terça-feira, 30 de janeiro de 2018

A MAIOR E A MAIS PROFUNDA RECESSÃO DA HISTÓRIA REPUBLICANA

A maior e a mais profunda recessão da história republicana


[EcoDebate] Uma recessão é definida quando uma economia nacional fica dois trimestres consecutivos com desempenho negativo do Produto Interno Bruto (PIB) e termina quando a economia volta a ter desempenho positivo.
Considerando a série que começa em 1901, as três maiores recessões da história republicana brasileira ocorreram nos últimos 35 anos. Segundo o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (CODACE), a primeira grande recessão, ainda no período militar (governo Figueiredo, com ministro Delfin Neto), ocorreu do 1º trimestre de 1981 ao 1º trimestre de 1983 e durou 9 trimestres, com uma queda acumulada do PIB de -8,5%. A segunda ocorreu logo após a redemocratização do país (governos Sarney e Collor), cobrindo o período transcorrido do 3º trimestre de 1989 ao 1º trimestre de 1992, uma extensão de 11 trimestres, com uma queda acumulada do PIB de -7,7%, conforme tabela acima.
A terceira e mais recente (governos Dilma e Temer), transcorreu do 2º trimestre de 2014 ao 4º trimestre de 2016, uma extensão também de 11 trimestres, com uma queda acumulada do PIB de -8,6%. A recessão começou ainda na gestão de Guido Mantega no Ministério da Fazenda (bem antes das eleições de 2014) e se aprofundou na gestão de Joaquim Levy (logo após as eleições) e continuou forte na gestão dos ministros Nelson Barbosa (dezembro de 2015 a maio de 2016) e Henrique Meirelles (desde maio 2016).
Os últimos dados da revisão do IBGE indicam que a queda da recessão Dilma-Temer teria sido um pouco menor, de -8,2%. Portanto, os 11 meses seriam iguais à recessão Sarney-Collor e a retração seria um pouco menor do que a recessão Figueiredo-Delfim. Ou seja, existem dúvidas para saber qual a recessão foi a mais devastadora.
Contudo, numa perspectiva mais ampla, seria necessário considerar também o tempo gasto para que a economia volte ao patamar original (antes da recessão). Nota-se que na recessão Figueiredo-Delfim o PIB cresceu 5,3% em 1984, 7,9% em 1985 e 7,5% em 1986. A expansão durou 17 trimestres, com uma média de crescimento de 6,4% por trimestre. Após a recessão dos presidentes Sarney-Collor, o PIB cresceu 4,7% em 1993, 5,3% em 1994 e 4,4% em 1995. A expansão pós recessão durou 12 trimestres, com uma média de crescimento de 6% por trimestre.
No pós recessão Dilma-Temer, as projeções do FMI, atualizadas em 22 de janeiro de 2018, indicam um aumento do PIB de 1,1% em 2017, 1,9% em 2018 e 2,1% em 2019. A recessão atual pode ter terminado em 2016, mas os dados indicam que 2017 foi o ano de pior recuperação de uma grande recessão da economia brasileira. As projeções para 2018 e 2019 indicam que o crescimento nos três anos de recuperação não será superior a 2% na média. Portanto, a atual recuperação, mesmo nos melhores cenários, ocorrerá em ritmo lento, um terço menor do que no pós recessões de Figueiredo-Delfim e Sarney-Collor.
Desta forma, considerando a recessão como o período de início da queda do PIB (por dois trimestres consecutivos) e considerando o tempo necessário para o PIB voltar ao patamar do período imediatamente anterior à recessão, então, sem dúvida, a atual crise brasileira é a mais longa e mais profunda da história republicana. Provavelmente, o Brasil só irá superar o nível do PIB de 2014 nos duzentos anos da Independência, em 2022.
Os problemas fiscais do país são extremamente graves, como indicou a agência internacional de risco Standard&Poor’s (S&P), que rebaixou, em 11/01/2018, a nota de crédito soberano do Brasil de “BB” para “BB-“. O rating do Brasil segue sem o selo de bom pagador e agora está três degraus abaixo do grau de investimento. Isto dificulta a retomada dos investimentos e os investidores internacionais (com exceção da China) perdem o interesse no Brasil, como demonstra o fiasco da participação de Michel Temer no Fórum Econômico Mundial, em Davos, em janeiro de 2018.
