NEO-IMPERIALISMO
Nos últimos anos, as ações globais dos Estados Unidos são frequentemente tachadas como imperialistas ou neo-imperialistas, mas o que realmente significam tais afirmações? O objetivo do sistema imperialista de hoje, como o do passado, é o de arranjar economias periféricas para o investimento dos países capitalistas centrais, garantindo um fornecimento “permanente” de matéria-prima a baixos preços, e um fluxo líquido de lucros econômicos da periferia (no caso, os países subdesenvolvidos) para o centro do sistema mundial, papel este, representado, atualmente, pelos EUA. A principal diferença entre imperialismo e neo-imperialismo é a existência, no neo-imperialismo, do domínio informal (cultural e econômico) enquanto, no imperialismo, o domínio é apenas formal (territorial, militar e econômico). O neo-imperialismo possui um fator que acelera ainda mais suas formas de dominação: a velocidade da Internet para fazer suas transações. Diferentemente dos velhos tempos do imperialismo, não é mais necessário se arrastar por meses através dos oceanos, para fazer a conexão entre a metrópole e a colônia. É por isso que, em nossos dias, se fala tanto em globalização, entendida como a expansão do mercado, cujo objetivo principal é o de atender aos interesses dos grandes centros capitalistas. Deparamo-nos com a decadência dos valores humanos (tanto morais quanto éticos).
Não é a economia que se globaliza, mas o ser humano, vendo-se reduzido à lei da oferta e da procura. Como vemos na afirmação de Robert Cooper (conselheiro político de Tony Blair, ex-primeiro ministro britânico): “[...] Considero que ainda não saímos do estágio animal da humanidade, em que predominam as relações de força e não as de justiça; de competição e não as de cooperação; do uso da arma e não do espírito de amor”. Aos olhos do Império, tudo aquilo que não for de seu agrado será identificado como narcotráfico e/ou terrorismo. Predomina, literalmente, o domínio do mais forte sobre os mais fracos. Tudo que não se encaixa no American Way of Life (Modo de Vida Americano) é imediatamente considerado como subversivo e posto na ilegalidade.
Todo e qualquer pretexto, como a suposta fabricação de armas de destruição em massa (tanto nucleares, como químicas e biológicas) pelo Iraque, serve para representar uma ameaça. Esse pretexto foi usado pelo presidente norte-americano para justificar sua decisão de invadir o Iraque. Outra desculpa “esfarrapada” foi a afirmação de que esse país tinha ligações com o terrorismo. Na verdade, o que Bush queria era o petróleo existente nas refinarias iraquianas.
É importante frisar também que, após a ocupação do Iraque pelas tropas norte-americanas, não foram encontrados indícios de que esse país dispunha desse tipo de armamento. O que se descobriu foi a capacidade que o Iraque tem de produzir armamentos nucleares, mas não a existência verídica deles.
“O futuro, todos sabemos, a Deus pertence, mas descontada a interferência divina, a maior influência sobre os amanhãs de toda a Terra, definitivamente, cabe aos Estados Unidos”, afirma Denis Burgierman .
E a ONU?
Bem, ela existe, pelo menos teoricamente. Cabe a ela, portanto, desempenhar o seu papel: o de controlar (ou o de, pelo menos, tentar controlar) as ações dessa superpotência mundial, antes que o Brasil vire mais um “de seus fantoches”.
A China e o neo-imperialismo
O tema virou notícia quando a China surgiu como um tipo de salvador econômico da Grécia. Foi o que aconteceu em torno do momento em que agência de classificação de crédito Moody's rebaixou a classificação do país ao nível de sucata, o que significa que o investimento na Grécia ou emprestar-lhe dinheiro tornou-se uma proposição de alto risco.
Embora a UE e o FMI tenham jogado uma linha de crédito para reforçar a sua solvabilidade, os mercados não se convenceram. Na Alemanha, maior economia da UE, o movimento para salvar a Grécia não foi popular. O país enfrentou a ruína econômica levando à instabilidade política e social em passado não muito distante. O regime de austeridade imposta à Grécia pela UE e pelo FMI estava criando turbulência e o Governo socialista da Grécia estava (e ainda está) no final da sua sagacidade. Foi neste contexto que a China entrou em uma série de acordos bilaterais com a Grécia, para continuar a alargar o horizonte econômico da China, que, por sua vez , ajudará a Grécia em um momento muito difícil.
Deve-se notar que a China não está envolvida em tais acordos econômicos com um sentimento de filantropia, mas porque fazem sentido político e econômico . O vice-premiê chinês Zhang Dejiang fez duas visitas a Atenas em um mês, para finalizar negócios de bilhões de dólares em transporte, turismo, telecomunicações e muito mais. Diz-se que os 14 acordos com a Grécia atingiram o maior investimento isolado da China na Europa. Para a Grécia, os acordos reforçam a sua situação econômica, num momento crítico. "Estou convencido de que a Grécia pode ultrapassar as suas atuais dificuldades econômicas ", disse Zhang . Tal voto de confiança foi extremamente necessário para a Grécia, na sua atual penúria econômica. Claro, ele também fornece à China, um canal útil para expandir seus tentáculos econômicos e políticos em outros países da UE, particularmente em Portugal, Espanha, Irlanda e os países dos Balcãs . Mesmo o Reino Unido não está parecendo bem, com um déficit orçamentário de cerca de 11 % do PIB, muito próximo ao da Grécia. A sua dívida total acredita-se que seja a segunda maior na EU, depois da Irlanda. Por isso as drásticas medidas que estão sendo adotadas por seu novo governo, diga-se de passagem, muito mais duras que as reformas que estão causando tanta perturbação na França. Até agora sem qualquer protesto. O que é muito estranho para uma sociedade fortemente sindicalizada, onde os sindicatos têm, percentualmente, um número muito maior de membros que na França. Enfim, são ingleses....

