juros dos créditos aumentou e lentamente começou a ficar claro que a Grécia não estava em condições de enfrentar os vencimentos de sua dívida, que em 2009 já superava os 300 bilhões de euros, valor equivalente a 120% de seu Produto Interno Bruto(PIB). Em maio de 2010, já às portas do colapso, os países da Zona do Euro aprovaram um pacote de ajuda de 110 bilhões de euros, que foi condicionado à implementação de um duríssimo plano de ajuste, cujo cumprimento começou a ser monitorado trimestralmente pela troika, composta pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional.
A troika prometeu que suas receitas ajudariam a Grécia a ir adiante, mas o ajuste não fez mais do que aprofundar a recessão econômica e elevar a taxa de desemprego, que se duplicou até chegar a 21%. No caso dos jovens, o desemprego ultrapassou os 50%. Em meados de 2011, iniciou-se a negociação de um segundo resgate que, desta vez, contemplou uma diminuição da dívida e novas exigências de corte do gasto para o governo grego. Um acordo inicial foi anunciado em outubro daquele ano. Naquele momento, a perda de soberania da Grécia já era tão evidente que a chanceler alemã, Angela Merkel, declarou que uma delegação da troika permaneceria em Atenas para assegurar o seu cumprimento. “É melhor que exista um sistema de supervisão permanente”, afirmou. O acordo foi aprovado no dia 21 de fevereiro de 2012, quando terminaram de negociar os cortes, com um desembolso de 130 bilhões de euros, o que elevou o plano de ajuda a 240 bilhões de euros no total, mas como as receitas foram as mesmas, o resultado não foi diferente.
Em outubro de 2012, com o conservador Antónis Samarás à frente do governo, a economia continuou em queda e o desemprego atingiu os 25,1%. Apesar disso, a troika condicionou o desbloqueio de novos desembolsos ao aprofundamento das “reformas estruturais” que acarretavam maior corte de gasto. Em fevereiro de 2013, o desemprego alcançou os 27% e entre os menores de 25 anos 64,2%. Essa mesma dinâmica recessiva se repetiu durante o restante do ano de 2013, e também em 2014, até que Samarás adiantou as eleições gerais para o dia 25 de janeiro de 2015, quando o partido de esquerda Syriza venceu com 36,4% dos votos, tornando Alexis Tsipras primeiro-ministro.
O novo chefe de Governo prometeu renegociar a dívida externa “com soluções viáveis e justas, que sirvam para toda Europa, evitando o confronto, mas também as políticas de submissão”. Por sua vez, comprometeu-se em reativar a economia, combater a evasão fiscal e melhorar a política social, com o objetivo de reverter a crise alimentar de uma ampla porção da população.
O ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, propôs em fevereiro um “programa ponte” de seis meses, até que se buscasse uma solução definitiva ao problema da dívida. Finalemente, o Eurogrupo aceitou, naquele momento, prorrogar o acordo por quatro meses e dissolveu a troika como gesto de boa vontade, já que, segundo disse, Tsiprasse comprometeu a não desfazer as transformações empreendidas e impulsionar alguns dos compromissos pendentes. Desde então, as duas partes haviam aproximado posições, a tal ponto que nas últimas semanas estavam quase chegando a um acordo para prolongar o programa de auxílio, permitindo a Grécia enfrentar o vencimento da dívida de amanhã (30-06) sem problemas.
Syriza havia aceitado o compromisso fiscal de conseguir um superávit primário de 1% este ano, de 2% em 2016 e de 3,5% em 2017. Além disso, havia se comprometido a elevar o IVA, a idade de aposentadoria e cortar o gasto militar. As diferenças eram pontuais. No caso do IVATsipras queria que todos os alimentos pagassem 13% ao invés de 23%, e não apenas os básicos como Bruxelas exigia. Além disso, queria que essa exceção se estendesse aos hotéis, o que também era rejeitado pelos credores. No que diz respeito à idade de aposentadoria, havia aceitado aumentá-la em um plano gradual, mas não queria permitir que o regime se autofinanciasse, como ocorre em outros países europeus, já que na Grécia uma parte importante do sistema se sustenta com o dinheiro dos impostos. Além disso, aceitava cortar 200 milhões de euros dos gastos militares e não 400 milhões como lhe pediam. Também propunha um imposto aos iates, o que sofria a resistência do FMI. Apesar das diferenças, a maioria dos analistas confiava que se chegaria a um acordo, mas os credores continuaram esticando a corda e, na sexta-feira, a negociação se estagnou.
A convocação de Tsipras ao referendo para que o povo decida se aceita as políticas de ajuste ou se abandona o tabuleiro foi acompanhada por um pedido para que o Eurogrupo estenda o auxílio ao menos até que a consulta seja realizada, mas o pedido não foi atendido. Sendo assim, prontamente, a crise se precipitou a tal ponto que o governo se viu obrigado, ontem, a anunciar um ‘corralito’ [restrição de saques] bancário para evitar que os gregos retirem dos bancos, hoje, até as escrivaninhas. O cenário que se abre agora é incerto, mesmo caso o povo vote a favor da retomada da negociação, porque uma vez que sejam estabelecidos controles de capitais não é fácil voltar atrás, ainda que Tsipras tenha deixado claro, em seu discurso, que sua aposta é por uma rejeição ao acordo, com a intenção de colocar fim ao ajuste permanente que a Grécia sofre, há cinco anos, sem nenhum resultado à vista.
Fonte : Instituto Humanitas Unisinos

VÊNUS E JÚPITER : ESPETÁCULO VISÍVEL.