Uma consequência visível e terrível para o conjunto da população e o futuro da economia é a pobre recuperação do mercado de trabalho. A recessão deixou um saldo de mais de 26 milhões de pessoas desempregadas ou subempregadas, segundo o conceito amplo de desocupação da PNAD contínua, do IBGE. E o pior, os empregos que começam a voltar são ruins, precários e mal pagos.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho, o número de empregos formais cresceu na maioria dos meses de 2017, ficando oito meses no azul e quatro meses no vermelho. Em dezembro o decréscimo foi de -328.539 postos de trabalho, equivalente à variação de -0,85% em relação ao estoque do mês anterior. Esse resultado decorreu de 910.586 admissões e de 1.239.125 desligamentos. A retração de dezembro de 2017 foi significativamente menor que a verificada nos meses de dezembro de 2015 e 2016, como pode ser visto no gráfico abaixo. O saldo final do Caged em 2017 foi negativo em -20.832 postos de trabalho.
É a primeira vez na história brasileira que o emprego formal cai por três anos seguidos e cai no primeiro ano de recuperação do PIB depois de uma grande recessão. O fato é que desde a divulgação dos resultados da última eleição presidencial (outubro de 2014) o saldo da geração de empregos está muito negativo. Em 37 meses, o Brasil perdeu 3,6 milhões de empregos formais de dezembro de 2014 a dezembro de 2017, o que dá uma perda média mensal de 88 mil empregos ou quase 3 mil empregos perdidos por dia. Portanto, o Brasil está longe de recuperar o seu nível de emprego formal existente em novembro de 2014.
Nos 18 meses do período em que a dupla Dilma-Temer ainda estava junta (dezembro de 2014 a maio de 2016) a perda de empregos formais foi de -2,6 milhões (147 mil postos de trabalho perdidos por mês). Nos 19 meses do período Temer e sem Dilma (junho de 2016 a dezembro de 2017) a perda de empregos formais foi de – 958 mil (ou 50 mil postos de trabalhos perdidos por mês). A perda de -20.832 postos de trabalho em 2017 só veio confirmar a gravidade da situação.
comportamento do emprego formal no Brasil
O fato é que o Brasil não tem conseguindo criar empregos formais e de qualidade no padrão necessário, pois fez uma opção pela especialização regressiva, primarizando a economia e aumentando a dependência das commodities. Produzir petróleo, minério e soja não é suficiente para criar empregos decentes para a maioria da população brasileira. Com o intenso e precoce processo de desindustrialização, as jovens gerações – uma parte daqueles que foram às ruas em junho de 2013 – são as mais prejudicadas.
Políticas de transferência de renda ajudam a minorar os problemas da extrema pobreza, mas unicamente o pleno emprego com trabalho decente poderá fazer o país sustentável em termos econômicos. Somente empregos produtivos geram riqueza. Com a falta de oportunidades decentes no mercado de trabalho, o Brasil está criando uma geração perdida, pois cresce o número de desempregados e o número dos chamados nem-nem-nem (jovens que nem estudam, nem trabalham e nem procuram emprego). Jovens sem perspectiva de melhoria de vida são presas fáceis para o crime e possuem alta probabilidade de atuarem como atores ou vítimas da violência.
A atual década está gerando mais frustrações do que esperanças. Não existe um projeto viável de nação soberana e próspera. Ao contrário, o atual governo vai deixar uma grande herança maldita para o sucessor que deve assumir em 2019. Tirando a baixa inflação, a baixa taxa de juros (Selic) nominal e o grande saldo da balança comercial (que foram possíveis graças à retração da demanda interna), os demais indicadores macroeconômicos são desastrosos: as despesas correntes do governo superam as receitas correntes, as taxas de investimento são as mais baixas da história, a infraestrutura está aos frangalhos, a dívida pública cresce de forma exponencial e todos os indicadores sociais (educação, saúde, segurança pública, etc.) pioram.
