sexta-feira, 29 de novembro de 2019

ALZHEIMER AFETA 11,5% DA POPULAÇÃO IDOSA BRASILEIRA.

Alzheimer afeta 11,5% da população idosa brasileira


Alzheimer - Foto: Gerd Altmann/Pixabay - Licença: CC0/Domínio Público
Alzheimer – Foto: Gerd Altmann/Pixabay – Licença: CC0/Domínio Público

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 55 mil novos casos de demência são registrados anualmente, a maioria decorrentes do mal de Alzheimer

Por Camila Borba
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas no mundo, ela ainda não possui uma cura, mas diversas pesquisas apontam que se a doença for diagnosticada cedo, é possível diminuir os impactos de seus sintomas. Isso quer dizer que, se detectado precocemente, os sinais da doença podem ser tratados com intervenções terapêuticas, proporcionando melhor qualidade de vida ao paciente. Segundo dados do Governo do Brasil, a doença afeta 11,5% da população idosa do país.
Atualmente, 1,4 milhão de brasileiros vivem com demência e, com o envelhecimento acelerado da população mundial, estima-se que até 2050 esse número aumente para mais de seis milhões, diz a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Com o envelhecimento acelerado, o crescimento de casos de demência tem se tornado um dos principais desafios de saúde na atualidade”, comenta Dr. Aier Adriano Costa, coordenador da equipe médica do Docway.
O Alzheimer provoca a degeneração das células no cérebro, causando demência e provocando diversos sintomas, como perda de memória, dificuldade de raciocínio e fala, dificuldade de reconhecer objetos e suas funções, dificuldade de reconhecer familiares, além de interferir no comportamento e na personalidade da pessoa.

Sintomas e estágios da doença

A doença é complicada de ser diagnosticada, pois seus sintomas são muito parecidos com o processo natural de envelhecimento. Além disso, ele também podem ser confundidos com sintomas de outras enfermidades menos graves. Atentar-se para os primeiros sinais com atenção é muito importante:
·        Perda de memória recente. É muito comum que as pessoas que estejam no processo inicial do desenvolvimento do Alzheimer se lembrem de fatos antigos mas percam a memória sobre fatos recentes;
·        Perda de capacidade de concentração nas atividades cotidianas, que antes eram executadas com facilidade e sem problemas;
·        Repetição de afirmações e perguntas. A pessoa acaba por não perceber que já fez a mesma pergunta anteriormente;
·        Dificuldades de expressar e de compreender linguagens;
·        Sentir uma desorientação espacial, se perder em locais já conhecidos;
·        Enfrentar uma certa dificuldade em encontrar as palavras certas para identificar objetos, expressar pensamentos ou participar de conversas;  
·        Esquecimento dos nomes dos membros da família, amigos e objetivos do cotidiano. 
Costa alerta que além dos sintomas iniciais, existem também uma mudança aparente na personalidade e comportamento das pessoas. “As alterações cerebrais que ocorrem durante a doença de Alzheimer podem afetar a maneira como a pessoa age e sente. Nesse caso, é preciso ficar de olho se houve outras mudanças como depressão; apatia; retraimento social; mudanças repentinas e seguidas de humor; mudanças nos hábitos de sono; aumento na desconfiança de humor; aumento na irritabilidade e na agressividade, além de delírios”, enfatiza.
O Alzheimer costuma evoluir para vários estágios de forma lenta e grave, não há nada que possa ser feito para retardar ou barrar o avanço da doença. Após o diagnóstico, os portadores da doença têm uma sobrevida média que oscila entre 8 e 10 anos. O quadro clínico é dividido em quatro estágios:
·        Estágio 1 (forma inicial): alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais.
·        Estágio 2 (forma moderada): dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos. Agitação e insônia.
·        Estágio 3 (forma grave): resistência à execução de tarefas diárias. Incontinência urinária e fecal. Dificuldade para comer. Deficiência motora progressiva.
·        Estágio 4 (terminal): restrição ao leito. Mutismo. Dor à deglutição. Infecções intercorrentes.

Hábitos Saudáveis

A OMS destaca que a atividade física também está associada à saúde cerebral. Estudos apontam que pessoas com vida mais ativa tem menor risco de desenvolver demências. A recomendação é que adultos de 65 anos pratiquem no mínimo 150 minutos de atividades aeróbicas de intensidade moderada por semana. “Os idosos não devem deixar de ser estimulados. Estudar, ler e pensar são formas de manter a mente ativa, além uma alimentação saudável e regrada”, finaliza Costa.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 28/11/2019

EMERGÊNCIA CLIMÁTICA : CONCENTRAÇÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA NA ATMOSFERA ATINGEM NOVO RECORDE EM 2018.

