As desigualdades sociais se reduziram no país nos últimos dez anos, mas nada tão significativo, tendo em vista que 10% da população mais rica concentrava 42% da renda do país em 2012, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Por outro lado, 40% dos mais pobres concentravam somente 13,3% da renda do país, de acordo com o relatório Sínteses de Indicadores Sociais, elaborado através de uma ampla pesquisa realizada em domicílio.
Em 2012, segundo o IBGE, 6,4% das famílias brasileiras recebiam até um quarto de salário mínimo por pessoa (cerca de R$ 155,50) e 14,6% ganhavam entre um quarto e meio salário mínimo por pessoa (entre R$ 155,50 e R$ 311).
Apesar do abismo evidente, a diferença entre o rendimento médio dos 10% mais ricos e dos 40% mais pobres, que era de 16,8 vezes em 2002, caiu para 12,6 vezes em 2012.
Essa redução permitiu que o chamado Índice de Gini, que a ONU utiliza para medir as desigualdades no mundo, passasse de 0,557 ponto, em 2004, para 0,507 ponto, em 2012, um número que posiciona o Brasil cada vez mais longe dos países com pior distribuição de renda.
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A diferença entre a renda dos brancos e dos negros também caiu, mas ainda se mostra significativa. Enquanto entre os 10% dos mais pobres da população brasileira inclui 14,1% dos negros e mulatos e somente 5,3% dos brancos, entre os 10% mais ricos estão 15,9% dos brancos e só 4,8% dos negros.
Em relação às desigualdades por gênero, o salário das mulheres, que correspondia a 70% do de um homem em 2002, subiu para 73% em 2012.
O relatório divulgado hoje pelo IBGE também mostrou que cerca de 20% dos brasileiros com idades entre 15 e 29 anos não trabalham e nem estudam, a chamada "geração nem nem". Entre esses 9,6 milhões de jovens que não trabalham e nem estudam, 70,3% são mulheres, das quais 58,4% têm pelo menos um filho.
"Há um forte vínculo entre a maternidade e a ausência da mulher do mercado de trabalho e da escola", explicou Ana Lucia Saboia, pesquisadora do IBGE e coordenadora do estudo, para quem o resultado mostra uma clara necessidade de investimento em creches.
O relatório também mostrou que a proporção de brasileiros entre 25 e 34 anos que ainda vive com os pais - "a geração canguru" - subiu de 20%, em 2002, para 24%, em 2012.
"As pessoas estão adiando cada vez mais sua saída de casa. É um fenômeno que ocorre no mundo todo", explicou a coordenadora do estudo.
O relatório Sínteses de Indicadores Sociais também revelou importantes avanços na educação do país nos últimos dez anos, como um aumento da porcentagem de jovens de entre 18 e 24 anos na universidade - de 9,8% do total em 2002 para 15,1% em 2012.
Outra conquista foi o aumento dos trabalhadores com contrato formal, de 44,6%, em 2002, para 56,9%, em 2012, e a queda do desemprego, de 11,5%, em 2002, para 5,4%, em 2012.
Em relação aos avanços na saúde, o estudo mostrou que a taxa de mortalidade infantil no país caiu de 53,7 óbitos por cada mil bebês nascidos vivos, em 1990, para 18,6, em 2012.
A porcentagem de residências com acesso a saneamento adequado também subiu, de 63%, em 2002, para 70,3%, registrado no último ano.
As melhorias registradas no relatório são atribuídas em parte aos programas sociais desenvolvidos pelo governo a partir de 2003 e que permitiram que 36 milhões de brasileiros saíssem da pobreza e que 40 milhões tivessem acesso à classe média.
Um comentário:
Já agora em meados de 2017 muitos números positivos viraram, como o desemprego.
Nunca foi tão latente a meritocracia.
Mais possui quem tem mérito de fazer, produzir, trabalhar, enfim, gerar produtos e serviços de valor para a sociedade.
Uma pena que esses jovens desempregados no "nem nem" não estão lendo reportagens ricas como essa e sim analisando a vida alheia nas mídias sociais.
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