O próximo governo terá que lidar com o terceiro inciso do artigo 167 da Constituição Federal que impede (ou veda) “a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta”. Ou seja, não vai ser possível continuar rolando indefinidamente com a barriga os problemas fiscais.
O fato é que o Brasil não terá nada para comemorar nos 200 anos da Independência e do fim do colonialismo direto de Portugal, em 2022. Teremos a distopia de uma década de estagnação econômica. Países, com renda per capita mais baixa do que a brasileira, avançaram, como é o caso da Indonésia que, mesmo com todos os seus problemas, ultrapassou o Brasil em tamanho do PIB. O Brasil crescia mais do que a média mundial até 1985 e desde então passou a crescer menos do que a média mundial.
Portanto, o Brasil não só ficou parado no tempo, mas se atrasou em relação a outras economias internacionais que avançaram no período. Em termos relativos, é como andar para trás. Em vez de progresso, o que ocorreu nos últimos anos foi retrocesso. O gráfico abaixo, como dados do Fundo Monetário Internacional, mostram que o último ano que o Brasil apresentou crescimento do PIB (7,5%) maior do que a média mundial (5,4%) foi em 2010. Em todos os outros anos seguintes a economia internacional cresceu em ritmo superior ao crescimento da economia brasileira.
variação anual do Produto Interno Bruto do Mundo e do Brasil
No octênio 2011-2018 (governos Dilma-Temer) o PIB brasileiro cresceu 0,6% ao ano (menos que o crescimento populacional) e o mundo cresceu 3,6% ao ano. Enquanto o mundo cresce, o Brasil experimenta sua segunda década perdida, provavelmente haverá redução da renda per capita na década 2011-20. E o pior é que a degradação ambiental continuou mesmo com baixo crescimento econômico. Enquanto a economia cai, cresce o desmatamento da Amazônia, do Cerrado, da Mata Atlântica, etc.
Portanto, o Brasil não só ficou, de certa forma, parado no tempo, mas se atrasou em relação a outras economias globais que avançaram no período. Em termos relativos, é como andar para trás não só em termos econômicos, mas também social e ambientalmente. Em vez de progresso, o que ocorreu nos últimos anos foi retrocesso. E o pior que o retrocesso está acontecendo não só na área econômica e social, mas também política. A democracia brasileira está capenga.
Mas a maioria do povo brasileiro continua achando que o Brasil é o país do futuro e que o lema da bandeira nacional, “ordem e progresso”, vai um dia se realizar. Todavia, uma pesquisa sobre “Os Perigos da Percepção”, realizada pelo instituto Ipsos Mori (06/12/2017), mostrou que na maioria dos países as pessoas têm uma percepção equivocada sobre a realidade. Os países que lideram o chamado Índice de Percepção Equivocada são África do Sul, Brasil, Filipinas, Peru e Índia. Portanto, o Brasil é o segundo país mais sem noção do mundo!
Certamente, os políticos que vão disputar as eleições gerais de 2018 vão contribuir para aumentar o “Índice de Percepção Equivocada”. Aliás a própria democracia brasileira corre risco em um quadro eleitoral confuso e muito polarizado. O discurso fácil do populismo deve imperar. Além das frustrações, vai haver muitas promessas à direita e à esquerda. Muita vitimização, muito oportunismo e muita tergiversação.
Uns vão fazer apologia do mercado, enquanto outros vão pregar a necessidade de um Estado forte. Mas poucos vão apresentar soluções práticas, em termos econômicos, sociais e ambientais, para evitar a trajetória submergente do maior país da América Latina.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/01/2018

O RETORNO DE DOENÇAS VETORIAIS.

O retorno de doenças vetoriais é sintoma de políticas públicas não integradas.

IHU
O retorno de surtos de doenças vetoriais, como febre amarela e dengue, por exemplo, praticamente erradicadas no Brasil, após décadas de vacinação, corresponde a uma série de fatores, que não se restringem, simplesmente, à precariedade da vacinação. “A simplificação e homogeneização dos ambientes naturais, pela perda de espécies silvestres de animais e plantas, por diversos impactos, pressionam o deslocamento e a dispersão de vetores e hospedeiros para áreas rurais e urbanas”, pontua Marcia Chame, professora e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, em entrevista por e-mail à IHU On-Line.