Emergência Climática: Concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera atingem novo recorde em 2018


concentração de CO2 na atmosfera, 1990-2018
Os níveis de gases de efeito estufa na atmosfera atingiram outro novo recorde, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial. Essa tendência contínua de longo prazo significa que as gerações futuras serão confrontadas com impactos cada vez mais severos das mudanças climáticas, incluindo temperaturas crescentes, clima mais extremo, estresse hídrico, aumento do nível do mar e perturbações nos ecossistemas marinhos e terrestres.
 Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM  mostrou que as concentrações médias globais de dióxido de carbono (CO 2 ) atingiram 407,8 partes por milhão em 2018, acima das 405,5 partes por milhão (ppm) em 2017.
O aumento de CO 2 de 2017 para 2018 foi muito próximo ao observado de 2016 a 2017 e logo acima da média na última década. Os níveis globais de CO 2 ultrapassaram as simbólicas e significativas 400 partes por milhão de referência em 2015.
CO  permanece na atmosfera durante séculos e nos oceanos por mais tempo ainda.
As concentrações de metano e óxido nitroso também aumentaram em quantidades maiores do que na década passada, de acordo com observações da rede Global Atmosphere Watch, que inclui estações no remoto Ártico, áreas montanhosas e ilhas tropicais.
Desde 1990, houve um aumento de 43% no forçamento radiativo total – o efeito do aquecimento no clima – pelos gases de efeito estufa de longa duração. O CO 2  representa cerca de 80% disso, de acordo com dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA citados no Boletim da OMM.
“Não há sinal de desaceleração, muito menos de um declínio, na concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, apesar de todos os compromissos do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas”, disse o secretário-geral da OMM Petteri Taalas. “Precisamos traduzir os compromissos em ação e aumentar o nível de ambição em prol do futuro bem-estar da humanidade”, disse ele.
 “Vale lembrar que a última vez que a Terra experimentou uma concentração comparável de CO 2  foi de 3-5 milhões de anos atrás. Naquela época, a temperatura era de 2-3 ° C mais quente, o nível do mar era 10-20 metros mais alto do que agora ”, disse Taalas.
Gap de emissões
O Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM informa sobre as concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa. As emissões representam o que entra na atmosfera. As concentrações representam o que resta na atmosfera após o complexo sistema de interações entre a atmosfera, biosfera, litosfera, criosfera e oceanos. Cerca de um quarto do total de emissões é absorvido pelos oceanos e outro quarto pela biosfera.
Não se estima que as emissões globais atinjam o pico até 2030, muito menos até 2020, se as políticas climáticas atuais e os níveis de ambição das Contribuições Determinadas Nacionalmente (NDCs) forem mantidos. As descobertas preliminares do Relatório de Gaps de Emissões 2019 indicam que as emissões de gases de efeito estufa continuaram a aumentar em 2018, de acordo com um capítulo avançado do Relatório de Gaps de Emissões lançado como parte de uma síntese do United in Science para a Cúpula de Ação Climática do Secretário-Geral da ONU em setembro.
O relatório da United in Science, que reuniu as principais organizações parceiras no domínio da pesquisa global sobre mudanças climáticas, sublinhou a lacuna evidente – e crescente – entre as metas acordadas para combater o aquecimento global e a realidade real.
“As conclusões do Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM e do Relatório de Gap de Emissões do PNUMA nos apontam em uma direção clara – neste período crítico, o mundo deve oferecer ações concretas e intensificadas sobre emissões”, disse Inger Andersen, diretor executivo do Programa Ambiental da ONU. (PNUMA). “Enfrentamos uma escolha gritante: acionar as transformações radicais de que precisamos agora ou enfrentar as conseqüências de um planeta radicalmente alterado pelas mudanças climáticas”.
Um Relatório de Lacunas de Emissões separado e complementar da ONU Meio Ambiente será lançado em 26 de novembro. Agora em seu décimo ano, o relatório Emissions Gap avalia os estudos científicos mais recentes sobre as atuais e estimadas futuras emissões de gases de efeito estufa; eles os comparam com os níveis de emissão permitidos para o mundo progredir em um caminho de menor custo para alcançar os objetivos do Acordo de Paris. Essa diferença entre “onde provavelmente estamos e onde precisamos estar” é conhecida como lacuna de emissões.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a Cúpula deu “um impulso no momento, na cooperação e na ambição. Mas ainda temos um longo caminho a percorrer. ”
Isso será levado adiante pela Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que será realizada de 2 a 15 de dezembro em Madri, Espanha, sob a presidência do Chile.
Fonte: Organização Meteorológica Mundial (OMM), com tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/11/2019

IMPACTOS DO ÓLEO NOS CORAIS BRASILEIROS.