Apesar de Vênus e Júpiter estarem a cerca de 670 milhões de quilômetros, têm passado o mês de junho a aproximar-se na esfera celeste. Vão encontrar-se no final do mês... mas só aos nossos olhos.
O mês de junho tem feito as pessoas olharem para o céu de forma especial no final da tarde. Os dois planetas mais brilhantes do céu, Vênus e Júpiter, estão visíveis e a cada dia parecem estar mais próximos um do outro. Essa proximidade é apenas aparente, ou seja, é como vemos os planetas daqui da Terra.



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Vênus e Júpiter aparecerão no céu cada dia mais próximos até que, no anoitecer dos dias 30 de junho e 1º de julho, estarão em máxima proximidade aparente.  Como o instante de máxima proximidade se dará no dia 1º de julho às 12h, nas duas noites será possível contemplar o fenômeno.

“O que se vê atualmente é Vênus mais perto do horizonte, logo após o pôr do Sol e mais acima Júpiter. Nos dias que se segue após a máxima aproximação Júpiter é que estará mais perto do horizonte e Vênus mais acima”, explica Josina Nascimento, pesquisadora do Observatório Nacional.

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Ela ainda diz que a estrela que está bem visível mais acima dos dois planetas é Regulus, a mais brilhante da constelação de Leão. “Saturno também está visível durante toda a noite na constelação de Escorpião indo para a constelação de Libra”, revela.

Durante o mês de julho Vênus e Júpiter continuarão visíveis, mas a configuração aparente no céu vai mudando com o passar dos dias. No início da noite do dia 18 de julho, Vênus, Júpiter, Lua e Regulus formarão um lindo desenho no céu. Aproveite para ver Vênus e Júpiter juntos agora porque em agosto isso não será mais possível.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

ALEMANHA E O BLECAUTE NUCLEAR ATÉ 2022.

Alemanha fecha a mais antiga usina nuclear e mantém meta de blecaute nuclear total no país até 2022

Publicado em junho 29, 2015 
radiação

A central atômica de Grafenrheinfeld, a mais antiga em funcionamento na Alemanha, encerrará definitivamente neste sábado sua atividade, dentro do plano desenhado pelo governo após a catástrofe da usina japonesa de Fukushima e que fixa para 2022 o blecaute nuclear total no país. Matéria da EFE, no UOL Notícias.
Grafenrheinfeld, administrada por E.ON, estava em funcionamento há 33 anos e é a primeira central a fechar na segunda fase desta estratégia energética, aprovada em 2011 pela chanceler alemã, Angela Merkel, após ratificar o compromisso adquirido uma década antes por seu antecessor, o social-democrata Gerhard Schröder.
O fechamento provisório das oito usinas foi anunciado após a catástrofe de Fukushima.
A de Grafenrheinfeld, que fornecia em torno de 11,5% da energia consumida na Baviera, estado federado do sul, será a nona instalação cancelada, seis meses antes da data estabelecida, segundo a E.ON diante da falta de rentabilidade econômica pelos impostos por sua atividade.
As oito plantas restantes deverão ser desligadas até 2022. A próxima prevista é a de Grundremmingen B, no final de 2017.
“Fora. Acabou. A central de Grafenrheinfeld se desliga da rede. Um motivo de felicidade, embora ainda devam ser apagadas oito centrais”, lembraram os deputados dos Verdes no Twitter.
Em comunicado, a organização ambientalista Greenpeace qualificou o fechamento da usina de “grande êxito” do movimento anti-nuclear e de um “marco para a transição energética”.
O desafio é agora, destacou esta ONG, enfrentar a herança de toneladas de resíduos nucleares que devem ser armazenadas de maneira segura durante milhares de anos.
Para compensar o fechamento das nucleares, a política energética alemã está centrada no fomento das energias renováveis.
Publicado no Portal EcoDebate, 29/06/2015

REDUÇÃO DE GASES EFEITO ESTUFA - 35% DE REDUÇÃO EM RELAÇÃO ÀS EMISSÕES DE 2010.

COP21, Paris: Proposta do Observatório do Clima sugere 35% de redução em relação às emissões de 2010

Publicado em junho 29, 2015 
poluição

OC lança proposta de meta para o Brasil em Paris. Documento aponta medidas para limitar emissões em 2030 a 1 bilhão de toneladas de CO2 por ano