“Esses estudos e as ações que deles derivarão só serão possíveis se a saúde e o ambiente estiverem em estreita parceria. A vigilância em saúde deve ser integrada e envolver a saúde humana, a biodiversidade e a saúde dos animais de criação”, propõe a entrevistada. “O esforço e conhecimento conjunto reduzem custos e alavancam políticas mais eficientes, eficazes e duradouras”, complementa.
Uma estratégia que é pouco debatida e desconsiderada na maioria dos debates é a questão da preservação das áreas de proteção ambiental, como um fator preponderante no controle de doenças vetoriais. “Elas oferecem além da água, conforto térmico, climático e acústico, solo fértil, redução de poluição e desastres, um serviço pouco conhecido e dimensionado que é a capacidade de diluir a transmissão de doenças, um dos maiores benefícios da biodiversidade”, sustenta.
Marcia Chame | Foto: arquivo pessoal
Marcia Chame | Foto: arquivo pessoal
Marcia Chame possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Santa Úrsula – USU, no Rio de Janeiro, mestrado e doutorado em Ciências Biológicas, área zoologia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Atualmente é pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz e também atua como pesquisadora colaboradora da Fundação Museu do Homem Americano. É, ainda, membro titular representante do Ministério da Saúde no Conselho Nacional da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, e coordenadora do Programa Biodiversidade & Saúde da Fiocruz.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O que explica o crescimento de doenças vetoriais, como a febre amarela, no Brasil após décadas de erradicação quase total desse tipo de enfermidade?
Marcia Chame – Muitos fatores, entre eles falta de saneamento básico, destinação adequada de resíduos sólidos, mudanças climáticas, redução das áreas naturais, perda da biodiversidade por desmatamento, queimadas, introdução de espécies exóticas invasoras, e outros impactos.
IHU On-Line – Como o desequilíbrio ambiental e desmatamento ajudam a explicar o crescimento de doenças transmitidas por mosquitos?
Marcia Chame – A simplificação e homogeneização dos ambientes naturais, pela perda de espécies silvestres de animais e plantas por diversos impactos, pressionam o deslocamento e a dispersão de vetores e hospedeiros para áreas rurais e urbanas, onde vão buscar alimento e abrigo e, com eles, seguem os agentes patogênicos. A proximidade entre pessoas, animais domésticos e silvestres e a capacidade de adaptação dos vetores e agentes infecciosos a eles, favorecem o rompimento de barreiras biológicas pelos patógenos, que passam a infectar espécies mais abundantes e disponíveis, como cães, porcos e humanos.
IHU On-Line – Atualmente, quais são as regiões do Brasil mais afetadas por surtos de febre amarela?
Marcia Chame – A região sudeste do Brasil, mas temos casos no Centro-OesteNorte e raríssimos no Nordeste.
IHU On-Line –Depois da vacinação sistêmica da população, os casos de febre amarela no Brasil ficavam mais concentrados no Norte e Centro-Oeste. Contudo, nas últimas décadas o vírus voltou a circular nas regiões de Mata Atlântica. Que fatores foram (e são) determinantes para que retrocedêssemos tanto?
Marcia Chame – Ainda não sabemos exatamente. Mas os dados que temos indicam, a princípio, que a fragmentação das matas, anormalidades de meses secos seguidos de chuvas, pequenas alterações no vírus e, principalmente, a baixa cobertura vacinal nas populações humanas, nas áreas que já tinham recomendação de vacina, se mostram importantes.
IHU On-Line – Quais equívocos da política sanitária no Brasil ajudam a explicar o crescimento das doenças vetoriais?
Marcia Chame – No caso da Febre Amarela a falta de vacinação nas áreas recomendadas, apoio aos técnicos e capacitação continuada para a vigilância ativa de epizootias[1] e casos humanos, a falta de investimento no Sistema Único de Saúde – SUS e a deficiência de base de dados georreferenciada para que se possa produzir modelos de previsão.