Impactos do óleo nos corais brasileiros são estudados pela Rede de Pesquisas Coral Vivo


Resiliência de corais é observada em diferentes casos no laboratório do Projeto no extremo Sul da Bahia, área de maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul
Quais são os efeitos desse óleo que vem chegando à costa brasileira nos corais que ocorrem somente no Brasil? A Rede de Pesquisas Coral Vivo está realizando experimentos científicos em parceria com diferentes instituições, expondo espécies de corais em laboratório ao material coletado em praias, observando o possível tempo de morte e as estratégias para minimizar os impactos nocivos. O coordenador de Pesquisas do Coral Vivo, o oceanógrafo Miguel Mies, explica que o petróleo tem duas formas que são preocupantes para os corais: a borra preta que boia e causa um dano mecânico e a fração solúvel, com substâncias que começam a se dissolver no momento que o óleo entra em contato com a água e que têm uma composição extremamente tóxica. Foi visto que as duas formas matam, mas que o coral consegue se proteger em alguns casos da borra.
A partir de amostras de material recolhido em praia de Arraial d’Ajuda, os pesquisadores do Coral Vivo observaram as reações dos corais em aquários com água do mar. Eles depositaram sobre toda a estrutura do coral a borra preta. Em um dos experimentos, após 24 horas, eles retiraram o material e, no decorrer de 48 horas, esses corais morreram. Outras amostras foram colocadas em contato durante quatro dias e eles já estavam mortos quando o petróleo foi retirado.
A boa notícia é que foi observado que o coral Mussismilia harttii, conhecido popularmente como coral-vela, consegue remover essa borra preta de sua superfície entre duas e seis horas, quando não está embebido completamente. Essa espécie produz bastante muco e junto a movimentos ciliares conseguem retirar o óleo de cima de seu disco oral”, comemora o oceanógrafo Miguel Mies, coordenador de Pesquisas do Projeto Coral Vivo e pesquisador do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). “Em contato com o óleo, o coral-vela solta essa quantidade considerável de muco para se proteger”, explica o pesquisador associado à Rede de Pesquisas Coral Vivo, Henrique Santos.
Quando essa mancha de óleo está na água, a fração solúvel dá à sua superfície um aspecto transparente e brilhante, como um filme. Em outro experimento, os pesquisadores reproduziram um estudo da Rede de Pesquisas Coral Vivo, que foi publicado em 2015 em revista do grupo Nature. Desenvolvido pelo pesquisador Henrique Santos, foi observado que a espécie Mussismilia harttii começa a sofrer bastante em quatro dias de contato com a fração solúvel e em dez dias ela morre. Esse estudo fez parte do doutorado em Microbiologia do pesquisador, que atualmente é também professor do Departamento de Biologia Marinha da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Houve uma reação diferente com o uso da fração solúvel desse óleo encontrado agora nas praias do Nordeste: em dez dias os corais continuaram vivos. “Isso pode sugerir que esse óleo no estado atual de intemperismo, já não libera mais uma grande quantidade de fração solúvel, gerando menos dano para essa espécie de coral em comparação ao óleo usado no estudo anterior”, avalia Santos. Ainda serão realizadas análises mais específicas, por exemplo, de biomarcadores de estresse, microbiota e calcificação, para uma avaliação mais aprofundada do real dano à saúde do coral.