As emissões de gases de efeito estufa do país ficam limitadas a 1 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente até 2030. O número representa 35% de redução em relação às emissões de 2010. Para concretizar o plano, o Observatório do Clima lista o conjunto de providências que devem ser asseguradas por políticas públicas, colaborando para que o aumento da temperatura global não supere 2ºC.
São Paulo, 26 de junho de 2015 ‒ O Observatório do Clima (OC) lança hoje uma proposta que demonstra como o Brasil pode chegar a 2030 limitando suas emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) a 1 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente. O documento sugere, no longo prazo, a neutralidade das emissões do Brasil e dos demais países em 2050, reduzindo consideravelmente o risco que o aquecimento global representa para o planeta.
O documento divulgado está sendo chamado de INDC da sociedade civil. As INDCs — sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas — consistem em metas que todos os países deverão apresentar até 1º de outubro deste ano para o novo acordo a ser assinado na 21ª Conferência do Clima das Nações Unidas, que acontecerá em Paris no mês de dezembro.
O governo brasileiro ainda não indicou as bases da INDC que levará para a reunião da França. O pacto internacional que será fechado lá almeja que o aumento da temperatura global não ultrapasse 2ºC — consenso científico e político entre os governos mundiais de limite máximo para evitar mudanças catastróficas.
Mesmo com todas as projeções de crescimento do PIB do Brasil, da população, da produção industrial e agropecuária, o número indicado para as emissões do país em 2030 significa uma redução de 35% do total estimado em 2010, marco da implementação da Política Nacional de Mudanças Climáticas no país.
O Brasil é um dos dez maiores emissores de CO2 do planeta. E, devido ao desmatamento descontrolado da última metade do século 20, contribuiu significativamente para o aumento verificado da temperatura global. Ao contrário do que ocorreu em outros países poluidores, a maior parte das emissões históricas do Brasil, causadas pela destruição da Amazônia, não gerou desenvolvimento. Um elemento-chave de proposta da sociedade civil para 2030 é que o país zere a perda de vegetação nativa.
Especialistas do Observatório do Clima discutiram várias opções de desenvolvimento de baixo carbono. “A sociedade civil está se antecipando ao governo, que ainda não apresentou as metas”, afirma Carlos Rittl, secretário-executivo do OC. Segundo ele, a proposição lançada pelo Observatório é plenamente realizável, pois conta com tecnologias disponíveis e em ampla utilização aqui.
Simultaneamente à proposta, está sendo apresentada uma nota técnica com medidas voltadas aos diferentes setores da economia. “Estamos mostrando que é possível para o país dar uma contribuição justa e ambiciosa, que seja ao mesmo tempo boa para o clima, reduzindo riscos, e boa para a economia, trazendo oportunidades em setores nos quais o Brasil já tem vantagens comparativas”, diz Rittl.
Crescimento responsável
Na prática, os especialistas criaram um caminho das pedras para uma economia de baixo carbono, demonstrando o conjunto de ações de adaptação às mudanças climáticas para os próximos anos, com base na realidade nacional. “Queremos assegurar à Presidente Dilma Rousseff que ela pode assumir essa meta para a redução de emissões porque temos condições de implementá-la. Pode ser o empurrão de que precisamos para formalizarmos um acordo global de clima que garanta não ultrapassarmos os 2oC de aumento de temperatura global”, salienta Tasso Azevedo, coordenador do SEEG, o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do OC.
No setor elétrico, está em pauta congelar a expansão de fontes térmicas de energia fóssil. Por isso, as principais providências estão relacionadas ao aumento de energia solar fotovoltaica distribuída, energia de biomassa (queima de bagaço de cana em termelétricas) e energia eólica, garantindo segurança energética em períodos de baixo nível de água em reservatórios de usinas hidrelétricas que fazem parte do Sistema Interligado Nacional. “Se o Brasil decidir olhar para sua vocação e potencial naturais, que são as energias renováveis como a solar e a eólica, vai mostrar que está disposto a fazer sua parte no que diz respeito à eletricidade”, afirma Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
Pastos e veículos otimizados
Na área de transportes, as proposições se baseiam no que já está previsto na Política Nacional de Mobilidade Urbana, lei de 2012 que preconiza a ampliação da oferta de transporte público de passageiros e o estímulo para que as pessoas troquem o transporte individual pelo coletivo ou pelo não motorizado.
Focando em combustíveis, prevê-se o abandono gradual do uso de óleo diesel em ônibus urbanos nas regiões metropolitanas, em favor da eletricidade, bem como a adoção de fontes de energia mais limpas nos automóveis (prevalência de etanol e baterias). O plano é retomar o programa do álcool combustível para haver 80 bilhões de litros disponíveis e rodando na frota em 2030. “É uma meta ambiciosa, mas viável, se houver decisão política”, afirma André Ferreira, diretor-presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), responsável pelos cálculos nesse quesito.
Quanto ao transporte rodoviário de carga, sugere-se aumentar a mistura de biodiesel no diesel de petróleo para 20%, o chamado B20, além de adaptação da frota às melhores práticas internacionais (caminhões e carros de melhor desempenho e menos poluentes).
Na agropecuária, para fazer frente ao crescimento do rebanho, projetado para mais de 260 milhões de cabeças, será necessário recuperar 18 milhões de hectares de pastagens degradadas e implementar 3,5 milhões de hectares de integração lavoura-pecuária-floresta. Outras medidas que reduzirão as emissões do rebanho bovino são: o aumento da qualidade das pastagens, a suplementação animal e a redução da idade de abate. O volume de tratamento de dejetos de animais também precisa dobrar. “Devemos aumentar a eficiência, sobretudo da pecuária de corte, o que traz ganhos para o produtor”, explica Marina Piatto, do Imaflora, que produziu as estimativas desse setor.
A expansão das áreas de lavoura, estimada em mais de 20 milhões de hectares, requererá que 70% da área de produção de grãos (83 milhões de hectares em 2030) adote o sistema de plantio direto e priorize o uso de variedades que realizam a fixação biológica de nitrogênio.
Etapas de evolução
Todos esses parâmetros para as políticas públicas devem estar relacionados no Plano Nacional de Adaptação às Mudanças do Clima, que os pesquisadores preveem que fique pronto até 2016. Ele consistirá num conjunto de metas para redução dos impactos sobre as populações e ecossistemas mais vulneráveis, incorporando planos de desenvolvimento e o conhecimento científico mais recente para abordar as características das diferentes regiões e dos setores econômicos.
O texto da INDC também indica que a redução sistemática e anual das emissões ocorrerá a partir de 1º de janeiro de 2021. Daí em diante, elas ficam cada vez mais limitadas ao longo de dois períodos de cinco anos, até que, em 2030, a emissão de GEE atinja a meta de máxima de 1 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente.
Em termos de viabilização financeira, os governos terão de assegurar que, até 2020, todos os seus planos plurianuais e orçamentos federais anuais já incluam recursos claros para financiamento das ações necessárias à consecução da INDC.