IHU On-Line – Qual a importância do trabalho conjunto entre os ministérios da Saúde e do Meio Ambiente para superar os desafios relacionados às doenças vetoriais?
Marcia Chame – Muitas das doenças vetoriais têm entre seus vetores e hospedeiros animais silvestres que fazem parte do ciclo natural de agentes patogênicos. Esse é o caso da febre Amarela, da MaláriaFebre do oeste do Nilo, entre outras. Para podermos antever problemas de saúde humana e de animais silvestres é preciso conhecer quais as espécies estão envolvidas nos ciclos de transmissão dos patógenos, como eles se comportam nos ecossistemas naturais, rurais e urbanos e como se adaptam aos impactos antrópicos cada vez maiores. Esses estudos e as ações que deles derivarão só serão possíveis se a saúde e o ambiente estiverem em estreita parceria. A vigilância em saúde deve ser integrada e envolver a saúde humana, a biodiversidade e a saúde dos animais de criação. O esforço e conhecimento conjunto reduzem custos e alavancam políticas mais eficientes, eficazes e duradouras.
IHU On-Line – Qual o impacto do aquecimento global nesse contexto de crescimento da febre amarela?
Marcia Chame – A anormalidade de períodos secos intensos seguido de chuvas, parece favorecer não só o aumento da densidade populacional dos vetores, mas também debilita os primatas que confinados em áreas fragmentadas sofrem com pouco alimento disponível, deslocam-se mais em busca de alimento e se tornam mais suscetíveis ao vírus. Mas é importante lembrar, que as mudanças climáticas são potencializadas pelos impactos regionais, como o desmatamento, queimadas e incêndios florestas, urbanização, dessecamento do solo.
IHU On-Line – É possível voltar a um cenário de controle dessas doenças? Que estratégias devem ser adotadas a curto prazo, médio prazo e longo prazo?
Marcia Chame – A vacina certamente é a medida mais eficiente de curto, médio e longo prazo para a população humana. No entanto, cabe pensar e nos aliarmos para elaborar planos consistentes para salvar as populações de primatas (e de outros animais) do Brasil. Com esse objetivo, precisamos de recursos financeiros para trabalhos de campo e de laboratório, pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, gestores ambientais, especialmente das Unidades de Conservação, das autoridades e da sociedade que precisam entender e valorizar a importância de áreas naturais grandes. Elas oferecem além da água, conforto térmico, climático e acústico, solo fértil, redução de poluição e desastres, um serviço pouco conhecido e dimensionado que é a capacidade de diluir a transmissão de doenças, um dos maiores benefícios da biodiversidade.

Nota

[1] O termo, em epidemiologia, refere-se a uma doença que ocorre em uma população animal não-homo sapiens, semelhante a uma epidemia em seres humanos. (Nota da IHU On-Line)
(EcoDebate, 29/01/2018) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

TIC'S NO PROCESSO DE EDUCAÇÃO

TIC´S NO PROCESSO EDUCATIVO: INVESTIGANDO AS TICS NA EDUCAÇÃO.
¹Ada Maria da Cunha Rodrigues Venturini
²Ana Flávia B. Melo
³Débora Barros Andrade
Giovanna Freire de Oliveira Lima
Jackson Correa da Silva
⁶ Manuel Maria Pinto da Rocha Ramos
⁷ Rossana I. O Agahnejad
TIC e educação
[EcoDebate] Diante das mudanças e inovações tecnológicas, surge um novo paradigma na escola, o qual forçadamente precisa discutir a utilização da abordagem tecnológica e da era digital. As tecnologias chegam as nossas vidas de maneira tão avassaladora que não há como resistir às mudanças. Todos devem se adaptar ao novo modelo tecnológico, pois quem não estiver dentro dessa nova ordem verá sua própria ruina. (GATES, 1995)
Nessa visão a sociedade não tem outra alternativa senão a de aceitar o impacto das imposições ocorridas pelas mudanças provocadas pelas inovações tecnológicas, que de certa forma tornam-se atrativo para as pessoas porque apresenta as TIC como uma solução rápida e fácil para complexos problemas históricos, com a aquisição de novos equipamentos numa visão consumista.