Para avaliar como minimizar os impactos do óleo foi testado também no laboratório do Projeto Coral Vivo, no Arraial d’Ajuda Eco Parque, os efeitos de um “biogel” nas espécies de corais brasileiros, que é tipo um detergente natural biodegradável. Feito com base vegetal, ele tem a capacidade de quebrar a cadeia de hidrocarbonetos do petróleo, transformando esse material denso em fluido. Esse produto foi desenvolvido há mais de 20 anos pela professora da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e pesquisadora do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI), Leonie Sarubbo.
Apesar do branqueamento pelo El Niño, colônias reproduziram em 2019
A resiliência dos corais brasileiros, já conhecida na literatura científica, tem sido observada pelo Projeto Coral Vivo em estudos além desses relacionados ao óleo. Entre setembro e outubro, a equipe monitorou a reprodução dos corais-cérebro Mussismilia harttii e Mussismilia hispida, assim como realiza desde 2004, quando descobriu a data e os horários da desova. O monitoramento continuou e o Coral Vivo acompanhou a desova de Mussismilia harttii também no início de novembro. Mesmo ainda não estando totalmente recuperadas do forte estresse causado pelo El Niño algumas colônias ainda branqueadas desovaram. 
Não é a primeira vez que registramos a reprodução em corais que sofreram branqueamento”, destaca a bióloga Débora Pires, fundadora do Coral Vivo e professora do Museu Nacional/UFRJ. Esse comportamento também aconteceu durante rodada experimental realizada anos atrás no Mesocosmo Marinho do Coral Vivo, uma espécie de máquina do tempo na qual são realizadas rodadas experimentais, simulando as previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), criado no âmbito das Nações Unidas.
O impacto do fenômeno climático El Niño em 2019 foi danoso principalmente para o coral-de-fogo (Millepora alcicornis). O Coral Vivo, projeto patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, monitora continuamente a saúde dos recifes, o que possibilitou o registro inédito de branqueamento do coral-de-fogo acima de 90% em alguns recifes do Sul da Bahia, noticiando o fato no dia 6 de julho de 2019. O branqueamento estava seguido de grande mortalidade, entretanto, em outubro, os dados começaram a apontar para uma recuperação parcial de algumas colônias dessa espécie. Nesses monitoramentos, realizados desde 2015, são acompanhados uma série de parâmetros ambientais, e vários dados têm sido publicados em periódicos científicos. Um deles recente é de outubro de 2019, que foi publicado na revista “Microorganisms”. Esse artigo mostra os mecanismos fisiológicos envolvidos no fenômeno de branqueamento em corais e hidrocorais quando estão sob condições de estresse térmico, assim como ajuda a entender melhor por que algumas espécies são mais sensíveis do que outras.
coral
* Sobre o Projeto Coral Vivo
O Projeto Coral Vivo nasceu no Museu Nacional/UFRJ e é realizado por 14 universidades e institutos de pesquisa. Trabalha para a conservação e a sustentabilidade socioambiental dos recifes de coral e ambientes coralíneos. Ele é um dos seis projetos ambientais que compõem a Rede de Projetos de Conservação de Biodiversidade Marinha (Biomar), criada em 2007 pela Petrobras em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e projetos patrocinados. São eles: Projeto Albatroz, Projeto Baleia Jubarte, Projeto Coral Vivo, Projeto Golfinho Rotador, Projeto Meros do Brasil e Projeto Tamar.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/11/2019