Publicado no Portal EcoDebate, 29/06/2015

DESERTIFICAÇÃO NO SEMIÁRIDO.

Especialista alerta para degradação e desertificação no Semiárido

Publicado em junho 29, 2015  
semiárido
“O processo de degradação e de desertificação está em marcha acelerada no Semiárido, então alguma coisa tem que ser feita e agora temos um agravante que é o aquecimento global”. O professor João Ambrósio de Araújo Filho é grande entendedor do Semiárido brasileiro. Possui vasta experiência no assunto manejo agrossilvipastoril da Caatinga. Ao longo de sua trajetória, realizou pesquisas de grande relevância social e ambiental para a região. Recentemente, ele integrou a programação do Curso de manejo florestal sustentável, realizado este mês em Campina Grande (PB), e nos concedeu entrevista sobre temas como sistemas de produção agrossilvipastoril, recuperação de áreas degradadas e estoque de forragem.  O pesquisador possui graduação em Agronomia pela UFC (1965), mestrado (1968) e doutorado (1975) em Range Management pela Universidade do Arizona e pós-doutorado pela Universidade de Reading, Inglaterra (1996). Foi professor adjunto da UFC (1970-1984) e da Universidade Estadual Vale do Acaraú (1994-2012), pesquisador da Embrapa (1984-2006), membro do Comitê de Zootecnia e Medicina Veterinária (1990-1992) e membro do Governing Board do Icrisat (Instituto Internacional de Pesquisa em Colheitas para os Trópicos Semiáridos – Índia, 2001-2003).
INSA – O que é um sistema de produção agroflorestal? 
JA – Eu tenho notado que as pessoas não estão muito precisas quando falam sobre sistemas de produção agroflorestal, aí falam manejo agrossilvipastoril e quase sempre só tocam nesse ponto como se fosse uma coisa à parte, mas não é. Não existe essa história de manejo agropastoril, a história é a seguinte: você tem um sistema de produção agroflorestal ou agrossilvicultural (nome mais correto, embora o uso tenha consagrado o termo agroflorestal), que é aquele que você combina árvores, florestas com culturas (agro) e/ou animais, simultaneamente, ou numa sequência temporal. Ou seja, é a combinação de árvores – que têm que ser nativas –, culturas (milho, sorgo, feijão, etc) e/ou animais, pode ter os dois, em uma mesma área, claro, simultaneamente ou numa sequência temporal.
INSA – O manejo agrossilvipastoril é viável para a Caatinga? 
JA – É a salvação da lavoura, como diz a história. Nós temos três modelos gerais (embora cada modelo possa comportar dezenas de sub-modelos). Primeiro: o agrosilvicultural (árvores e agricultura, só entra esses dois componentes), próprios para áreas que têm um potencial bom para a agricultura, áreas de inverno regular, sem ocorrências de seca, regiões localizadas nos climas de sub-úmido, úmido, etc (é o da Amazônia, do Cerrado). Segundo: nós temos o silvipastoril, esse é para a região semiárida, ele combina criação de animais com floresta.
Todas aquelas técnicas de manejo da Caatinga (raleamento, rebaixamento, enriquecimento), são sistemas de produção silvipastoril. Ele é bom para a região semiárida porque a presença do animal, a exemplo do boi, é uma espécie de tampão contra os efeitos da seca sobre a produtividade da área. O animal na área tem a capacidade de absorver os efeitos da estiagem e reduzir o impacto. Por exemplo, se você pega uma área de pecuária bem manejada e compara com uma área de agricultura, num período de seca como o atual, a agricultura vai perder 80% da produtividade, mas a pecuária perde em torno de 20%, se bem manejada, claro! Não na situação agora que, na maioria da Caatinga, a pecuária está como doente terminal. Por fim, temos o agrossilvipastoril, que combina animais, culturas e árvores. Vou dar um exemplo, um roçado ecológico é um sistema de produção agrossilvipastoril porque, durante o inverno, ele é um meio de produção de grãos (milho, feijão, etc), e no verão, é um banco de proteínas. É um sequencial, quer dizer, os animais só entram em uma estação do ano, a primeira estação é agrícola, a segunda é pastoril. Então, por isso, agrossilvipastoril. Esse modelo também é muito adequado para o Semiárido, principalmente em áreas de solos que têm certo potencial agrícola.
INSA – Quais estratégias podem ser utilizadas para o estoque de forragem? 
