segunda-feira, 22 de novembro de 2021

AUMENTO DAS TEMPERATURAS EM 15 ANOS CONTRIBUI PARA MAIS DE 200 MIL CASOS DE DOENÇA RENAL NO BRASIL.

 Diferença de temperatura média anual global em relação às condições pré-industriais (1850-1900) em seis conjuntos de dados de temperatura global

Diferença de temperatura média anual global em relação às condições pré-industriais (1850-1900) em seis conjuntos de dados de temperatura global . Fonte: WMO

Aumento das temperaturas em 15 anos contribuiu para mais de 200 mil casos de doença renal no Brasil

O maior estudo do mundo sobre o impacto das mudanças de temperatura e doenças renais revela que 7,4 por cento de todas as hospitalizações por doença renal podem ser atribuídas a um aumento na temperatura

Pela Monash University*

O estudo, liderado pelo Professor Yuming Guo e Dr. Shanshan Li, da Planetary Health da Monash University e publicado na revista The Lancet Regional Health – Américas , pela primeira vez quantifica o risco e a carga atribuível para hospitalizações por doenças renais relacionadas à temperatura ambiente usando dados de internações diárias de 1.816 cidades no Brasil.

O estudo ocorre em um momento em que o mundo enfoca o impacto das mudanças climáticas na conferência COP26 em Glasgow, em 31 de outubro.

Em 2017, um artigo marcante no The Lancet declarou as doenças renais uma preocupação de saúde pública global, estimando que quase 2,6 milhões de mortes foram atribuídas à função renal prejudicada naquele ano. É importante ressaltar que a incidência de morte por doença renal aumentou 26,6 por cento em comparação com uma década anterior, um aumento que este estudo pode indicar foi, em parte, causado pelas mudanças climáticas.

O estudo analisou um total de 2.726.886 hospitalizações por doenças renais registradas durante o período de estudo. De acordo com o professor Guo, para cada aumento de 1 ° C na temperatura média diária, há um aumento de quase 1% na doença renal, sendo os mais afetados mulheres, crianças menores de 4 anos e maiores de 80 anos.

As associações entre temperatura e doenças renais foram maiores no dia da exposição a temperaturas extremas, mas permaneceram por 1–2 dias após a exposição.

No artigo, os autores – que também são da Universidade de São Paulo – argumentam que o estudo “fornece evidências robustas de que mais políticas devem ser desenvolvidas para prevenir hospitalizações relacionadas ao calor e mitigar as mudanças climáticas”.

“No contexto do aquecimento global, mais estratégias e políticas devem ser desenvolvidas para prevenir hospitalizações relacionadas ao calor.”

Os autores recomendam que as intervenções sejam urgentemente incorporadas à política governamental sobre mudanças climáticas, inclusive visando particularmente indivíduos específicos, incluindo mulheres, crianças, adolescentes e idosos, visto que são mais vulneráveis ??ao calor no que diz respeito às doenças renais.

“Além disso, deve-se dar atenção aos países de renda baixa e média como o Brasil, onde sistemas confiáveis ??de alerta de calor e medidas preventivas ainda são necessários”, acrescentou o professor Guo.

Referência:

Bo Wen, Rongbin Xu, Yao Wu, Micheline de Sousa Zanotti Stagliorio Coêlho, Paulo Hilario Nascimento Saldiva, Yuming Guo, Shanshan Li,
Association between Ambient Temperature and Hospitalization for Renal Diseases in Brazil during 2000–2015: A Nationwide Case-Crossover Study,
The Lancet Regional Health – Americas, 2021, 100101, ISSN 2667-193X, https://doi.org/10.1016/j.lana.2021.100101

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Henrique Cortez *, tradução e edição.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 31/10/2021

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