DESCARBONIZANDO O SETOR DE ENERGIA.

Descarbonizando o setor de energia: a energia renovável oferece mais benefícios para a saúde e o meio ambiente

O fornecimento de eletricidade é um dos maiores emissores de CO2 do mundo. Para manter o aquecimento global bem abaixo de 2 ° C, vários caminhos levam a zero emissões no setor de energia, e cada um tem seus potenciais impactos ambientais – como poluição do ar e da água, uso da terra ou demanda de água.
Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK)*
Painéis de energia solar em campo
Painéis de energia solar em campo. Foto: istockphoto
Usando uma combinação inédita de múltiplos sistemas de modelagem, uma equipe internacional de pesquisadores liderada pelo Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto Climático (PIK) agora quantificou os reais benefícios e desvantagens de três estradas principais à descarbonização. Eles mostram que depender principalmente da energia eólica e solar traria mais co-benefícios para a saúde das pessoas e do planeta.
“Ao analisar o panorama geral – das emissões diretas das instalações de energia, à mineração de minerais e combustíveis para sua construção e operação, às terras necessárias para a infraestrutura de suprimento de energia -, descobrimos que a melhor aposta é para as pessoas e para o meio ambiente é confiar principalmente em energia eólica e solar ”, explica Gunnar Luderer. Ele é autor principal e vice-presidente do domínio de pesquisa da PIK sobre caminhos de transformação. “O principal vencedor da descarbonização é a saúde humana: a mudança para a produção de eletricidade baseada em energias renováveis pode reduzir os impactos negativos à saúde em até 80%. Isso se deve principalmente à redução da poluição do ar causada por combustíveis combustíveis. Além disso, as cadeias de suprimento de energia eólica e solar são muito mais limpas do que a extração de combustíveis fósseis ou a produção de bioenergia. ”
Comparando três cenários
Para seu estudo publicado na Nature Communications, os autores compararam três cenários de descarbonização do setor de energia até 2050: um focado principalmente na energia solar e eólica, um segundo baseado principalmente na captura e armazenamento de carbono em combinação com biomassa e fósseis, e uma terceira rota com um portfólio de tecnologia mista. Em todos os cenários, os requisitos de uso da terra para produção de energia aumentarão no futuro. De longe, o método mais devorador de terra para gerar eletricidade é a bioenergia. “Por quilowatt-hora de eletricidade da bioenergia, você precisa de cem vezes mais terra do que para colher a mesma quantidade de painéis solares”, afirma Alexander Popp, chefe do grupo de gerenciamento de uso da terra do Instituto Potsdam. “A terra é um recurso finito em nosso planeta. Dada a crescente população mundial com fome de eletricidade e de alimentos, as pressões sobre os sistemas terrestre e alimentar também aumentarão. Nossa análise ajuda a acertar as magnitudes quando se fala da às vezes muito elogiada tecnologia da bioenergia. ”
Os pesquisadores usaram simulações complexas esboçando os caminhos possíveis para descarbonizar o suprimento de eletricidade (Modelagem de Avaliação Integrada) e combinaram seus cálculos com análises de ciclo de vida. Anders Arvesen, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU), diz: “Ao combinar dois pares de óculos analíticos, conseguimos analisar uma ampla gama de problemas ambientais, da poluição do ar a substâncias tóxicas, de recursos minerais finitos necessários para a fabricação turbinas eólicas na extensão de terras transformadas em plantações de bioenergia, se depender de emissões negativas. Essa é uma abordagem promissora também para enfrentar outros setores, como edifícios ou o setor de transportes. ”
“Mudando de uma base de recursos fósseis para uma indústria de energia que exige mais recursos terrestres e minerais”
“Nosso estudo fornece argumentos ainda muito bons para uma rápida transição para uma produção de energia renovável. No entanto, precisamos estar cientes de que isso significa essencialmente mudar de uma base de recursos fósseis para uma indústria de energia que requer mais recursos minerais e terrestres “, acrescenta Luderer.” As escolhas inteligentes são fundamentais para limitar o impacto dessas novas demandas em outros objetivos da sociedade. , como conservação da natureza, segurança alimentar ou mesmo geopolítica “.
Referência:
Gunnar Luderer, Michaja Pehl, Anders Arvesen, Thomas Gibon, Benjamin L. Bodirsky, Harmen Sytze de Boer, Oliver Fricko, Mohamad Hejazi, Florian Humpenöder, Gokul Iyer, Silvana Mima, Ioanna Mouratiadou, Robert C. Pietzcker, Alexander Popp, Maarten van den Berg, Detlef van Vuuren, Edgar G. Hertwich (2019): Environmental co-benefits and adverse side-effects of alternative power sector decarbonization strategies. Nature Communications [DOI: 10.1038/s41467-019-13067-8]
http://dx.doi.org/10.1038/s41467-019-13067-8

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/11/2019

A CRISE AMBIENTAL GLOBAL COLOCARÁ 5 BILHÕES DE PESSOAS EM RISCO ATÉ 2050.

A crise ambiental global colocará 5 bilhões de pessoas em risco até 2050, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