Para Rosangela Linhares Correa e Jose Gonçalo dos Santos (2013, p.4 e 5) as TIC´s [Tecnologias da Informação e Comunicação] são: os procedimentos, métodos e equipamentos usados para processar a informação e comunicá-la aos interessados. As TIC´s s agilizam o conteúdo da comunicação, através da digitalização e da comunicação em rede (internet) para captação, transmissão e distribuição das informações, que podem assumir a forma de texto, imagem estática, vídeo ou som.
O uso das TIC´s e a maneira como as organizações públicas e privadas, indivíduos e setores diversos da sociedade as utilizaram influenciou profundamente o surgimento da atual “ sociedade da informação” (MAIA, 2013).
A utilização das TIC´s mudaram e aumentaram as exigências de formação profissional, logo exige um novo perfil de educação, que possa oferecer ensino de qualidade que atenda as demandas exigidas pela atual sociedade. Ao contrário dos que pensam que as TIC´s acabariam com a escola, sabe-se que existe lugar para a escola na sociedade tecnológica e da informação, ainda que tenha que ser repensada pois ela não detém sozinha o monopólio do saber. (LIBANEO, 2011).
É importante reconhecer que a tecnologia pode contribuir para a qualidade da educação, por meio da comunicação e interação. E nesse contexto o professor passa a ser o parceiro mediador e orientador do aluno. Neste modelo de ensino e aprendizagem as TIC passam a ter dupla função: uma como objeto de estudo e outra como ferramenta pedagógica a serviço de uma pedagogia renovadora.(Belloni 2002).
Uma formação para a reflexão, criação e expressão em todas as linguagens e usando todos os meios tecnológicos disponíveis deveria ser um objetivo para todos os sistemas de ensino do país. Mas o que vemos, em muitos casos é a entrada das TIC nas escolas, restrita a capacitações em nível técnico e principalmente a aceitação por parte dos profissionais docentes. Acredita-se que a utilização das TIC na educação deve transcender a visão limitada de um objetivo instrumental, passando a ser uma condição de uma educação para a cidadania, visando a democratização de oportunidades educacionais e de acesso ao saber com redução da desigualdade social.
Na educação com uso das TIC, utilizam-se recursos tecnológicos na mediação comunicativa, permite o uso de material impresso, recursos audiovisuais, ambientes virtuais, computador, notebook, celular, entre outros, como alternativa de interação e comunicação entre professor e alunos.
Pode-se destacar nas TIC a autonomia do aluno na organização do seu tempo de estudo, como sujeito da aprendizagem, e suas múltiplas capacidades de representar, de decidir, de processar e selecionar as informações, sua forma de lidar criticamente com elas, com sua criatividade e iniciativas diante dos problemas e contextos educativos.
Os recursos necessários para sua implementação na rede pública de ensino são:
  • Capacitação dos professores durante e após a graduação, garantindo que procedimentos e entendimentos sejam apropriados pelo professor que atuará em sala de aula, deixando claras metodologias e uso de ferramentas nos diferentes contextos e situações.
  • Realizar periodicamente Formação continuada, onde os docentes poderão ter acesso as novidades, tirar dúvidas, compartilhar situações-problema para análise e solução, realizar oficinas diversificadas, entre muitos outros;
  • Infra- estrutura – proporcionar um ambiente de laboratório, onde possam se realizar as diferentes propostas de aprendizagem com uso de computadores, internet, assim como material de apoio como data show, caixa de som, etc ;
  • Recursos financeiros e humanos – garantir que equipamentos, rede, profissionais relacionados e materiais necessários estejam em pleno uso e operacionalização, fazendo com que o processo de aprendizagem possa fluir de forma contínua e efetiva;
  • Execução das politicas públicas voltadas para as TIC´s previstas em lei – muito se tem aprovado com relação a implementação das tecnologias no ambiente escolar, contudo, fatores como verbas de municípios e estado, interesse politico e docente, desejo de mudança, entre muitas outras questões, tem paralisado ou minimizado a implementação desta valiosa ferramenta metodológica;
A introdução das novas tecnologias na educação é um movimento que vem há décadas sendo discutido e colocado como meio eficaz para trazer o avanço da contemporaneidade ao espaço escolar.