JA – Em primeiro lugar é utilizar a forragem dentro do percentual recomendado. Por exemplo, em uma área de Caatinga raleada, rebaixada, você deve ajustar a carga animal de tal maneira que a utilização da forragem disponível não ultrapasse 60% (tem que ficar sempre 40% do que está produzido, em dezembro tem que ter 40% no campo em relação ao que tinha em agosto). Isso vai garantir uma recuperação do solo, um aumento do teor de matéria orgânica e melhorar a chamada resiliência desse solo ou a capacidade de absorver principalmente os efeitos da seca. Agora, se está me falando em reserva alimentar estratégica, aí temos diversas alternativas de armazenagem de forragem (feno, silagem), ou então uso de cactáceas. Em alguns lugares pode ser a palma forrageira, a mais comum, mas vamos sanear uma injustiça muito grande. Nesses últimos quatro anos de seca, grande parte da nossa pecuária foi salva com mandacaru, em um processo puramente extrativista e predatório.
Porque durante os anos melhores não formamos áreas com mandacaru adensado para servir de reserva estratégica numa seca dessas? O mandacaru é mais lento que a palma, está certo, mas se já estão usando palma irrigada, então se você irrigar mandacaru, a coisa vai mudar. Há regiões, como o sertão do Ceará, por exemplo, que por questões climáticas e fisiológicas, o mandacaru produz melhor que a palma, em condições de sequeiro. Outra coisa é que tem a variedade de mandacaru sem espinhos, bem adaptada. Além disso, enquanto a palma tem de 7 a 8% de proteína, o mandacaru tem 18% de proteína. Infelizmente, eu sempre digo, se a gente tivesse investido em mandacaru metade do dinheiro que a gente investiu em palma, a gente estava melhor na maioria do nosso sertão baixo, da depressão sertaneja.
INSA – Com relação às áreas degradadas do bioma Caatinga, o que pode ser feito para reverter esse processo e recuperar as áreas produtivas?
JA – Eu fiz uma consultoria para o projeto mata branca, em todo o Semiárido, sobre as técnicas existentes para recuperação de áreas degradadas. Eu não posso negar que fiquei decepcionado, porque em termos de recuperação de áreas degradadas todo mundo fala, mas não tem nada. E outra coisa muito interessante é que muita gente que está falando não tem noção da coisa. A degradação de uma área tem, em termos gerais, seis níveis, e é muito importante que se perceba em que nível se está, antes de definir que prática irá ser usada. Você tem a degradação que é simplesmente o início, quer dizer, apenas problemas na fisiologia das plantas mais importantes que está sendo explorada. A segunda fase é a mudança na composição da vegetação original, as espécies melhores começam a sumir, e as espécies intermediárias ou piores começam a aumentar na área, mas são espécies daquela comunidade. Começa a haver mudanças, por exemplo, a pressão de pastejo começa a fazer com que as melhores espécies forrageiras desapareçam e as intermediárias ocupem o lugar delas. Então você tem a degradação, mas quando olha, está bonito, está tudo verde, mas a qualidade muito baixa. Temos várias alternativas: uma alternativa muito interessante são os sistemas de produção agroflorestal, principalmente no caso da nossa pecuária pode ser silvipastoril ou agrosilvipastoril, são opções interessantes, agora precisam de um tempo e custam investimentos.
Porque em todo o Semiárido nós temos uma conta ambiental de proporções gigantescas, nós maltratamos e superutilizamos essa nossa vegetação da Caatinga a níveis totalmente incompatíveis com a sobrevivência dela. Por isso já temos 25% de área desertificada, temos degradação em mais de 25% da área (está degradada mesmo!) e essa conta quem é que vai pagar? Quem for recuperar. Por exemplo, você pega uma área no estágio 4 (desaparecimento da cobertura vegetal original), digamos que é uma pastagem. Vamos analisar o seguinte: o nível 1 de degradação é distúrbio fisiológico, no quarto, já é o desaparecimento da vegetação original. No primeiro, se faz só um ajuste, como é uma pastagem, reduz o número de animais, aumenta a produção e recupera a área, apenas reduzindo o número de animais, no quarto, você vai ter que tirar todos os animais de dentro da área, proteger a área, possivelmente ressemear, fazer o enriquecimento com espécies nativas, preferencialmente para recuperação da biodiversidade, talvez repor fertilidade, com adubos orgânicos, dependendo da área, e os animais vão ficar fora pelo menos 2 ou 3 anos, para poder entrar na área de volta. É aquela história: ou tu faz ou tu desertifica por completo. O processo de degradação e de desertificação está em marcha acelerada no Semiárido, então alguma coisa tem que ser feita e agora temos um agravante que é essa história muito certa do chamado aquecimento global.