“É triste pensar que a natureza fala e que a humanidade não a ouve”
Victor Hugo

como a crise ambiental pode afetar a população global
[EcoDebate] Cinco bilhões de pessoas em todo o mundo – especialmente aquelas de comunidades mais pobres – deverão enfrentar, até 2050, um risco crescente de suportar tempestades costeiras, poluição da água e perdas de colheitas ligadas à crise climática causada pelo crescimento das atividades antrópicas.
Artigo de Rebecca CHAPLIN-KRAMER, publicado na revista Science (10/2019), buscou entender e mapear os locais onde a natureza mais contribui para viabilizar a vida das pessoas e quantas pessoas podem ser impactadas pelas mudanças climáticas e pela crise ambiental. Os autores se concentraram em três áreas nas quais a natureza é considerada extremamente benéfica para as pessoas – regulação da qualidade da água, proteção contra riscos costeiros e polinização de culturas – e analisaram como elas podem mudar ao longo das próximas décadas. Foi desenvolvido um mapa interativo para destacar os resultados.
Conhecer a distribuição espacial das áreas mais afetadas pelas mudanças climáticas e a degradação ambiental é fundamental para orientar a iniciativa privada e as políticas públicas na tarefa de fazer a transição energética dos combustíveis fósseis para as fontes totalmente renováveis e promover a restauração da natureza para ajudar a evitar impactos mais catastróficos do aumento da temperatura e do colapso dos ecossistemas.
O estudo mostra que a atual governança ambiental – nos níveis local, regional e internacional – não está incentivando as regiões mais vulneráveis a investir na recuperação dos ecossistemas. Se o crescimento demoeconômico continuar ao longo do século XXI, a ecologia não será capaz de fornecer o seguro natural diante dos impactos induzidos pelas mudanças climáticas em alimentos, água e infraestrutura. As populações da África e da Ásia serão as mais desfavorecidas pelos “rendimentos decrescentes” da natureza.
Ou seja, o “crescimento sustentado” que é a base do desenvolvimento global – alavancado pelos combustíveis fósseis – gerou uma quantidade astronômica de bens de consumo a serviço do elevado padrão de vida da humanidade, mas ultrapassou a capacidade de carga da Terra. A perda de resiliência ecológica fará a máquina insana de acumulação de riqueza perder a sua base natural e entrar em regressão, pois sem ECOlogia não há ECOnomia.
A extinção da vida natural e da vitalidade dos ecossistemas pode colocar em xeque a própria existência da humanidade. Por conta disto o movimento “Extinction Rebellion” (Rebelião ou Extinção) busca engajar as pessoas na luta contra o colapso climático e ambiental, evitando o holocausto ecológico e o risco de extinção. O objetivo da “Rebelião da Extinção” é exercer pressão sobre os governantes e fortalecer a sociedade civil no sentido de enfrentar o caos climático e a degradação dos ecossistemas.
O grupo Rebelião ou Extinção tem três demandas centrais: 1) que o governo “conte a verdade à população declarando uma emergência climática e ecológica”; 2) que o governo “zere as emissões de gases de efeito estufa até 2025”; 3) que o governo “crie uma assembleia popular, formada por cidadãos comuns e escolhidos aleatoriamente, e siga suas decisões sobre o meio ambiente”.
Mais de 11 mil cientistas de todo o mundo, de maneira reiterada, alertam a humanidade sobre a ameaça de uma iminente catástrofe ambiental e declararam que o Planeta está enfrentando uma emergência climática. O alerta diz que os cientistas têm uma obrigação moral de alertar claramente a humanidade sobre uma possível ameaça catastrófica que pode provocar “sofrimento humano incalculável” (Alves, 13/11/2019)
O trabalho de Rebecca CHAPLIN-KRAMER (Science, 10/2019) reconhece a situação de emergência climática e é útil para mapear as áreas do mundo mais vulneráveis à crise ambiental, fornecendo instrumentos para se criar políticas para minorar os danos ecológicos que pode afetar cerca de 5 bilhões de pessoas no Planeta.

José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Referências:
ALVES, JED. Cientistas alertam para a emergência climática e o crescimento populacional, Ecodebate, 15/11/2019
https://www.ecodebate.com.br/2019/11/15/cientistas-alertam-para-a-emergencia-climatica-e-o-crescimento-populacional-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
CHAPLIN-KRAMER et al. Global modeling of nature’s contributions to people, Science, 11/10/2019: https://science.sciencemag.org/content/366/6462/255/tab-pdf
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/11/2019

MAIS DA METADE DA POLUIÇÃO PLÁSTICA EM NOSSOS OCEANOS VEM DE APENAS CINCO PAÍSES, SENDO QUATRO DELES DO SUDESTE DA ÁSIA.