O uso de tablets, celulares e o acesso à internet, tem se tornado uma realidade em todas as atividades humanas, fazendo com que todos os segmentos da sociedade tenham que se adequar a era da informática. Desse o mercadinho no bairro ate o banco e o shopping se apropriaram destas tecnologias para trazer qualidade e rapidez as tarefas do dia a dia.
A escola tem ficado um pouco para atrás neste processo, não necessariamente devido a falta de espaço ou condições físicas, mas tem encontrado sua maior barreira nos recursos humanos que não enxergam ainda a importância destas ferramentas no processo educativo.
Trabalhar com tecnologia na sala de aula requer compromisso, pesquisa e planejamento por parte do professor. Estar aberto aos desafios que o próprio educando lhe colocara e principalmente a apreender junto deles novos processos e conhecimentos.
Devemos entender que a introdução das tecnologias (TIC´s ) no âmbito escolar depende de todos os segmentos envolvidos na educação, desde aquele que cria, planeja e implementa as politicas públicas, ate o servidor que dirige, acompanha e realiza as aulas na instituição escolar.
Realmente neste momento a melhor frase que define o papel de cada um neste processo é: “educação compromisso de todos nós”.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BELLONI, Maria Luiza (org.). A formação na sociedade do espetáculo. São Paulo: Ed. Loyola, 2002.
CORREIA, R.L; SANTOS, J. G. A importância da tecnologia da informação e comunicação (Tic) na educação a distancia (EAD) do ensino superior (IES). Taguatinga: Revista Aprendizagem em EAD, 2013, V2. 1-16p.
GATES,Bill. A estrada do Futuro. São Paulo: Cia das Letras, 1995.347p.
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus Professor, adeus Professora? : novas exigências educacionais e profissão docente. 13 Ed. – São Paulo: Cortez, 2011.
¹ Ada Maria da Cunha Rodrigues Venturini
Mestranda em Ciência da Educação
Especialista em Libras
Especialista em Educação Especial com Ênfase em Inclusão
Graduada em Normal superior pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.
²Ana Flávia B. Melo
Doutorando em Ciências da Educação
Mestre em Ciências da Educação
Licenciada em Matemática
³Débora Barros Andrade
Mestre  em  Ciências da Educação 
Bióloga com registro na classe CRBio08ª nº 105.263/08-D
Especialista em Educação Ambiental-Uniter/Ibpex.
Especialista em Gestão Ambiental-Faculdade Innovato
Especialista em Docência, Metodologia e Didática do Ensino Superior -Uniaméricas-Ceará.
Especialista em Gestão Escolar – Progestão-Bahia;
Técnica em Secretária Escolar / IFBA-Jacobina.
Licenciada em Biologia 
Licenciada em Química
Licenciando e Pedagogia  -ISEED FAVED.
Professora do Ensino Fundamental II  e Superior da  Rede Pública e Privada.
Orientadora de Trabalho de Conclusão de Curso-TCC
Supervisora de Estágio Supervisionado 
Coordenadora Pedagógica
Palestrante.
Giovanna Freire de Oliveira Lima
Doutoranda em Ciências da Educação
Mestra em Ciências da Educação
Graduada em Pedagogia
Formadora da educação do Campo e Indígena
Coordenadora de Formação Educação do Campo e Indígena
Jackson Correa da Silva
Doutorando em Educação
Mestre em Ciências da Educação
Especialista em Psicopedagogia
Especialista em Formação de Professores
Licenciado em Letras / Francês
Bacharel em Teologia
Técnico em Contabilidade
Magistério
Secretário Escolar
Professor GEA/AP
⁶ Manuel Maria Pinto da Rocha Ramos
Mestrando em Ciências da Educação
Especialista em Gestão no Contexto Educacional
Graduado em Pedagogia e Matemática
Rossana I. O Agahnejad
Doutorando em Ciências em Educação
Mestre em Ciências da Educação
Especialista em Gestão escolar
Especialista Em Metodologia do Ensino Superior
Especialista em Prática e Pesquisa Social
Licenciada em Pedagogia
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/01/2018