A Caatinga possui um patrimônio imenso de espécies xerófilas, adaptadas à seca, mas no ritmo em que estamos, não vamos mais ter a vegetação porque estamos acabando com o que temos. Participei recentemente de um evento do Ministério do Meio Ambiente, em João Pessoa, sobre Unidades de Conservação. Por motivos óbvios, todos os locais escolhidos e mapeados para serem Unidades de Conservação ficavam em cima de serras, porque é onde resta vegetação arbórea e chove mais. É interessante e fundamental porque preservarmos a vegetação da Caatinga podemos ter um banco de sementes excepcional, vamos ter abrigo para a fauna, e assim por diante. Mas temos que montar também Unidades de Conservação em áreas degradadas, primeiro porque as espécies que estão lá na área degradada podem ser a base da recuperação da área. Há muitas espécies lá que, do nosso ponto de vista de pecuarista, não servem para coisa nenhuma, mas do ponto de vista da natureza são importantes, como espécies pioneiras. Segundo, toda área degradada tem as áreas relíquias, áreas de difícil acesso protegidas por touceiras de mandacaru, xique-xique, onde não entra boi, não entra cabra, nem ovelha, mas o extrato herbáceo está lá, e aquelas plantas são testemunhas do potencial desta área, do que ela pode evoluir se você proteger.
INSA – Quais os principais desafios para se promover o manejo da Caatinga?
JA – Treinamento de técnicos, sensibilização dos produtores, acesso a crédito e uso das tecnologias disponíveis. Já existem tecnologias prontas para serem usadas, o crédito está razoável, mas falta a sensibilidade do produtor e, porque não dizer, falta o treinamento dos técnicos. Qual escola de agronomia no Semiárido tem uma disciplina chamada “Caracterização do semiárido e do bioma Caatinga”? O pessoal sai da agronomia sem sequer saber o que é Caatinga. Nós temos que ter essa disciplina, assim como de recuperação de áreas degradadas do Semiárido, sobre técnicas de manejo da Caatinga para fins agrícolas e pastoris, nada disso existe. Não quero exagerar, mas é uma tendência muito grande de o pessoal das Universidades se voltar muito para o agronegócio. Para começo de conversa, 62 a 65% das propriedades do Semiárido têm menos que 10 hectares, e se você somar toda área dessas 65% corresponde a 5,6% da área total do Semiárido. É esse pessoal que está querendo ajuda. Agora, eles são responsáveis pela degradação? Muito. Mas acontece que a área deles é pequena. Aquele pessoal intermediário, dos 100 hectares para baixo, é que está o problema da degradação, então é uma situação muito crítica.
INSA – Como surgiu seu interesse pelo tema e que resultados alcançou em suas pesquisas?
JA – A gente trabalhou lá no Centro de Caprinos durante muitos anos, em 2008 desenvolvemos um trabalho sobre sistemas de produção para a região semiárida. Em 1992 comecei a ouvi falar em sistemas de produção agroflorestal. Na biblioteca do Centro de Caprinos, não tinha nada. Em 1995, fui para a Inglaterra fazer pós-doutorado na Universidade de Reading. Primeiro dia que fui para a Universidade, na biblioteca tinha 25 periódicos só sobre sistemas de produção agroflorestal, aqui na nossa não tinha um artigo. Quando voltei, em 1997, para montar esse experimento, observei a estrutura fundiária e disse: “bom, eu tenho que montar esse experimento para viabilizar ecológica e economicamente essa propriedade dos 10 hectares, que é um tamanho dominante”. Então todas as áreas do sistema agrossilvipastoril com que eu trabalhei montando esse experimento tinham 8 hectares, porque eu queria criar um sistema de produção que o pequeno produtor pudesse usar. Instalamos o sistema com três objetivos básicos: primeiro: fixar a agricultura no terreno, o que quer dizer que o produtor pudesse utilizar aquela área para produção de grãos e não ter que a cada dois anos ir plantar e queimar aquela área que ele preparou, ele vai usá-la durante décadas. Segundo objetivo: deter a degradação, e terceiro objetivo, melhorar a renda e a qualidade de vida dos agricultores. Os resultados foram alcançados. O sistema esteve em andamento durante uns 18 anos. E mostrou o seguinte: que pode fixar a agricultura. Aquele pedaço de terra que eu preparei em 1998 até 2010 estava produzindo o equivalente a quase 3 vezes a média da região, sem ter trazido nada de fora, o mais importante é isso, ninguém nunca usou um grama de inseticida comercial ou de adubo químico, tudo foi manejo dentro do sistema, tudo potencial do próprio sistema.
Entrevista do Insa – Instituto Nacional do Semiárido, publicada no Portal EcoDebate, 29/06/2015