Mais da metade da poluição plástica em nossos oceanos vem de apenas cinco países, sendo quatro deles do sudeste da Ásia


lixo plástico
Relatório do PNUMA alerta sobre políticas plásticas atrasadas no Sudeste Asiático
Uma nova avaliação das políticas de resíduos plásticos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) determinou que políticas limitadas sobre embalagens plásticas e implementação fraca estão agravando o problema da poluição por plástico nos países do Sudeste Asiático.
O relatório recomenda políticas pan-ASEAN para beneficiar os países no combate ao problema da poluição por plásticos. Também sugere que os países se beneficiariam de centros de tecnologia compartilhados na região da ASEAN para reciclagem e monitoramento do comércio de resíduos plásticos.
“O Sudeste Asiático é uma fonte primária e também vítima da poluição por plástico, que está sufocando os mares e ameaçando ecossistemas e meios de subsistência”, disse Kakuko Nagatani-Yoshida, Coordenadora Regional de Produtos Químicos e Resíduos do PNUMA. “Se queremos resolver o problema do lixo marinho globalmente, temos que resolvê-lo nesta região.”
Mais da metade da poluição plástica terrestre em nossos oceanos é originária de apenas cinco países, quatro do sudeste da Ásia. Essa poluição tem mais do que um impacto ambiental, o lixo plástico na região da Ásia-Pacífico custa US $ 1,3 bilhão por ano às suas indústrias de turismo, pesca e transporte marítimo.
O relatório, The Role of Packaging Regulations and Standards in Driving the Circular Economy, é o primeiro olhar abrangente sobre políticas de resíduos e padrões de embalagens em 10 países do Sudeste Asiático. Também compara as políticas do Sudeste Asiático com as de outros países, como a UE e o Japão. A revisão mostra que nestas jurisdições, a embalagem de lixo é gerenciada de maneira mais sustentável devido à presença de metas nacionais, uma abordagem abrangente do ciclo de vida da embalagem e a adoção de políticas que enfatizem soluções que abordem a causa raiz do problema.
O PNUMA lançou o relatório na SEA of Solutions 2019, a primeira semana anual de parceria convocada pela circular da SEA, uma iniciativa do PNUMA e do Corpo de Coordenação nos Mares do Leste da Ásia (COBSEA), com apoio do governo sueco.
Fonte: United Nations Environment Programme
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 18/11/2019

VESPAS SÃO ALTAMENTE EFICAZES NO CONTROLE DE PRAGAS - NA AGRICULTURA E NO QUINTAL.

Vespas são altamente eficazes no controle de pragas – na agricultura e no quintal

Pare de matar vespas e diminua o uso de pesticidas no campo e no jardim

Apesar de menos queridas que abelhas, estudo mostra que vespas são altamente eficazes no controle de pragas – na agricultura e no quintal. Sem elas, resultado será aumento de pulgões, moscas e outros incômodos
Por Rose Talamone, Jornal da USP
Vespas são altamente eficazes no controle de pragas - na agricultura e no quintalPesquisadores destacam necessidade de métodos mais sustentáveis para controlar pragas agrícolas, reduzir a dependência de pesticidas e a importação de controladores de pragas – Foto: Divulgação / Patrick Kennedy / University of Bristol
Espécies comuns de vespas podem ser valiosas no manejo sustentável de pragas. Esses insetos podem combater a broca Diatraea saccharalis, comum nas plantações de cana-de-açúcar, e também a lagarta Spodoptera frugiperda, que ataca principalmente plantações de milho, duas culturas de alto valor comercial. Resultados de experimento controlado mostraram que as vespas reduziram efetivamente as populações de pragas, e as plantas ainda sofreram menos danos quando elas estavam presentes.
O estudo que revelou a eficácia das vespas como predadores destas pragas foi realizado por pesquisadores da University College London (UCL), Reino Unido, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e da Unesp de Jaboticabal. Um artigo com os achados foi publicado na última semana na revista Proceedings of The Royal Society B: Social wasps are effective biocontrol agents of key lepidopteran crop pests.
Os pesquisadores lembram que as vespas são encontradas em todo o mundo e podem ser usadas facilmente em pequena ou grande escala para controlar uma série de pragas comuns. “Existe uma necessidade global de métodos mais sustentáveis para controlar pragas agrícolas, reduzir dependência excessiva de pesticidas ou da importação de controladores de pragas. Vespas são muito comuns, mas pouco estudadas; com essa pesquisa fornecemos evidências importantes de seu valor econômico como controladoras de pragas”, diz o autor principal do estudo, Robin Southon, da UCL.
Vespa ataca larva de praga agrícola
Vespa ataca larva de praga agrícola – Foto: Divulgação / Seirian Sumner/UCL
O experimento foi o primeiro do gênero realizado em condições controladas e ao ar livre. Foi utilizado milho infestado pela lagarta Spodoptera frugiperda, também conhecida como verme do exército, e cana-de-açúcar pela broca de cana Diatraea saccharalis. A eficiência de algumas espécies de vespas nas culturas e na dieta de lagartas já havia sido demonstrada, dizem os pesquisadores, “mas sem o controle minucioso feito nesta pesquisa, com infestação controlada dentro e fora da planta”.
A parte experimental do estudo foi feita em Ribeirão Preto, conta o professor da FFCLRP e coautor do estudo Fábio Nascimento, e realizada em estufa, com a inserção de vasos com as plantas; primeiro, de cana-de-açúcar e depois de milho, já infestados com as larvas das pragas de forma aleatória, e de outras duas maneiras: externamente e internamente na planta. Na estufa estavam os ninhos com as vespas comuns, denominadas Polistes satan. “As vespas mostraram eficiência acima do que esperávamos nas duas culturas – 90% e 100% sobre as lagartas expostas nas folhas, e 40% e 60% sobre as lagartas abrigadas dentro da cana e do milho”.
O pesquisador brasileiro comemora os resultados: “Diferentemente do que se pensava, elas são capazes de encontrar as lagartas entre as junções das folhas das plantas; assim, a eficiência delas como controladoras é significativa.”