Devido a sua grande reserva em moedas e ao superávit comercial anual da China com os EUA está aumentando em mais de US$ 200 bilhões por ano, e outros US$ 100 bilhões com o resto do mundo. Uma simples aritmética mostra então que suas reservas estão crescendo a uma taxa de mais de US$ 300 bilhões dólares por ano. Número difícil de imaginar, mas verdadeiro.
A China é, portanto, capaz de fazer política com seu dinheiro para ampliar o seu alcance político e econômico na Europa. Embora a China tenha grandes reservas cambiais, ainda tem o problema bastante grave de endividamento. O número oficial de sua dívida de 20% por cento do PIB, simplesmente, como seus outros dados estatísticos, não é crível. Existem previsões que a dívida da China - incluindo as dívidas de instrumentos locais e dívidas financiadas pelo Estado - será de cerca de 96% do PIB da China no próximo ano. No entanto, como no Japão, a dívida da China é principalmente financiada internamente, através da poupança de baixos juros do seu povo trabalhador e econômico. Mas ainda é dívida... Se houvesse uma perda de fé no governo, isso poderia levar a uma corrida aos bancos do governo e a outros órgãos afins. Seja como for, na grande China, as reservas cambiais são uma parte importante do seu alcance, e se a UE colocar a casa em ordem, a China terá amplas oportunidades para usar seu poder financeiro para criar graves danos. Por exemplo, a China já explorara os recursos de vários países africanos através de investimentos em mineração, petróleo, gás e outras indústrias extrativas. Em contrapartida, conseguiram o compromisso destes países de fornecer commodities para a China, durante muitos anos, para pagar a dívida chinesa. Aliás, como é o caso do petróleo com o Brasil. Em outras palavras, estes países africanos permanecerão pobres e miseráveis por muitos anos, mesmo depois de suas minas e campos de petróleo se tornar operacionais e rentáveis. Esta atitude foi no passado chamada, entre outros epítetos, de colonialismo, e ainda é, mesmo sendo o autor a China, que já sofreu bastante dessas desigualdades, também num passado recente. A Europa não pode sofrer da mesma forma como alvos africanos da China. Mas o tipo de uma troca de uma dívida por outra (mesmo que seja chamado de investimento) da China não altera o fato, porém, que tais relações de dependência econômica se entrincheiraram e, portanto, são de exploração. Com a sua longa memória histórica de como foi desmembrada e explorada, por todos os poderes coloniais ocidentais, a China não pode ser avessa a fazer o mesmo agora, sobre os mesmos países europeus. Mais próximo da gente, a China está em toda a América Latina. Por exemplo, suplantou os EUA como maior parceiro do Brasil. O comércio da China com o Brasil já foi muito além dos US$ 10 bilhões por ano de 2000, para os mais de US$ 100 bilhões de hoje. Como na África, as exportações latino-americanas para a China são commodities e minerais e estão cada vez mais se tornando uma importante fonte de receitas. Com a crescente dependência econômica da China, nós e outros países da região estamos perdendo a capacidade de desenvolver uma relação igualitária. Ao mesmo tempo, a China impõe o seu poder econômico para empurrar as exportações de bens manufaturados para esses países, com os seus salários artificialmente deprimidos, muito bem auxiliados por sua moeda subvalorizada. Sob essas circunstâncias, esses países serão incapazes de desenvolver sua base de fabricação própria e, mesmo onde ela existe de uma forma ainda incipiente, também será destruída em face da investida da China. A China está se tornando uma potência neo-imperialista?
ATIVIDADE : Registro na folha do Colégio, só respostas pela ordem, pode acessar outros sites, embora todas as respostas estão inseridas no material acima.
Atividade avaliativa, de 0 até 10, peso 2. Entregar até o término da aula.
1- Quais as principais diferenças entre o imperialismo e o neo-imperialismo?
2- Alguns países foram considerados como : "Eixo do Mal ", pelos Estados Unidos. No caso do Iraque, como foi aplicado o neo-liberalismo?
3- Através de exemplos, justifique a frase de Denis Burgierman :“O futuro, todos sabemos, a Deus pertence, mas descontada a interferência divina, a maior influência sobre os amanhãs de toda a Terra, definitivamente, cabe aos Estados Unidos”.
4-Quais os principais objetivos da China em socorrer a Grécia, em sua crise econômica?
5-Escreva sobre a dívida da China, relacionando sua reserva cambial com o seu PIB :
6- Explique como funcionam as relações comerciais entre, a China e alguns países africanos e entre a China e o Brasil:
7- Com argumentação e exemplos, justifique a frase : "A CHINA ESTÁ SE TORNANDO UMA POTÊNCIA NEO-LIBERALISTA
(Questões : 1, 2, 3, 4 e 5, cada uma vale 1,5)
(Questões : 6 e 7, cada uma vale 1,25)