domingo, 28 de junho de 2015

ATIVIDADE COM CRUZADINHA PARA OS TERCEIROS DO ENSINO MÉDIO.

ATIVIDADE RELACIONADA COM  A AGROPECUÁRIA

1- Um dos fatores responsáveis pela fragmentação das rochas que vão originar a formação do solo.
2- Ciência que estuda o solo.
3- Estado avançado de erosão do solo.
4- Pequeno grupo de grandes empresas que controlam certos ramos de atividades.
5- Teoria demográfica do século XVIII, que defendia a sujeição moral.
6- Uma das consequências provocadas a partir dos anos 70 com a rápida penetração do capitalismo no campo.
7- Um dos produtos no Brasil , contemplado com as tecnologias da agricultura.
8- Associação entre a indústria e a agropecuária que é cada vez mais dependente do aparato tecnológico.
9- Um dos melhores solos do Brasil resultante da decomposição do basalto mais o arenito. Bom para o plantio do café.
10- O processo de modernização acarreta várias consequências. Uma das perdas nesse processo é a ..............
11- Um dos sistemas usados na agricultura para evitar a erosão dos solos.
12- Uma das teorias demográficas que considera a própria miséria como sendo a responsável pelo acelerado crescimento populacional. 
13- Grandes propriedades rurais geralmente onde se pratica a monocultura voltada para a exportação.
14- Nome do sistema onde o agricultor entra com a propriedade e a mão de obra, sendo que a indústria entra com as técnicas de produção e os insumos necessários. 




















Fonte : Geo-Conceição

ESTAGNAÇÃO ECONÔMICAS: CAUSAS PROVÁVEIS.

O Rei está nu

Por: Alberto Machado Neto

Desde sempre é voz geral que o grande problema da falta de competitividade brasileira tem como razão central a famosa tríade maldita: Juros, câmbio e tributos. Mas, se tanto se fala, tanto se estuda, tanto se propõe e nada acontece, devem existir outras causas mais profundas.
Os fatores da citada tríade, agravados por nossa precária infraestrutura, são considerados os vilões de nossa estagnação econômica porque estão na face visível do problema, mas estão longe de representarem a causa-raiz.
Se um determinado remédio é ministrado por um longo tempo e não faz efeito contra os sintomas de uma doença, ou é porque é inadequado ou o diagnóstico está errado.
No caso da falta de competitividade, abrindo um pouco mais a lente, vamos nos deparar com outro conjunto de três fatores, que certamente antecedem os demais e estão no epicentro desse terremoto que não permite que nossa economia encontre um solo firme.
Analisando desse ângulo mais aberto, lá estão: a burocracia, a incompetência e a corrupção, não necessariamente nesta ordem, até porque os três fatores são extremamente sinérgicos e autoalimentantes de tal forma que cada um deles potencializa os outros dois e assim por diante.
A burocracia esconde a incompetência: Decisões demoradas, várias idas e vindas, organogramas contendo interseções de responsabilidades, exigência de inúmeras licenças, diversos níveis de fiscalização, muitas obrigações acessórias, entre outras, ao invés de contribuirem para a transparência dos processos, os tornam cada vez mais obscuros e torna difusa a cobrança na matriz de responsabilidades.
Por conta desse fato, abrem-se as portas para a incompetência e para a corrupção. Deixa-se de executar por causa da burocracia, quando na verdade falta gestão, coragem para assumir uma decisão ou insegurança para acolher uma alternativa.
Por sua vez, a corrupção também é alimentada pela incompetência, pois processos mal conduzidos, muitas vezes sem nenhum dolo, abrem margens para “jeitinhos”, nem sempre muito ortodoxos, que geralmente escondem interesses difusos.
A incompetência abre brecha para decisões políticas, facilmente contestáveis se demonstrada sua inviabilidade ou inconsistência com base em fatos concretos, na legislação ou nas melhores práticas vigentes. Mas, para subsidiar argumentos é preciso profundo conhecimento do tema e experiência adquirida, sempre usados dentro dos devidos princípios éticos.
A corrupção e a incompetência aumentam cada vez mais a burocracia, com a falsa finalidade de dar mais segurança aos processos, quando, na verdade, viabilizam mal feitos dando-lhes compatibilidade com a legislação vigente, no conhecido caso em que: É legal, mas não é ético.
Contratos mal estruturados e cheios de cláusulas inúteis, editais mal elaborados, pouca padronização, falta de investimento em planejamento, estudos de viabilidade precários, decisões tomadas para agradar essa ou aquela corrente política ou plano de poder, furos constantes nos orçamentos, milhares de aditivos contratuais, falhas nos acompanhamentos físico e financeiro, entre outros fatores, podem configurar, conforme o caso, tanto incompetência quanto interesses transversos.
Quando um país gasta muito ou errado, superfatura ou trabalha sem eficiência e com desperdícios, precisa arrecadar mais e aumentam-se os impostos.
Para acomodar interesses difusos pagam-se propinas aos corruptos e oferecem-se cargos aos “honestos”, que, muitas vezes, por pouca afeição às atividades a serem desempenhadas, ficam reféns de sua posição, salário e poder: “Jabuti não sobe em árvore. Se ele está lá é porque alguém o colocou”.
Quando um país precisa de mais recursos, toma emprestado e, para isso, aumentam-se os juros, ou usa-se esse recurso para combater a inflação e a indústria perde em competitividade.
Após descontar o que o Brasil perde nos intrincados mecanismos de corrupção e nas inúmeras idas e vindas dos meandros burocráticos, o pouco que sobra é mal utilizado.
E, infelizmente, tudo vai continuar como está até aparecer aquela criança do conto do Christian Andersen e avisar que o Rei está nu.
*Alberto Machado é diretor de Petróleo, Gás, Bioenergia e Petroquímica da ABIMAQ.