Vespas podem integrar manejo de pragas

O grupo pretende continuar o trabalho com ensaios maiores e em atividades agrícolas ativas. Mas os pesquisadores já defendem que as vespas devam ser consideradas controladoras de pragas e que consistam em parte importante de um esquema integrado de manejo.
Os cientistas acreditam na eficiência de uma abordagem multifacetada de combate às pragas. “Não estamos dizendo que os agricultores precisam parar o que estão fazendo e começar a usar vespas em suas estratégias atuais de manejo de pragas; em vez disso, estamos adicionando ao kit de ferramentas de combate às pragas um novo elemento”, enfatizam. “Vespas sociais, como as que estudamos, são caçadoras generalistas, portanto, complementar às abordagens existentes. Esses insetos poderiam reduzir a probabilidade de uma praga desenvolver resistência a um pesticida ou agente de biocontrole específico”, diz Southon.
vespa
Foto: Divulgação / Seirian Sumner/UCL
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Foto: Divulgação / Seirian Sumner/UCL
Segundo o professor Nascimento, o uso de vespas de espécies nativas que já fazem parte do ecossistema local tende a ser mais sustentável também por preservar a biodiversidade daquela área. “Nosso estudo fornece evidências de que as vespas podem ser uma forma barata e acessível de controle de pragas, particularmente útil para agricultores de pequena escala ou de subsistência em países como o Brasil, que poderiam atrair e incentivar vespas a se estabelecerem.”
Já Seirian Sumner, do Centro de Biodiversidade e Meio Ambiente da UCL, lembra que ao usar produtos químicos para matar pragas, muitas vezes os agricultores também matam os mesmos insetos que podem fornecer formas naturais de controle de pragas. E isso acontece com as vespas sociais. “Temos que aproveitar ao máximo o que já temos ao nosso redor.”
Sumner espera que a pesquisa realce o valor das vespas. Ele já liderou estudo anterior sobre estes insetos, mostrando que muitas pessoas não gostam delas por não compreenderem seu papel no ecossistema. “Não se trata apenas de agricultura, trata-se de vespas em geral e de seu papel na regulação de outras populações de insetos”, afirma Sumner.
vespa Polistes satan
A vespa Polistes satan – Foto: Divulgação / Seirian Sumner/UCL
Vespa caçadora ataca praga
Vespa caçadora ataca praga – Foto: Divulgação / Seirian Sumner/UCL
Na segunda etapa do estudo, conta o professor da USP em Ribeirão Preto, as vespas serão testadas em área aberta de cultivo. Nascimento e o professor Odair Fernandes, da Unesp, orientam estudante de pós-graduação que vai testar a eficácia das vespas nas áreas de cultivo orgânico em Jaboticabal.
“As vespas estão em declínio em todo o mundo, semelhantes às abelhas, que são mais queridas; perdendo esses insetos, o resultado seria o aumento de pulgões, moscas e outros incômodos”, alertam os pesquisadores. Eles afirmam que quintal e jardim também podem se beneficiar de uma atitude mais favorável à vespa. “Em vez de matar vespas e usar pesticidas em suas plantas, trate suas vespas locais como os controladores de pragas que elas são”, finalizam.
O estudo recebeu apoio da Fapesp e do Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido.
Com informações de Chris Lane, gerente de relações com a mídia da UCL
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 19/11/2019