Fonte : www. Grandes Construções.com.br

sábado, 27 de junho de 2015

O AMOR VENCE

Em vez do ódio… #LoveWins

A Suprema Corte dos EUA reconheceu hoje o direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo em âmbito federal, derrubando leis em 13 Estados que proibiam pessoas gays de se casar.
No mundo corporativo americano, onde 379 empresas haviam exortado a Suprema Corte a tomar esta decisão, ninguém ficou no armário para comemorar a vitória. A bandeira de cartões Visa tuitou: “Love. Accepted Everywhere,” e a Coca-Cola: “It’s now official. Love is love is love.”
A Goldman Sachs publicou nota à imprensa aplaudindo a decisão, enquanto no JP Morgan, Jamie Dimon disse que “essa era a coisa certa.” Screen Shot 2015-06-26 at 18.32.05
A hashtag #LoveWins (‘o amor vence’) explodiu no Twitter, e Mark Zuckerberg disponibilizou no Facebook uma ferramenta permitindo que os usuários apliquem uma bandeira do arco-íris (símbolo do movimento gay) sobre suas fotos de perfil para comemorar a decisão. Zuckerberg foi o primeiro a usá-la.
Houve também espaço para muito humor. Vários internautas lembraram a frase do Barão de Itararé: “O casamento é uma tragédia em dois atos: civil e religioso.” E complementaram: “Agora, os gays vão descobrir isso.”
Foi mais uma instância em que um grande avanço nos direitos civis veio pelo Judiciário. No Brasil, em 2011 o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu por unanimidade a união estável entre casais do mesmo sexo e, em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução obrigando os cartórios de todo o país a registrar o casamento gay.
No Poder Legislativo, onde o populismo conservador com base religiosa tem feito barulho, há avanços pontuais.
Nesta quinta-feira, um dia antes da decisão da Suprema Corte, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou uma lei que punirá a discriminação por orientação sexual em estabelecimentos públicos e privados. O projeto havia sido apresentado em 2013 e recebeu 117 emendas desde então. Tentativas de aprovar uma lei federal que criminalize a homofobia no Brasil não saíram do lugar até agora, mas há dois dias, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou parecer ao STF no qual recomenda que a Corte dê ao Congresso prazo ‘razoável’para concluir a votação de projeto que criminaliza a homofobia e a transfobia.
A lei aprovada no Rio é ainda mais surpreendente porque o Estado é a base eleitoral de boa parte da chamada ‘bancada evangélica’ da Câmara dos Deputados, incluindo seu presidente, Eduardo Cunha.
No debate público brasileiro, o termo ‘evangélico’ tem sido usado como uma generalização, abarcando inúmeras denominações religiosas cristãs.JPMorgan
Trata-se de um equívoco.
Os protestantes tradicionais — batistas, metodistas e presbiterianos, por exemplo — possuem uma postura mais tolerante aos direitos civis, ao contrário de algumas igrejas de origem mais recente, chamadas de ‘neopentecostais’, que citam seletivamente o Velho Testamento para repudiar um grupo por sua orientação sexual.
Além de pregar o Evangelho, várias igrejas neopentecostais fazem um trabalho admirável de resgate social, que inclui a recuperação de dependentes químicos, hospitais e obras sociais. Apesar disto, alguns de seus portavozes — os que mais têm tido palanque — são os que usam os gays como bodes expiatórios da desconstrução dos valores tradicionais e das mudanças na sociedade e nos costumes.
Este ‘nós contra eles’, no entanto, não é unanimidade nem mesmo entre os neopentecostais. Em aparente resposta à crescente estridência do ‘pastor’ Silas Malafaia, o Senador Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal, postou recentemente em seu Facebook: “Em vez de odiar, ame. Em vez de perseguir, perdoe. Em vez de reclamar, ore. Em vez de desistir, lute.”
Na própria Igreja Católica, os progressos são visíveis. Em consonância com o Vaticano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) continua não aprovando o casamento gay e se mantém fiel ao conceito tradicional de família, mas não embarca na paranóia de alguns pastores de que existe uma ‘agenda gay’ sendo imposta à sociedade.
No recente sínodo sobre a família, os cardeais da Igreja Católica se debruçaram sobre a questão da família e da homossexualidade. Recomendaram que as paróquias do mundo todo acolhessem os fiéis gays e suas famílias com respeito e dignidade, e exortaram a criação de pastorais específicas para estes fieis.
Dias depois do sínodo, uma paróquia em Itaquera, na zona leste de São Paulo, incluiu em seu folheto litúrgico uma oração para que “a ofensiva homofóbica e histérica presente no Congresso Nacional” seja enfrentada “com ousadia e serenidade.”
A lenta abertura da Igreja Católica em relação ao tema começou com o Papa Francisco perguntando a repórteres, “Quem sou eu pra julgar?” e culminará no mês que vem, quando Francisco se reunirá com o movimento gay do Paraguai, um país com histórico de violência contra gays. Será a primeira vez que um Papa se encontrará publicamente com o que alguns conservadores chamam de ‘gayzistas’.
Na decisão desta sexta-feira (trecho abaixo), a Suprema Corte disse que os cidadãos gays “esperam não ser condenados a viver em solidão, excluídos de uma das mais antigas instituições da civilização. Eles pedem dignidade igual aos olhos da lei. A Constituição lhes dá este direito.”
SCOTUS
Por Geraldo Samor
Fonte : Revista Veja.